Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

'The electric lady' continua saga de Monáe com eletrizante som de preto

Resenha de CD
Título: The electric lady - Suites IV and V
Artista: Janelle Monáe
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * * 1/2

Janelle Monáe vem pavimentando obra fonográfica de tom conceitual. Seus álbuns são sequências da história de sci-fi iniciada no primeiro disco da cantora e compositora norte-americana, o EP Metropolis - Suite I - The chase (2007). Ao narrar a saga da androide Cindi Mayweather no mundo humano, Monáe usa a história como metáfora para expor algo podre que há no reino terreno. Já em si interessante, a história é valorizada por sua trilha sonora: um eletrizante som de preto calcado nas tradições do r & b, do funk e do soul norte-americanos, com precisos toques de rap, gênero que dá as cartas no mercado comum da música negra dos Estados Unidos. Segundo álbum de Monáe, The electric lady mantém o nível e o pique de seu antecessor, The ArchaAndroid (2010), ao apresentar a quarta e quinta suítes da narrativa futurista. Os nomes listados na ficha técnica do disco já mostram que Monáe tem moral no meio musical dos EUA. Basta dizer que Prince faz os backing-vocals de Givin em what they love. Erykah Badu entra em cena em Q.U.E.E.N. enquanto Solange Knowles - a irmã cada vez mais incensada de Beyoncé - contribui com o rap da música-título Electric lady. Cortadas por interlúdios que sintonizam fragmentos de programa de rádio, as suítes IV e V são introduzidas por overtures de clima cinematográfico (a da suíte IV é inspirada em tema do compositor italiano Ennio Morricone, mestre das trilhas sonoras de filmes, enquanto a retrô overture da suíte V recicla ideia de Stevie Wonder). Entre os interlúdios, há as músicas, quase todas inspiradas. Primetime é baladão sedutor interpretada por Monáe com o cantor Miguel. Look into my eyes é outra balada, mas de tons menores. Já We were rock & roll insinua vibe roqueira ao mesmo tempo em que evoca de longe uma batida de disco music. Aliás, Dance apocalyptic é mais rock'n'roll em sua vibrante e veloz pegada pop. Sem perder o pique na segunda metade, The electric lady está entranhado do melhor r & b em temas como Ghetto woman, It's code e What an experience. E tem Esperanza Spalding em Dorothy Dandridge eyes. Enfim, sem fazer alarde, Janelle Monáe apresentou um dos grandes álbuns de 2013. O trocadilho é óbvio, mas eletrizante é o adjetivo adequado para caracterizar The electric lady.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Janelle Monáe vem pavimentando obra fonográfica de tom conceitual. Seus álbuns são sequências da história de sci-fi iniciada no primeiro disco da cantora e compositora norte-americana, o EP Metropolis - Suite I - The chase (2007). Ao narrar a saga da androide Cindi Mayweather no mundo humano, Monáe usa a história como metáfora para expor algo podre que há no reino terreno. Já em si interessante, a história é valorizada por sua trilha sonora: um eletrizante som de preto calcado nas tradições do r & b, do funk e do soul norte-americanos, com precisos toques de rap, gênero que dá as cartas no mercado comum da música negra dos Estados Unidos. Segundo álbum de Monáe, The electric lady mantém o nível e o pique de seu antecessor, The ArchaAndroid (2010), ao apresentar a quarta e quinta suítes da narrativa futurista. Os nomes listados na ficha técnica do disco já mostram que Monáe tem moral no meio musical dos EUA. Basta dizer que Prince faz os backing-vocals de Givin em what they love. Erykah Badu entra em cena em Q.U.E.E.N. enquanto Solange Knowles - a irmã cada vez mais incensada de Beyoncé - contribui com o rap da música-título Electric lady. Cortadas por interlúdios que sintonizam fragmentos de programa de rádio, as suítes IV e V são introduzidas por overtures de clima cinematográfico (a da suíte IV é inspirada em tema do compositor italiano Ennio Morricone, mestre das trilhas sonoras de filmes, enquanto a retrô overture da suíte V recicla ideia de Stevie Wonder). Entre os interlúdios, há as músicas, quase todas inspiradas. Primetime é baladão sedutor interpretada por Monáe com o cantor Miguel. Look into my eyes é outra balada, mas de tons menores. Já We were rock & roll insinua vibe roqueira ao mesmo tempo em que evoca de longe uma batida de disco music. Aliás, Dance apocalyptic é mais rock'n'roll em sua vibrante e veloz pegada pop. Sem perder o pique na segunda metade, The electric lady está entranhado do melhor r & b em temas como Ghetto woman, It's code e What an experience. E tem Esperanza Spalding em Dorothy Dandridge eyes. Enfim, sem fazer alarde, Janelle Monáe apresentou um dos grandes álbuns de 2013. O trocadilho é óbvio, mas eletrizante é o adjetivo adequado para caracterizar The electric lady.

pedr'esteves disse...

Esse álbum é o exemplo perfeito onde forma e conteúdo estão no mesmo (altíssimo) nível.

pedr'esteves disse...

Esse disco é um exemplo perfeito onde forma e conteúdo se mantém no mesmo (e altíssimo) nível.

Chabacano disse...

Muito obrigado por me apresentar (tão bem) a essa cantora americana. Não conhecia, mas estou conhecendo e já aprovando. Muito talentosa mesmo. Já comprei os dois cds.

FELIZ 2014!