Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Em disco de estúdio, Ivete e Criolo empalidecem seu reverente tributo a Tim

Resenha de CD
Título: Viva Tim Maia!
Artistas: Ivete Sangalo & Criolo
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * 

Bastou anunciar que Criolo e Ivete Sangalo iriam estrear show com o repertório de Tim Maia (1942 - 1998) para que a turma da oposição se manifestasse efusivamente. Sobrinho de Tim, Ed Motta chegou a declarar publicamente em rede social seu desprezo pelo projeto. Contudo, contra todos os prognósticos negativos, a cantora baiana e o rapper paulistano se saíram bem ao vivo diante da missão ingrata de cantar os sucessos do Síndico diante da plateia de convidados que assistiu à estreia nacional do show Viva Tim Maia! - idealizado para a quarta edição do projeto Nivea Viva - na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), em 31 de março de 2015. Se Ivete se conteve e mostrou certa intimidade com o soul, sem fazer as intervenções efusivas que geralmente empanam o brilho de suas interpretações, Criolo se revelou bom cantor fora do universo de seu rap miscigenado, valorizando números como a balada de acento soul Ela partiu (Tim Maia e Beto Cajueiro, 1975). Reverente aos arranjos das gravações originais feitas nos anos 1970 e 1980 por Tim (cantor e compositor carioca que traduziu o funk e soul norte-americanos para o idioma musical do Brasil), a direção musical de Daniel Ganjaman contribuiu para que o show se transformasse quase num baile black, com roteiro que enfileirou todos os hits do Síndico. Infelizmente, o álbum gravado em estúdio e recém-lançado pela gravadora Universal Music, Viva Tim Maia!, empalidece o tributo, diluindo o calor dos arranjos e das interpretações. Criada a partir de foto de Leo Aversa, a capa simplória do CD deixa a impressão de que o disco foi feito somente por questão contratual. Gravado pelo produtor Daniel Ganjaman e por Fernando Rocha no estúdio El Rocha, em São Paulo (SP), o álbum já peca por reproduzir parcialmente o show, perpetuando somente 12 dos 27 números do roteiro original. Em contrapartida, o  disco equilibra com precisão as participações de Criolo e Ivete. Nos shows, ela cantava muito mais do que ele. No CD, são quatro duetos e quatro solos para cada um. Só que o resultado é decepcionante. Faixas como o dueto em Não quero dinheiro (Só quero amar) (Tim Maia, 1971) e como Réu confesso (Tim Maia, 1973) - samba-soul cantado por Ivete - se ressentem da ausência de graves mais poderosos. As interpretações também resultam insatisfatórias, no geral. Se Ivete jamais expressa a melancolia que acinzenta Azul da cor do mar (Tim Maia, 1970), diluindo o espírito soul da canção, Criolo jamais expõe a dor (de corno) que pauta Me dê motivo (1983), sofrido baladão da dupla de compositores hitmakers Michael Sullivan & Paulo Massadas, autores da canção solar Um dia de domingo (1985), cantada por Ivete e Criolo sem sequer roçar a beleza do antológico dueto de Tim com Gal Costa que alavancou as vendas de álbum da fase mais pop da cantora baiana, Bem bom (RCA, 1985). Mas cabe ressaltar que Criolo encara Coroné Antonio Bento (João do Valle e Luiz Wanderley, 1970) com valentia, fazendo valer sua ascendência nordestina. Musicalmente, Ganjaman brilha mais quando sua direção musical soa menos reverente aos arranjos das gravações originais das músicas. Objeto da melhor interpretação de Ivete no disco, Telefone (Nelson Kaê e Beto Correia, 1986), por exemplo, toca bonito no toque do neosoul. Já Chocolate (Tim Maia, 1970) - solo de Criolo - ganha o sabor do samba. No todo, contudo, a reverência é excessiva. O arranjo de Primavera (Cassiano e Silvio Roachel, 1970) - balada soul cantada por Criolo - é demasiadamente calcado na gravação original de Tim. Da mesma forma, o arranjo de Você e eu, eu e você (Juntinhos) (Tim Maia, 1980) exemplifica a devoção de Ganjaman ao suingue da Vitória Régia, a banda arregimentada por Tim para seus irresistíveis shows. Entre mais baixos do que altos, merece menção honrosa o dueto de Criolo e Ivete em Lábios de mel (Cleonice e Edson Trindade, 1979), boa surpresa de roteiro centrado nos sucessos radiofônicos de Tim Maia. Enfim, Viva Tim Maia! é disco aquém dos talentos de Criolo e Ivete Sangalo, além de reiterar que, a rigor, ninguém canta o repertório de Tim com a propriedade do saudoso cantor. Chame o Síndico se quiser ouvir Tim Maia!

sábado, 11 de julho de 2015

Eis as 13 músicas das 12 faixas do disco em que Ivete e Criolo reavivam Tim

Com capa simplória, feita a partir de foto de Leo Aversa, o CD Viva Tim Maia! - gravado em estúdio com 12 dos 27 números do show em que a cantora baiana Ivete Sangalo e o rapper paulistano Criolo cantam o repertório do cantor compositor carioca Tim Maia (1942 - 1998) - vai chegar ao mercado fonográfico em agosto de 2015, através da Universal Music, com 13 músicas alocadas em 12 faixas. Ao contrário do show idealizado dentro da plataforma Nivea Viva, dominado por Ivete, o disco equilibra a presença dos dois artistas. Eis, na ordem do CD, as 12 músicas e seus intérpretes no álbum Viva Tim Maia!, projeto gravado sob a direção musical de Daniel Ganjaman:

1. Não quero dinheiro (Só quero amar) (Tim Maia, 1971) – Ivete Sangalo
2. Primavera (Genival Cassiano e Silvio Roachel, 1970) – Criolo
3. Lábios de mel (Cleonice e Edson Trindade, 1979) – Criolo e Ivete Sangalo
4. Telefone (Nelson Kaê e Beto Correia, 1986) – Ivete Sangalo
5. Chocolate (Tim Maia, 1970) – Criolo
6. Você e eu, eu e você (Juntinhos) (Tim Maia, 1980) – Criolo e Ivete Sangalo
7. Réu confesso (Tim Maia, 1973) – Ivete Sangalo
8. Me dê motivo (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1983) 
 Criolo
9. Um dia de domingo (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1985) – Criolo e Ivete Sangalo
10. Azul da cor do mar (Tim Maia, 1970) – Ivete Sangalo
11. Coroné Antonio Bento (João do Valle e Luiz Wanderley, 1970) – Criolo
12. Sossego (Tim Maia, 1978) / Do Leme ao Pontal (Tim Maia, 1981) – Criolo e Ivete Sangalo

terça-feira, 7 de julho de 2015

Disco que junta Ivete com Criolo reúne 13 músicas do show em tributo a Tim

Com lançamento agendado para 7 de agosto de 2015 pela gravadora Universal Music, o disco que une Ivete Sangalo e Criolo - Viva Tim Maia! (capa acima), gravado em estúdio sob produção de Daniel Ganjaman e direção artística de Paul Ralphes - vai rebobinar 13 das 28 músicas do show apresentado em turnê nacional pela cantora baiana com o rapper paulistano em homenagem ao cantor e compositor carioca Tim Maia (1942 - 1998). Entre outras músicas do repertório do Síndico, Ivete e Criolo - vistos na capa do disco em fotos de Leo Aversa - cantam no CD Coroné Antonio Bento (João do Vale e Luiz Wanderley, 1970), Não quero dinheiro (Só quero amar) (Tim Maia, 1971), Sossego (Tim Maia, 1978), Lábios de mel (Cleonice e Edson Trindade, 1979), Você e eu, eu e você (Juntinhos) (Tim Maia, 1980) e Do Leme ao Pontal (Tim Maia, 1981). Idealizado dentro da plataforma Nivea viva, o show em tributo a Tim Maia passou por várias capitais do Brasil entre março e junho deste ano de 2015, em sete apresentações gratuitas realizadas em espaços públicos por Ivete com Criolo, sob a direção de Monique Gardenberg. Não foi gravado DVD.

