♪ Dori Caymmi criou melodias para 12 sonetos do poeta e compositor Paulo César Pinheiro. As 12 músicas expandem a produtiva parceria dos artistas cariocas - em foto de Roberto Filho - e vão gerar álbum de Dori intitulado Sonetos e previsto para ser lançado em 2017. Antes, porém, Dori lança neste ano de 2016 um outro álbum de inéditas cujo repertório também inclui parcerias com Paulo César Pinheiro. Disco de tristeza é uma das parcerias inéditas do álbum que sairá ainda neste ano de 2016.
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
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sexta-feira, 3 de junho de 2016
domingo, 29 de novembro de 2015
Julião Pinheiro estreia em disco (solo) na pulsação do samba feito em família
♪ Mais vocacionado para os ofícios de compositor e violonista do que para o de cantor, o carioca Julião Pinheiro estreia em disco solo em família. Filho de Paulo César Pinheiro com Luciana Rabello, o artista lança o álbum autoral Pulsação através da Acari Records, gravadora dirigida por Luciana com Maurício Carrilho, produtor musical do disco. O samba dita o ritmo das 16 músicas alocadas nas 15 faixas do álbum, todas assinadas por Julião com o pai Paulo César Pinheiro. Além de ter capitaneado a produção executiva de Pulsação, Luciana Rabello toca cavaquinho em 13 das 15 faixas do disco. Já com cerca de 50 títulos, a parceria de pai e filho - nascida tanto das melodias de Julião letradas por Paulo César quanto das letras de Paulo César musicadas por Julião - foi lançada em disco em 2010 pela cantora carioca Mariana Baltar, que registrou Tanto samba no segundo álbum, Mariana Baltar (Biscoito Fino, 2010). Em Pulsação, a cadência bonita do samba é conduzida pelo violão de sete cordas do artista, sintomaticamente em destaque na foto de Yuri Reis exposta na capa do disco. Sambista e chorão, Julião integra desde 2007 o Regional Carioca, grupo que figura em Pulsação no samba-choro Artimanhas e no samba sincopado Bamba com bamba, faixa gravada com a adesão das vozes do grupo fluminense MPB-4. Irmã de Julião, Ana Rabello canta Samba da estrela cadente com voz opaca. Em repertório no qual sobressaem O morro e o samba (não à toa, alocado na abertura do disco), Esplendor (samba que pisa firme no terreiro da velha guarda) e Mangueira, árvore samba (tema unido em medley com Verde e rosa), há espaço para a intervenção vocal da ialorixá baiana Gloria Bomfim, convidada do afro A revolta dos orixás. Além de parceiros, pai e filho fazem dueto no álbum, se afinando no tom dolente de Samba é bom.
segunda-feira, 6 de julho de 2015
Zé Renato firma parceria com Paulo César Pinheiro ao ganhar letras do poeta
♪ Zé Renato firma parceria com Paulo César Pinheiro. Radicado no Rio de Janeiro, o compositor capixaba recebeu nada menos do que cinco letras do compositor (e poeta) carioca para pôr música.
domingo, 28 de junho de 2015
Cenário de Carvalho valoriza show em que Salmaso eleva Guinga e Pinheiro
Resenha de show
Título: Corpo de baile
Artista: Mônica Salmaso (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Tom Jobim (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 27 de junho de 2015
Cotação: * * * * *
♪ Show em cartaz no Teatro Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ), até 28 de junho de 2015
Título: Corpo de baile
Artista: Mônica Salmaso (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Tom Jobim (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 27 de junho de 2015
Cotação: * * * * *
♪ Show em cartaz no Teatro Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ), até 28 de junho de 2015
♪ A ruptura de Guinga com Paulo César Pinheiro, nos anos 1980, transformou a obra lapidar dos compositores cariocas em fonte abandonada. São músicas feitas nas décadas de 1970 e 1980 que, em parte, jazem em baú de joias a que a cantora paulistana Mônica Salmaso teve acesso há cerca de dez anos. Em 2014, parte do tesouro desse baú veio a público em álbum lançado pela gravadora Biscoito Fino, Corpo de baile, que logo se impôs como o melhor de Salmaso e como um dos melhores discos do ano passado por conta da perfeição das interpretações e dos arranjos assinados por Dori Caymmi, Luca Raele, Nailor Azevedo Proveta, Nelson Ayres, Paulo Aragão, Teco Cardoso e Tiago Costa. No show Corpo de baile, que chegou na noite de 27 de junho de 2015 à cidade do Rio de Janeiro (RJ) após estrear em São Paulo (SP), Salmaso bisa a perfeição do disco, dividindo o palco com a maior parte dos músicos e arranjadores do CD. Além da cantora, são nove músicos em cena: Teco Cardoso (nos sopros e na direção musical), Nailor Proveta (clarinete e saxofones), Paulo Aragão (violão), Nelson Ayres (piano e acordeom), Neymar Dias (contrabaixo e viola caipira) e os músicos que manuseiam com virtuosismo as cordas do Quarteto Carlos Gomes, formado por Adonhiran