Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Ecco dá vozes apuradas a músicas que apregoam as forças da natureza

Resenha de CD
Título: As forças da natureza
Artista: Grupo Ecco
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * * * *

Tema de caráter ecológico em que o compositor norte-americano Marvin Gaye (1939 - 1984) manifestou preocupação com os rumos ambientais do planeta Terra em tempo em que tal questão ainda estava fora da pauta, Mercy mercy me (The ecology) - música do álbum mais expressivo de Gaye, What's going on? (Motown, 1971) - ganha baticum e suingue brasileiro no primeiro álbum do Grupo Ecco, formado em São Paulo por Cristiano Santos, Eloiza Paixão, Estela Paixão e Rafael Horta. Produção independente do grupo vocal, erguida sob a direção musical e arranjos de Cristiano Santos, o CD As forças da natureza (2013) é álbum temático que reúne dez músicas que oscilam entre a exaltação desses elementos naturais e o protesto pela destruição deles pelo Bicho Homem. Música lançada pela dupla carioca Sá & Guarabyra no álbum Pirão de peixe com pimenta (Som Livre, 1977), Sobradinho (Luiz Carlos Sá e Guarabyra) se insere na linha protestante. É a música que abre o disco, já evidenciando a harmonização refinada das vozes do Ecco, que dilui a vibrante pulsação do tema ao se afastar da gravação original da dupla. A propósito, o grupo não ecoa registros já conhecidos. A maioria das dez músicas ganha o toque próprio do quarteto. Personalidade evidenciada no tom solene imprimido na introdução a capella do samba que dá título ao CD, As forças da natureza (João Nogueira e Paulo César Pinheiro, 1977). Samba que também batizou álbum lançado em 1977 pela cantora mineira Clara Nunes (1942 - 1983), As forças da natureza desencava raízes africanas a partir da entrada da batida da percussão. Esse toque afro-brasileiro é reforçado em Eu e água (Caetano Veloso, 1988), música lançada por Maria Bethânia que jorra com o Ecco com a adesão da cantora paulista Fabiana Cozza, íntima desse universo. Inédita composta por Beto Villares com Iara Rennó e Carlos Rennó, Terra desolada apresenta primoroso arranjo vocal que traduz em clima seco, quase asfixiante, o tom indignado dos versos que denunciam o ímpeto ganancioso do Homem na devastação da natureza. Em clima mais ameno, Luar do sertão (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, 1910) é a pausa para respirar e exaltar a beleza da terra no toque ruralista da viola de Dino Barioni. Inédita inspirada de Pierre Aderne, RioFlora também faz a exaltação das forças naturais da mata nas vozes apuradas do Ecco. Composto pelo pernambucano Alceu Valença com base em refrão do folclore alagoano, Espelho cristalino (1977) reflete esse contínuo apuro vocal do Ecco em gravação feita pelo grupo com o próprio Alceu. Já Estrada do sol (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1958) é percorrida com menor brilho e criatividade pelo Ecco em registro feito com o reforço vocal da cantora Izzy Gordon. Boa sacada do repertório, Cidade e rio (Roberto Mendes e Jorge Portugal, 2008) - música que deu título a álbum lançado pelo baiano Roberto Mendes em 2008 - fecha o disco gravado sob a direção artística de Adriano de Martini. No todo, mesmo sem girar a roda, o CD As forças da natureza honra as longevas tradições dos grupos vocais brasileiros. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Gal idealiza segundo disco de estúdio com Moreno na linha de 'Recanto'

Gal Costa arquiteta disco de estúdio no estilo de Recanto, álbum de 2011 que repôs a cantora na linha de frente da MPB. A artista - em foto de André Schiliró - pretende que o disco seja produzido por Moreno Veloso, um dos pilotos de Recanto. Já houve inclusive uma conversa preliminar de Gal com Moreno nesse sentido. A ideia é que o CD seja feito neste ano de 2014.

Sétimo registro ao vivo do Sabbath eterniza a reunião com Ozzy em 2013

Em junho de 2013, a tribo do heavy metal festejou o lançamento de 13, o primeiro álbum de estúdio do Black Sabbath com Ozzy Osbourne desde 1978. Mas todos os metaleiros já sabiam que o repertório inédito de 13 tinha sido apresentado pelo grupo inglês, pela primeira vez, no show que marcou a estreia da turnê mundial que promovia o disco. É essa apresentação que está eternizada no sétimo registro ao vivo do  grupo, Black Sabbath Live... Gathered in their masses (2013), recém-lançado no Brasil pela gravadora Universal Music em edição dupla que junta DVD e CD ao vivo. A gravação foi captadas no pontapé inicial da turnê, em duas apresentações feitas pelo Sabbath em Melbourne, na Austrália, em 29 de abril e em 1º de maio de 2013. O DVD exibe 15 números do show - entre músicas de 13 e clássicos do Sabbath como N.I.B. (1970), Paranoid (1970), Into the void (1971) e Symptom of the universe (1975) - enquanto o CD toca dez. Com áudio à altura do show, Black Sabbath Live... Gathered in their masses mostra o vocalista Ozzy Osbourne, o guitarrista Tony Iommi e o baixista Geezer Butler novamente juntos e em ação. Durma-se com um barulho desses feito pelo Black Sabbath.

Major Lazer lança em fevereiro EP que reúne Elephant Man e Sean Paul

Major Lazer - o projeto de electro-dancehall  formado em 2008 pelo DJ e produtor norte-americano Diplo com o DJ e produtor britânico Switch - vai lançar em fevereiro de 2014 um EP. Vai ser o sétimo EP de discografia que contabiliza somente dois álbuns. Anunciado por Diplo através do Twitter, o disco vai reunir nomes como os cantores jamaicanos Elephant Man e Sean Paul, além do duo também jamaicano RDX e do rapper norte-americano Pharrell Williams.

