Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Chico fala pouco e esquece muito em DVD que exibe entrevista de 1973

Resenha de DVD
Título: Chico Buarque MPB Especial
Artista: Chico Buarque
Gravadora: Cultura Marcas / Biscoito Fino
Cotação: * * *

Chico Buarque canta pouco e fala menos ainda, protegido por poderosa estratégia de (anti)marketing. Na entrevista que concedeu em 1973 a Fernando Faro, diretor do programa MPB Especial, Chico - então um dos alvos preferenciais da censura do governo ditatorial do presidente Emílio Garrastazu Médici (1905 - 1985) - falou o que pôde. A rigor, como se vê no DVD ora editado pela gravadora Biscoito Fino em parceria com a TV Cultura, Chico fala pouco e esquece muito ao longo da entrevista. "Não lembro", diz o compositor, repetidas vezes, no papo com Faro. Os esquecimentos se referem às letras e harmonias das músicas aos quais é solicitado por Faro a tocar no violão que Chico levou para o estúdio da TV Cultura. Já o primeiro dos 18 números musicais da entrevista, Tatuagem (Chico Buarque e Ruy Guerra), é interrompido porque  o compositor esquece a letra então recém-escrita pelo parceiro Ruy Guerra para o musical Calabar. Alvo da censura, o musical de 1973, aliás, é assunto recorrente na entrevista que, a rigor,  nunca deslancha. O valor da edição de Chico Buarque MPB Especial é puramente documental pelo contexto histórico da ida do artista ao programa dirigido por Faro. Entre um esquecimento e outro, Chico discute a concepção popular de Deus, reafirma sua paixão pelo futebol - expressada através do canto a capella do Hino do Polytheama, o time com qual entra em campo nas suas peladas - e conta que sua música Amanhã Ninguém Sabe (1966) recebeu ajustes de Gilberto Gil na parte final. E, quando canta, como no bloco que enfileira Bom Conselho, Cotidiano e Caçada, Chico canta mal. Nesse sentido, ao rebobinar o linear papo musicado de 1973, o DVD mostra a grande evolução do compositor como intérprete da própria (monumental) obra, então em processo de construção.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Chico Buarque canta pouco e fala menos ainda, protegido por poderosa estratégia de (anti)marketing. Na entrevista que concedeu em 1973 a Fernando Faro, diretor do programa MPB Especial, Chico - então um dos alvos preferenciais da censura do governo ditatorial do presidente Emílio Garrastazu Médici (1905 - 1985) - falou o que pôde. A rigor, como se vê no DVD ora editado pela gravadora Biscoito Fino em parceria com a TV Cultura, Chico fala pouco e esquece muito ao longo da entrevista. "Não lembro", diz o compositor, repetidas vezes, no papo com Faro. Os esquecimentos se referem às letras e harmonias das músicas aos quais é solicitado por Faro a tocar no violão que Chico levou para o estúdio da TV Cultura. Já o primeiro dos 18 números musicais da entrevista, Tatuagem (Chico Buarque e Ruy Guerra), é interrompido porque o compositor esquece a letra então recém-escrita pelo parceiro Ruy Guerra para o musical Calabar. Alvo da censura, o musical de 1973, aliás, é assunto recorrente na entrevista que, a rigor, nunca deslancha. O valor da edição de Chico Buarque MPB Especial é puramente documental pelo contexto histórico da ida do artista ao programa dirigido por Faro. Entre um esquecimento e outro, Chico discute a concepção popular de Deus, reafirma sua paixão pelo futebol - expressada através do canto a capella do Hino do Polytheama, o time com qual entra em campo nas suas peladas - e conta que sua música Amanhã Ninguém Sabe (1966) recebeu ajustes de Gilberto Gil na parte final. E, quando canta, como no bloco que enfileira Bom Conselho, Cotidiano e Caçada, Chico canta mal. Nesse sentido, ao rebobinar o linear papo musicado de 1973, o DVD mostra a grande evolução do compositor como intérprete da própria (monumental) obra, então em processo de construção.

Luis disse...

Olá, Mauro!
Concordo quando você fala dos "esquecimentos"... Mas não podemos nos esquecer de que Chico não gosta de entrevistas, fica muito tímido diante das câmeras. Ainda mais num programa intimista como o "MPB Especial / Ensaio".
E aliado à censura da época, então...
Achei que ele cantou muito pouco, de fato. Mas não achei que ele cantou mal, não. Aliás, acho que ele canta muito bem, até hoje é assim.
A interpretação de "Caçada", neste DVD, só no voz-e-violão, é excelente.
Mas, se quisermos dissecar mesmo a carreira do mestre, é melhor ficarmos com a série de 12 DVD's lançada pela EMI, que é excessiva, porém brilhante.
Eu ia falar mais desse DVD, mas agora... não lembro. =)
Um abraço!!!