Mauro Ferreira no G1

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sábado, 7 de dezembro de 2013

Sombrinha derrama alegria pela vida e pelo samba até com dor de amor

Resenha de CD
Título: Matéria-prima
Artista: Sombrinha
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * 1/2

Primeiro disco solo de Sombrinha em dez anos, Matéria-prima fecha com valsa, Pra ser feliz um dia, parceria deste inspirado compositor paulista - nascido em 1959 com o nome de Montgomery Ferreira Nunis - com o conterrâneo Carlinhos Vergueiro. Mesmo com essa valsa, ritmo bissexto na obra autoral de Sombrinha, o disco de inéditas - sucessor do CD Derramando alegria (2003) - situa o artista em seu quintal habitual, com doses adicionais de romantismo. O amor é a matéria-prima que molda sambas bonitos como Felicidade pra dois (Sombrinha, Nilton Barros e Marquinho PQD), Foi embora (Sombrinha, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz) e A semente não conhece a flor (Sombrinha, Nilton Barros e Rubens Gordinho). O samba-título Matéria-prima (Sombrinha e Nilton Barros) versa inclusive sobre a gênese dessa criação. Como amor às vezes rima com dor desde que o samba é samba, o tom dolente de temas como Perdeu o valor (Sombrinha e Sombra) e O amor você e eu (Sombrinha, Nilton Barros e Gordinho) - títulos menos inspirados do repertório inteiramente autoral - faz com que Sombrinha eventualmente derrame menos alegria ao longo das 16 faixas do CD gravado e editado de forma independente pelo artista sob a produção de Arlindo Cruz - com quem formou dupla e gravou cinco discos entre 1996 e 2002 - e com adequados arranjos divididos entre os maestros Ivan Paulo, Jorge Cardoso e Rafael dos Anjos. Só que este sambista - que entre 1980 e 1990 lançou nove álbuns como integrante do grupo carioca Fundo de Quintal, do qual saiu em 1991 para iniciar carreira solo que gerou os discos Sombrinha (1992) e Pintura na tela (1994) - é cria da geração 80 do Cacique de Ramos, bloco carioca  em cuja quadra sempre foi cultivada a alegria entre as tamarineiras. É por isso que Matéria-prima também tem (grandes) momentos mais expansivos. Faixa que agrega o amigo Zeca Pagodinho e o bandolinista Hamilton de Holanda, o calango Quando eu jogo a rede (Sombrinha, Marquinho PQD e Rubens Gordinho) fisga levadas nordestinas com direito à citação de Carcará (João do Vale e José Cândido 1965). Outro destaque entre os temas mais arretados, o samba Festa do Zé (Sombrinha e Carlinhos Vergueiro) abre a porta do terreiro com a mesma animação com que o partido alto De Donga à Doca (Sombrinha e Marquinho PQD) reconstitui na letra a trajetória (de início, marginalizada) do samba. Aliás, tal como o amor, o samba também é a matéria-prima do disco. Parceria de Sombrinha com Arlindo Cruz, Guerreiro protetor celebra o samba - com a adesão de Arlindo - com o mesmo ar déjà vu detectado na arquitetura de composições como A felicidade tá chamando (Sombrinha e Carlinhos Vergueiro). A novidade é a presença ilustre de Chico Buarque no quintal de Sombrinha. Além de firmar parceria com o artista e com Arlindo Cruz em Deixa solto (ótimo samba malandro gravado por Sombrinha com a adesão do próprio Chico na faixa que traz também Arlindo, Hamilton de Holanda e a Velha Guarda da Mangueira), o velho Francisco ajuda a desabrochar A flor que eu não esqueço (Sombrinha, Nilton Barros e Marquinho PQD), um dos sambas mais sedutores deste disco que, no partido Me joga no aiê-iêo (Sombrinha, Nilton Barros e Marquinho PQD), prega amor como receita de felicidade. Até com dor de amor, Sombrinha derrama alegria pela vida e pelo samba.