Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


sábado, 28 de maio de 2011

Fred Falcão voa em CD com canções gravadas com Leny, Cariocas e Guinga

 Em 1966, o pernambucano Fred Falcão ainda era compositor em busca de chance no mercado fonográfico quando penetrou em ensaio do grupo Os Cariocas para mostrar as músicas que criara. O conjunto - que preparava o álbum Passaporte - acabou registrando Vem cá, menina, primeira música gravada de Falcão. Decorridos 45 anos, Falcão - em foto de Elias Nogueira - lança disco que traz as vozes d'Os Cariocas em Regressiva, inédita bossa nova feita pelo compositor especialmente para o grupo. Intitulado Voando na canção, gravado desde 2000 e editado pela Sala de Som, o disco reúne a produção autoral antiga e atual de Falcão, compositor que alcançou alguma projeção em 1970 quando a música Namorada (parceria com Arnoldo Medeiros) - ora revivida por Pery Ribeiro em dueto com Kay Lyra - foi classificada no V Festival Internacional da Canção (FIC) e defendida pelo casal de cantores Antônio Marcos (1945 - 1992) e Vanusa. Um ano depois, em 1971, a novela O cafona propagou pela TV Globo o tema que viria a ser o maior sucesso de Falcão, Shirley sexy, outra parceria com Arnoldo, gravada por Marília Pêra - atriz que interpretava a personagem homônima da música - e repaginada em Voando na canção pelo grupo Chicas em mix de percussão, guitarras e vozes. Mas o fato é que o nome de Fred Falcão sumiu na poeira da estrada até voltar à cena com este disco que apresenta gravação inédita de João Nogueira (1941 - 2000), Tia Ciata, samba sincopado de tom nostálgico no qual Nogueira pôs voz três meses antes de sair de cena. Sem saudosismo, mas conectado às melhores tradições da música brasileira, Falcão apresenta vigorosa safra inédita que destaca o Samba iluminado - parceria com Marcello Silva valorizada pelo canto de Leny Andrade, à vontade nas síncopes que evocam o estilo de Johnny Alf (1929 - 2010) - e Radamestre (Fred Falcão e Carlos Henrique Costa), tributo ao maestro Radamés Gnattali (1906 - 1988) no qual o luminoso compositor se aventura sem brilho como cantor. Se Céu de brilhante (Fred Falcão e Andrea Ramos) expõe a já conhecida maestria de Guinga ao violão, Jam session reitera a técnica vocal de Claudya nesta homenagem aos músicos que dominam o idioma do jazz. Enfim, por mais que esteja situado em algum (nobre) lugar do passado da boa música brasileira, o obscuro cancioneiro de Fred Falcão merece atenção, mesmo que tardia.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em 1966, o pernambucano Fred Falcão era compositor em busca de chance no mercado fonográfico quando penetrou em ensaio do grupo Os Cariocas para mostrar suas músicas. O conjunto - que preparava o álbum Passaporte - acabou registrando Vem Cá, Menina, primeira música gravada de Falcão. Decorridos 45 anos, Falcão - visto em foto de Elias Nogueira - lança disco que traz as vozes d'Os Cariocas em Regressiva, inédita bossa nova feita pelo compositor especialmente para o grupo. Intitulado Voando na Canção, gravado desde 2000 e editado pela Sala de Som, o disco reúne a produção autoral antiga e atual de Falcão, compositor que alcançou alguma projeção em 1970 quando sua música Namorada (parceria com Arnoldo Medeiros) - ora revivida por Pery Ribeiro em dueto com Kay Lyra - foi classificada no V Festival Internacional da Canção (FIC) e defendida pelo casal de cantores Antônio Marcos (1945 - 1992) e Vanusa. Um ano depois, em 1971, a novela O Cafona propagou pela TV Globo o tema que viria a ser o maior sucesso de Falcão, Shirley Sexy, outra parceria com Arnoldo, gravada por Marília Pêra - atriz que interpretava a personagem homônima da música - e repaginada em Voando na Canção pelo grupo Chicas em mix de percussão, guitarras e vozes. Mas o fato é que o nome de Fred Falcão sumiu na poeira da estrada até voltar à cena com este disco que apresenta gravação inédita de João Nogueira (1941 - 2000), Tia Ciata, samba de tom nostálgico no qual Nogueira pôs sua voz sincopada três meses antes de sair de cena. Sem saudosismo, mas conectado às melhores tradições da música brasileira, Falcão apresenta vigorosa safra inédita que destaca o Samba Luminoso - parceria com Marcello Silva valorizada pelo canto de Leny Andrade, à vontade nas síncopes que evocam o estilo de Johnny Alf (1929 - 2010) - e Radamestre (Fred Falcão e Carlos Henrique Costa), tributo ao maestro Radamés Gnattali (1906 - 1988) no qual o luminoso compositor se aventura sem brilho como cantor. Se Céu de Brilhante (Fred Falcão e Andrea Ramos) expõe a já conhecida maestria de Guinga ao violão, Jam Session reitera a técnica vocal de Claudya nesta homenagem aos músicos que dominam o idioma do jazz. Enfim, por mais que esteja situado em algum (nobre) lugar do passado da música brasileira, o cancioneiro de Fred Falcão merece atenção, mesmo que tardia.

Luca disse...

se as músicas forem tão boas quanto os cantores e músicos das faixas, temos um grande compositor