Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Duo Agridoce transpõe seu pop folk para o palco com graça e intimidade

Resenha de show
Título: Agridoce
Artista: Agridoce (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Teatro Oi Casa Grande (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 4 de abril de 2012
Cotação: * * * 1/2

É como se estivessem chegando em casa que Pitty e Martin entram no palco do Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), para apresentar pela primeira vez ao público carioca o show inspirado no disco Agridoce, lançado em novembro de 2011 pelo selo Vigilante, da gravadora Deck. O cenário sugere uma sala de estar e ajuda a criar o clima de intimidade propício para ambientar o pop folk da dupla criada por Pitty com o guitarrista de sua banda. Em cena, ela adota visual típico de uma prima donna do canto lírico - distante do ar rebelde que oxigena seu trabalho solo, voltado para o rock - e toca piano. Ele assume o violão e por vezes canta, mesmo sem ser especialmente vocacionado para o canto. Juntos, Pitty e Martin conseguem transpor a música do Agridoce para o palco com graça e com as adesões de Luciano Malásia (percussão) e Loco Sosa (programações). Desde a abertura com Upside Down (Pitty e Martin) até o fim do bis com Alvorada (Pitty e Martin), músicas aliás entoadas  em harmoniosos duetos pelos parceiros, o show transcorre agradável, embora algo linear pelo fato de quase todas as músicas terem a mesma pegada suave. Exceção é O Porto (Pitty e Martin), que encerra o show - antes do bis - com efeitos e clima espacial que evoca as viagens ao centro do universo do rock progressivo. Cantando em inglês (como em B Day, música da dupla que circula somente na internet), em francês (como na autoral Ne Parle Pas e no simpático cover de La Javanaise, de Serge Gainsbourg) ou mesmo em português (como na também autoral 130 Anos),  Pitty surpreende positivamente como cantora e atesta evolução como compositora ao se aventurar por terrenos mais melódicos. A propósito, as belas baladas Dançando (uma das melhores músicas do disco e de 2011) e Romeu (outro destaque do CD produzido por Rafael Ramos) são a prova cabal da inspiração de Pitty e Martin. A personalidade e a sensibilidade da dupla fazem com que até um cover do repertório do extinto grupo britânico The Smiths - Please, Please, Let me Get What I Want (Morrissey e Johnny Marr, 1984) - se ajuste bem ao universo pop folk do Agridoce. Corroborando o capricho com que o show foi moldado, imagens especificas para cada música são exibidas no telão posto ao centro do palco. Enquanto Pitty canta Rainy (Pitty e Martin) ao piano, o público vê imagens da letra da canção na tela. Tal efeito nem é tão criativo, mas ajuda a dar charme à transposição para a cena do som íntimo e pessoal do Agridoce. O pop folk da dupla chega ao palco com a fofura do supreendente disco.

9 comentários:

Mauro Ferreira disse...

