Mauro Ferreira no G1

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sábado, 16 de abril de 2011

'Multishow ao Vivo' é retrato do inspirado momento inicial de Maria Gadú

Resenha de Show
Título: Multishow ao Vivo Maria Gadú
Artista: Maria Gadú (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 16 de abril de 2011
Cotação: * * * *

Maria Gadú ainda era uma promessa de sucesso quando estreou na pequena casa carioca Cinematheque, em 12 de abril de 2009, minitemporada de shows dominicais (clique aqui para ler a resenha da estreia). Dois anos depois, o sucesso de Gadú é realidade vista raras vezes no diluído mercado fonográfico brasileiro da última década. E foi com o status de artista bem-sucedida e já famosa em escala nacional que a cantora e compositora paulista voltou aos palcos cariocas, em 15 de abril de 2011, para apresentar na casa Vivo Rio o espetáculo que originou o CD e DVD Multishow ao Vivo, postos nas lojas pela gravadora Som Livre em novembro de 2010. Azeitado, o show atual é o retrato ampliado e mais bem-acabado desse inspirado momento inicial da carreira de Gadú. Se na temporada de abril de 2009 a artista se apresentava em palco nu e precariamente iluminado, nos shows da turnê que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) dois anos depois daquela estreia seminal há o cenário hype de Zé Carratu e uma iluminação profissional. Contudo, permanecem inalterados a qualidade do repertório autoral da compositora e a simplicidade de uma cantora que conserva os mesmos amigos - fato atestado pela presença de Leandro Léo na temporada de 2009 e na atual turnê - e a mesma simpatia. O sucesso avassalador - conquistado já no segundo semestre de 2009 a partir do lançamento do álbum Maria Gadú e da consequente veiculação da canção Shimbalaiê na trilha sonora da novela Viver a Vida - aparentemente não alterou o comportamento da artista no palco. Ainda é cedo para saber se Gadú vai permanecer em cena com tamanha popularidade. Somente um segundo álbum de estúdio - previsto para 2012 - vai indicar se a produção autoral da compositora tem qualidade em quantidade suficiente para prolongar esse sucesso. Por ora, o show em cartaz pelo Brasil atesta a inegável empatia popular desse repertório inicial. Todas as músicas do álbum são cantadas em coro pelo público. E, entre elas, há iguarias como o samba Altar Particular e a sensível Dona Cila, apresentada em cena com a exibição do clipe incluído nos extras do DVD. É fato que Shimbalaiê tocou tanto que enjoou - como também enjoaram todos os hits massivos de outros artistas. Mas é fato também que a canção tem sua beleza atemporal. Outra certeza evidente em cena é a maior segurança de Gadú como intérprete. Sua abordagem intensa de Lamento Sertanejo (Dominguinhos e Gilberto Gil) é ponto alto do show e mostra que a cantora preserva sua identidade artística mesmo fora da seara autoral da compositora. Gadú nunca é óbvia quando investe em repertório alheio. Se o samba Filosofia (Noel Rosa) ganha pegada pop e citação de You Know I'm No Good (Amy Winehouse), Trem das Onze (Adoniram Barbosa) transita visceral por trilho mais pop e contemporâneo. O único momento mais trivial de Gadú como intérprete é quando entoa Quase sem Querer, uma daquelas canções sensíveis da Legião Urbana que parecem definitivamente associadas à voz e à interpretação de Renato Russo (1960 - 1996). Enfim, Maria Gadú não é a maior cantora do Brasil - como gritou seu público em coro no fim da apresentação do Vivo Rio - mas é intérprete tão sedutora e sagaz que pode vir a se escorar em sua voz, caso sua produção como compositora caia quantativa e qualitativamente por conta da rotina estressante das turnês. Ou mesmo da falta de inspiração. Mas o futuro de Maria Gadú a Deus pertence. Por enquanto, a artista vive momento especial e colhe os frutos desse início consagrador ao apresentar seu belo show em palcos que já não são iluminados apenas por seu talento, carisma, simplicidade e luz.