Miranda e Kassin calibram o som pop do terceiro CD de Felipe Cordeiro

Resenha de CD
Título: Se apaixone pela loucura do seu amor
Artista: Felipe Cordeiro
Gravadora: YB Music / Natura Musical
Cotação: * * * 1/2

Nem tão kitsch nem tão cult, o som pop de Felipe Cordeiro é devidamente calibrado por Carlos Eduardo Miranda e Kassin, produtores do segundo álbum do artista paraense. Álbum que pode ser encarado como o terceiro do artista se for posto na conta Banquete (2009), o disco de compositor (cantado por diversos intérpretes) que lançou Cordeiro no mercado fonográfico e que foi ignorado no material promocional de Se apaixone pela loucura do seu amor (2013). Título mais azeitado da discografia do artista, Se apaixone pela loucura do seu amor está sendo vendido como se Cordeiro tivesse debutado no universo pop com o CD Pop kitsch cult, em 2011, no momento em que o Brasil redescobria os sons do Norte. Ou seja, como se Cordeiro somente tivesse passado a existir quando foi percebido pelo olhar egocêntrico do eixo Rio-São Paulo. Seja como for, Se apaixone pela loucura de seu amor é ponto de maturação na obra do filho do guitarrista e produtor musical Manoel Cordeiro, ícone da nação paraense e presença recorrente no disco como músico e como compositor, assinando metade das 12 músicas em parceria com Felipe. Uma delas - Louco desejo (Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro) - remete ao ritmo antilhano do zouk, sendo sustentada por manemolente cama eletrônica em estilo caracterizado jocosamente pelo próprio Cordeiro como "Kraftwerk do Pará". As presenças de Miranda e, sobretudo, de Kassin também se fazem notar pelas programações de iPhone que ligam a esmaecida Trelelê (Felipe Cordeiro e Iva Rothe) ao pop de Rita Lee e pelos sons espaciais que fazem decolar a sagaz releitura de Marcianita (José Imperatore e Galvarino Villota Alderete em versão de Fernando César), sucesso do cantor carioca Sérgio Murilo (1941 - 1992) em 1960 que o baiano Caetano Veloso tropicalizou em 1968 ao lado do grupo paulista Os Mutantes. A sagacidade da única incursão de Cordeiro por seara alheia vem do fato de o brega do Pará também ser herdeiro da Jovem Guarda, evocada no disco em Alta voltagem (Felipe Cordeiro), música não por acaso encerrada com o verso "Minha brasa mora". Elementos proeminentes do brega também são ouvidos em É fogo (Felipe Cordeiro e Saulo Duarte) - faixa turbinada com os sintetizadores pilotados pelo artista capixaba Silva - e Saudade de você (Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro), música que exalam romantismo pop popular. Musicalmente, o disco Se apaixone pela loucura de seu amor apresenta bem acabado mix de brega, lambada, guitarrada, cumbia e ritmos afins. Ritmo que seduziu o Brasil em fins dos anos 1980, a lambada reaparece numa das músicas mais inspiradas do repertório autoral, Problema seu (Felipe Codeiro e Manoel Cordeiro), e no frenético tema instrumental apropriadamente intitulado Lambada alucinada, veículo ideal para a exposição dos dotes de Cordeiro como guitarrista. Lançada por Arnaldo Antunes em Disco (2012), álbum que saiu um mês antes de Se apaixone pela loucura de seu amorEla é tarja preta (Arnaldo Antunes, Betão Aguiar, Luê, Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro) parece ter encontrado seu habitat natural no CD de Cordeiro. Da mesma forma que a (bem) menos inspirada Brea époque (Felipe Cordeiro e Manoel Cordeiro) tem versos que fazem mais sentido para ouvidos paraenses. Mais coeso em sua primeira metade, o disco traz também parceria de Cordeiro com a conterrânea Lia Sophia, Um beijo, em ritmo que flerta com o xote sem apaixonar o ouvinte. Mesmo que perca pique a partir da oitava faixa, Se apaixone pela loucura de seu amor é bom disco que mostra Felipe Cordeiro mais pop do que kitsch ou cult, pronto para ser consumido pelo Brasil.

Razão Brasileira festeja 30 anos de vida com a gravação ao vivo de show

Razão Brasileira - antigo grupo de pagode que se formou no Rio de Janeiro (RJ) em 1983 e que alcançou o sucesso popular somente uma década depois, em 1993, ano em que lançou seu primeiro álbum (Razão Brasileira, EMI Music) e emplacou o samba Eu menti nas rádios - segue a tendência revisionista da indústria do disco e festeja seus 30 anos de vida irregular. Aliás, o grupo - que já chegou sem fôlego aos anos 2000 - tem sobrevivido nos últimos tempos de espaçados projetos fonográficos de cunho retrospectivo. O atual está sendo lançando via Sony Music. Trata-se de registro de show editado em CD intitulado Razão Brasileira ao vivo 30 anos. O repertório inclui Essa mulher, Passe livre e Vergonha na cara, além de Eu menti, alocado no medley que abre o disco com Naturalmente e Já que tá gostoso deixa (Mata papai).

domingo, 5 de janeiro de 2014

Eddie resume 25 anos de 'original Olinda style' em coletânea com inédita

Também surgida das lamas que revolveram o som de Pernambuco nos anos 1990 e geraram há duas décadas o movimento rotulado como Mangue Beat, a banda olindense Eddie entra em 2014 com coletânea à vista. Como já explicita seu título, 25 anos ¡1989 . 2014! faz resumo dos primeiros 25 anos do original Olinda style do Eddie através de 16 gravações. Uma delas é inédita na discografia da banda e 15 foram extraídas dos cinco álbuns do grupo pernambucano. Cada disco do Eddie está representado na compilação 25 anos ¡1989 . 2014! - programada para ser lançada já neste mês de janeiro de 2014 - por três fonogramas. A seleção é da banda.