Reis (violino), Alceu Reis (cello), Cláudio Cruz (violino) e Gabriel Marin (viola). Para abrilhantar ainda mais a cena, um majestoso vídeo-cenário criado pelo cineasta Walter Carvalho - diretor de cinema que já havia trabalhado com a cantora no registro audiovisual do show Alma lírica brasileira que gerou o DVD editado em 2012 - engrandece o show com projeções veiculadas em tela de tule alocada à beira do palco, entre a cantora e a plateia. As imagens projetadas por Carvalho funcionam como telas que traduzem visualmente o universo das músicas do disco e que enquadram a cantora e os músicos dentro dessas telas, criando inebriantes efeitos visuais. É, de certa forma, como se o espectador estivesse assistindo a vários curtas-metragens com música tocada ao vivo. E a música em si é sublime. A obra de Guinga e Paulo César Pinheiro tem formato clássico que alude a um Brasil antigo cuja trilha sonora era formada por modinhas, valsas e canções. Mas, dentro desse formato tradicional, Guinga embute a modernidade de sua obra, plenamente entendida por Salmaso. Desde o primeiro número, o choro-canção Fim dos tempos (inédito até ser gravado em 2014 pela cantora em Corpo de baile), até o bis, dado com a modinha Senhorinha (1986), única das 15 músicas do roteiro ausente do disco por já ter sido gravada por Salmaso no álbum Voadeira (Eldorado, 1999), o que se vê e ouve é uma cantora em estado de graça, totalmente segura na interpretação de cancioneiro denso que exige rigor estilístico e técnica apurada. Salmaso jamais sai do tom, seja mergulhando no além-mar do fado Navegante (uma das seis inéditas que somente chegaram ao disco em Corpo de baile), no pântano de mágoas e solidão em que está imerso Bolero de Satã (1976), na tribo indígena de Curimã (2014), no universo afrancesado da valsa Nonsense (1989) e no salão vintage em que roda a valsa com ar de modinha Sedutora (2014), número em que sobressai o toque límpido do piano de Nelson Ayres. À vontade dentro do universo camerístico do show, Salmaso segue Procissão de padroeira (2010), marcha pelo Rancho das sete cores (2014) - guiada pelo arranjo e clarinete de Nailor Proveta - e se embrenha na floresta caipira em que Quadrão (1980) propaga ecos dos cancioneiros de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) e Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) no toque da viola caipira de Neymar Dias. O coco de passo embolado Violada (1992) também ressoa sons desse Brasil caboclo. No seu salão virtuoso, Mônica evolui majestosa e dá baile como cantora ao som de valsas como Noturna (1989) e Corpo de baile (2014). E tudo é sedutor, como sentencia verso da música-título do show. Valorizado pelo vídeo-cenário de Walter Carvalho, composto de retratos de um Brasil tão antigo quanto atemporal, todo o corpo de baile envolve o espectador neste show sublime - e memorável - de Mônica Salmaso.
'Senhorinha' é belo bônus do show em que Salmaso eleva Guinga e Pinheiro
♪ Modinha dos compositores cariocas Guinga e Paulo César Pinheiro, lançada na voz do cantor fluminense Ronnie Von em gravação feita há 29 anos para a trilha sonora da primeira versão da novela Sinhá moça (TV Globo, 1986), Senhorinha ganhou a voz límpida de Mônica Salmaso em registro feito para o terceiro álbum da cantora paulistana, Voadeira (Eldorado, 1999). Por isso, Senhorinha não entrou no repertório do perfeito álbum em que Salmaso canta somente músicas da já extinta parceria de Guinga e Pinheiro, Corpo de baile (Biscoito Fino, 2014). Mas Senhorinha foi o precioso e sensível bônus do show Corpo de baile, que chegou à cidade do Rio de Janeiro (RJ) na noite de ontem, 27 de junho de 2015, em apresentação que bisou a perfeição do disco e que embeveceu o público que encheu o Teatro Tom Jobim, onde Corpo de baile fica em cartaz até hoje, 28 de junho. Além de Senhorinha, Salmaso apresentou - com fidelidade aos arranjos sublimes do disco - as 14 músicas do álbum Corpo de baile. Eis o roteiro seguido em 27 de junho de 2015 por Mônica Salmaso - em foto de Mauro Ferreira - na estreia carioca de Corpo de baile, show de música elevada, engrandecido pelo belo vídeo-cenário criado pelo cineasta Walter Carvalho:
1. Fim dos tempos (Guinga e Paulo César Pinheiro, 2014)
2. Fonte abandonada (Guinga e Paulo César Pinheiro, 2003)
3. Navegante (Guinga e Paulo César Pinheiro, 2014)
4. Bolero de Satã (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1976)
5. Curimã (Guinga e Paulo César Pinheiro, 2014)
6. Nonsense (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1989)
7. Sedutora (Guinga e Paulo César Pinheiro, 2014)
8. Rancho das sete cores (Guinga e Paulo César Pinheiro, 2014)
9. Quadrão (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1980)
10. Porto de Araújo (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1989)