domingo, 14 de junho de 2015

Disco em que Criolo e Ivete cantam Tim vai ser lançado pela Universal Music

Caberá à gravadora Universal Music pôr nas lojas o álbum de estúdio em que o rapper paulistano Criolo e a cantora baiana Ivete Sangalo - em foto de Leo Aversa - cantam o repertório do cantor e compositor carioca Tim Maia (1942 - 1998) sob a direção musical de Daniel Ganjaman. Gravado em estúdio, com fidelidade ao show que os cantores continuam apresentando em turnê nacional dentro da plataforma Nivea Viva, o disco já está pronto  e vai chegar às lojas de todo o Brasil em agosto.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Ivete e Criolo registram, em CD de estúdio, o show em que cantam Tim Maia

Ainda em turnê nacional, o show em que o rapper paulistano Criolo e a cantora baiana Ivete Sangalo celebram a obra e o legado do cantor e compositor carioca Tim Maia (1942 - 1998) - sob a direção musical de Daniel Ganjaman - vai ganhar registro em disco de estúdio previsto para ser lançado neste ano de 2015. Os cantores - em foto de Leonardo Aversa - vão gravar o CD neste mês de maio de 2015. Eis o texto distribuído pela assessoria do projeto após a estreia nacional do projeto, em 30 de março, no Rio de Janeiro, com detalhes do show, que fica em cartaz até junho:

 A festa é muito boa, sendo animada por Ivete Sangalo e Criolo em nome do Síndico, sob a direção musical de Daniel Ganjaman e sob o comando geral da diretora Monique Gardenberg. Como se estivesse dando um daqueles seus lendários bolos, Tim Maia (1942 – 1998) não vai, mas está bem representado por sua obra monumental, sintetizada em roteiro que abarca 28 músicas lançadas originalmente entre 1969 e 1986. São quase todas músicas imortalizadas no imaginário afetivo nacional, mas há também joias raras recolhidas no baú do Síndico. Estreado em apresentação feita para convidados em 31 de março na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), o show NIVEA VIVA TIM MAIA parte em turnê nacional a partir de abril, levando na bagagem muita música e emoção à flor da pele, em sintonia com a ideologia da NIVEA de reavivar ídolos e o glorioso passado da música brasileira. Como sintetiza a diretora de marketing da NIVEA, Tatiana Ponce, o espetáculo é um momento de alegria, de cultura e de diversão com o som do “maior soulman da música brasileira”.

Além da obra de Tim Maia, o grande atrativo do show NIVEA VIVA TIM MAIA é o encontro inédito, inusitado e histórico da cantora baiana Ivete Sangalo com o rapper paulistano Kleber Cavalcante Gomes, o Criolo, a maior revelação da música brasileira nos anos 2010. Juntos, juntinhos, como cantam na música lançada por Tim em 1980, Ivete e Criolo se juntam em cena para cantar números como o medley que agrega Sossego (Tim Maia, 1978) e Do Leme ao Pontal (Tim Maia, 1981) com arranjo que presta tributo à orquestração antológica da Vitória Régia, a banda que acompanhava Tim nos shows aos quais ele comparecia. O baile é tão da pesada que o medley vai ser servido novamente na sobremesa do bis, fechando apresentação azeitada que contagia a plateia com as vozes e os carismas dos cantores que harmonizam diferentes estilos e universos musicais em favor da música eterna e atemporal do carioca Sebastião Rodrigues Maia (1942 – 1998), o imortal Tim Maia, caracterizado acertadamente por Nelson Motta, autor de sua biografia (Vale tudo – O som e a fúria de Tim Maia, 2007), como “um compositor genial que integrou a música brasileira com a música negra norte-americana da Motown”.

Com toques sutis de modernidade, o som quente orquestrado por Daniel Ganjaman presta tributo ao histórico som da Motown, termo criado para designar as levadas de soul, R&B e funk dos discos lançados pela gravadora de música negra fundada nos Estados Unidos em 1959. Mas, na música de Tim Maia, o chamado som da Motown tinha sotaque brasileiro. “Tim não se intimidou com o poder do soul e o trouxe para si. Ele fez sua própria tradução do soul”, enfatiza a diretora Monique Gardenberg em depoimento ouvido no vídeo exibido pela NIVEA antes do show, com imagens e trechos de shows de Tim Maia.

É essa Motown brasileira de Tim que Criolo e Ivete Sangalo revivem em cena entre solos e duetos, num encontro harmonioso, para alegria das plateias que verão o show NIVEA VIVA TIM MAIA, de forma gratuita, em uma das apresentações do espetáculo que, a partir de abril, vai passar em turnê nacional por Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Fortaleza (CE). Entre os duetos, números como Você eu, eu e você (Juntinhos) (Tim Maia, 1980) transformam palco e plateia no salão de um baile black, à moda dos anos 1970. Bailes evocados diversas vezes nas imagens exibidas no telão a cada música.

Cantora baiana associada à música rotulada como axé music, Ivete abre o show e mostra de cara sua intimidade com o universo do soul e do funk, surpreendendo quem correlaciona seu canto somente a um trio elétrico. Em sintonia com o naipe de metais da banda orquestrada por Daniel Ganjaman, a cantora lança mão de seu fraseado soul no canto e nos improvisos de Não quero dinheiro (Só quero amar) (Tim Maia, 1971), número que repete - desta segunda vez em dueto com Criolo - no fim do show, antes do bis iniciado com Vale tudo (Tim Maia, 1983), número em que a cantora e o rapper paulistano, sensação da música brasileira contemporânea desde 2010, reeditam o dueto feito por Tim com a cantora Sandra de Sá em 1983 na gravação original desse funk festivo.

