Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ao remixar Summer, 'Love to love you Donna' reitera força dos originais

Resenha de CD
Título: Love to love you Donna
Artista: Donna Summer
Gravadora: Verve Records / Universal Music
Cotação: * * * 

As gravações feitas por Donna Summer (1948 - 2012) nos anos 70 - geralmente formatadas pelos produtores e compositores Giorgio Moroder e Pete Bellotte (nome nunca mencionado na proporção de sua importância na carreira da cantora norte-americana) - passaram com folga na peneira do tempo. Embora gravitem em torno do globo espelhado da disco music, tais registros fonográficos já são definitivos e ainda explosivos quando jogados nas pistas. Até porque alguns - como a gravação original de I feel love (Donna Summer, Giorgio Moroder e Pete Bellotte), feita em 1977 - foram espantosamente revolucionários e inovadores para sua época. O que jamais invalida a intenção deste disco de remixes Love to love you Donna, idealizado para inserir a voz  potente de Summer na cena dance atual. Recém-lançado no Brasil via Universal Music, o CD cumpre sua função, mas nem por isso deixa de soar irregular. Música que abriu as portas da fama para a artista, Love to love you baby (Donna Summer, Giorgio Moroder e Pete Bellotte, 1975) ressurge cheia de frescor em batida electro-funky formatada pelo italiano Moroder com o DJ norte-americano Chris Cox. O DJ e produtor holandês Afrojack também acerta o ponto do remix de outro clássico do repertório de Summer, I feel love (Donna Summer, Giorgio Moroder e Pete Bellotte, 1977), atualizando de fato esta gravação, também inserida pelo produtor britânico Benga no universo do dubstep (I feel love é a única música que ganha dois remixes no disco). Outro êxito vem da união do duo canadense Chromeo com o duo norte-americano Oliver. Hábeis ao remexer em Love is in control (Finger on the trigger) (Quincy Jones, Rod Temperton e Merria Ross, 1982), Chromeo & Oliver apresentam o mais pop dos 12 remixes de Love to love you Donna. Remix que - não por acaso - foi escolhido para anunciar em agosto de 2013 o lançamento do disco produzido por Dahlia Ambach Caplin com Randall Foster e posto nas lojas dos Estados Unidos em outubro. A imersão de Hot stuff na house - feita pelos DJs e produtores norte-americanos Eric Kupper e Frankie Knuckles - também merece menção honrosa. Em contrapartida, há remixes que já parecem fora de sintonia com o atual tempo dance. O DJ e produtor britânico Duke Dumont parece perdido em algum lugar dos passados anos 90 no remix de Dim all the lights (Donna Summer, 1979). Já a abordagem dub do grupo inglês Hot Chip para Sunset people (Pete Bellotte, Harold Faltermeyer e Keith Forsey, 1979) soa sonolenta com excesso de climas em atmosfera nublada. Por sua vez, o DJ filipino Ladiback Luke falha na missão (quase) impossível de trazer a épica MacArthur Park  (Jimmy Web, 1968) para o universo clubber- até porque a eletrizante releitura feita por Summer em 1978, dentro do espírito da disco music, já parece ter esgotado as possibilidades do tema nas pistas. No fim, Love to love you Donna apresenta sobra do último álbum de Summer, Crayons (2008). La dolce vita reúne Summer com o seu mentor Giorgio Moroder, mas faixa não chega a empolgar. Assim como este disco de remixes também não chega a empolgar. Embora cumpra a sua função (com mais altos do que baixos), Love to love you Donna reitera a soberania das - inebriantes - gravações originais de Summer.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

As gravações feitas por Donna Summer (1948 - 2012) nos anos 70 - geralmente formatadas pelos produtores e compositores Giorgio Moroder e Pete Bellotte (nome nunca mencionado na proporção de sua importância na carreira da cantora norte-americana) - passaram com folga na peneira do tempo. Embora gravitem em torno do globo espelhado da disco music, tais registros fonográficos já são definitivos e ainda explosivos quando jogados nas pistas. Até porque alguns - como a gravação original de I feel love (Donna Summer, Giorgio Moroder e Pete Bellotte), feita em 1977 - foram espantosamente revolucionários e inovadores para sua época. O que jamais invalida a intenção deste disco de remixes Love to love you Donna, idealizado para inserir a voz potente de Summer na cena dance atual. Recém-lançado no Brasil via Universal Music, o CD cumpre sua função, mas nem por isso deixa de soar irregular. Música que abriu as portas da fama para a artista, Love to love you baby (Donna Summer, Giorgio Moroder e Pete Bellotte, 1975) ressurge cheia de frescor em batida electro-funky formatada pelo italiano Moroder com o DJ norte-americano Chris Cox. O DJ e produtor holandês Afrojack também acerta o ponto do remix de outro clássico do repertório de Summer, I feel love (Donna Summer, Giorgio Moroder e Pete Bellotte, 1977), atualizando de fato esta gravação, também inserida pelo produtor britânico Benga no universo do dubstep (I feel love é a única música que ganha dois remixes no disco). Outro êxito vem da união do duo canadense Chromeo com o duo norte-americano Oliver. Hábeis ao remexer em Love is in control (Finger on the trigger) (Quincy Jones, Rod Temperton e Merria Ross, 1982), Chromeo & Oliver apresentam o mais pop dos 12 remixes de Love to love you Donna. Remix que - não por acaso - foi escolhido para anunciar em agosto de 2013 o lançamento do disco produzido por Dahlia Ambach Caplin com Randall Foster e posto nas lojas dos Estados Unidos em outubro. A imersão de Hot stuff na house - feita pelos DJs e produtores norte-americanos Eric Kupper e Frankie Knuckles - também merece menção honrosa. Em contrapartida, há remixes que já parecem fora de sintonia com o atual tempo dance. O DJ e produtor britânico Duke Dumont parece perdido em algum lugar dos passados anos 90 no remix de Dim all the lights (Donna Summer, 1979). Já a abordagem dub do grupo inglês Hot Chip para Sunset people (Pete Bellotte, Harold Faltermeyer e Keith Forsey, 1979) soa sonolenta com excesso de climas em atmosfera nublada. Por sua vez, o DJ filipino Ladiback Luke falha na missão (quase) impossível de trazer a épica MacArthur Park (Jimmy Web, 1968) para o universo clubber- até porque a eletrizante releitura feita por Summer em 1978, dentro do espírito da disco music, já parece ter esgotado as possibilidades do tema nas pistas. No fim, Love to love you Donna apresenta sobra do último álbum de Summer, Crayons (2008). La dolce vita reúne Summer com o seu mentor Giorgio Moroder, mas faixa não chega a empolgar. Assim como este disco de remixes também não chega a empolgar. Embora cumpra a sua função (com mais altos do que baixos), Love to love you Donna reitera a soberania das - inebriantes - gravações originais de Summer.

MFerrosa disse...

Foi lançado um pack com remixes de Ralphi Rosario para MacArthur Park, que ficaram muito bons. Vale conferir.