Mauro Ferreira no G1

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sábado, 20 de novembro de 2010

Inspirado, Pinheiro celebra o capoeirista Besouro no toque do berimbau

Resenha de CD
Título: Capoeira de Besouro
Artista: Paulo César Pinheiro
Gravadora: Quitanda / Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Em 2007, o compositor Paulo César Pinheiro foi contemplado com o Prêmio Shell de Teatro por conta da música que fez para o espetáculo Besouro Cordão de Ouro, encenado no Rio de Janeiro (RJ) em 2006 com direção de João das Neves. O musical celebrava a Arte e a ginga do lendário capoeirista baiano Manoel Henrique Pereira (1895 ou 1897 – 1924), conhecido como Besouro Mangangá. Composta a partir dos diversos toques da capoeira, a música feita por Pinheiro para a peça perfilava o mestre do berimbau com a maestria típica da obra do criador de Lapinha, samba de 1968 cuja letra foi escrita pelo poeta a partir de refrão (“Quando eu morrer, me enterrem na Lapinha / Calça-culote paletó almofadinha”) de um samba de roda, Canto do Besouro, de autoria do capoeirista - refrão que lhe foi apresentado pelo parceiro Baden Powell (1937 - 2000). Pois estes inspirados toques chegam ao disco com quatro anos de atraso. Editado neste mês de novembro de 2010 pelo selo Quitanda, da cantora Maria Bethânia, o CD Capoeira de Besouro enfileira os 10 toques do musical de 2006, apresenta quatro inéditos (feitos para o espetáculo, mas não utilizados na encenação) e fecha com Samba de Roda, no qual Pinheiro reutiliza o refrão de Lapinha. Harmonizada pelo violão tocado por Maurício Carrilho, a gravação dos toques se escora no berimbau manipulado com maestria por Mestre Camisa, discípulo da ginga de Besouro. Mas o que dá real valor ao disco - feito sem ranços acadêmicos ou folclóricos - é a inspiração de Pinheiro. A audição do cadenciado Toque de Amazonas ou do Toque de Angola (de contornos mais tradicionais, como ensina Mestre Camisa ao descrever os toques no encarte do disco) deixa a impressão de que o compositor sempre foi íntimo do universo da capoeira. Seja no andamento mais veloz do Toque de Idalina ou no tom afro-baiano do Toque de Barravento (inspirado no som dos atabaques ouvidos no Candomblé), Pinheiro se confirma um mestre na arte da composição, inclusive pelas letras que versam sobre o universo da capoeira. Pinheiro soube entrar na roda...

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Em 2007, o compositor Paulo César Pinheiro foi contemplado com o Prêmio Shell de Teatro por conta da música que fez para o espetáculo Besouro Cordão de Ouro, encenado no Rio de Janeiro (RJ) em 2006 com direção de João das Neves. O musical celebrava a Arte e a ginga do lendário capoeirista baiano Manoel Henrique Pereira (1895 ou 1897 – 1924), conhecido como Besouro Mangangá. Composta a partir dos diversos toques da capoeira, a música feita por Pinheiro para a peça perfilava o mestre do berimbau com a maestria típica da obra do criador de Lapinha, samba de 1968 cuja letra foi escrita pelo poeta a partir de refrão (“Quando eu morrer, me enterrem na Lapinha / Calça-culote paletó almofadinha”) de um samba de roda, Canto do Besouro, de autoria do capoeirista - refrão que lhe foi apresentado pelo parceiro Baden Powell (1937 - 2000). Pois estes inspirados toques chegam ao disco com quatro anos de atraso. Editado neste mês de novembro de 2010 pelo selo Quitanda, da cantora Maria Bethânia, o CD Capoeira de Besouro enfileira os 10 toques do musical de 2006, apresenta quatro inéditos (feitos para o espetáculo, mas não utilizados na encenação) e fecha com Samba de Roda, no qual Pinheiro reutiliza o refrão de Lapinha. Harmonizada pelo violão tocado por Maurício Carrilho, a gravação dos toques se escora no berimbau manipulado com maestria por Mestre Camisa, discípulo da ginga de Besouro. Mas o que dá real valor ao disco - feito sem ranços acadêmicos ou folclóricos - é a inspiração de Pinheiro. A audição do cadenciado Toque de Amazonas ou do Toque de Angola (de contornos mais tradicionais, como ensina Mestre Camisa ao descrever os toques no encarte do disco) deixa a impressão de que o compositor sempre foi íntimo do universo da capoeira. Seja no andamento mais veloz do Toque de Idalina ou no tom afro-baiano do Toque de Barravento (inspirado no som dos atabaques ouvidos no Candomblé), Pinheiro se confirma um mestre na arte da composição, inclusive pelas letras que versam sobre o universo da capoeira. Pinheiro soube entrar na roda...