11. Noturna (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1989)
12. Violada (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1992)
13. Procissão da padroeira (Guinga e Paulo César Pinheiro, 2010)
14. Corpo de baile (Guinga e Paulo César Pinheiro, 2014)
Bis:
15. Senhorinha (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1986)
domingo, 9 de novembro de 2014
DVD em tributo a Chico credita samba de Monarco a Sivuca e a Pinheiro

quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Salmaso alcança a perfeição ao cantar o Brasil clássico de Guinga e Pinheiro
Resenha de CD
Título: Corpo de baile
Artista: Mônica Salmaso
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * *
Título: Corpo de baile
Artista: Mônica Salmaso
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * *
Décimo álbum da cantora paulista Mônica Salmaso, Corpo de baile é disco perfeito, lindo, encantador. Cantora vocacionada para interpretações pautadas por rigores eruditos, Salmaso encontra na obra de Guinga e Paulo César Pinheiro o veículo ideal para a exposição de seu canto preciso. Mais do que a reiterar a perfeita comunhão entre técnica e emoção na voz da cantora (emoção entranhada na atmosfera formal que envolve o canto da artista, mas viva), Corpo de baile já se revela um disco necessário por revelar grandes músicas inéditas dessa parceria iniciada nos anos 1970 e dissolvida na década de 1980 após ruidosa briga entre os compositores cariocas - separação que propiciou a união de Guinga com o também carioca Aldir Blanc, em outro perfeito casamento musical que gerou parceria de maestria realçada pela cantora paraense Leila Pinheiro em um de seus melhores álbuns, Catavento e girassol (EMI-Odeon, 1996).O que espanta em Corpo de baile é a alta qualidade das seis inéditas. São obras-primas como o choro-canção Fim dos tempos e o fado Navegante, que evoca a alma de Lisboa ao versar com poesia sobre um conquistador que deixa o cais da solidão disposto a desbravar paixões além-mar. Navegante está sagazmente alocada no disco ao lado de Porto de Araújo, música lançada por Miúcha em álbum de 1989 que desembarca na voz de Mônica entre as cordas do Quarteto Carlos Gomes, peça fundamental do arranjo orquestrado por Luca Raele. O time de arranjadores do disco - produzido por Teco Cardoso sob a direção musical de Salmaso - compreende a grandeza da obra e contribui decisivamente para a perfeição do disco. Dori Caymmi, Luca Raele, Nailor Azevedo Proveta, Nelson Ayres, Paulo Aragão, Teco Cardoso e Tiago Costa formam o dream team de arranjadores do álbum, todos hábeis na formatação camerística de obra dissociada do tempo presente. A propósito, o figurino vintage usado por Salmaso na capa e nas fotos promocionais do álbum traduz com precisão o clima do repertório, pontuado por valsas como a inédita Sedutora, a também inédita música-título Corpo de baile, Noturna (1989), Nonsense - esta já gravada por Miúcha no mesmo disco de 1989 que apresentou Porto de Araújo - e Fonte abandonada, já abordada por Guinga em disco de 2003. Nonsense tem letra magistralmente construída por Pinheiro com palavras em português de sonoridade francesa, seguindo a receita de Chico Buarque na composição de sua Joana Francesa (1973). Por também habitar um passado já remoto como compositor, Pinheiro se adequou perfeitamente ao espírito da música de Guinga. Que sempre bebeu das ricas fontes dos cancioneiros soberanos de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) e Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959), evocados sobretudo em Quadrão (1980) e na inédita Curimã, cujo universo indígena é povoado na faixa pela voz incidental de Marluí Miranda. Única música realmente conhecida dentre as 14 selecionadas por Salmaso para Corpo de baile, todas tratadas como peças de câmara pela cantora, Bolero de Satã (1976) - propagado em 1979 por Elis Regina (1945 - 1982) em dueto com Cauby Peixoto - tem no registro de Salmaso a prova de que a cantora consegue embutir sentimento em seu canto técnico. Mas é um sentimento depurado, sem excessos, sem melodrama, o que faz o disco correr o risco de soar pouco emotivo, ou frio, para ouvidos mais habituados a interpretações mais passionais. E assim - majestoso, antigo (mas não velho...) - caminha Corpo de baile, álbum que evoca um Brasil de tempos idos ao apresentar a inédita marcha Rancho da sete cores e ao se embrenhar pelo universo caipira no passo embolado de Violada. Esse caminho é atravessado no fim pela Procissão da Padroeira, arranjada por Dori Caymmi no mesmo tom solene do canto de Mônica Salmaso, cantora que dá baile na concorrência ao beber dessa rica fonte abandonada: a parceria de Guinga e Paulo César Pinheiro, tradutores musicais de Brasil vintage, bonito, repleto de riquezas a serem exploradas. É um Brasil clássico na forma, só que atemporal pela modernidade de Guinga.