Cantor popular de voz grande e tom triste, Nelson Ned sai de cena aos 66

Nelson Ned d'Ávila Pinto (Ubá, 2 de março de 1947 - São Paulo, 5 de janeiro de 2014) - o cantor e compositor mineiro conhecido apenas como Nelson Ned no Brasil e em vários outros países da América Latina - ostentava uma voz volumosa, usada por Ned a plenos pulmões para interpretar canções e boleros de tons grandiloquentes e letras tristes. O que torna tristemente irônico o fato de complicações derivadas de pneumonia terem provocado a saída de cena do artista na manhã deste domingo, 5 de janeiro de 2014, aos 66 anos, em hospital de São Paulo (SP). Único artista brasileiro do gênero rotulado como brega que obteve grande e contínua popularidade fora do Brasil, tendo chegado a se apresentar no palco do Carnegie Hall com casa lotada e plateia arrebatada, Ned se orgulha de seus feitos no universo da canção sentimental popular. A julgar pelo título da biografia que lançou em 1996, O pequeno gigante da canção, esse orgulho era tão grande quanto sua voz. O título aludia ao fato de Ned medir 1,12 metro. Sua baixa estatura fez de Ned o único anão a elevar a voz com tamanho sucesso no mercado fonográfico brasileiro e nos países de língua hispânica. Nascido em Ubá, terra mineira que também legou ao Brasil o compositor Ary Barroso (1903 - 1964), Nelson Ned iniciou sua carreira nos anos 1960, década em que emplacou seu maior sucesso, Tudo passará, música de autoria do artista, lançada em 1969. Assim como outros cantores do gênero tido como cafona, Ned teve sua produção minimizada pelos críticos musicais atuantes no período de seu auge artístico. Contudo, assim como outros cantores do gênero, Ned também sempre explicitou desprezo pelos críticos. "O artista popular da minha linha, da linha de um Agnaldo Timóteo, não tem que se preocupar com a imprensa. Quem tem que se preocupar com a imprensa é Djavan, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Chico Buarque, porque eles vivem de imprensa. Nós, não. Nós somos cantores de AM, somos cantores de rádio, somos homens do povo", disse Ned certa vez em entrevista, em depoimento reproduzido pelo escritor Paulo César de Araújo em seu definitivo livro Eu não sou cachorro, não (2002), tratado sobre a música popular dita cafona. Embora tal depoimento deixasse entrever certa mágoa e desdém com a crítica musical, a fala do artista enfatizou a conexão de Ned com o homem do povo, triste e frustrado (afetivamente) como o cantor parecia se sentir quando dava voz a músicas como A cigana (1970). Em seu período de maior visibilidade, os anos 1960 e 1970, Ned vivenciou o sucesso não somente como cantor, mas também como compositor. Sua música Se eu pudesse conversar com Deus, de 1969, foi lançada com êxito na voz do cantor paulista Antonio Marcos (1945 - 1992), intérprete de repertório triste como o de Ned. Como cantor, o artista lançou seu primeiro álbum, Um show de noventa centímetros, em 1964, via Polydor, selo popular da gravadora Philips. Mas foi na companhia carioca Copacabana que o artista consolidou sua carreira a partir de 1969 com LPs como Tudo passará (1969), Eu também sou sentimental e Nelson Ned, estes dois últimos lançados em 1970. A partir de 1993, Ned aderiu à música evangélica, lançando vários discos no segmento até que um AVC sofrido em 2003 limitou a atuação artística do cantor. Ao contrário do que apregoa no título a canção mais conhecida do repertório do artista, Tudo passará, a música de artistas populares como Nelson Ned ficam entranhadas na memória afetiva do povo para o qual ele cantou com forte sentimento popular.

Jack White finaliza segundo CD solo e relança 'singles' do White Stripes

Enquanto finaliza seu segundo álbum solo, sucessor do azeitado Blunderbuss (2012), o cantor, compositor e guitarrista norte-americano Jack White anuncia as reedições - por sua gravadora Third Man Records - dos quatro singles extraídos de Elephant (2003), quarto álbum de estúdio do já desativado duo norte-americano The White Stripes. Relançados no formato de vinil, os singles I just don’t know what to do with myself, Seven nation army, The hardest button to button e There’s no home for you here são embalados em caixa a ser vendida por 60 dólares.

Rihanna prepara CD de estúdio que inclui DJ Mustard entre os produtores

Em 2013, Rihanna quebrou a tradição - seguida desde 2009 - de lançar um disco de inéditas por ano. Mas a cantora já começou a trabalhar no seu oitavo álbum de estúdio, o sucessor de Unapologetic (2012). DJ Mustard - nome artístico do produtor musical norte-americano Dijon McFarlane - integra o time de produtores do CD, previsto para ser lançado neste ano de 2014.

