Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Show de tom revisionista expõe evolução do Trio Esperança em 50 anos

Resenha de show
Título: Trio Esperança - 50 Anos de Sucesso
Artista: Trio Esperança (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 7 de abril de 2011
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz no Teatro Rival (Rio de Janeiro, RJ) até 9 de abril de 2011, às 19h30m

Ao voltar para o bis do show comemorativo de seus 50 anos com abordagem a capella de O Que Será (Chico Buarque), apresentada em frente às cortinas fechadas do Teatro Rival, o Trio Esperança reitera sua evolução ao longo de trajetória fonográfica que completa cinco décadas neste ano de 2011. Trio que se transforma eventualmente em quarteto nesse show retrospectivo que celebra os 50 anos da gravação do primeiro disco do grupo, editado em 1961. Criado pelos irmãos Eva, Regina e Mário Corrêa no rastro da formação dos Golden Boys, o Trio Esperança passou por três formações - sempre em família - e revê sua história no palco do Rival com a adesão de Mariza, a Marizinha, que substituiu Evinha na virada dos anos 60 para os 70. Estruturado em ordem cronológica, o roteiro apresenta flashes de todas as fases do grupo - com direito a lembranças de hits individuais de Evinha (Cantiga por Luciana, alocada em bloco  irresistível  que inclui Teletema e - na estreia de 7 de abril - teve a participação afetiva de Renato Corrêa em Casaco Marrom) e Marizinha (Mais Uma Vez). A inicial fase pueril dos anos 60 é representada por sucessos como O Passo do Elefantinho, A Feiticeirinha e o twist Ensinando Bossa Nova. A teatralidade lúdica esboçada pelos cantores em cena dá certo charme a essa parte inicial do show. Mas a pouca ambição das músicas dessa época não permite que o trio mostre todo o potencial que iria desenvolver. Algumas músicas gravadas pelo Trio Esperança em discos dos anos 70 - casos de Primavera (Cassiano e Silvio Roachel) e de Arrasta a Sandália (Roberto Correia e John Lemos) - ilustram no show essa fase de transição, quando o sucesso comercial já não era grande e frequente como na década de 70. Contudo, os melhores momentos do show são os que representam o período em que Evinha, Mariza e Regina passaram a cantar a capella na França,  usando as vozes - inclusive - para simular instrumentos. Choro de Ernesto Nazareth (1863 - 1964), Odeon abre esse bloco do roteiro e - com a refinada combinação de vozes do trio feminino - justifica o sucesso e o reconhecimento obtidos pelas irmãs na Europa e no Japão. Na sequência, Evinha, Mariza e Regina reiteram a beleza de suas vozes harmoniosas com versões em português de Ária (Bach) e de Penny Lane (John Lennon & Paul McCartney). Entre uma versão e outra, as irmãs se dão ao luxo de cantar em tom lúdico  música em japonês (Watashi) e cantiga de Heitor Villa-Lobos (Caicó, com versos de Teca Calazans). No fim, Sebastiana - o arretado tema de Rosil Cavalcanti propagado por Jackson do Pandeiro - elevou ainda mais o nível das harmonizações vocais. Evinha, Marizinha e Regina simularam com seu canto a vivacidade da música nordestina em número que culiminou com a volta à cena de Mário Correa para o gran finale que, na estreia, contou com a participação improvisada dos Golden Boys. O clima era de celebração, o que justificou números nostálgicos como Alguém na Multidão (com os Golden Boys) e A Festa do Bolinha, o tema de Roberto Carlos e Erasmo Carlos que deu passe livre ao Trio Esperança na efêmera Festa de Arromba da Jovem Guarda. A simplicidade das músicas das jovens tardes dominicais teve sua importância na história do grupo, mas são com as harmonizações vocais a capella que o Trio Esperança cresceu musicalmente e refinou sua já cinquentenária discografia.