Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Inéditas do CD 'Gabriela' reforçam a supremacia da trilha original de 1975

Resenha de CD
Título: Gabriela
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * 1/2 

Há três músicas inéditas gravadas especialmente para a trilha sonora da nova adaptação televisiva do romance Gabriela, Cravo e Canela (1958), um dos maiores sucessos da obra literária do escritor baiano Jorge Amado (1912 - 2001). Gilberto Gil forneceu Lindinalva, bonita canção de tons sombrios, envolta em desilusão e cordas na gravação do grupo Babado Novo (em seu primeiro registro fora do universo rítmico da axé music). Compositor de atuação marcante na criação da trilha sonora original da novela exibida em 1975 pela TV Globo, Dori Caymmi pôs música nos versos coloquiais de Jorge Amado, dando origem ao também belo Tema de Malvina, cantado no disco por Ivete Sangalo, intérprete da personagem Maria Machadão na novela produzida neste ano de 2012 pela TV Globo para celebrar o centenário de nascimento do escritor que deu vida a Gabriela, ao turco Nacib e ao coronel Ramiro Bastos, entre outros personagens memoráveis. Já João Bosco & Aldir Blanc fizeram Aura de Glória, canção abolerada que confirma a fina sintonia da dupla de compositores no canto refinado de Bosco. Contudo, tais (boas) novidades somente reiteram a supremacia da antológica trilha sonora da produção de 1975. E o maior mérito do CD Gabriela - já posto nas lojas pela gravadora Som Livre - é rebobinar nove das 13 gravações originais da versão anterior da novela em suas 18 faixas. As outras nove faixas são formadas - além das inéditas de Aldir com Bosco, Dori e Gil - por gravações de Elba Ramalho (Lamento Sertanejo, música de Dominguinhos e Gilberto Gil que ecoa discurso condizente com a origem interiorana da personagem-título da trama), Mart'nália (Depois Cura, tema de Lula Queiroga que nada tem a ver com o universo da novela) e Nana Caymmi (Flor da Noite, último grande momento de Nana como intérprete, registrado para Liebe Paradiso, disco de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, parceiros na composição do tema), entre outros nomes. Dessas faixas adicionais, há fonogramas sem sentido dentro da trilha sonora - caso da faixa de Caetano Veloso, Você Não Me Ensinou a Te Esquecer (José Wilson e Fernando Mendes), balada doída que poderia figurar na seleção musical de qualquer novela - e há músicas que fazem todo o sentido em Gabriela, caso do supra-citado Lamento Sertanejo e, sobretudo, do sublime Tema de Amor de Gabriela, composto e gravado por Tom Jobim (1927 - 1994) com a Banda Nova para a trilha sonora do filme de 1983 adaptado do mesmo livro de Jorge Amado que já gerara duas novelas (a atual adaptação do romance é a terceira feita para TV). Mas o fato é que, Jobim à parte, o grande poder de sedução do CD Gabriela reside na reutilização das nove das 13 músicas do álbum de 1975. Os compositores da trilha original estavam iluminados e souberam captar o espírito da história de Amado ao criar músicas como Modinha Para Gabriela (Dorival Caymmi na voz de Gal Costa), Guitarra Baiana (Moraes Moreira), São Jorge dos Ilhéus (Alceu Valença), Porto (Dori Caymmi nas vozes do MPB-4), Caravana (Geraldo Azevedo) e Alegre Menina (Dori Caymmi em versos de Jorge Amado e na voz então pouco ouvida de Djavan). Estas músicas - entre as melhores já feitas para uma trilha sonora de novela em todos os tempos - dão à trilha o sabor de cravo e canela perdido até mesmo no texto insosso dessa atual adaptação do livro.

11 comentários:

Mauro Ferreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Edu M disse...

Mauro, acho que Aura de glória, do João Bosco, também é inédita não?

lurian disse...

Bons tempos da MPB... O que tivemos a partir de meados dos 80 pra cá é que, raras exceções, foi complicado.

Mauro Ferreira disse...

Sim, Edu M, você tem razão. Supus que a música estivesse no dvd dos 40 anos do Bosco, mas ela foi feita para a trilha de Gabriela. abs, grato pelo toque, MauroF

Fábio Passadisco disse...

Mauro.

Outra grande trilha sonora é a de "Saramandaia".

Abraços.

Anônimo disse...

Não sei se essa adaptação está insossa - só vi alguns pedaços, mas essa a Gabriela(hummmmm), mesmo balzaca, faria muito gosto a Jorge Amado. Tenho certeza.

PS: Vi a filha do Jorge Amado falando bem. Não sei se por interesse aqui ou ali ou se realmente acha. Enfim.

Maria disse...

Fui na exposição de Jorge Amado aqui no MAM- Museu De Arte Moderna deu pro gasto apenas como fã esperava mais.

Flavio disse...

Mauro Ferreira, creio que no caso da Nana Caymm, vale mais a pena falar do "mais recente" ao invés de "último" grande registro vocal, não é? Ela está aí!

Rafael disse...

A trilha sonora da versão de 1975 é infinitamente superior a da esta versão. Aliás, todas as trilhas sonoras de novelas de antigamente eram maravilhosas, primorosas de qualidade artística e técnica. Hoje em dia só tem axé e sertanejo nas trilhas das novelas. Valha-me Deus, nossa senhora!!! O mundo termina mesmo em 31 de dezembro de 2012.

ADEMAR AMANCIO disse...

João bosco e Aldir blanc compondo juntos de novo?nem acredito.A trilha original da novela é boa mesmo,pena que não tem o primeiro sucesso de Fafá de belém nesta versão.

Unknown disse...

Mauro, você saberia me informar o nome daquele chorinho que tocava geralmente nas cenas de Olga e Tonico nessa versão 2012? Tocava nas cenas em que Olga saia para colocar chifre no marido. Não é a Guitarra Baiana que está no CD, esse chorinho não consta no CD. Desde já agradecido.