Morrissey reedita em fevereiro CD de 1992 com gravação ao vivo de 1991

Terceiro álbum de estúdio da discografia solo de Morrissey, Your arsenal (1992) - saudado por público e crítica como um dos mais vigorosos da obra do cantor e compositor inglês - vai ganhar reedição. Nas lojas do Reino Unido a partir de 24 de fevereiro de 2014, via Parlophone, a reedição de Your arsenal vai trazer de bônus um DVD com a inédita gravação ao vivo de show feito pelo artista em 31 de outubro de 1991 no Shoreline Amphitheatre, em Mountain View, Califórnia (EUA). Quanto ao álbum em si, a única alteração no repertório é que a décima e última música do disco, Tomorrow, vai ser ouvida em remix inédito, o US mix. Eis as 10 músicas do álbum original e as faixas do inédito DVD acoplado na reedição de Your arsenal:

CD Your arsenal:
1. You're gonna need someone on your side
2. Glamorous glue
3. We'll let you know
4. The national front disco
5. Certain people I know
6. We hate it when our friends become successful
7. You're the one for me, Fatty
8. Seasick, yet still socked
9. I know it's gonna happen someday
10. Tomorrow (US mix)


DVD Morrissey at the Shoreline Amphitheatre:

1. November spawned a monster
2. Alsatian cousin
3. Our Frank
4. The loop
5. King leer
6. Sister I'm a poet
7. Piccadilly palare
8. Driving your girlfriend home
9. Interesting drug
10. We hate it when our friends become successful
11. Everyday is like sunday
12. My love life
13. Pashernate love
14. The last of the famous international playboys
15. Asian rut
16. Angel, angel, down we go together
17. Suedehead
18. Disappointed

Disco gravado por Sivuca com Quinteto Uirapuru é reeditado pela Kuarup

Em novembro de 2003, já de volta à cidade de João Pessoa (PB) onde iniciou sua carreira musical nos anos 1950, o compositor e sanfoneiro paraibano Severino Dias de Oliveira (1930 - 2006), o Sivuca, entrou no Studio Digital - situado na Capital da Paraíba - e gravou disco com o Quinteto Uirapuru. Concluído em dezembro daquele ano de 2013, o CD Sivuca Quinteto Uirapuru foi lançado em 2004 pela gravadora Kuarup. Reativada em 2009, a Kuarup repõe em catálogo - dez anos após seu lançamento - este álbum em que o toque da sanfona de Sivuca se harmoniza com as cordas do quinteto de música erudita. Das 12 músicas do disco, quatro - Canção piazzollada, Choro de cordel, Feira de mangaio e Sanfiavá - são assinadas pelo sanfoneiro com sua mulher Glória Gadelha enquanto uma, Um tom para Jobim, é parceria de Sivuca com Oswaldinho do Acordeom. Já quatro temas instrumentais - Chibanca no Uirapuru, Espreguiçando, Luz e Minha Luiza - são da lavra de músicos e compositores do Quinteto Uirapuru. O CD Sivuca Quinteto Uirapuru expõe Sivuca de volta ao universo da música erudita sem a perda de sua pegada popular. Um clássico contemporâneo que retorna após uma década.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Atores e direção graciosa majoram texto narrativo de musical sobre Cyro

Resenha de musical de teatro
Título: Amigo Cyro, muito te admiro!
Texto: Rodrigo Alzuguir
Direção: André Paes Leme
Direção musical e arranjos: Luis Barcelos
Elenco: Alexandre Dantas, Claudia Ventura, Milton Filho e Rodrigo Alzuguir
Foto: Silvana Marques
Cotação: * * *
Musical em cartaz no Teatro II do CCBB do Rio de Janeiro (RJ) até 9 de fevereiro de 2014

Uma mesa de sinuca de botequim ocupa o centro do palco na encenação de Amigo Cyro, muito te admiro!, musical que estreou no Rio de Janeiro (RJ) em 3 de janeiro de 2014 para festejar, já com atraso, o centenário de nascimento do cantor carioca Cyro Monteiro (28 de maio de 1913 - 13 de julho de 1973). Na cena erguida com graça pelo diretor André Paes Leme, os tacos dessa sinuca simulam em determinado momento as janelas da casa do artista. Em outro instante, duas bolas dessa mesma sinuca são os peitos de mulher alvo do interesse de Cyro. Somadas à harmonia e afinação dos quatro atores (Alexandre Dantas, Claudia Ventura, Milton Filho e Rodrigo Alzuguir) que interagem para contar as passagens mais importantes da vida e obra do cantor, as soluções cênicas de Paes Leme valorizam o texto essencialmente narrativo do musical. Escrito por Rodrigo Alzuguir com base em duas extensas entrevistas retrospectivas concedidas por Cyro em 1970, três anos antes de sua saída de cena, o texto do musical é seu ponto fraco por abdicar da ação teatral. Sem construir uma dramaturgia propriamente dita, o texto se limita a expor - na primeira pessoa - preferências, causos e acontecimentos da vida e obra do artista entre breves (e leves) teatralizações de momentos emblemáticos da trajetória do cantor que lançou em 1938 o samba Se acaso você chegasse (Lupicínio Rodrigues). Contudo, diretor e elenco driblam as limitações de texto narrativo e estabelecem boa comunicação com a plateia, especialmente na segunda metade do musical, quando o jogo cênico já está estabelecido e se desenrola com mais fluência. O musical abole também a figura do protagonista. Todos os quatro atores encarnam Cyro em cena e se revezam nas interpretações das 30 músicas do roteiro. Em sua grande maioria, são sambas, gênero musical predileto do imortal Rei do Telecoteco. Sem grandes vozes e interpretações individuais, o espetáculo se escora - do ponto de vista musical - na combinação sempre harmoniosa do canto dos quatro atores, embora seja justo destacar o solo de Claudia Ventura na melancólica Testamento (Cyro Monteiro e Dias da Cruz). Para o público que pouco ou nada ouviu falar de Cyro Monteiro, o espetáculo cumpre com certo didatismo a função de informar sobre quem foi esse artista que caiu com suingue no samba carioca. São relatados em cena o medo de avião (com piada repetida à exaustão), a briga com Ary Barroso (1903 - 1964) por conta da recusa de samba do compositor mineiro e a perseguição pessoal do diretor artístico da gravadora na qual o cantor atuava no coro antes do sucesso, entre outros fatos mais ou menos relevantes. Cyro Monteiro viveu seu auge artístico nos anos 1940 e 1950. Sua voz manemolente propagou sambas como Beija-me (Roberto Martins e Mário Rossi, 1943), Escurinho (Geraldo Pereira, 1955), Oh, seu Oscar (Wilson Baptista e Ataulfo Alves, 1939) - alocado no roteiro para expor a presença forte da voz de Cyro nos Carnavais de sua época áurea - e Formosa (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1963), sucesso da segunda fase da longa carreira do artista, que tirou um pulmão, por conta de complicações decorrentes de tuberculose, mas se manteve em cena como cantor, dando continuidade a uma carreira na qual nem o próprio Cyro acreditava mais após a operação. Enfim, Amigo Cyro, muito te admiro! - musical cujo título vem do samba Ilmo Sr. Ciro Monteiro ou receita para virar casaca de neném (1969), composto por Chico Buarque ao recusar a camisa rubro-negra com a qual Cyro, doente flamenguista, presenteara sua filha recém-nascida - tem lá sua graça e seu telecoteco, mesmo abdicando da forma essencial da ação teatral. Mérito dos atores e direção.