sábado, 19 de julho de 2014
Eis a capa do CD em que Salmaso canta a parceria de Guinga e Pinheiro
♪ Esta é a capa de Corpo de baile, álbum em que a cantora paulista Mônica Salmaso dá voz a 14 músicas dos compositores cariocas Guinga e Paulo César Pinheiro, coroando parceria aberta nos anos 1970. Com lançamento programado no iTunes para 29 de julho de 2014, o CD chega às lojas no início de agosto, numa edição da gravadora Biscoito Fino. A música-título é inédita.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Salmaso dá voz às parcerias de Guinga com Pinheiro no CD 'Corpo de baile'

domingo, 20 de abril de 2014
Nicolas celebra no CD 'Festejos' Brasil feminino (e brasileiro) de Pinheiro
Resenha de CD
Título: Festejos
Artista: Alexandra Nicolas
Gravadora: Acari Records
Cotação: * * * 1/2
Título: Festejos
Artista: Alexandra Nicolas
Gravadora: Acari Records
Cotação: * * * 1/2
De sua aguçada vista na cidade do Rio de Janeiro (RJ), o compositor carioca Paulo César Pinheiro enxerga todo um Brasil enraizado em ricas tradições musicais. Um país que, sob a ótica e sob a pena do compositor, continua parado em tempos idos, imune aos sons da modernidade cosmopolita e às bem-vindas influências do universo pop. É esse Brasil cristalizado e romantizado pelos olhos do poeta - um Brasil essencialmente brasileiro - que a cantora maranhense Alexandra Nicolas canta e celebra no seu primeiro CD, Festejos, no qual dá sua voz graciosa a 13 músicas de Paulo César Pinheiro. Baseado no show Senhora das Candeias do Maranhão, estreado em 2009 pela artista, o disco foi gravado em 2013 sob a direção musical da cavaquinista Luciana Rabello e está sendo lançado neste mês de abril de 2014 pela Acari Records. Em Festejos, álbum de caráter atemporal pela moldura tradicional dos arranjos e do inédito repertório de tons regionais, a cantora celebra também a força da mulher neste Brasil brasileiro que mantém seu pé na Mãe-África, evocada em Mironga (Paulo César Pinheiro), música de rítmica sedutora que dá mais uma amostra de que o poeta Pinheiro também é compositor inspirado na construção de melodias. Mulher valente que, no disco, é retratada tanto na figura da Iaiá do Brasil rural enfocado em Balacoxê de Iaiá (Paulo César Pinheiro) - samba que se destaca no repertório - como na pele da centenária e arretada personagem-título de Bisavó Madalena, tema forrozeiro de Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro. Ou ainda no molde da bela negra descendente de escravos que hoje mostra na avenida toda sua nobreza, perfilada no samba Passista (Paulo César Pinheiro). Em sintonia com o conceito do CD, Lavadeira (Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro) ecoa o canto e a rítmica feminina de um Brasil que ginga nas cadeiras de suas mulheres. Festejos está embrenhado nesse Brasil rural e interiorano, mas também se aproxima do litoral, se banhando nas águas de Dorival Caymmi (1914 - 2008) em Presente de Iemanjá (João Lyra e Paulo César Pinheiro). Entre cocos anunciados já nos títulos das músicas (Coco e Coco da canoa, este composto por Pinheiro com João Lyra) e tambor-de-criola (São Luis do Maranhão, faixa que fecha o disco, trazendo Nicolas de volta às origens natais), Festejos migra para o Recôncavo Baiano, terra da chula, quando abre a longa Roda das sete saias, parceria de Pinheiro com o baiano Roque Ferreira, compositor tão compulsivo quanto o poeta carioca. Por mais que o cancioneiro reunido em Festejos careça de um traço de originalidade, o disco se sustenta bem em seu (en)canto pela permanência e pela louvação de um Brasil já mitificado pela poesia e a rítmica do compositor.