É como se estivessem chegando em casa que Pitty e Martin entram no palco do Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), para apresentar pela primeira vez ao público carioca o show inspirado no disco Agridoce, lançado em novembro de 2011 pelo selo Vigilante, da gravadora Deck. O cenário sugere uma sala de estar e ajuda a criar o clima de intimidade propício para ambientar o pop folk da dupla criada por Pitty com o guitarrista de sua banda. Em cena, ela adota visual típico de uma prima donna do canto lírico - distante do ar rebelde que oxigena seu trabalho solo, voltado para o rock - e toca piano. Ele assume o violão e por vezes canta, mesmo sem ser especialmente vocacionado para o canto. Juntos, Pitty e Martin conseguem transpor a música do Agridoce para o palco com graça e com as adesões de Luciano Malásia (percussão) e Loco Sosa (programações). Desde a abertura com Upside Down (Pitty e Martin) até o fim do bis com Alvorada (Pitty e Martin), músicas aliás entoadas em harmoniosos duetos pelos parceiros, o show transcorre agradável, embora algo linear pelo fato de quase todas as músicas terem a mesma pegada suave. Exceção é O Porto (Pitty e Martin), que encerra o show - antes do bis - com efeitos e clima espacial que evoca as viagens ao centro do universo do rock progressivo. Cantando em inglês (como em B Day, música da dupla que circula somente na internet), em francês (como na autoral Ne Parle Pas e no simpático cover de La Javanaise, de Serge Gainsbourg) ou mesmo em português (como na também autoral 130 Anos), Pitty surpreende positivamente como cantora e atesta evolução como compositora ao se aventurar por terrenos mais melódicos. A propósito, as belas baladas Dançando (uma das melhores músicas do disco e de 2011) e Romeu (outro destaque do CD produzido por Rafael Ramos) são a prova cabal da inspiração de Pitty e Martin. A personalidade e a sensibilidade da dupla fazem com que até um cover do repertório do extinto grupo britânico The Smiths - Please, Please, Let me Get What I Want (Morrissey e Johnny Marr, 1984) - se ajuste bem ao universo pop folk do Agridoce. Corroborando o capricho com que o show foi moldado, imagens especificas para cada música são exibidas no telão posto ao centro do palco. Enquanto Pitty canta Rainy (Pitty e Martin) ao piano, o público vê imagens da letra da canção na tela. Tal efeito nem é tão criativo, mas ajuda a dar charme à transposição para a cena do som íntimo e pessoal do Agridoce. O pop folk da dupla chega ao palco com a fofura do supreendente disco.

Anônimo disse...

Esse projeto foi um acerto da buchechudinha da Pitty. Dá uma renovada/mudada na imagem dela e a tira, um pouco, daquele nicho pré adolescente.
Só conheço desse projeto, e acho muito boa, a música Dançando. Eles tocaram aqui no carnaval de Recife e fui dá uma conferida, mas tava lotado de pirralha. Desisti.
Aliás, sempre digo que é só olhar para seu público que vc conhece um artista. Mas, engraçado, com a Baiana não acorre isso. Não sinto que ela tenha muito a ver com público dela.
Enfim, como em tudo, há exceções para a definição acima.

Maria disse...

O legal é quando o artista ou banda, consegue atingir várias gerações acho isso muito bacana! acontece com Chico Buarque, Beatles, Caetano, Gil... possuem fãs de todas as idades.

Eduardo disse...

Tenho a estranha sensação de que essa aura de 'mulher que sabe o que quer' significa exatamente o oposto em Pitty. Não me convence mesmo.

Anônimo disse...

Mesmo quando isso acontece, Mary,
- E geralmente acontece com artistas com 30/40/50 anos de estrada - o público continua tendo uma cara. Ou várias, de acordo como o artista se mostra.
Chico Buarque é um só desde o começo e seu público vai de senhoras e senhores da classe média a menininhas e menininhos da mesma classe social.
Já Mano Caetano, tem fãs das músicas mais comerciais dele que nem sabe o que foi a Tropicália.

Maria disse...

Zé Henrique, eu não sou desse tipo de fã de Caetano não... adoro os seus discos antigos que na minha opnião são os melhores de sua carreira como Transa, Muito e Cinema Transcendental. PS: Marisa Monte, por exemplo que cara você acha que tem o público dela de hoje em dia?

Anônimo disse...

Esse projeto é bom, e tal saiu em Lp e tudo, mas não combina com a Pitty.

Anônimo disse...

Eu sei que vc não é desse tipo de fã, Marycota.
Que cara tem o público de Marisa hoje?
De pastel! rsrrsrss
Brincadeira à parte, taí um bom exemplo. O público dela mudou um bocado. Antigamente gostava de Marisa quem gostava de Gal, de Elis... hoje gosta dela quem gosta de Ana Carolina.
Apesar da temática de suas músicas serem as mesmas de antes, a forma mudou demais.
E vc sabe, a forma vale tanto quanto o conteúdo.

Maria disse...

Zé, falou e disse! aconteceu isso mesmo mas em relação ao gênero não teve mudança o público dela sempre foi e continua mais feminino talvez, pela maioria de suas canções terem um "pé" no romântico.