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Primeiro disco solo de Sombrinha em dez anos, Matéria-prima fecha com valsa, Pra ser feliz um dia, parceria deste inspirado compositor paulista - nascido em 1959 com o nome de Montgomery Ferreira Nunis - com o conterrâneo Carlinhos Vergueiro. Mesmo com essa valsa, ritmo bissexto na obra autoral de Sombrinha, o disco de inéditas - sucessor do CD Derramando alegria (2003) - situa o artista em seu quintal habitual, com doses adicionais de romantismo. O amor é a matéria-prima que molda sambas bonitos como Felicidade pra dois (Sombrinha, Nilton Barros e Marquinho PQD), Foi embora (Sombrinha, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz) e A semente não conhece a flor (Sombrinha, Nilton Barros e Rubens Gordinho). O samba-título Matéria-prima (Sombrinha e Nilton Barros) versa inclusive sobre a gênese dessa criação. Como amor às vezes rima com dor desde que o samba é samba, o tom dolente de temas como Perdeu o valor (Sombrinha e Sombra) e O amor você e eu (Sombrinha, Nilton Barros e Gordinho) - títulos menos inspirados do repertório inteiramente autoral - faz com que Sombrinha eventualmente derrame menos alegria ao longo das 16 faixas do CD gravado e editado de forma independente pelo artista sob a produção de Arlindo Cruz - com quem formou dupla e gravou cinco discos entre 1996 e 2002 - e com adequados arranjos divididos entre os maestros Ivan Paulo, Jorge Cardoso e Rafael dos Anjos. Só que este sambista - que entre 1980 e 1990 lançou nove álbuns como integrante do grupo carioca Fundo de Quintal, do qual saiu em 1991 para iniciar carreira solo que gerou os discos Sombrinha (1992) e Pintura na tela (1994) - é cria da geração 80 do Cacique de Ramos, bloco carioca em cuja quadra sempre foi cultivada a alegria entre as tamarineiras. É por isso que Matéria-prima também tem (grandes) momentos mais expansivos. Faixa que agrega o amigo Zeca Pagodinho e o bandolinista Hamilton de Holanda, o calango Quando eu jogo a rede (Sombrinha, Marquinho PQD e Rubens Gordinho) fisga levadas nordestinas com direito à citação de Carcará (João do Vale e José Cândido 1965). Outro destaque entre os temas mais arretados, o samba Festa do Zé (Sombrinha e Carlinhos Vergueiro) abre a porta do terreiro com a mesma animação com que o partido alto De Donga à Doca (Sombrinha e Marquinho PQD) reconstitui na letra a trajetória (de início, marginalizada) do samba. Aliás, tal como o amor, o samba também é a matéria-prima do disco. Parceria de Sombrinha com Arlindo Cruz, Guerreiro protetor celebra o samba - com a adesão de Arlindo - com o mesmo ar déjà vu detectado na arquitetura de composições como A felicidade tá chamando (Sombrinha e Carlinhos Vergueiro). A novidade é a presença ilustre de Chico Buarque no quintal de Sombrinha. Além de firmar parceria com o artista e com Arlindo Cruz em Deixa solto (ótimo samba malandro gravado por Sombrinha com a adesão do próprio Chico na faixa que traz também Arlindo, Hamilton de Holanda e a Velha Guarda da Mangueira), o velho Francisco ajuda a desabrochar A flor que eu não esqueço (Sombrinha, Nilton Barros e Marquinho PQD), um dos sambas mais sedutores deste disco que, no partido Me joga no aiê-iêo (Sombrinha, Nilton Barros e Marquinho PQD), prega amor como receita de felicidade. Até com dor de amor, Sombrinha derrama alegria pela vida e pelo samba.

Marcelo Barbosa disse...

Tentei comprar pelo site do cantor e acho um absurdo a pessoa ter que se cadastrar e pagar através de DOTZ, DOT, ou sei lá o quê.
Tentei encomendar através da Livraria Cultura e nada!!! As pessoas que assessoram o cantor deveriam rever esse sistema de vendas e distribuição. Abs e o Sombrinha é um dos meus compositores preferidos no samba, além de cantar bem.

Unknown disse...

Marcelo Barbosa boa Noite! Você já conseguiu adquirir o Cd Novo do Sombrinha ?

Donizeti Sta Cruz - Musico na Banda Matéria Prima.

Unknown disse...

Marcelo Barbosa boa Noite! Você já conseguiu comprar o CD do Sombrinha?


Donizeti Sta Cruz - Musico na Banda Matéria Prima.