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Ao voltar para o bis do show comemorativo de seus 50 anos com abordagem a capella de O Que Será (Chico Buarque), apresentada em frente às cortinas fechadas do Teatro Rival, o Trio Esperança reitera sua evolução ao longo de trajetória fonográfica que completa cinco décadas neste ano de 2011. Trio que se transforma eventualmente em quarteto nesse show retrospectivo que celebra os 50 anos da gravação do primeiro disco do grupo, editado em 1961. Criado pelos irmãos Eva, Regina e Mário Corrêa no rastro da formação dos Golden Boys, o Trio Esperança passou por três formações - sempre em família - e revê sua história no palco do Rival com a adesão de Mariza, a Marizinha, que substituiu Evinha na virada dos anos 60 para os 70. Estruturado em ordem cronológica, o roteiro apresenta flashes de todas as fases do grupo - com direito a lembranças de hits individuais de Evinha (Cantiga por Luciana, alocada em bloco irresistível que inclui Teletema e - na estreia de 7 de abril - teve a participação afetiva de Renato Corrêa em Casaco Marrom) e Marizinha (Mais Uma Vez). A inicial fase pueril dos anos 60 é representada por sucessos como O Passo do Elefantinho, A Feiticeirinha e o twist Ensinando Bossa Nova. A teatralidade lúdica esboçada pelos cantores em cena dá certo charme a essa parte inicial do show. Mas a pouca ambição das músicas dessa época não permite que o trio mostre todo o potencial que iria desenvolver. Algumas músicas gravadas pelo Trio Esperança em discos dos anos 70 - casos de Primavera (Cassiano e Silvio Roachel) e de Arrasta a Sandália (Roberto Correia e John Lemos) - ilustram no show essa fase de transição, quando o sucesso comercial já não era grande e frequente como na década de 70. Contudo, os melhores momentos do show são os que representam o período em que Evinha, Mariza e Regina passaram a cantar a capella na França, usando as vozes - inclusive - para simular instrumentos. Choro de Ernesto Nazareth (1863 - 1964), Odeon abre esse bloco do roteiro e - com a refinada combinação de vozes do trio feminino - justifica o sucesso e o reconhecimento obtidos pelas irmãs na Europa e no Japão. Na sequência, Evinha, Mariza e Regina reiteram a beleza de suas vozes harmoniosas com versões em português de Ária (Bach) e de Penny Lane (John Lennon & Paul McCartney). Entre uma versão e outra, as irmãs se dão ao luxo de cantar em tom lúdico música em japonês (Watashi) e cantiga de Heitor Villa-Lobos (Caicó, com versos de Teca Calazans). No fim, Sebastiana - o arretado tema de Rosil Cavalcanti propagado por Jackson do Pandeiro - elevou ainda mais o nível das harmonizações vocais. Evinha, Marizinha e Regina simularam com seu canto a vivacidade da música nordestina em número que culiminou com a volta à cena de Mário Correa para o gran finale que, na estreia, contou com a participação improvisada dos Golden Boys. O clima era de celebração, o que justificou números nostálgicos como Alguém na Multidão (com os Golden Boys) e A Festa do Bolinha, o tema de Roberto Carlos e Erasmo Carlos que deu passe livre ao Trio Esperança na efêmera Festa de Arromba da Jovem Guarda. A simplicidade das músicas das jovens tardes dominicais teve sua importância na história do grupo, mas são com as harmonizações vocais a capella que o Trio Esperança cresceu musicalmente e refinou sua já cinquentenária discografia.

Unknown disse...

Mauro Ferreira, quisera pudéssemos ser contemplados com um show desta magnitude aqui em Floripa! Td de Bom reviver os velhos tempos! Dá um nó na garganta só de saudades dessa turma cheia de ginga e talento!
Ivete Miranda-Floripa-SC

Rafael disse...

Espero que muito em breve esse show de 50 anos da banda saia em DVD e blu-ray, e também e num CD ao vivo. Para mim, um dos melhores e maiores conjuntos a capella desse país foi e ainda é o Trio Esperança, liderado pela grande cantora Evinha. Espero que os empresários de gravadoras atentem para esse detalhe, e lançem o traballho deles em formato digital dessa magnífica banda! Esses são cantores de verdade, cantam apenas com a voz e a alma!!! Deveriam ser mais valorizados e reverenciados por aqui.