Alice carnavaliza obra de Caymmi em 'Dorivália' com espírito tropicalista

Resenha (de prévia) de show 
Título: Dorivália
Artista: Alice Caymmi (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 3 de janeiro de 2014
Cotação: * * * *
Estreia do show programada para 17 de janeiro de 2014, no Studio RJ, no Rio de Janeiro

Todo mundo estava (bem) acordado na pista e na arquibancada do Circo Voador, na noite de 3 de janeiro de 2014, quando Alice Caymmi entoou o Acalanto (1960) de seu centenário avô Dorival Caymmi (1914 - 2008) na batida do samba-reggae. Mesmo se alguém estivesse com sono, ia ser difícil dormir com o barulhão bom feito pela cantora e compositora carioca na prévia do show Dorivália. O sufixo agregado ao nome do compositor baiano no título do show tem razão de ser, pois no show - que vai estrear de forma completa no Rio de Janeiro (RJ) na apresentação agendada para 17 de janeiro de 2014 na casa Studio RJ - - a neta de Dorival carnavaliza o cancioneiro do avô com presença de espírito tropicalista. Foi com as liberdades estéticas herdadas da Tropicália - o movimento pop de 1967 capitaneado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, sintomaticamente os compositores de Iansã (1972), única das dez músicas do roteiro pescada além do mar de Caymmi - que Alice pôs seu bloco na rua em show vibrante e tão quente quanto a noite carioca da primeira sexta-feira de 2014. Até a Modinha para Gabriela (1975) caiu no samba em clima carnavalesco. O acessório acoplado ao figurino informal da artista no início do show - aberto com a Canção da partida (1957), tema inicial da Suíte dos pescadores - já traduziu visualmente o tom folião do espetáculo. Com sua voz encorpada e forte presença cênica, a cantora fez o público - na espera por Mart'nália, atração principal da noite - ir atrás de seu bloco com entusiasmo, inclusive no pique veloz do samba Maracangalha (1956), alocado após 365 igrejas (1946). A releitura da obra de Caymmi exige ousadias estilísticas, mas tudo pareceu dentro do tom. Em Oração de Mãe Menininha (1972), por exemplo, o baticum afro dos tambores do Candomblé foi evocado já na introdução sustentada pelo toque do baterista Thiago Silva e do percussionista Pacato, destaques da banda afiada (completada por Gabriel Mayall na guitarra, Gustavo Benjão no baixo e pelo argentino Marcelo Lupis no frenético violino) que também pôs pressão em Retirantes (1975), o tema do lerê lerê associado à abertura da novela Escrava Isaura (TV Globo, 1975), e que criou os arranjos com a cantora. A ideia foi brincar o Carnaval ao som de Caymmi, mas artista e banda levaram a sério o tom solene, quase épico, d'A preta do acarajé (1939), sem diluir o clima contagiante do show, reiterado pelo samba Adalgisa (1967). Assim como a Bahia, a obra de Dorival Caymmi está viva ainda lá, na sua forma original e também na alegre subversão feita por Alice com conhecimento de causa e com  autoridade de pertencer à família regida pelo patriarca buda nagô. Dorivália abre alas para a voz e o som contemporâneo da cantora, que vai lançar o segundo álbum, Rainha dos raios, neste nascente ano de 2014. Senhora da (sua) cena, e de tudo dentro de si, no ponto para ampliar seu público, Alice Caymmi pede passagem.