domingo, 13 de outubro de 2013
Santos segue em 'Rimanceiro' trilhas do grande sertão feito com Pinheiro
Resenha de CD
Título: Rimanceiro
Artista: Sergio Santos
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *
Título: Rimanceiro
Artista: Sergio Santos
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *
Tal como Alto Grande, recém-lançado CD do violeiro paulista Paulo Freire, o sétimo álbum do cantor e compositor mineiro Sergio Santos está entranhado no grande sertão brasileiro, com influências nítidas do universo e da prosa da obra-prima do escritor mineiro Guimarães Rosa (1908 - 1967) em canções diamantinas como Onça pintada, Jagunço, Aço e seda e Voz da noite, voz do dia. O título Rimanceiro - explica Santos no texto que apresenta o disco - vem de rimance, forma arcaica de trova. É apenas com sua voz maturada e com dois violões (o seu próprio e o de Silvio D'Amico) que Santos se embrenha pelo mato e percorre as trilhas do grande sertão que vem construindo com seu parceiro Paulo César Pinheiro desde 1991. Sem se desviar dessa trilha sertaneja, Santos evoca a Mãe África em Kekerekê, celebra tradições indígenas em Putirum e rumina líricas mágoas românticas em Coração do mato. Rimanceiro é disco de canções e violões que expõe a afinidade da parceria de Santos com Pinheiro, letrista-poeta de todas as 14 músicas do CD. Doze ganham seu primeiro registro na obra fonográfica do compositor, iniciada há 18 anos com a edição de Aboio (Saci, 1995), álbum no qual já se detectava a maioridade reiterada em Rimanceiro. As exceções são Ganga-Zumbi e Kekerekê, já gravadas por Santos em Áfrico (Biscoito Fino, 2002). Fora do sertão, o baião Cabeça chata esboça animação forrozeira com requinte que remete à obra de Guinga, parceiro de Pinheiro na década de 70. Contudo, é no mato que Rimanceiro reside em sua essência, fluindo com naturalidade pela vivência interiorana do artista mineiro. "Eu gosto de ser como a água / Que vem lá do fundo da terra / Que brota na beira do mato / Que desce do auto da serra", poetiza Santos através dos versos escritos por Pinheiro para Canto da água. Oito faixas depois, Quatro estrelas risca essa trilha com poesia e melodia iluminadas. E o grande sertão se fecha em grande estilo, com Vidência, entrelaçando na mesma trilha Deus, a morte e o tempo, esse menino forte - tal como definido pelo poeta - que tem se colocado a favor da obra perene de Sergio Santos com Paulo César Pinheiro. Grande em qualidade e na quantidade que já totaliza mais de 250 músicas. Grande como o tal sertão de Guimarães Rosa que a inspira e a alimenta.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Sergio Santos dá voz a 12 novas parcerias com Pinheiro em 'Rimanceiro'
Sétimo CD de Sergio Santos, lançado neste mês de setembro de 2013 pela gravadora Biscoito Fino, Rimanceiro apresenta, em 14 faixas, 12 músicas inéditas feitas pelo cantor e compositor mineiro com o compositor carioca Paulo César Pinheiro, expandindo parceria iniciada em 1991. Em Rimanceiro, Santos dá voz a músicas como Aço e seda, Bandeira, Cabeça chata, Jagunço, Kekerekê, Onça pintada, Putirum, Quatro estrelas, Vidência e Voz da noite, voz do dia.
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Inédita de Edu Lobo com Pinheiro valoriza 'Amizade' do grupo Boca Livre
Música de Edu Lobo com Paulo César Pinheiro composta nos anos 90 para a trilha sonora de espetáculo infantil, mas ainda inédita em disco, Terra do nunca é um dos destaques do 12º álbum do grupo Boca Livre, Amizade, que chega às lojas em setembro de 2013 em edição do selo MP,B Discos distribuída pela gravadora Universal Music. David Tygel, Lourenço Baeta, Maurício Maestro e Zé Renato - vistos em foto de Frederico Mendes - dão vozes também a Água clara (Maurício Maestro), Rio Amazonas (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro), Mistérios do prazer (Zé Renato, Claudio Nucci e Juca Filho) - balada lançada em 1986 em gravação de Zizi Possi - e Paixão e fé (Tavinho Moura e Fernando Brant). A regravação de Baião de acordar (Noveli) foi feita com a adesão do violoncelo de Jaques Morelenbaum. Já Amizade - a música que batiza o CD - é parceria inédita do compositor carioca Marcos Valle com Maurício Maestro. O álbum celebra os 35 anos de carreira do quarteto, formado no Rio de Janeiro (RJ) em 1978.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Com molejo, Sacramento canta os sambas e os amores de Becker e Pinheiro
Resenha de CD
Título: Todo mundo quer amar
Artista: Marcos Sacramento e Zé Paulo Becker
Gravadora: Borandá
Cotação: * * *
Título: Todo mundo quer amar
Artista: Marcos Sacramento e Zé Paulo Becker
Gravadora: Borandá
Cotação: * * *
