Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

'Abraçaço', de Caetano, fica forte ao ser enquadrado com apuro em DVD

Resenha de CD e DVD
Título: Multishow ao vivo Abraçaço
Artista: Caetano Veloso
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Ainda com fôlego em turnê que vai correr o mundo ao longo deste ano de 2014, o show Abraçaço - gerado por Caetano Veloso com base no terceiro título da trilogia de discos gravados em estúdio pelo artista baiano com a BandaCê - ganha força ao ser enquadrado com apuro na tela dos aparelhos que reproduzem DVDs.  A filmagem requintada valoriza o show de 2013 que, em si, já chegou à cena mais sedutor do que o CD de 2012. A propósito, todos os três álbuns feitos em estúdio por Caetano com Marcelo Callado (bateria) Pedro Sá (guitarra), Ricardo Dias Gomes (baixo) foram superados pelos shows correspondentes por contas das conexões do cancioneiro antigo do compositor com o repertório (a rigor, irregular) da fase Cê. A despeito de sua embalagem alegre e jovial, Abraçaço - o show - amplificou a melancolia embutida no disco por canções como Estou triste ( 2012), sagazmente linkada no roteiro autoral com Triste Bahia, música do álbum Transa (1972) composta por Caetano a partir de versos do poeta baiano Gregório de Matos (1636 - 1696). Mãe (1978) sublinhou essa melancolia, por exemplo. Mas é claro que a inclusão de músicas expansivas ao longo da turnê - casos do samba-rock De noite na cama (1971) e da pérola pop Eclipse oculto (1983) - evitou que a tristeza fosse senhora no show em que Caetano expia a dor das perdas de sua irmã Nicinha em Alguém cantando (1977) e da mãe, Claudionor Viana Teles Velloso (1907 - 2012), a Dona Canô, citada nominalmente no aplaudido verso do samba Reconvexo (1989). Caetano também pôs na sua roda os sambas Escapulário (1975) - a parceria póstuma do compositor com o modernista Oswald de Andrade (1890 - 1954) - e Você na entende nada (1971). Quem optar por comprar somente o CD - posto nas lojas pela gravadora Universal Music simultaneamente com o DVD - vai deixar de ouvir as músicas Parabéns (2012), Um comunista (2012), Um índio (1976 - alocada nos extras do DVD), Gayana (2012) e Vinco (2012). As duas últimas eram alternadas pelo cantor no bis de início anticlimático. Entre hits como o samba-reggae A luz de Tieta (1996) e o rock Outro (2006), sucessos infalíveis estrategicamente posicionados mais ao fim do show, Caetano pôs o violão no centro da cena em músicas como Lindeza (1991) e o trans samba Quando o galo cantou (2012), evidenciando que o indie rock do show Abraçaço por vezes esteve (muito) mais na atitude do que no som propriamente dito.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Ainda com fôlego em turnê que vai correr o mundo ao longo deste ano de 2014, o show Abraçaço - gerado por Caetano Veloso com base no terceiro título da trilogia de discos gravados em estúdio pelo artista baiano com a BandaCê - ganha força ao ser enquadrado com apuro na tela dos aparelhos que reproduzem DVDs. A filmagem requintada valoriza o show de 2013 que, em si, já chegou à cena mais sedutor do que o CD de 2012. A propósito, todos os três álbuns feitos em estúdio por Caetano com Marcelo Callado (bateria) Pedro Sá (guitarra), Ricardo Dias Gomes (baixo) foram superados pelos shows correspondentes por contas das conexões do cancioneiro antigo do compositor com o repertório (a rigor, irregular) da fase Cê. A despeito de sua embalagem alegre e jovial, Abraçaço - o show - amplificou a melancolia embutida no disco por canções como Estou triste ( 2012), sagazmente linkada no roteiro autoral com Triste Bahia, música do álbum Transa (1972) composta por Caetano a partir de versos do poeta baiano Gregório de Matos (1636 - 1696). Mãe (1978) sublinhou essa melancolia, por exemplo. Mas é claro que a inclusão de músicas expansivas ao longo da turnê - casos do samba-rock De noite na cama (1971) e da pérola pop Eclipse oculto (1983) - evitou que a tristeza fosse senhora no show em que Caetano expia a dor das perdas de sua irmã Nicinha em Alguém cantando (1977) e da mãe, Claudionor Viana Teles Velloso (1907 - 2012), a Dona Canô, citada nominalmente no aplaudido verso do samba Reconvexo (1989). Caetano também pôs na sua roda os sambas Escapulário (1975) - a parceria póstuma do compositor com o modernista Oswald de Andrade (1890 - 1954) - e Você na entende nada (1971). Quem optar por comprar somente o CD - posto nas lojas pela gravadora Universal Music simultaneamente com o DVD - vai deixar de ouvir as músicas Parabéns (2012), Um comunista (2012), Um índio (1976 - alocada nos extras do DVD), Gayana (2012) e Vinco (2012). As duas últimas eram alternadas pelo cantor no bis de início anticlimático. Entre hits como o samba-reggae A luz de Tieta (1996) e o rock Outro (2006), sucessos infalíveis estrategicamente posicionados mais ao fim do show, Caetano pôs o violão no centro da cena em músicas como Lindeza (1991) e o trans samba Quando o galo cantou (2012), evidenciando que o indie rock do show Abraçaço por vezes esteve (muito) mais na atitude do que no som propriamente dito.

Eduardo Cáffaro disse...

Gostei do show, mas prefiro o Caetano com Banda maior, com percussão, como os shows Circulador e Noites do Norte, essa coisa de banda de garagem nunca me seduziu !

ggermanodiniz disse...

Não sei como será daquí pra frente o caetano sem a banda cê. Nunca ví um casamento dar tão certo!

Thiago Augusto Corrêa disse...

Mauro, por acaso tem alguma informação do lançamento em Blu Ray desse show? Perguntei muitas vezes ao twitter oficial do Caê mas nem um "sim ou não" me responderam.

Caso souber, me informe se possível.

rafael disse...

Não sou fã desta fase do Caê, mas desde 'Cê' este foi o único que me interessou mais, comprei dvd ontem e gostei.Claro, das novas só por curiosidade, saudosismo meu?sim.Porém admiro o trabalho, acho jovial, agregou público novo, sonoridade moderna.Vale a pena.