Alice Caymmi abre seu Carnaval com a prévia do show 'Dorivália' no Rio

Foi com a Canção da partida (Dorival Caymmi, 1957) - o primeiro tema da Suíte dos pescadores composta por seu centenário avô Dorival Caymmi (1914 - 2008) - que Alice Caymmi abriu seu Carnaval ao subir ao palco do Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ), na noite quente de ontem, 3 de janeiro de 2014. A neta de Dorival aproveitou o convite para abrir a apresentação de Mart'nália - que encerrou na madrugada deste sábado a turnê do show Não tente compreender (2012) - e deu prévia de Dorivália, ousado show em que carnavaliza o cancioneiro do compositor baiano com espírito tropicalista. Pela amostra do caloroso show, que vai ser mostrado de forma completa em apresentação agendada para 17 de janeiro na casa carioca Studio RJ, Alice Caymmi vai pôr seu bloco pop na rua com sucesso ao longo de 2014, no rastro da excelente repercussão obtida nas redes sociais em 2013 por sua releitura de Iansã (Caetano Veloso e Gilberto Gil, 1972), música que regeu o fim do show que contagiou o público que esperava por Mart'nália. Eis as dez músicas alocadas pela cantora e compositora carioca Alice Caymmi - em foto de Rodrigo Amaral - no roteiro da pré-estreia do animado Dorivália:

1. Canção da partida (Dorival Caymmi, 1957)
2. 365 igrejas (Dorival Caymmi, 1946)
3. Maracangalha (Dorival Caymmi, 1956)
4. Modinha para Gabriela (Dorival Caymmi, 1975)
5. Oração de Mãe Menininha (Dorival Caymmi, 1972)
6. Retirantes (Dorival Caymmi, 1975)
7. A preta do acarajé (Dorival Caymmi, 1939)
8. Adalgisa (Dorival Caymmi, 1967)
9. Acalanto (Dorival Caymmi, 1957)
10. Iansã (Caetano Veloso e Gilberto Gilberto Gil, 1972)

Cronista amargo das dores de amores, Lupicínio fica centenário em 2014

"Esses moços, pobres moços / Ah!... se soubessem o que eu sei / Não amavam". O conselho amargo dado pelo compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (16 de setembro de 1914 - 26 de agosto de 1974) nos versos de seu samba-canção Esses moços, pobres moços - lançado em disco em maio de 1948 pelo cantor carioca Francisco Alves (1898 - 1952) - diz muito sobre a obra do artista que fica centenário neste novo ano de 2014. Assim como a cantora carioca Aracy de Almeida (1914 - 1988) e o compositor baiano Dorival Caymmi (1914 - 2008), Lupicínio veio ao mundo há 100 anos e saiu dele há 40, deixando obra expiada na dor-de-cotovelo. Através de suas músicas, Lupicínio se revelou cronista das dores de amores. Amargura e desilusão são matérias-primas de seu cancioneiro folhetinesco e por vezes machista, criado segundo a moral e os padrões comportamentais de época em que uma mulher separada do marido era marginalizada pela sociedade. Irrompida em 1938, com o sucesso do samba Se acaso você chegasse na voz manemolente do cantor carioca Cyro Monteiro (1913 - 1973), a obra de Lupicínio prioriza o samba-canção, gênero que viveu seu apogeu nos anos 1940 e 1950. Não por acaso, a maioria dos sucessos de Lupicínio - Aves daninhas (1954), Cadeira vazia (1949 - da parceria com Alcides Gonçalves), Ela disse-me assim (1959), Nervos de aço (1947), Vingança (1951), Volta (1957) - vem dessas duas décadas, embora o cancioneiro do compositor tenha desafiado o reinado da Bossa Nova e ainda gerado sucessos eventuais como Exemplo (1960) no início da década seguinte, para citar uma das muitas músicas de Lupicínio propagadas na voz volumosa de Jamelão (1913 - 2008), o cantor carioca que se revelou hábil intérprete das doídas músicas do compositor gaúcho. Pela ótica unilateral desse cancioneiro embebido do orgulho (explicitado nos versos de Nunca, samba-canção de 1952), a mulher é quase sempre a culpada, a traíra, a vítima pelo fracasso da relação amorosa. E, por estar toda enraizada no fracasso, a música de Lupicínio Rodrigues é quase invariavelmente triste. Essa tristeza é senhora até no xote-canção ironicamente intitulado Felicidade (1947). Talvez por isso mesmo, a obra do compositor tenha atravessado várias gerações com suas melodias de arquitetura original e letras que, mesmo enquadradas em já ultrapassados códigos morais, se revelam paradoxalmente atemporais. Mudam os tempos, mas a dor dos cornos permanece a mesma, afinal. E, por tudo isso, é sempre tempo de reviver as canções de Lupicínio Rodrigues, inclusive neste nascente 2014, ano do centenário do compositor de Esses moços, pobres moços.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Phil Everly, cantor do influente duo Everly Brothers, sai de cena nos EUA

Philip Everly (19 de janeiro de 1939 - 3 de janeiro de 2014) não foi um garoto que amou os Beatles e Os Rolling Stones. Phil Everly - que saiu hoje de cena, vítima de doença pulmonar, em Burbank (Califórnia, EUA), a 16 dias de completar 75 anos - foi um garoto que, nos anos 1950, influenciou os futuros integrantes dos Beatles (e também dos Beach Boys) ao formar em meados dessa década, com seu irmão Don Everly, o duo The Everly Brothers, cuja origem familiar remonta aos anos 1940. Influenciada pela música country, a dupla norte-americana ajudou a manter acesa a chama do rock'n'roll e a do rockabilly inflada por Bill Halley (1925 - 1981), Elvis Presley (1935 - 1977) e outros pioneiros do gênero. Cantor e guitarrista dos Everly Brothers (assim como seu irmão Don, também guitarrista), Phil conheceu o sucesso já em 1957, quando o primeiro single dos Everly Brothers - Bye bye love, tema de autoria do casal Felice e Boudleaux Bryant - escalou as paradas norte-americanas, semeando o som do duo. Os primeiros discos dos irmãos foram lançados através do selo Cadence Records. No início dos anos 1960, The Everly Brothers assinaram contrato com a Warner Music, gravadora pela qual emplacaram sucessos como Cathy's clown - música composta por Don e Phil, lançada já em 1960 - e na qual permaneceram até 1968. A discografia da dupla inclui 21 álbuns de estúdio lançados de 1958 (ano do seminal The Everly Brothers) a 1988 (ano do crepuscular Some hearts). Contudo, o duo viveu seu auge artístico de 1957 à primeira metade da década de 1960. Ainda nos anos 1960, o som dos Everly Brothers foi de certa forma suplantado pelo rock dos garotos que eles influenciaram. Só que isso não dilui a força do legado de Don e Phil Everly.