Com sua alegria habitual, Ivete também cai no samba-soul em Gostava tanto de você (Edson Trindade, 1973), música em que Tim uniu a cadência bonita do ritmo carioca com a levada da música black. À vontade, Ivete brinca com o ritmo, altera a divisão original do tema e recita os versos do samba-soul na segunda parte do número. Mais tarde, volta a cair no samba ao defender Réu confesso (Tim Maia, 1973) em número que reproduz a levada da gravação original de Tim. Ivete e Criolo, aliás, cantam  e celebram Tim Maia sem descaracterizar a obra do Síndico. Embora tenha o toque de modernidade de Ganjaman, todos os arranjos são reverentes em maior ou menor escala às orquestrações das gravações originais de Tim. O público reconhece de imediato os sucessos enfileirados no roteiro de hits, mas que abre eventuais espaços para músicas menos conhecidas como o funk Lábios de mel (Cleonice e Edson Trindade, 1979), ouvido na voz de Ivete. Mas eles, os hits, ganham toques atuais. Na balada Você (Tim Maia, 1971), sucesso do segundo álbum do cantor, música em que Ivete experimenta timbre mais grave, quase gutural, o toque de novidade vem da guitarra de Duani, em relevo nas passagens instrumentais deste número.

 “Estou honrada de participar deste projeto. Fazer show com um repertório inteiro de Tim Maia é um prazer. Eu sempre me identifiquei com ele no groove, no romantismo”, comemora Ivete. Hit do primeiro álbum de Tim, lançado em 1970, a balada Azul do cor do mar (Tim Maia, 1970), une no show romantismo e groove. No caso, o groove do neosoul, termo que designa soul e R&B de levada mais contemporânea, moderna. Telefone (Nelson Kaê e Beto Correia, 1986), balada de fase em que Tim aderiu ao tecnopop romântico radiofônico, chama também a atenção do público – seis números depois - para o requinte da levada de neosoul urdida por Ganjaman. No número, Ivete dialoga em telefone imaginário com o guitarrista Duani.

Criolo entra em cena no quinto número do show. E já entra arrasando, dando voz ao baladão soul Primavera (Genival Cassiano e Silvio Roachel, 1970) – outro hit nacional do histórico primeiro álbum de Tim – e surpreendendo quem o associava somente ao universo do hip hop. Na sequência, Chocolate (Tim Maia) ganha o tempero do samba, insinuado pela percusssão de Guto Bocão, e também a voz de Criolo sem perder o sabor funk-soul desse jingle gravado por Tim no fim de 1970 e elevado à condição de hit ao longo de 1971.

O roteiro abriga todos os grandes sucessos de Tim. A cultuada e mística fase Racional – período que vai de 1974 a 1976, quando Tim aderiu à seita Universo em Desencanto – é representada no show pelas músicas Imunização racional (Que beleza) e Bom senso, ambas cantadas por Ivete e ambas extraídas do primeiro dos três volumes do álbum Tim Maia Racional, projeto lançado em 1975 com letras doutrinárias, cantadas sobre poderosas bases de funk e soul.

Com unidade e coesão, o roteiro do show NIVEA VIVA TIM MAIA mistura as músicas de maior suingue – rotuladas marotamente por Tim como esquenta-sovaco – com os sucessos do estilo mela-cueca, termo que, no dicionário do cantor, designava as baladas de acento mais romântico. Entre as primeiras, Ivete dá voz ao funkaço Não vou ficar (Tim Maia), lançado em 1969 na voz de Roberto Carlos, como a própria cantora ressalta. Entre os segundos, a mesma Ivete canta, em tom mais íntimo e aconchegante, O que me importa, tristonha balada de Cury, lançada por Tim em 1972, mas mais conhecida pelas novas gerações por conta da gravação feita em 2000 pela cantora Marisa Monte.

Do mesmo álbum lançado por Tim em 1972, o roteiro revive nas vozes de Ivete e de Criolo uma música, Lamento (Tim Maia), que se impõe como a música menos conhecida dentre as 28 alinhadas no roteiro. Lamento é uma balada doída que mostra que também havia melancolia atrás da alegria contagiante do Síndico. Destaque entre os números de Criolo, a sentida balada soul Ela partiu – composta por Tim Maia com Beto Cajueiro em 1975, na sua fase Racional, e lançada em compacto raro na sequência – também é outra boa surpresa do roteiro. Detalhe: Ela partiu é em tese um número solo de Criolo, mas o produtor e arranjador Daniel Ganjaman também solta a voz em trechos da canção, fazendo pulsar sua veia soul. Com um canto exteriorizado, intenso, carregado de emoção, Criolo ainda brilha ao solar a balada Eu amo você (Genival Cassiano e Silvio Roachel, 1970) e faz valer sua ascendência nordestina ao dar voz ao arretado forró-soul Coroné Antonio Bento (João do Vale e Luiz Wanderley, 1970). São mais dois sucessos do antológico primeiro álbum de Tim Maia, artista de “talento cósmico”, como caracteriza Criolo no palco da casa Vivo Rio.

Em seguida, o medley com Canário do reino (Carvalho e Zapatta, 1972) e A festa de Santo Reis (Márcio Leonardo, 1971) junta novamente Ivete e Criolo. Ela, com um segundo figurino, anima A festa de Santo Reis. Criolo enfatiza em Canário do reino a ideologia de seu canto livre. Na sequência, entram em cenas as canções radiofônicas de Michael Sullivan & Paulo Massadas, compositores lançados no mercado fonográfico por Tim em 1983, ano em que a gravação de Me dê motivo – balada cantada por Criolo no show - trouxe o Síndico de volta às paradas e alavancou a carreira da dupla de hitmakers. Sullivan & Massadas são os autores de Leva, canção gravada por Tim em 1984 como tema de fim de ano de emissora de rádio. Só que Leva ganhou vida própria e tocou em todas as rádios. No show NIVEA VIVA TIM MAIA, a canção é jogada na praia do reggae por Ganjaman em interpretação de Ivete.

Também de Sullivan & Massadas, a balada Um dia de domingo (1985) é revivida com ternura no show em suave dueto de Ivete com Criolo que evoca a antológica gravação feita por Tim há 30 anos com a cantora Gal Costa. No fim, O descobridor dos sete mares (Michel e Gilson Mendonça, 1983) restaura o clima de baile pop black um número antes de Ivete e Criolo se jogarem na pista de Tim Maia Disco Club com a lembrança de Sossego (Tim Maia, 1978). A festa é (muito) boa, com muita música, balanço e emoção à flor da pele.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

No Rio, Criolo e Ivete revivem 'Lamento' de Tim em show cheio de sucessos

Separados, mas também juntos, Ivete Sangalo e Criolo deram vozes a todos os grandes sucessos de Tim Maia (1942 - 1998) entre solos e duetos do roteiro do show Nivea Viva Tim Maia, idealizado para celebrar a obra e o legado do cantor e compositor carioca Sebastião Rodrigues Maia (1942 - 1998). Nenhum grande hit foi esquecido no show orquestrado por Monique Gardenberg sob a direção musical de Daniel Ganjaman. Mas a cantora baiana e o rapper paulistano também tiraram algumas joias raras do baú black do Síndico para apresentar ao público de convidados que viu o show na noite de ontem, 31 de março de 2015, na casa Vivo Rio. Balada melancólica gravada pelo cantor em seu segundo álbum, Tim Maia (Polydor, 1972), Lamento foi uma dessas pérolas mais raras. Cantada por Ivete, o funk Lábios de mel (Cleonice e Edson Trindade, 1979) - lançado por Tim no álbum Reencontro (EMI-Odeon, 1979) - foi outra música menos conhecida do repertório de hits. Eis o roteiro de 28 músicas seguido em 31 de março de 2015 por Ivete e Criolo - em foto de Rodrigo Goffredo - na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na estreia nacional do show que, a partir deste mês de abril, vai seguir até junho em turnê cuja rota passa por Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) com apresentações gratuitas, realizadas ao ar livre:

1. Não quero dinheiro (Só quero amar) (Tim Maia, 1971) – Ivete Sangalo
2. Gostava tanto de você (Edson Trindade, 1973) – Ivete Sangalo
3. Você (Tim Maia, 1971) – Ivete Sangalo
4. Azul da cor do mar (Tim Maia, 1970) – Ivete Sangalo
5. Primavera (Genival Cassiano e Silvio Roachel, 1970) – Criolo
6. Chocolate (Tim Maia, 1970) – Criolo
7. Imunização racional (Que beleza) (Tim Maia, 1975) – Ivete Sangalo
8. Bom senso (Tim Maia, 1975) – Ivete Sangalo
9. Réu confesso (Tim Maia, 1973) – Ivete Sangalo
10. Telefone (Nelson Kaê e Beto Correia, 1986) – Ivete Sangalo
11. Não vou ficar (Tim Maia, 1969) – Ivete Sangalo
12. O que me importa (Cury, 1972) – Ivete Sangalo
13. Lamento (Tim Maia, 1972) – Criolo e Ivete Sangalo
14. Sossego (Tim Maia, 1978) / Do Leme ao Pontal (Tim Maia, 1981) – Criolo e Ivete Sangalo
15. Você e eu, eu e você (Juntinhos) (Tim Maia, 1980) – Criolo e Ivete Sangalo
16. Ela partiu (Tim Maia e Beto Cajueiro, 1975) – Criolo
17. Eu amo você (Genival Cassiano e Silvio Roachel) – Criolo
18. Coroné Antonio Bento (João do Valle e Luiz Wanderley, 1970) – Criolo
19. Canário do reino (Carvalho e Zapatta, 1972) – Criolo /
      A festa de Santo Reis (Márcio Leonardo, 1971) – Ivete Sangalo
20. Leva (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1984) – Ivete Sangalo
21. Me dê motivo (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1983) - Criolo
22. Um dia de domingo (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1985) – Criolo e Ivete Sangalo
23. Lábios de mel (Cleonice e Edson Trindade, 1979) – Ivete Sangalo
24. O descobridor dos sete mares (Michel e Gilson Mendonça, 1983) – Ivete Sangalo
25. Acende o farol (Tim Maia, 1978) – Criolo e Ivete Sangalo
26. Não quero dinheiro (Só quero amar) (Tim Maia, 1971) – Criolo e Ivete Sangalo
Bis:
27. Vale tudo (Tim Maia, 1983) – Criolo e Ivete Sangalo
28. Sossego (Tim Maia, 1978) / Do Leme ao Pontal (Tim Maia, 1981) – Criolo e Ivete Sangalo

domingo, 15 de fevereiro de 2015

No show de Almir Rouche no Carnaval do Recife vale até cantar Tim Maia

RECIFE (PE) - Puxador oficial do bloco Galo de Madrugada, o cantor pernambucano Almir Rouche teve jornada dupla no sábado do Carnaval de 2015. Após cantar no bloco ao longo de seis horas, durante a manhã e a tarde de 14 de fevereiro, Rouche foi uma das atrações principais da programação de sábado do Marco Zero, principal palco da folia oficial do Recife (PE). Artista associado ao Carnaval da capital de Pernambuco, Rouche - em foto de Rodrigo Goffredo - fez show que pôs o folião recifense para pular. Eclético, o roteiro da apresentação de Rouche incluiu um clássico do cancioneiro de Tim Maia (1942 - 1998) - o funk Vale tudo (Tim Maia, 1983) - e um dos maiores sucessos recentes do universo pop sertanejo, Domingo de manhã (Bruno Caliman), hit nas vozes da dupla paulista Marcos & Belutti em 2014. Contudo, o roteiro do show priorizou obviamente os frevos. Na companhia de convidados como as cantoras locais Nádia Maria e Nena Queiroga, Rouche deu voz a frevos sempre infalíveis como Banho de cheiro (Carlos Fernando, 1983), Energia (Lula Queiroga, 1984), Frevo mulher (Zé Ramalho, 1979) e Oh! Bela (Capiba, 1969).

♪ O fotógrafo do blog Notas Musicais, Rodrigo Goffredo, viajou ao Recife (PE) para cobrir o Carnaval da cidade, em 2015, a convite do Governo de Pernambuco e Prefeitura do Recife.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Filme sobre Tim reconstitui capas de álbuns do 'Síndico' com foto de ator

Um dos trunfos de Tim Maia, filme do cineasta Mauro Lima sobre o cantor e compositor carioca Sebastião Rodrigues Maia (1942 - 1998) que está em cartaz nos cinemas do Brasil desde 30 de outubro de 2014, é a apurada reconstituição de época, já que a trama se passa sobretudo nos 1960 e 1970. Um dos requintes da produção reside na recriação da capa e contracapa do primeiro álbum do artista, Tim Maia (Polydor, 1970), com a foto de Babu Santana - ator que vive Tim na fase adulta - no lugar da imagem do cantor. Como se percebe pelas fotos, o trabalho de arte roça a perfeição, sobretudo na recriação da capa do LP que projetou o som de Tim Maia em todo o Brasil.

sábado, 1 de novembro de 2014

Com padrão Globo Filmes, 'Tim Maia' se escora nos atores e personagem

Resenha de filme
Título: Tim Maia
Direção: Mauro Lima
Roteiro: Mauro Lima e Antônia Pellegrino
Direção musical: Berna Ceppas
Elenco: Babu Santana, Robson Nunes, Cauã Reymond e Alinne Moraes
Cotação: * * * *