♪ Parafraseando a letra de A gente samba, a mais inspirada das 14 músicas inéditas assinadas pelo violonista Zé Paulo Becker com Paulo César Pinheiro no CD Todo mundo quer amar, é no ritmo do samba que Marcos Sacramento tem crescido e aprendido a caminhar como cantor. Com molejo, ele dá voz às 14 parcerias dos compositores neste disco produzido com esmero por Becker. O álbum poderia resultar excepcional se a qualidade do repertório fosse uniforme. Nem todas as músicas soam especialmente inspiradas (sobretudo na segunda metade do CD), mas o resultado é bom. Sacramento tem ginga para encarar sambas mais sincopados como Remendo e Dois lados. Nas canções, como a lírica Sem rumo e Conformação, o intérprete esboça um registro mais intenso que não pega o ouvinte. Dos temas mais lentos, vale destacar Coisa fugaz, faixa em que sobressai a cuíca chorona de Paulino Dias. Todo mundo quer amar, aliás, prima pelo requinte instrumental. Vários virtuoses tocam ao longo das 14 faixas do álbum, valorizando o repertório que expõe as várias faces do amor. Inclusive o amor pela boemia, abordado em De madrugada com o auxílio luxuosíssimo do acordeom de Bebê Kramer. Entre choro (Gota de ouro), sambas (Temperamento e o saudosista No Clube Democráticos) e canção (Convés), o álbum Todo mundo quer amar deixa boa impressão sem nunca impressionar quando Sacramento canta os sambas e os amores da dupla.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Sacramento dá voz a 14 de Becker e Paulo no disco 'Todo Mundo Quer Amar'
♪ Nas lojas no início de julho de 2012, em edição da gravadora Borandá, o CD Todo mundo quer amar apresenta - na voz do cantor fluminense Marcos Sacramento - 14 parcerias inéditas do compositor e violonista Zé Paulo Becker com o compositor carioca Paulo César Pinheiro. O disco é assinado por Becker e Sacramento. As 14 músicas versam sobre o amor, geralmente no ritmo do samba. Uma delas, Conformação, já está em rotação na internet. Além de tocar violão, Becker assina os arranjos do CD, gravado com músicos como Rogério Caetano (violão de sete cordas), Leandro Braga (piano), Bebê Kramer (acordeom), Márcio Almeida (cavaquinho), Luciana Rabello (também no cavaquinho) e Pedro Aune (baixo). Bernardo Aguiar, Flavinho Miúdo, Marcelinho Moreira e Paulino Dias tocam as percussões. Já os metais de Todo mundo quer amar são soprados por virtuoses como Humberto Araújo, Fabiano Segalote, José Arimatéa, Silvério Pontes e
Rui Alvin.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
CD com música de Dori sobre poesia de Pinheiro brilha na terra e no mar
Resenha de CD
Título: Poesia Musicada
Artista: Dori Caymmi
Gravadora: Acari Records
Cotação: * * * *
Título: Poesia Musicada
Artista: Dori Caymmi
Gravadora: Acari Records
Cotação: * * * *
"Estrela que me incendeia / Acende na terra / Acende na mata / Acende no mar, Candeia", entoa Dori Caymmi com seu canto denso e profundo que parece emergir do fundo do mar ou vir de dentro das matas. Os poéticos versos são de Estrela de Cinco Pontas, belíssimo tema que abre o CD Poesia Musicada, lançado pela Acari Records neste mês de setembro de 2011. A poesia é de Paulo César Pinheiro, autor das 13 letras inéditas musicadas por Dori - seu parceiro desde 1969, ano em que os compositores fizeram juntos Evangelho, música gravada por Dori em 1972 - para este álbum afinado que navega sempre em águas tradicionalistas. Conta Dori em breve texto escrito por ele para o encarte que o disco nasceu em junho de 2010, quando achou em seus guardados uma poesia de Pinheiro, Rede, musicada naquele mesmo instante. "Parece que ele gostou porque outras doze a seguiram e o resultado está aqui, Poesia Musicada, que acabou sendo a maneira perfeita para comemorar nossos 42 anos de parceria", conclui Dori no minitexto do CD, gravado em maio no Rio de Janeiro (RJ) e finalizado em junho nos Estados Unidos. A data não é redonda como a poesia de Pinheiro e a música de Dori. Mas isso pouco importa. Ambas - música e poesia - brilham no mar e na terra. Herdeiro das tradições de seu pai, um certo Dorival Caymmi (1914 - 2008), Dori enfileira canções praieiras como Marinhagem (a mais bonita da safra marítima, arranjada pelo artista com flautas de Teco Cardoso que remetem às orquestrações feitas por Dori em 1975 para a trilha sonora da novela Gabriela), Dona Iemanjá, Vereda, Canto Praieiro (outro destaque do repertório marítimo), Estrela Verde e Velho do Mar (Meu Pai), além da citada Rede. Da safra da terra, o maior trunfo de Poesia Musicada é Violeiro, toada seresteira, linda de doer. Outra toada, Projeto de Vida, é pontuada por imagens poéticas de idealizado cenário rural e pela sanfona de Toninho Ferragutti. Em paisagem mais cinzenta, Barco navega por águas mais bravias sem que Pinheiro perca o controle do leme poético. "Canoeiro, me perdoa, / Poesia é peixe não / Mas se pesca de canoa / Na maré do coração", ensina o poeta da música no refrão de Estrela Verde. Já Música no Ar tem seu clima seresteiro realçado na parte final pelos cavaquinhos de Luciana Rabello e Ana Rabello. Conceitual pela unidade estética dos versos de Pinheiro e das melodias de Dori, Poesia Musicada expõe o fino acabamento dessa parceria em que a música se harmoniza com a letra com tal precisão que parecem emergir da inspiração de um só compositor. É fato que o alto nível de inspiração melódica exibido por Dori na primeira metade do disco nem sempre se repete na segunda. Mas nem por isso Poesia Musicada deixa de ser álbum à altura do histórico da parceria já quarentona. "Porque a vida para / Para quem não cria", sentencia Dori em versos alocados pelo poeta ao fim da letra de Violeiro. Eles criam.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Volta 'Mosaico', CD que registra parceria de Toquinho com Paulo Pinheiro
