Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Duos com Fiuk e Tainá são charme de CD em que Fábio não soa 'íntimo'

Resenha de CD
Título: Íntimo
Artista: Fábio Jr.
Gravadora: Sony Music
Cotação: * 1/2

Em 2009, ao lançar o CD Romântico, Fábio Jr. surpreendeu positivamente ao realçar em tons baixos a sensibilidade de um cancioneiro sertanejo subestimado pela crítica. Dois anos depois, ele apresenta novo álbum de intérprete, Íntimo, com resultado bem inferior. Apesar de os suingantes duetos do cantor com o filho Fiuk em Vinte e Poucos Anos (um dos hits da inicial fase autoral da discografia de Fábio) e em Carango (sucesso de Wilson Simonal, rebobinado para a trilha de comercial de TV) terem certo charme, Íntimo patina em intepretações geralmente insossas. Sem o sentimento que havia em Romântico e nos três bons álbuns que gravou para a Som Livre entre 1979 e 1982, Fábio dilui a pegada soul da balada As Dores do Mundo (Hyldon) e anula a melancolia de Casinha Branca (Gilson e Joran), para citar somente dois exemplos. A produção de César Lemos não chega a soar pasteurizada, mas segue padrões eletroacústicos que impedem que se crie um clima de real intimidade ao longo dos 13 covers do disco. Esquinas (Djavan) até parece que vai esboçar essa intimidade na introdução pontuada pelo violão de influência cigana tocada pelo próprio César Lemos, mas, à medida que avança, tal esboço se esvai e trava a emoção que deveria haver em música densa que pede interpretação mais interiorizada. Entre a abordagem quase roqueira de Muito Estranho (Dalto) e a diluição da festa pop de Dias Melhores (Jota Quest), Fábio apresenta a filha Tainá - que até deixa boa impressão ao solar Fullgás (Marina Lima e Antonio Cícero) com o pai se limitando a fazer algumas intervenções na função de segunda voz da faixa - e chega perto da intimidade proposta pelo disco ao cantar Paixão (Kledir Ramil) em arranjo que entrelaça com salutar economia o cello de Alexander Sasha Zhiroff com os violões tocados pelo produtor do disco. Mas é pouco. A julgar pelos álbuns lançados pela Som Livre, Fábio Jr. pode fazer mais do que oferece em seus discos, mas já parece inútil esperar virada de um artista que desde 1984 - ano em que ingressou na gravadora Sony Music - aceita fazer o jogo da indústria fonográfica.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em 2009, ao lançar o CD Romântico, Fábio Jr. surpreendeu positivamente ao realçar em tons baixos a sensibilidade de um cancioneiro sertanejo subestimado pela crítica. Dois anos depois, ele apresenta novo álbum de intérprete, Íntimo, com resultado bem inferior. Apesar de os suingantes duetos do cantor com o filho Fiuk em Vinte e Poucos Anos (um dos hits da inicial fase autoral da discografia de Fábio) e em Carango (sucesso de Wilson Simonal, rebobinado para a trilha de comercial de TV) terem certo charme, Íntimo patina em intepretações geralmente insossas. Sem o sentimento que havia em Romântico e nos três bons álbuns que gravou para a Som Livre entre 1979 e 1982, Fábio dilui a pegada soul da balada As Dores do Mundo (Hyldon) e anula a melancolia de Casinha Branca (Gilson e Joran), para citar somente dois exemplos. A produção de César Lemos não chega a soar pasteurizada, mas segue padrões eletroacústicos que impedem que se crie um clima de real intimidade ao longo dos 13 covers do disco. Esquinas (Djavan) até parece que vai esboçar essa intimidade na introdução pontuada pelo violão de influência cigana tocada pelo próprio César Lemos, mas, à medida que avança, tal esboço se esvai e trava a emoção que deveria haver em música densa que pede interpretação mais interiorizada. Entre a abordagem quase roqueira de Muito Estranho (Dalto) e a diluição da festa pop de Dias Melhores (Jota Quest), Fábio apresenta a filha Tainá - que até deixa boa impressão ao solar Fullgás (Marina Lima e Antonio Cícero) com o pai se limitando a fazer algumas intervenções na função de segunda voz da faixa - e chega perto da intimidade proposta pelo disco ao cantar Paixão (Kledir Ramil) em arranjo que entrelaça com salutar economia o cello de Alexander Sasha Zhiroff com os violões tocados pelo produtor do disco. Mas é pouco. A julgar pelos álbuns lançados pela Som Livre, Fábio Jr. pode fazer mais do que oferece em seus discos, mas já parece inútil esperar virada de um artista que desde 1984 - ano em que ingressou na gravadora Sony Music - aceita fazer o jogo da indústria fonográfica.

Rhenan Soares disse...

"Duos com Fiuk e Tainá são charme de CD..."
Dá nem pra ler a o texto, né...

Anônimo disse...

Mauro, o Fábio Jr fazer o jogo da indústria fonográfica é mais do que natural. Ele se fez cantor pra isso.
O triste é vc ver gente como Nando Reis, por exemplo, fazendo o mesmo.
Se algum diretor de gravadora mandar o Nando gravar Atirei o Pau no Gato, ele grava.
Por filosofia, eu só cobro de quem tem a dar, se não - usei a regrinha de "caso contrário", Flávio :>)- fica injusto.

Anônimo disse...

Mauro, o Fábio Jr fazer o jogo da indústria fonográfica é mais do que natural. Ele se fez cantor pra isso.
O triste é vc ver gente como Nando Reis, por exemplo, fazendo o mesmo.
Se algum diretor de gravadora mandar o Nando gravar Atirei o Pau no Gato, ele grava.
Por filosofia, eu só cobro de quem tem a dar, se não - usei a regrinha de "caso contrário", Flávio :>)- fica injusto.

Anônimo disse...

Por que ? Que saudade dos primeiros discos do Fábio cheios de vitalidade e que ainda valem a pena.