A vida de Sebastião Rodrigues Maia (28 de setembro de 1942 - 15 de março de 1998) daria tanto um livro como um filme. E deu os dois. Escrita pelo jornalista carioca Nelson Motta, a biografia de Tim Maia, Vale tudo - O som e a fúria de Tim Maia (Objetiva, 2007), é a base do filme que entrou em cartaz nos cinemas no Brasil anteontem, 30 de outubro de 2014. Dirigido pelo cineasta Mauro Lima com o Padrão Globo Filmes de qualidade, Tim Maia é cinebiografia com ar de blockbuster. O trunfo do roteiro, assinado por Lima com Antônia Pellegrino, é a própria personagem, de trajetória improvável. Mulato gordo e feio crescido na Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ), Tim Maia desafiou o destino ingrato que a vida provavelmente lhe reservaria com seu espírito indomado. Tim Maia subiu na vida no grito, espantando inimigos reais e imaginários com o vozeirão que traduziu a soul music para o idioma musical do Brasil. Por isso mesmo, é definidora a cena inicial em que Tim, então o jovem baterista do efêmero conjunto Os Tijucanos do Ritmo, parte com tudo para cima de um colega desse grupo que nasceu e morreu nos primeiros ensaios. Se a personagem é irresistível, os dois atores que a interpretam se mostram irretocáveis na tela, auxiliados por caracterizações impecáveis. Robson Nunes (o Tim da adolescência) e Babu Santana (o Tim da fase adulta e do sucesso) estão perfeitos e valem o filme. Assim como Tiago Abravanel fez valer o eletrizante musical de teatro que estreou em 2011 com produção bem mais modesta do que a do longa-metragem. Se o musical mostrou Tim em todas as fases da vida, o filme se concentra no período que vai de sua adolescência até 1978, ano da composição de Sossego, sucesso do álbum Tim Maia Disco Club (Warner Music, 1978), LP que devolveu ao cantor a popularidade perdida a partir da adesão à controvertida seita Universo em Desencanto. A opção por mostrar Tim até os anos 1970 - a década áurea de sua produção musical (reproduzida com maestria na tela por Berna Ceppas, diretor musical do filme) - priva o espectador de ver o cantor na fase mais açucarada dos anos 1980, década de hits como Me dê motivo (Michael Sullivan e Paulo Massadas, 1983), totalmente omitida na narrativa. Mas o fato é que a história da vida de Tim Maia é tão boa que é difícil resistir ao filme. As duas horas e vinte minutos da narrativa fluem com leveza na tela, com doses altas de humor por conta das tiradas cotidianas do artista. A dose de drogas no roteiro também é alta, compatível com a realidade do cantor. Se o retrato de Tim é pintado sem maniqueísmos na tela, a escalação do elenco pedia reparos. Se os dois protagonistas estão sempre fenomenais, o elenco coadjuvante resulta irregular. Excelente ator, George Sauma compõe Roberto Carlos no limite da caricatura, de forma pouco crível. Produtor associado do filme, o talentoso Cauã Reymond também parece não ser o rosto ideal para viver o cantor Fábio, narrador do filme e retratado como síntese dos amigos de Tim. Se a escalação tem erros eventuais, o roteiro se mostra ágil e sedutor, retratando a ascensão de Tim com propriedade. A única falha é a omissão do primeiro disco de Tim - um compacto mal-sucedido, editado pela CBS em 1968 - de forma que o roteiro induz o espectador a pensar que o cantor somente teve chance de fazer um disco quando Roberto Carlos gravou seu funk Não vou ficar em álbum de 1969. De todo modo, foi mesmo a partir daí que as portas do sucesso se abriram para Tim Maia. As reconstituições de show de 1993 e do não realizado espetáculo de 1998 - o último de Tim, que saiu do palco do Theatro Municipal de Niterói (RJ) aos primeiros minutos da apresentação para entrar na ambulância que o levaria ao hospital em que sairia de cena - permitem a conclusão da história sem carregar no melodriama. Tim Maia é um filme grande como o cantor que expõe em cena com suas particularidades - inclusive com o vozeirão que ecoa na memória afetiva do Brasil.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Eis o cartaz de 'Tim Maia', filme sobre o 'Síndico' que estreia em outubro

Este é o cartaz oficial de Tim Maia, filme de Mauro Lima sobre o cantor e compositor carioca Sebastião Rodrigues Maia (1942-1998). No longa-metragem, que tem estreia agendada para 30 de outubro de 2014 nos cinemas do Brasil, Tim é vivido pelos autores Babu Santana (na fase adulta) e Robson Nunes (na juventude). Personagens importantes no começo da vida do Síndico, os cantores Roberto Carlos e Erasmo Carlos também são retratados no filme nas peles dos atores George Sauma e Tito Naville, respectivamente. Rita Lee também é focada no filme.

domingo, 31 de agosto de 2014

Trilha 'disco' da novela 'Boogie oogie' inclui gravações de Gal, Rita e Tim

Com lançamento em CD previsto para setembro de 2014, em edição da gravadora Som Livre, a trilha sonora da novela Boogie oogie (TV Globo) inclui vários hits da disco music, já que a trama de Rui Vilhena é ambientada em 1978, auge dos dancin' days. Sucesso lançado pelo cantor e compositor carioca Tim Maia (1942 - 1998) em seu álbum Disco club (Warner Music, 1978), Sossego é um dos fonogramas nacionais selecionados para a trilha de Boogie oogie pelo produtor musical Eduardo Queiroz e por Mariozinho Rocha, diretor musical da Rede Globo de Televisão. Quase todas as músicas são dos anos 1970, mas muitas extrapolam o universo das discotecas. Na ala nacional, há gravações de Caetano Veloso (London London, canção do artista baiano, lançada em seu álbum londrino de 1971), Gal Costa (Barato total, música de Gilberto Gil lançada por Gal em 1974), Hyldon (As dores do mundo, tema do próprio Hyldon que despontou em álbum de 1975), Jorge Ben Jor (Minha teimosia, uma arma para te conquistar, música de Ben lançada em 1974), Lady Zu (A noite vai chegar, funk-disco de Paulinho Camargo gravado por Zu em compacto de 1977), Novos Baianos (Acabou chorare, música de Luiz Galvão e Moraes Moreira que deu título ao álbum lançado pelo grupo em 1972) e Rita Lee (Coisas da vida, balada de Rita, gravada pela compositora em 1976). Parceria de Baby do Brasil com Pepeu Gomes, Deusa do amor é a única música nacional deslocada no tempo da trama e da trilha sonora de Boogie oogie, já que foi lançada por Pepeu em seu álbum de 1983.

domingo, 15 de junho de 2014

Renegado reafirma discurso suave em DVD em que canta Adoniran e Tim

 Em seu primeiro DVD, #suaveaovivo, o rapper Flávio Renegado reafirma seu discurso positivista e pacificador. Gravado em junho de 2013, em show feito pelo artista mineiro no Parque Municipal de Belo Horizonte (MG), o registro audiovisual rebobina músicas dos dois álbuns de Renegado, Do Oiapoque a Nova York (2008) e Minha tribo é o mundo (2011), entre abordagens de músicas de Adoniran Barbosa (1910 - 1982), Chico Buarque e Tim Maia (1942 - 1998). De Adoniran, Renegado reergue Saudosa maloca, samba de 1955. De Chico, a escolhida foi Jorge Maravilha, lançada pelo compositor carioca em 1974 sob o pseudônimo de Julinho da Adelaide.  De Tim, o rapper dá voz ao funk Não vou ficar, lançado por Roberto Carlos em 1969. Com repertório essencialmente autoral, que inclui parceria de Renegado com Guilherme Arantes (Estamos no jogo),  #suaveaovivo alinha participações de Aline Calixto (em Meu canto), do grupo Meninas de Sinhá  (em Vera) e de Rogério Flausino. Amigo de Renegado, o vocalista do grupo mineiro Jota Quest canta A coisa é séria. Liminha e Kassin assinam juntos a produção musical do bom DVD. A direção artística e o cenário do show são de Gringo Cardia.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Trilha de 'Joia rara' tem inédita de Gil e gravações antigas de Milton e Tim