12 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Maria Gadú ainda era uma promessa de sucesso quando estreou na pequena casa carioca Cinematheque, em 12 de abril de 2009, minitemporada de shows dominicais (clique aqui para ler a resenha da estreia). Dois anos depois, o sucesso de Gadú é realidade vista raras vezes no diluído mercado fonográfico brasileiro da última década. E foi com o status de artista bem-sucedida e já famosa em escala nacional que a cantora e compositora paulista voltou aos palcos cariocas, em 15 de abril de 2011, para apresentar na casa Vivo Rio o espetáculo que originou o CD e DVD Multishow ao Vivo, postos nas lojas pela gravadora Som Livre em novembro de 2010. Azeitado, o show atual é o retrato ampliado e mais bem-acabado desse inspirado momento inicial da carreira de Gadú. Se na temporada de abril de 2009 a artista se apresentava em palco nu e precariamente iluminado, nos shows da turnê que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) dois anos depois daquela estreia seminal há o cenário hype de Zé Carratu e uma iluminação profissional. Contudo, permanecem inalterados a qualidade do repertório autoral da compositora e a simplicidade de uma cantora que conserva os mesmos amigos - fato atestado pela presença de Leandro Léo na temporada de 2009 e na atual turnê - e a mesma simpatia. O sucesso avassalador - conquistado já no segundo semestre de 2009 a partir do lançamento do álbum Maria Gadú e da consequente veiculação da canção Shimbalaiê na trilha sonora da novela Páginas da Vida - aparentemente não alterou o comportamento da artista no palco. Ainda é cedo para saber se Gadú vai permanecer em cena com tamanha popularidade. Somente um segundo álbum de estúdio - previsto para 2012 - vai indicar se a produção autoral da compositora tem qualidade em quantidade suficiente para prolongar esse sucesso. Por ora, o show em cartaz pelo Brasil atesta a inegável empatia popular desse repertório inicial. Todas as músicas do álbum são cantadas em coro pelo público. E, entre elas, há iguarias como o samba Altar Particular e a sensível Dona Cila, apresentada em cena com a exibição do clipe incluído nos extras do DVD. É fato que Shimbalaiê tocou tanto que enjoou - como também enjoaram os hits massivos de outros artistas. Mas é fato também que a canção tem sua beleza atemporal. Outra certeza evidente em cena é a maior segurança de Gadú como intérprete. Sua abordagem intensa de Lamento Sertanejo (Dominguinhos e Gilberto Gil) é ponto alto do show e mostra que a cantora preserva sua identidade artística mesmo fora da seara autoral da compositora. Gadú nunca é óbvia quando investe em repertório alheio. Se o samba Filosofia (Noel Rosa) ganha pegada pop e citação de You Know I'm No Good (Amy Winehouse), Trem das Onze (Adoniram Barbosa) transita visceral por trilho mais pop e contemporâneo. O único momento mais trivial de Gadú como intérprete é quando entoa Quase sem Querer, uma daquelas canções da Legião Urbana que parecem definitivamente associadas à voz e à interpretação de Renato Russo (1960 - 1996). Enfim, Maria Gadú não é a maior cantora do Brasil - como gritou seu público em coro no fim da apresentação do Vivo Rio - mas é intérprete tão sedutora e sagaz que pode vir a se escorar em sua voz, caso sua produção como compositora caia quantativa e qualitativamente por conta da rotina estressante das turnês. Ou mesmo da falta de inspiração. Mas o futuro de Maria Gadú a Deus pertence. Por enquanto, a artista vive momento especial e colhe os frutos desse início consagrador ao apresentar seu belo show em palcos que já não são iluminados apenas por seu talento, carisma, simplicidade e luz.

lurian disse...

Nossa... às vezes você exagera Mauro! quantos posts da Maria Gadú!!! Uma overdose.
Se me cabe uma crítica construtiva, você poderia ter resumido um pouco e abrir espaço a resenhar outras pessoas bem legais as quais você nunca menciona no seu blog e foram citadas por vários críticos interessantes. (Juliana R., Bárbara Eugênia, Estrela Ruiz)

Diogo Santos disse...

Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco

Rhenan Soares disse...

Haja empolgação! Deve ter sido a lua, hein Mauro.
.
Vi a Gadú em 2009, num palco cru (na mesma época e situação que vc, Mauro) e confesso ter sido uma decepção, me senti um intruso no quarto dela, enquanto ela ensaiava as músicas... vontade de pedir bebida e bater papo com os amigos enquanto ela cantava, de fundo. Saí do teatro dizendo: Putz! Eu tenho o disco, o q vim fazer aqui?
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Uma pena, n pago mais pra ver Gadú antes de um novo disco. Disco esse q eu tenho muito medo, mas espero de tímpanos abertos.
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Loucura, loucura essa cotação aí... se eu n conhecesse até me empolgaria pra ver o show. Mas tenho certeza q isso foi efeito da lua no humor do blogueiro.

Luca disse...

É, Lurian, ficou over mesmo tanto post da Gadú mas o Mauro tem essa mania mesmo de fazer muito post quando o show tem muitos convidados

Pedro Progresso disse...

o disco já é bem chato, convenhamos. Mas algo se salva, tem "encontro" que é bonitinha e "paracuti" que é a melhor de todas.

Mas o show até anulas as boas canções de tão cansativo. E o dvd do show é muito ruim, muito chato! Os amigos dela são poquíssimo talentosos, o palco é over e muito poluído, até a forma que ela grita pra chamá-los me irrita.

Tem um cara que fica escrevendo numa lousa enquanto ela canta. Desnecessário.
E os arranjos não se sustentam, nem as letras.

Mas confesso, achei o dvd bem produzido, ótima filmagem. Capa ok, encarte lindo, recheado de extras pra quem gosta. Um bom produto.

Mas eu desejo mais Tulipa Ruiz, por favor.

Anônimo disse...

Ela é fã de Sandy - de verdade!
Precisa dizer mais alguma coisa? rsrs

Anônimo disse...

A cantora da hora. Até que chegue outra.

Start disse...

Shimbalaiê foi trilha de VIVER A VIDA

Mauro Ferreira disse...

Tem razão, Start. Grato por me alertar da confusão que fiz entre 'Páginas da Vida' e 'Viver a Vida'. Já consertei o texto. Abs, MauroF

KL disse...

quem criou/escolheu esse figurino, esse look e esse cenário assustadores mereceria um troféu.

Cássia disse...

Adoro a sua voz!