Kaiser Chiefs lança 'Bows & arrows', o segundo 'single' do quinto álbum

Menos de um mês após apresentar Misery company, primeiro single de seu quinto álbum de estúdio, o grupo britânico Kaiser Chiefs jogou na internet nesta sexta-feira, 3 de janeiro de 2014, o segundo single de Education, education, education & war. Trata-se de Bows & arrows, pop rock de clima vibrante que vai ter efeito potencializado em shows feitos pela banda em arenas e ginásios. Primeiro álbum gravado pelo Kaiser Chiefs com Vijay Mistry, o baterista recrutado para substituir Nick Hodgson (músico fundador do grupo inglês, do qual se desligou em 2012), Education, education, education & war tem lançamento programado no Reino Unido para 31 de março. O álbum sucederá o interativo The future is medieval (2011).

Eis capa e contracapa do CD de inéditas que Brown vai lançar via jornal

Esta é a capa de Marabô, disco de inéditas que o cantor e compositor baiano Carlinhos Brown vai lançar através do jornal baiano Correio. Com 12 músicas de tom carnavalizante, Marabô vai chegar ao mercado com 160 mil cópias distribuídas com as edições de 6 e 7 de janeiro de 2014 do jornal de Salvador (BA). Hidden waters, Tata Gandhi e Vou dizer sim figuram entre as 12 inéditas de Marabô. Cantora revelada em 2012 na primeira edição do programa The Voice Brasil, do qual Brown é jurado, Quésia Luz participa do CD na música Vc, o amor e eu.

Naldo exibe fôlego curto em gravação ao vivo que não supera verão de 2014

Resenha de CD e DVD
Título: Multishow ao vivo Naldo Benny
Artista: Naldo Benny
Gravadora: Deck
Cotação: * 1/2

 Naldo Benny entra em 2014 com fôlego curto para encarar um outro verão nas paradas do Brasil. Embora o carioca Ronaldo Jorge Silva já esteja de olho no mercado internacional, o CD e DVD Multishow ao vivo Naldo Benny - que eternizam show captado em São Paulo (SP) em 3 de julho de 2013 - mostram o funkeiro já às voltas com tentativas de repetir receita que atingiu preciso ponto pop no sucesso Exagerado (Naldo Benny) e que também rendeu outro megahit, o menos saboroso Amor de chocolate (Naldo Benny). Como Anitta, Naldo Benny canta funk melody filtrado por estética pop, para atrair um público de classe média que estranha e deprecia o som de preto ouvido nos legítimos bailes da pesada. Neste segundo consecutivo registro ao vivo, sucessor do CD e DVD Na veia tour (Deck, 2011), Naldo recicla essa rala solução pop em inéditas autorais como Caipifruta, Final de semana, Maluquinha e Vem delícia. Os ingredientes são os mesmos, mas, talvez por ser feita de forma tão calculada, a receita desanda, diluindo a espontaneidade que havia antes do sucesso nacional. A adesão do canal de TV Multishow ao projeto da gravação ao vivo, o cenário com efeitos 3D e a pirotecnia hi-tech do espetáculo sinalizam alto investimento para manter Naldo como a bola da vez. Gol "faz a massa delirar", aliás, já imagina um novo hit na Copa de 2014. Já a associação com Ivete Sangalo no esmaecido funk Sol da minha vida - parceria de Naldo Benny com Sandro Riva - é jogada para fisgar a atenção do público da cantora baiana e ampliar os domínios do funkeiro. Como tudo é calculado em sala de marketing, foi providenciada até conexão com o universo sertanejo, feita através da convocação da dupla Zezé Di Camargo & Luciano para cantar com Naldo Pior é te perder (Álvaro Socci e Claudio Matta) e O porre nosso de cada dia (Hilma Ranauro, Álvaro Socci, Cláudio Matta e Naldo Benny) em levada dançante que contrasta com o tom lacrimoso dos versos das industrializadas canções. Por fim, reiterando a artificialidade da gravação, Neguinha (Naldo Benny e Sandro Riva) esboça flerte com o samba-rock na forma mais diluída do gênero, na linha iniciada nos anos 1970 por Bebeto (talentoso diluidor do suingue de Jorge Ben Jor) e prosseguida mais recentemente por Seu Jorge. Enfim, é sintomático o fato de Exagerado - cantada em determinada passagem somente pelo público, a plenos pulmões - ser o momento mais cativante deste fraco Multishow ao vivo Naldo Benny. Não resiste ao verão.