Joia rara - inspirada música inédita composta por Gilberto Gil para a abertura da novela homônima recém-estreada pela TV Globo - é um dos destaques da trilha sonora da produção, evocando a atmosfera zen do núcleo da trama integrado por monges budistas. A composição foi feita por Gil - visto em foto de Leonardo Aversa - a pedido da diretora da novela, Amora Mautner, que quis repetir a boa parceria iniciada com a novela Cordel encantado (TV Globo, 2013), para cuja abertura Gil compôs Minha princesa cordel, música que gravou em duo com Roberta Sá. Ainda não divulgada oficialmente, a trilha sonora de Joia rara inclui gravações antigas de Milton Nascimento e Tim Maia (1942 - 1998). De Milton, a trilha rebobina a gravação de Nascente (Flávio Venturini e Murilo Antunes, 1977) feita para o álbum Clube da esquina 2 (Odeon, 1978) com a participação de Flávio Venturini. De Tim, a escolha recaiu sobre Eu amo você (Cassiano e Silvio Roachel, 1970) - balada de espírito soul gravada pelo Síndico em seu primeiro álbum, Tim Maia (Polydor, 1970) - sendo que tal escolha foi feita pelo ator Domingos Montagner, intérprete do personagem Mundo na história de Duca Rachid e Thelma Guedes. A gravação de Tim embalará o amor de Mundo e Iolanda (Carolina Dieckmann).

domingo, 14 de julho de 2013

Diogo põe Arantes, Art, Tim e Zé Ramalho no roteiro do show 'Mais amor'

Sedutora canção de 1986 em que os (então novos) parceiros Guilherme Arantes e Nelson Motta procuraram recriar o leve clima carioca da Bossa Nova, Coisas do Brasil ganha calor e o ritmo de um samba mais tradicional na voz de Diogo Nogueira. Coisas do Brasil é uma das surpresas do roteiro do quinto show do cantor e compositor carioca, Mais amor, cuja turnê nacional estreou em 12 de julho de 2013 em apresentação na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ). Baseado no repertório irregular do recém-lançado CD Mais amor, segundo álbum gravado em estúdio por Diogo Nogueira em discografia que já contabiliza três registros ao vivo, o show também surpreende quando o filho de João Nogueira (1941 - 2000) dá voz ao Frevo mulher (Zé Ramalho, 1979), a um tema pouco ouvido da obra de seu pai - Lá de Angola, parceria de João Nogueira com Geraldo Vespar, lançada por João no álbum Boca do povo (1980) - e a O descobridor dos sete mares (Gilson Mendonça e Michel), sucesso de Tim Maia (1942 - 1998) em 1983. Há ainda Já que tá gostoso deixa (Mata papai) (1986), composição de Jorge Santana e Paulo Santana regravada pelo grupo de pagode Art Popular no CD Samba Pop Brasil II (1999). Eis as 28 músicas do roteiro seguido por Diogo Nogueira - em foto de Rodrigo Amaral - na apresentação que lotou a casa Vivo Rio em 13 de julho de 2013, na segunda apresentação do show da turnê Mais amor, que já vai chegar a São Paulo (SP) no próximo sábado, 20 de julho:

1. Vem que é festa
2. Beijo na boca (Serginho Meriti e Rodrigo Leite, 2013)
3. Muito mais além (Diogo Nogueira, Inácio Rios e Rafael Richaid, 2013)
4. Deus é mais (Xande de Pilares, Leandro Fab e Ronaldo Barcellos, 2009)
5. Verdade chinesa (Gilson e Carlos, Colla, 1990)
6. Desejo me chama (André Renato e Leandro Fab, 2013)
7. Quem vai chorar sou eu (Serginho Meriti e Rodrigo Leite, 2013)
8. Lá de Angola (João Nogueira e Geraldo Vespar, 1980)
9. Já que tá gostoso deixa (Mata papai)(Jorge Santana e Paulo Santana, 1986) 
10. Canta canta, minha gente (Martinho da Vila, 1974) /
      Casa de bamba (Martinho da Vila, 1969) /
      Madalena do Jucu (tema de domínio público adaptado por Martinho da Vila, 1989)

11. Coisas do Brasil (Guilherme Arantes e Nelson Motta, 1986)
12. Primeiro samba (Serginho Meriti, Fátima Lima, Mi Barros e Rodrigo Leite, 2013)
13. Pra valorizar (Flavinho Silva e Marcelo Xingu, 2013)
14. Cada dia mais amor (André Renato e Leandro Fab, 2013)
15. Deixa eu te amar (Mauro Silva, Camillo e Agepê, 1984)
16. No sapato (Jorge Aragão, Xande de Pilares e Leandro Fab, 2013) 
17. Partido agarradinho (André Renato e Leandro Fab, 2013)
18. Carinho não pode faltar (Flavinho Silva, Almir de Araújo e Carlinhos da Ceasa, 2013)
19. O que é o que é (Gonzaguinha, 1982)
20. O descobridor dos sete mares (Gilson Mendonça e Michel, 1983)
21. Peguei um Ita no Norte (Arizão, Guaracy, Celso Trindade, Bala e Demá Chagas, 1993) /
      De bar em bar, Didi um poeta (Franco, Barbicha, Jangada e Dazinho, 1991)
Bis:
22. Foi um rio que passou em minha vida (Paulinho da Viola, 1970)
23. Frevo mulher (Zé Ramalho, 1979)
Bis 2:
24. Tristeza (Niltinho e Haroldo Lobo, 1966)
25. Vou festejar (Jorge Aragão, Neoci Dias e Dida, 1978)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Sem intimidade com funk e soul, Fábio dilui hits de Tim e Hyldon ao vivo

Mesmo sem ter a menor intimidade com ritmos como funk e soul, Fábio Jr. se aventura a cantar um funk de Tim Maia (1942 - 1998) - Não Vou Ficar, o funkaço lançado por Roberto Carlos em álbum de 1969 - e uma balada de espírito soul da lavra de Hyldon, As Dores do Mundo, sucesso do primeiro disco solo do artista baiano, lançado em 1975. Diluídas na voz de Fábio, as duas músicas figuram no repertório do show registrado no CD e DVD Íntimo ao Vivo, captado em apresentação do show Íntimo, feita em 1º de setembro de 2011 no Credicard Hall, em São Paulo (SP). Além de arriscar covers de sucessos de Raul Seixas (1945 - 1989) (Tente Outra Vez) e Titãs (Epitáfio), o cantor requenta seus hits radiofônicos dos anos 80 e 90 entre duetos com Luiza Posssi (em Sorri e em Tudo Certo) e com os filhos Fiuk (em 20 e Poucos Anos e em Quero Toda Noite, música do primeiro disco solo de Fiuk) e Tainá (em Não Posso Reclamar de Nada). O show foi gerado pelo álbum de estúdio Íntimo, lançado em abril de 2011.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Voz maior do soul brasileiro, Tim chega aos 70 vivo na memória nacional