Lançado originalmente em 2005, o CD Mosaico ganha reedição da gravadora Biscoito Fino neste mês de abril de 2011. No disco, Toquinho registra 12 músicas de sua parceria com Paulo César Pinheiro. Oito foram compostas para o espetáculo de teatro Outros Quinhentos, escrito por Millôr Fernandes e encenado em 2000 em São Paulo (SP). A peça gerou a parceria. Anos depois, Toquinho e Pinheiro fizeram mais quatro músicas para completar o repertório de Mosaico. Em 12 faixas, a dupla passeia por ritmos como samba, canção, fado e maracatu. Marujo, Descobrimento, Tambor Cafuzo, Negro Rei e Além do Mar são títulos da parceria que estão perpetuados no disco ora reeditado em escala nacional, seis anos após o seu lançamento.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Com teatralidade, Soraya abre arco musical no tempo poético de Pinheiro
Resenha de Show
Título: Arco do Tempo
Artista: Soraya Ravenle (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Espaço Sesc Copacabana (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 22 de março de 2011
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz às terças e quartas-feiras, às 21h, no Espaço Sesc Copacabana até 6 de abril
Título: Arco do Tempo
Artista: Soraya Ravenle (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Espaço Sesc Copacabana (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 22 de março de 2011
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz às terças e quartas-feiras, às 21h, no Espaço Sesc Copacabana até 6 de abril
Soraya Ravenle já diz logo a que vem em cena quando surge por entre uma das cortinas que enfeitam a arena do Espaço Sesc Copacabana. Cantando a capella Arco do Tempo, a música inédita que batiza o disco em que aborda a obra de Paulo César Pinheiro e o show que fica em cartaz no Rio de Janeiro (RJ) até 6 de abril, a intérprete exibe afinação e emissão raras no país das cantoras. Atriz que consolidou sua carreira no teatro musical carioca, entre aparições em novelas da TV Globo, Soraya Ravenle é excelente cantora. Neste primeiro disco solo fora do universo teatral, ela dá voz límpida a belas criações de Paulo César Pinheiro com diversos parceiros, expandindo seu arco musical no tempo do poeta. No show, a direção do ator Gustavo Gasparani - partner de Soraya no musical Opereta Carioca (2008) - confere graciosa teatralidade à cena sem jamais tirar o foco das composições de Pinheiro, arranjadas pelo diretor musical Alfredo Del-Penho. Segura, Soraya abre a roda no samba à moda baiana Senhorá (Paulo César Pinheiro e Roque Ferreira), embarca na poesia de Viagem (Paulo César Pinheiro e João de Aquino) - saboreando os versos sentada no centro da arena do Espaço Sesc - e esboça animação ao cair no samba carioca em Canta Essa Melodia (Paulo César Pinheiro e Maurício Carrilho). A teatralidade que envolve o show Arco do Tempo é perceptível tanto na iluminação e nos textos ditos em cena quanto nos links temáticos do roteiro. Da mesma forma que a Toada do Sol e da Lua (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim) é encadeada com Lua Candeia (Paulo César Pinheiro e Lenine), ciranda de ritmo marcado pela percussão de Carlos César Motta, Cristal Lilás (Paulo César Pinheiro e Maurício Carrilho) é unida pelo link marítimo com Sem Companhia. Grande momento do show, esta obra-prima da parceria de Pinheiro com Ivor Lancellotti - gravada por Clara Nunes (1942 - 1983) em seu álbum Brasil Mestiço (1980) - é uma das poucas músicas do roteiro que não estão no disco lançado pela gravadora Biscoito Fino. Outra é Vou Deitar e Rolar (Quaquaraquaquá), o samba desbocado de Pinheiro com Baden Powell (1937 - 2000), sagazmente citado ao fim de Carta Branca, título inédito da obra do poeta com Baden que confere valor adicional ao disco Arco do Tempo. Carta Branca emerge do baú como um daqueles sambas afiados em que Pinheiro foca as brigas conjugais no ritmo sincopado do samba de Baden. Em outro tipo de competição, Jogo de Fora (Paulo César Pinheiro) evoca o universo afro-baiano da capoeira. Composto pelo poeta para a trilha do musical Besouro Cordão de Ouro (2006), o tema é seguido apropriadamente por Lapinha (Paulo César Pinheiro e Baden Powell), o samba de 1968 que se apropria de refrão de tema do capoeirista baiano Manoel Henrique Pereira (1895 ou 1897 – 1924), conhecido como Besouro Mangangá, mestre do berimbau celebrado no musical carioca. Na parte final, a intérprete cai no frevo em Ninho de Vespa (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro) e celebra a própria música em Súplica, samba emocionante da lavra de Pinheiro com João Nogueira (1941 - 2000) que é introduzido em cena por trecho a capella de Minha Missão, outro título da chamada Trilogia do Alumbramento da dupla. No fim, Arco do Tempo é bisado em registro dividido por Soraya com sua filha, Júlia Bernat, que já segue os caminhos da mãe na música e no teatro (elas vão encarnar os papéis de mãe e filha em Um Violinista no Telhado, próxima produção da dupla Charles Moeller e Cláudio Botelho). Em refinado arranjo vocal, Arco do Tempo fecha roteiro de show redondo que expõe a elasticidade da obra poética e musical de Paulo César Pinheiro ao mesmo tempo em que reitera a beleza da voz límpida de Soraya Ravenle, estrela de musicais.
