Mauro Ferreira no G1

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domingo, 8 de maio de 2011

À vontade, Camelo exterioriza sua obra no 'dançante' show 'Toque Dela'

Resenha de show
Título: Toque Dela
Artista: Marcelo Camelo (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 8 de maio de 2011
Cotação: * * * 1/2

"Vocês estão em pé para dançar", sentenciou Marcelo Camelo após cantar Tudo que Você Quiser e saudar o público que compareceu ao Circo Voador para ver a estreia carioca do show Toque Dela, iniciado já aos primeiros minutos deste domingo, 8 de maio de 2011. Na sequência, o cantor tocou Menina Bordada, tema embebido em suingante brasilidade, lançado pelo compositor em seu primeiro disco solo, Sou (2008). Bem, Toque Dela não é um show exatamente dançante, mas descarta o tom contemplativo da primeira turnê solo do hermano em favor de um toque mais quente, perceptível já na abertura do roteiro autoral com Ôô e A Noite, destaques da safra de inéditas do recém-lançado CD. Muito à vontade, como sinaliza o figurino totalmente casual, Camelo canta de forma mais exteriorizada ao seguir em cena roteiro que costura músicas de seus dois álbuns individuais com dois clássicos do cancioneiro do desativado grupo Los Hermanos (Morena e a buarquiana A Outra, alocadas lado a lado para delírio dos órfãos do quarteto) e com tema instrumental (Halijascar, o momento experimental do show) tocado apenas pelo Hurtmold, o grupo que acompanha Camelo em cena nesta sua segunda turnê solo. Infelizmente, o capricho observado na arte gráfica do disco Toque Dela não se reflete no visual algo displicente do show. A iluminação é intencionalmente mínima e feia. O cenário se resume a umas samambaias que, sem luz adequada, não surtem o efeito cênico que poderiam surtir. "As samambaias estão bonitas?", perguntou Camelo antes de apresentar Acostumar, grande e caloroso momento do show. Bem, independentemente da beleza das plantas (dadas pelo artista ao público ao fim da apresentação), salva-se a música, matéria-prima essencial de um show. Um trio de metais pontua os arranjos de músicas como Tudo Passa e Mais Tarde. Iniciada apenas com a voz e o violão de Camelo, Janta ganha instrumentos e sabor ao longo do número, se transformando em outro ponto alto do show Toque Dela. Mais para o fim do show, Pretinha se mostra cheia de brasilidade - característica inibida na obra gravada por Camelo com o grupo Los Hermanos - e Três Dias reitera em cena a beleza melódica e poética dessa parceria do compositor com o quadrinista André Dahmer. E, em sintonia com o espírito de um show em tese dançante, Camelo fecha o roteiro com a marchinha Copacabana e se despede do público carioca com um "Muito obrigado, cidade querida!". Com o artista fora de cena, esse público canta em coro sucesso de Los Hermanos, Além do que se Vê, mostrando espontaneamente a força e a perenidade do repertório de um grupo pop que marcou a música brasileira dos anos 2000. O toque dele permanece em Camelo.

8 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"Vocês estão em pé para dançar", sentenciou Marcelo Camelo após cantar Tudo que Você Quiser e saudar o público que compareceu ao Circo Voador para ver a estreia carioca do show Toque Dela, iniciado já aos primeiros minutos deste domingo, 8 de maio de 2011. Na sequência, o cantor tocou Menina Bordada, tema embebido em suingante brasilidade, lançado pelo compositor em seu primeiro disco solo, Sou (2008). Bem, Toque Dela não é um show exatamente dançante, mas descarta o tom contemplativo da primeira turnê solo do hermano em favor de um toque mais quente, perceptível já na abertura do roteiro autoral com Ôô e A Noite, destaques da safra de inéditas do recém-lançado CD. À vontade, como sinaliza o figurino totalmente casual, Camelo canta de forma mais exteriorizada ao seguir em cena roteiro que costura músicas de seus dois álbuns individuais com dois clássicos do cancioneiro do desativado grupo Los Hermanos (Morena e a buarquiana A Outra, alocadas lado a lado para delírio dos órfãos do quarteto) e com tema instrumental (Halijascar, o momento experimental do show) tocado apenas pelo Hurtmold, o grupo que acompanha Camelo em cena nesta sua segunda turnê solo. Infelizmente, o capricho observado na arte gráfica do disco Toque Dela não se reflete no visual algo displicente do show. A iluminação é intencionalmente mínima e feia. O cenário se resume a umas samambaias que, sem luz adequada, não surtem o efeito cênico que poderiam surtir. "As samambaias estão bonitas?", perguntou Camelo antes de apresentar Acostumar, grande e caloroso momento do show. Bem, independentemente da beleza das plantas (dadas pelo artista ao público ao fim da apresentação), salva-se a música, matéria-prima essencial de um show. Um trio de metais pontua os arranjos de músicas como Tudo Passa e Mais Tarde. Iniciada apenas com a voz e o violão de Camelo, Janta ganha instrumentos e sabor ao longo do número, se transformando em outro ponto alto do show Toque Dela. Mais para o fim do show, Pretinha se mostra cheia de brasilidade - característica inibida na obra gravada por Camelo com o grupo Los Hermanos - e Três Dias reitera em cena a beleza melódica e poética dessa parceria do compositor com o quadrinista André Dahmer. E, em sintonia com o espírito de um show em tese dançante, Camelo fecha o roteiro com a marchinha Copacabana e se despede do público carioca com um "Muito obrigado, cidade querida!". Com o artista fora de cena, esse público canta em coro sucesso de Los Hermanos, Além do que se Vê, mostrando espontaneamente a força e a perenidade do repertório de um grupo pop que marcou a música brasileira dos anos 2000. O toque dele permanece em Camelo.

Felipe dos Santos disse...

Como eu previa: o "pulsante" de Camelo não é bem "pulsante". É apenas mais... animado, alegre.

Exatamente como é "Copacabana": uma marchinha longe de ser esfuziante, mas que dá para fazer uma festinha simpática.

Bom, espero duas coisas: que ele mantenha esse tom exteriorizado e que deixe para lá o tom "verborrágico" que vem adotando nas entrevistas. O que já vi dele falando sobre o nada...

P.S.: Caro Mauro, uma dúvida: pretende cobrir o Rock in Rio? Se sim, como? Vendo pela tevê, ou pretende acompanhar os shows in loco, na Cidade do Rock? Só curiosidade.

Felipe dos Santos Souza

Luca disse...

Sugiro que a Malu Magalhães dê um trato no figurino de seu amado artista. Que bermuda, é essa?

Mauro Ferreira disse...

Oi, Felipe, grato por seus comentários sempre tão equilibrados. Bem, pretendo cobrir 'in loco' alguns shows do Rock in Rio, mas não todos evidentemente. Shows como os de Rihanna e Elton John certamente estão nos planos. Mas, por ora, são apenas planos. Abs, MauroF

Vitor disse...

Ainda espero pelo retorno dos Los Hermanos algum dia

Anônimo disse...

Que nada, Luca.
Como diria Lobão e Cazuza respectivamente:
"É tudo pose"
"Faz parte do show"

Unknown disse...

Pô, so muito fã das obras desse cara, mas também engrosso a fila daqueles que aguardam o real retorno dos Los Hermanos!A melhor banda dos últimos tempos...

Diogo Santos disse...

Sandra de Sá também lançou uma música no último album dela chamada " Copacabana "