Sebastião Rodrigues Maia (1942 - 1998) faz parte do seleto clube dos grandes ícones da música brasileira nascidos em 1942. Só que - ao contrário de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Milton Nascimento e Paulinho da Viola - Tim Maia não viveu para festejar os 70 anos que completaria nesta sexta-feira, 28 de setembro de 2012. Em 15 de março de 1998, aos 55 anos, o Síndico saiu de cena, pagando a conta dos excessos cometidos ao longo de vida turbulenta e controvertida. Mas nunca houve controvérsias sobre o talento do cantor e compositor carioca - talento imenso como seu corpo maltratado pela adesão sem limites aos prazeres do álcool e das drogas. Grave e volumosa, a voz de baixo-barítono ainda ecoa em 2012 como a maior do universo do funk / soul nacional. Voz tão forte e singular que sustentou a fama do cantor quando ele passou a gravar discos aquém de seu talento. Sim, a bem da verdade, Tim Maia - revelado a partir de dueto gravado em 1969 com Elis Regina (1945 - 1982) na música These Are The Songs - atravessou os anos 80, e sobretudo os 90, vivendo do prestígio e do legado dos antológicos álbuns que gravou ao longo da década de 70. Os quatro primeiros - todos intitulados Tim Maia e lançados entre 1970 e 1973 - continuam imbatíveis e são a mais perfeita tradução da soul music norte-americana para o idioma da música brasileira. Ao dar voz a músicas que misturaram funk e soul com ritmos nordestinos (Coroné Antonio Bento, Festa de Santo Reis) e com samba (Réu Confesso, Gostava Tanto de Você), Tim deu identidade nacional a dois gêneros que até então gravitavam em torno do universo da música norte-americana. De todo modo, as baladas apaixonadas gravadas por Tim - Primavera, Azul da Cor do Mar, Eu Amo Você, Você - extrapolaram fronteiras ao versar sobre a língua universal do amor. Baladas que ganhariam doses maciças de açúcar a partir dos anos 80, década em que Tim aderiu ao cancioneiro mais sentimental, dialogando de forma mais rala com a natureza soul de sua obra. A discografia do cantor se tornou irregular a partir da segunda metade da década de 70. Ao se libertar dos dogmas da seita Universo em Desencanto, geradora dos cultuados discos da fase Racional, Tim Maia nunca mais foi o mesmo. Mas acertou eventualmente e, quando acertou, lançou clássicos como Tim Maia Disco Club, álbum de 1978 que o inseriu no universo da disco music a reboque dos hits Sossego (número obrigatório desde então nos shows do artista) e Acenda o Farol. Lançada no mercado independente em 1981, Do Leme ao Pontal também veio se juntar aos clássicos imortais desde cantor singular que não teve censura nem limites. Um ser essencialmente triste e solitário - traços de sua personalidade evidenciados mais pelas baladas de seu cancioneiro do que pelas declarações geralmente desbocadas e bem-humoradas. Único produto fonográfico gerado pelos 70 anos de Tim Maia, a coletânea The Existencial Soul of Tim Maia - Nobody Can Live Forever - ora lançada nos Estados Unidos pelo selo Luaka Bop, do cantor e compositor norte-americano David Byrne - pesca 15 pérolas do baú do Síndico, a maioria em inglês e pouco ouvida pelo público brasileiro. Mas a obra de Tim Maia não precisa de honras fonográficas para continuar viva na memória nacional. São tantos os sucessos imortalizados por sua voz única que qualquer honraria fica pequena diante da grandeza da obra e da voz do artista. Tim Maia vive!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Coletânea em vinil da gravadora de Byrne festeja os 70 anos de Tim Maia

Nos anos 60, Tim Maia (1942 - 1998) partiu para os Estados Unidos para tentar ganhar a vida em terras norte-americanas. Voltou para o Brasil sem dinheiro e sem ilusões. Decorridos 50 anos, uma possibilidade  de o cantor e compositor carioca ganhar alguma visibilidade nos EUA se torna enfim concreta. A gravadora do cantor e compositor norte-americano David Byrne, Luaka Bop, se prepara para lançar nos Estados Unidos em 2 de outubro de 2012 coletânea dupla, em vinil, do Síndico. Disco idealizado há 10 anos, The Existencial Soul of Tim Maia - Nobody Can Live Forever compila 15 gravações feitas por Tim Maia nos anos 70 e é o quarto volume da série World Psychedelic Classics. Com ênfase nas músicas gravadas em inglês e na produção autoral da fase mística em que o artista se envolveu com a Cultura Racional da seita Universo em Desencanto, a compilação de certa forma celebra os 70 anos que Tim poderia completar em 28 de setembro de 2012 se não tivesse saído de cena em 1998, deixando obra singular que deu sotaque brasileiro ao soul e ao funk norte-americanos. Eis as 15 gravações reunidas na coletânea dupla The Existencial Soul of Tim Maia - Nobody Can Live Forever:

1. Imunização Racional (Que Beleza) (Tim Maia) - 1975
2. Let's Have a Ball Tonight (Tim Maia e Reginaldo) - 1978
3. O Caminho do Bem (Beto, Sérgio e Paulo) - 1976
4. Ela Partiu (Tim Maia e Beto Cajueiro) - 1975
5. Quer Queira, Quer Não Queira (Tim Maia e Fábio) - 1976
6. Brother Father Mother Sister (Tim Maia) - 1976
7. Do Leme ao Pontal (Tim Maia) - 1981
8. Nobody Can Live Forever (Tim Maia) - 1976
9. I Don't Care (Tim Maia) - 1971
10. Bom Senso (Tim Maia) - 1975
11. Where Is My Other Half? (Tim Maia) - 1972
12. Over Gain (Tim Maia) - 1973
13. The Dance Is Over (Tim Maia, Hyldon e Reginaldo) - 1976
14. You Don't Know What I Know (Tim Maia) - 1975
15. Rational Cultura (Tim Maia) - 1975

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

'Tim Maia Racional 3' vai do funk à 'disco music' com letras doutrinárias

Resenha de CD - Coleção Tim Maia
Título: Tim Maia Racional Vol. 3
Artista: Tim Maia
Gravadora: Seroma / Editora Abril
Cotação: * * * 1/2

Em 1976, Tim Maia (1942 - 1998) chegou a gravar algumas músicas para o que seria o terceiro volume do álbum Tim Maia Racional. Os dois primeiros tinha sido editados em 1975, ano em que o cantor estava imerso na Cultura Racional, base da seita Universo em Desencanto, criada pelo pseudoguru Manoel Jacinto Coelho. Só que Tim se desencantou com a seita, renegou os dois discos e abandonou o projeto do terceiro volume. Decorridos 35 anos, Tim Maia Racional 3 está sendo enfim lançado oficialmente dentro da incompleta Coleção Tim Maia, que pôs 15 títulos da discografia do Síndico à venda em bancas de jornais. Tim Maia Racional 3 é o 15º título da coleção - espécie de prêmio para quem comprou os 14 discos anteriores. Bem, o CD totaliza apenas seis músicas, sendo que cinco já circulavam na internet de forma ilegal e inacabada. As gravações ouvidas na edição oficial de Tim Maia Racional 3 foram finalizadas por músicos como Paulinho Guitarra sob a supervisão do produtor Kassin, recrutado pelos herdeiros de Tim para dar polimento aos registros originais. Racional 3 é o mais fraco dos três volumes. Ainda assim, descontadas as letras puramente doutrinárias, o disco tem valor documental e artístico. Ignorados os versos, a música é quase sempre contagiante. I Am Rational, por exemplo, é funkaço ardido em metais em brasa. Lendo o Livro é a faixa mais inusitada para a época por ser sustentada por base de disco music que daria o tom, dois anos mais tarde, do álbum Tim Maia Disco Club (1978), o do sucesso Sossego. Nação Cósmica tem suingue poderoso - e guitarras endiabradas - mas soa às vezes enfadonha porque, na música, Tim chega ao cúmulo de narrar trechos do livro da seita Universo em Desencanto. Que Legal reprocessa a música do Racional 2 com os metais que abundam em Racional 3. Já O Supermundo Racional - a rigor, o único fonograma totalmente inédito deste terceiro volume - é balada que não chega a seduzir tanto quanto a melodiosa É Preciso Ler e Reler, canção embebida em soul. Pena que Tim Maia desperdiçe seu vozeirão - então em ótima forma pelo fato de o cantor ter adotado saudável estilo de vida em sua fase mística, longe do álcool e das drogas - com letras que cansam o ouvinte com tanta pregação delirante. Racional foi tudo o que Tim não foi nos anos - esses, sim, loucos - em que se converteu à seita. Mas, pela música, vale muito correr atrás do Racional 3 se você for fã incondicional de Sebastião Rodrigues Maia.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Fenomenal como Tim, Tiago Abravanel valoriza musical-baile sobre 'Síndico'

