Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Segundo raro álbum da Orquestra Afro-Brasileira ganha reedição em vinil

Um dos segredos mais bem guardados nos arquivos da indústria fonográfica do Brasil, o segundo álbum da Orquestra Afro-Brasileira - lançado originalmente em 1968 pela gravadora CBS - ganha reedição no formato de LP, fabricado pela Polysom dentro da série Clássicos em vinil. Último dos dois únicos álbuns lançados pelo grupo liderado pelo compositor e maestro Abigail Cecílio de Moura, autor das 12 músicas do disco, Orquestra Afro-Brasileira difundiu sons da cultura musical africana em faixas como Babaloxá, Os oinho de iaiá e Palmares, propagando ritmos como o opanijé (ritmo devotado ao orixá Omolu) e alujá (ritmo designado para o orixá Xangô) com a polirritmia afro-brasileira, cuja base foi recolhida em cerimônias litúrgicas afro-brasileiras. O genuíno som africano da orquestra era extraído da mistura de instrumentos ocidentais (como saxofone e clarineta) e primitivos (como urucungo, angona-puíta, agogô, gonguê, rum, rumpi, lê, afoxê, adjá, berimbau e ganzá). As músicas são cantadas em bantu, nagô, nheengatu e em português. Sugestão do produtor Kassin, a reedição em vinil do álbum Orquestra Afro-Brasileira é fruto de processo de produção que levou seis meses para ser concluído. Ao licenciar o disco para a Polysom, a gravadora Sony Music - herdeira do acervo da extinta CBS - enviou o projeto gráfico original e a fita master de áudio disponível no arquivo da companha fonográfica. Tratava-se de uma fita de meia polegada, com três canais de gravação - formato bem pouco conhecido, mas muito comum nos estúdios da antiga CBS durante os anos 1960. Como no Brasil não foi encontrado nenhum gravador que pudesse reproduzir esse tipo de fita, a solução foi seguir pista dada pelo engenheiro argentino Leandro Gonzales, dono do estúdio de corte de acetato Dubstereo, em Nova York (EUA). De acordo com Gonzales, uma empresa chamada Sonicraft A2DX Lab, situada em Nova Jersey (EUA), teria capacidade para copiar qualquer tape analógico. Lá, a fita foi copiada em digital de alta fidelidade. De volta ao Brasil, os áudios foram então remixados nos Estúdios Tambor, tendo como referência o LP original. A reedição de Orquestra Afro-Brasileira sai em junho.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Um dos segredos mais bem guardados nos arquivos da indústria fonográfica do Brasil, o segundo álbum da Orquestra Afro-Brasileira - lançado originalmente em 1968 pela gravadora CBS - ganha reedição no formato de LP, fabricado pela Polysom dentro da série Clássicos em vinil. Último dos dois únicos álbuns lançados pelo grupo liderado pelo compositor e maestro Abigail Cecílio de Moura, autor das 12 músicas do disco, Orquestra Afro-Brasileira difundiu sons da cultura musical africana em faixas como Babaloxá, Os oinho de iaiá e Palmares, propagando ritmos como o opanijé (ritmo devotado ao orixá Omolu) e alujá (ritmo designado para o orixá Xangô) com a polirritmia afro-brasileira, cuja base foi recolhida em cerimônias litúrgicas afro-brasileiras. O genuíno som africano da orquestra era extraído da mistura de instrumentos ocidentais (como saxofone e clarineta) e primitivos (como urucungo, angona-puíta, agogô, gonguê, rum, rumpi, lê, afoxê, adjá, berimbau e ganzá). As músicas são cantadas em bantu, nagô, nheengatu e em português. Sugestão do produtor Kassin, a reedição em vinil do álbum Orquestra Afro-Brasileira é fruto de processo de produção que levou seis meses para ser concluído. Ao licenciar o disco para a Polysom, a gravadora Sony Music - herdeira do acervo da extinta CBS - enviou o projeto gráfico original e a fita master de áudio disponível no arquivo da companha fonográfica. Tratava-se de uma fita de meia polegada, com três canais de gravação - formato bem pouco conhecido, mas muito comum nos estúdios da antiga CBS durante os anos 1960. Como no Brasil não foi encontrado nenhum gravador que pudesse reproduzir esse tipo de fita, a solução foi seguir pista dada pelo engenheiro argentino Leandro Gonzales, dono do estúdio de corte de acetato Dubstereo, em Nova York (EUA). De acordo com Gonzales, uma empresa chamada Sonicraft A2DX Lab, situada em Nova Jersey (EUA), teria capacidade para copiar qualquer tape analógico. Lá, a fita foi copiada em digital de alta fidelidade. De volta ao Brasil, os áudios foram então remixados nos Estúdios Tambor, tendo como referência o LP original. A reedição de Orquestra Afro-Brasileira sai em junho.

Unknown disse...

Tenho muito medo quando o povo vem com audio "remixado" de um disco. O Charles Galvin acabou com alguns discos do Caetano, grande parte deles,nestes últimos Boxes,que ele lançou por década.Perdeu toda essência do disco, eu achei um pecado. Mudaram vozes, abriram canais que não tinham no disco original, colocaram outros takes ..nossa virou uma salada.Remasterização é muito bem vinda! Agora, album remixado é um assasinato. Eu entendo a dificuldade de achar o tape na gravadora. Faça como o Japão eles lançam nossos discos antigos em CD através do vinil original da época,com o audio maravilhoso e sem mexer na obra caracteristica do artista.O Racional 3 do Tim Maia também, o Kassin matou o disco na faca.

Telmo disse...

Charles Gavin fez um trabalho maravilhoso na caixa original do Caetano. Alguns discos precisavam ser remixados e o resultado é maravilhoso. Aliás o próprio Caetano autorizou a nova mixagem. O Gavin sempre enfatizou que o som "original" não correspondia ao que estava registrado na fita master, porque os vinis brasileiros eram muito mal fabricados.

Unknown disse...

Entendo o seu ponto de vista Telmo, mas não vamos querer comparar a tecnologia dos anos 60,70 e 80 com a tecnologia de hoje. O disco Remixado não mantem a fidelidade de takes e canais de produção da época em que foi lançado. Eu escutei durante muitos anos os meus vinis do Caetano e gostei muito quando foram digitalizados em CD, no fim da década de 90. Esse box do Charles Gavin, foi um assasinato, por que não só abriu varios canais, como também mudou muitos takes. Acredito que quando o disco é finalizado ele mantém sua caracteristica.Imagine se isso vira moda ? O mesmo disco, com as mesmas músicas em versões de mixagem diferentes ? Remasterização é uma coisa, Remixagem é outra. Os 3 primeiros discos do João Gilberto, foram REMASTERIZADOS lá fora e mantém a caracteristica fiel do disco, porém com uma qualidade muito melhor. Imagine o "Chega de Saudade" remixado com mais canais abertos, takes trocados, sons de outros instrumentos...não dá. Eu não sei como o Caetano aprovou esse projeto, acho que ele não estava passando bem quando concordou com isso e quando viu era tarde D+