sábado, 20 de novembro de 2010
Inspirado, Pinheiro celebra o capoeirista Besouro no toque do berimbau
Resenha de CD
Título: Capoeira de Besouro
Artista: Paulo César Pinheiro
Gravadora: Quitanda / Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2
Título: Capoeira de Besouro
Artista: Paulo César Pinheiro
Gravadora: Quitanda / Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2
Em 2007, o compositor Paulo César Pinheiro foi contemplado com o Prêmio Shell de Teatro por conta da música que fez para o espetáculo Besouro Cordão de Ouro, encenado no Rio de Janeiro (RJ) em 2006 com direção de João das Neves. O musical celebrava a Arte e a ginga do lendário capoeirista baiano Manoel Henrique Pereira (1895 ou 1897 – 1924), conhecido como Besouro Mangangá. Composta a partir dos diversos toques da capoeira, a música feita por Pinheiro para a peça perfilava o mestre do berimbau com a maestria típica da obra do criador de Lapinha, samba de 1968 cuja letra foi escrita pelo poeta a partir de refrão (“Quando eu morrer, me enterrem na Lapinha / Calça-culote paletó almofadinha”) de um samba de roda, Canto do Besouro, de autoria do capoeirista - refrão que lhe foi apresentado pelo parceiro Baden Powell (1937 - 2000). Pois estes inspirados toques chegam ao disco com quatro anos de atraso. Editado neste mês de novembro de 2010 pelo selo Quitanda, da cantora Maria Bethânia, o CD Capoeira de Besouro enfileira os 10 toques do musical de 2006, apresenta quatro inéditos (feitos para o espetáculo, mas não utilizados na encenação) e fecha com Samba de Roda, no qual Pinheiro reutiliza o refrão de Lapinha. Harmonizada pelo violão tocado por Maurício Carrilho, a gravação dos toques se escora no berimbau manipulado com maestria por Mestre Camisa, discípulo da ginga de Besouro. Mas o que dá real valor ao disco - feito sem ranços acadêmicos ou folclóricos - é a inspiração de Pinheiro. A audição do cadenciado Toque de Amazonas ou do Toque de Angola (de contornos mais tradicionais, como ensina Mestre Camisa ao descrever os toques no encarte do disco) deixa a impressão de que o compositor sempre foi íntimo do universo da capoeira. Seja no andamento mais veloz do Toque de Idalina ou no tom afro-baiano do Toque de Barravento (inspirado no som dos atabaques ouvidos no Candomblé), Pinheiro se confirma um mestre na arte da composição, inclusive pelas letras que versam sobre o universo da capoeira. Pinheiro soube entrar na roda...
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Bethânia lança pelo selo Quitanda disco de Pinheiro que celebra Besouro
Compositor cada vez mais frequente nas fichas técnicas dos discos de Maria Bethânia, Paulo César Pinheiro lança pelo selo da cantora - Quitanda, vinculado à gravadora Biscoito Fino - o CD Capoeira de Besouro, homenagem de Pinheiro a Manoel Henrique Pereira (1895 ou 1897 - 1924), o Besouro Mangangá, mestre da capoeira, nascido em Santo Amaro da Purificação, cidade natal da intérprete baiana. Capoeira de Besouro apresenta, na voz de Pinheiro, os 14 toques de capoeira criados pelo compositor para a trilha sonora do musical Besouro Cordão-de-Ouro, apresentado em palcos brasileiros desde 2006. Para 2011, Bethânia - vista com Paulo César Pinheiro na foto de Mauro Ferreira - planeja a reedição pelo selo Quitanda de Santo e Orixá. Disco gravado pela cantora e mãe-de-santo Gloria Bomfim, cozinheira de Pinheiro desde 1987, Santo e Orixá foi lançado originalmente em 2007, sem repercussão comercial, pela gravadora Acari Records. É no CD de Bomfim que está a gravação original de Encanteria, tema de Pinheiro que daria título a um dos dois ótimos álbuns lançados por Bethânia em 2009.
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