Resenha de musical
Título: Tim Maia - Vale Tudo, o Musical
Texto: Nelson Motta
Direção: João Fonseca
Elenco: Tiago Abravanel (em foto de Paula Kossatz), Isabella Bicalho, Lilian Valeska, Pedro Lima, 
           André Vieri, Bernardo La Roque, Reiner Tenente, Evelyn Castro, Pablo Ascoli, Anna
           Carbatti e Leticia Pedroza
Cotação: * * * * 
♪ Em cartaz no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro (RJ), até 4 de setembro de 2011

 É impressionante! Ator de musicais até então mais conhecido por ser neto do empresário  e apresentador de TV Silvio Santos, Tiago Abravanel dá show na pele de Tim Maia (1942 - 1998). Fenomenal, Abravanel faz valer cada minuto das cerca de três horas de duração do musical Tim Maia - Vale tudo, em cartaz de quinta-feira a domingo no Teatro Carlos Gomes no Rio de Janeiro (RJ) até 4 de setembro de 2011. Com interpretação de peso (com trocadilho) e caracterizações perfeitas que reproduzem com fidelidade o visual de todas as fases de Tim, Abravanel sustenta a encenação e lidera elenco excelente que dá vida aos personagens que rodearam a existência tão gloriosa quanto atribulada do cantor. Com alguns recursos de metalinguagem, o texto de Nelson Motta transporta para o palco os fatos e casos contados na biografia escrita pelo próprio Motta. Esse texto ganha vida na encenação ágil e pop orquestrada pelo diretor João Fonseca. E, como a trilha sonora é de primeira qualidade, o resultado é um musical excepcional - eletrizante, em alguns momentos - que jamais tentar clonar o padrão imposto pela Broadway. Para quem não leu o livro e conhece apenas superficialmente a história de Tim Maia, o musical expõe sem didatismos, mas com altas doses de informação e humor, os fatos mais relevantes da vida e da carreira do artista, desde o começo na Tijuca - o bairro carioca onde Tim conheceu Erasmo Carlos e Roberto Carlos (encarnado de forma impagável por Reiner Tenente), com quem formou o conjunto The Sputniks - até a consagração nacional em 1970. Há, a rigor, um único erro histórico no texto, quando é dito que Tim gravou seu primeiro compacto com a balada soul Primavera (Cassiando e Silvio Roachel). Na realidade, o compacto com Primavera foi o terceiro do cantor, pois Tim iniciou sua carreira fonográfica em 1968 com obscuro compacto gravado na CBS com as músicas Meu país e Sentimentos e, depois, ainda gravou outro compacto pela Fermata sem a menor repercussão. Mas isso é detalhe realmente pequeno diante da grandiosidade do que se vê no palco do Teatro Carlos Gomes. E o que se vê é um convincente Tim Maia. Abravanel parece ter captado de forma mediúnica - com perdão do clichê - todo o maroto jeito de ser do Síndico. E, quando ele solta a voz embebida em soul e de timbre similar ao de Tim, não resta a menor dúvida: Tiago Abravanel é mesmo Tim Maia ao longo das três horas do musical. Das 26 músicas do roteiro, quase todas são sucessos de Tim cantados em todo o Brasil por um público de A a Z. A (boa) surpresa é Cross my heart (Tim Maia), mix de soul e r & b que ilustra a influência que a viagem aos Estados Unidos, nos anos 60, exerceu no som de Tim. Famosas ou não, todas as músicas soam reconhecíveis em cena. Com esperteza, o diretor musical Alexandre Elias segue a pegada dos arranjos das gravações originais e o balanço da Banda Vitória Régia. A exceção é com Gostava tanto de você (Edson Trindade), cantada sem a levada original de samba-soul para ilustrar o rompimento de Tim com sua então mulher Janete (Lilian Valeska, ótima atriz e cantora de voz soul que dueta com Abravanel em números como Eu amo você). E o fato é que os números musicais são quase todos arrebatadores, com destaque no primeiro ato para a sequência com These are the songs (Tim Maia), Padre Cícero (Tim Maia) e Coroné Antonio Bento (João do Valle e Luiz Vanderley). No segundo ato, Chocolate (Tim Maia) delicia de imediato no vibrante número coletivo que remete às viagens de Tim com o LSD. A bela e a fera (Chico Buarque e Edu Lobo) - gravação de 1983 que aparece fora de época na narrativa cronológica do musical - seduz também pelo humor do diálogo de Tim com Edu Lobo. Com ecos de disco musicSossego (Tim Maia) dá a pista do baile em que culmina a encenação após as passagens mais comoventes da decadência de Tim. É quando a narrativa dá um salto de 1983 para 1994 - pulo ironizado metalinguisticamente pelo próprio texto - e flagra Tim já imerso em problemas de saúde. A saída de cena, ao som de Você (Tim Maia), é impactante e apoteótica, dando outro sentido aos versos da canção de 1971. Mas Tiago/Tim volta para o grande baile final que arremata a encenação e arrebata o público já eletrizado. Sim, Tim Maia revive na pele e na boa voz de Tiago Abravanel em trabalho de ator tão grandioso quanto o som e o talento do cantor.

segunda-feira, 21 de março de 2011

'Racional 2' ganha a primeira edição oficial em CD na 'Coleção Tim Maia'

Embora incompleta e irregular, a Coleção Tim Maia - que relança 15 títulos da discografia de Tim Maia (1942 - 1998), incluindo o inédito Racional 3 - tem também o mérito de apresentar a primeira edição oficial em CD do álbum Racional 2 (1975). Já nas bancas, com suas nove faixas originais, o Racional 2 até então somente tinha sido oficialmente lançado em vinil, na época em que o cantor rezava pela cartilha da seita Universo em Desencanto. Cogitou-se uma reedição em CD do Racional 2 na sequência da reedição do Racional 1, produzida pela Trama em 2006, mas o projeto não foi concretizado. Daí o valor desse título da Coleção Tim Maia...