Daniela lança música 'Três vozes' em show feito com Ilê Aiyê e com Olodum

 Daniela Mercury - em foto de Priscila Prade - lançou música inédita no primeiro dia deste novo ano de 2014. Apresentada com o reforço dos blocos afro-baianos Ilê Aiyê e Olodum, Três vozes foi a novidade do tradicional show feito pela cantora baiana no projeto Pôr-do-Som, realizado sempre em 1º de janeiro. O lançamento de Três vozes corrobora a impressão de que Daniela tem tido pouco interesse em divulgar o disco que gravou em 2012 com o grupo baiano Cabeça de Nós Todos e que foi lançado (com distribuição irregular) pela gravadora Eldorado no último trimestre de 2013. O CD Daniela Mercury & Cabeça de Nós Todos mereceu pouco espaço na mídia, tendo sido ofuscado (inclusive nas entrevistas dadas pela artista) pelo livro em que a já assumida cantora e sua companheira, Malu Verçosa, contam sua brava história de amor. É como se o disco não existisse...

Além do gênero, Érika Martins revitaliza modinhas à sua moda pop 'indie'

Resenha de CD
Título: Modinhas
Artista: Érika Martins
Gravadora: Coqueiro Verde Records
Cotação: * * * * 

Mais do que um gênero de origem portuguesa de tonalidade romântica,  a modinha é encarada como um estado de espírito por Érika Martins em seu segundo álbum solo, Modinhas. Isso explica porque uma bela balada melancólica como Garota, interrompida - parceria de Érika com Luisão Pereira, colega da cantora na desativada banda baiana Penélope - não destoa do espírito do CD que vai ser efetivamente posto à venda no mercado fonográfico pela Coqueiro Verde Records a partir deste mês de janeiro de 2014. Afinal, a tristeza embutida em Garota, interrompida - e realçada pela pegada do trio paranaense Nevilton - é de certa forma derivada do chororô típico das modinhas que aportaram no Brasil no século 18 e se consolidaram no país ainda imperial e culturalmente colonizado do século posterior. Érika Martins canta modinhas à sua moda pop indie. É esse desapego ao passado que impede Modinhas de soar mofado, antigo. Produzido por Felipe Rodarte sob a direção artística de Constança Scofield, o CD entrelaça presente e passado sem ar nostálgico. Isso faz com que, no diálogo musical de Modinhas, um aderente pop rock como Rolo compressor (Pedro Veríssimo e Fernando Aranha) - que poderia ser hit se o rock ainda fosse moda no Brasil - se afine com a releitura de Casinha pequenina (autor desconhecido), erguida harmoniosamente por Érika na praia do reggae e na onda do som dos Balcãs (região do Sudeste europeu). Casinha pequenina - que já abrigou vozes de cantores como o carioca Silvio Caldas (1908 - 1998) e a capixaba Nara Leão (1942 - 1989) - ressurge remodelada no registro de Érika, mas com a arquitetura melódica original. O respeito às melodias - novas ou antigas - legitima a incursão da cantora por duas modinhas. Uma é a Modinha do compositor carioca Sérgio Bittencourt (1941 - 1979), lançada em 1968 na voz consciente do cantor uruguaio brasileiro Taiguara (1945 - 1996) e repaginada pela artista em clima noise. A outra é a Modinha de outro compositor carioca, Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959), que ganhou versos solenes do poeta pernambucano Manuel Bandeira (1886-1968). Peça 5 da obra Serestas (1925), a Modinha de Villa-Lobos é - na gravação feita por Érika com o cantor pernambucano Otto - o ponto de contato mais próximo do disco com a forma tradicional do gênero musical que o inspirou. Mesmo assim, Villa-Lobos é inserido em universo indie. Em outro lugar do passado, a regravação de Dar-te-ei (Marcelo Jeneci, Helder Lopes, José Miguel Wisnik e Verônica Pessoa) - música do primeiro álbum do paulista Marcelo Jeneci, Feito pra acabar (Slap, 2010) - enfatiza a influência benéfica que a Jovem Guarda exerce no som de Jeneci. Dar-te-ei é cantada por Érika com a necessária leveza e com o toque do grupo carioca Autoramas. Entre a levada roqueira de Fundidos (tema da lavra de Botika Botikay, vocalista do grupo carioca Os Outros) e a respeitosa abordagem de Prelúdio pra ninar gente grande (Menino passarinho) (Luiz Vieira), feita com o duo chileno Perrosky, Modinhas apresenta inédita de Tom Zé, A curi, criada pelo compositor baiano - no tom lúdico que caracteriza parte de sua obra - para Érika, em agradecimento ao fato de a cantora ter dado voz à sua música Namorinho de portão (1968) em disco da banda Penélope. Bonita - balada do compositor carioca Marcelo Frota (o MoMo) que faz jus ao título - contribui para alargar o eixo estético de disco que se equilibra com graça entre passado e presente. Por mais que música ligeiramente menos envolvente como Memorabília (de autoria da própria Érika, com bom refrão) atenue por instantes o poder de sedução de Modinhas, o disco resulta coeso e mais interessante do que o primeiro CD solo da artista, Érika Martins (2009). À moda pop indie, Modinhas é álbum com cacife para impulsionar a carreira fonográfica de Érika Martins. 

De surpresa, Pixies lança 'EP 2', seu segundo disco após a volta de 2004

De surpresa, o grupo norte-americano Pixies lançou nesta sexta-feira, 3 de janeiro de 2014, seu segundo disco após a volta da banda de rock alternativo em 2004. EP 2 - sequência do EP 1, lançado em setembro de 2013 - apresenta quatro músicas inéditas gravadas nos estúdios Rockfield, no País de Gales, em outubro de 2012. Pela ordem do disco, as quatro músicas do EP 2 são Blue eyed hexe (noise rock de peso, já alvo de clipe em rotação na internet), Magdalena, Greens and blues e Snakes. Editado em formato de vinil, com limitada tiragem de quatro mil cópias, o EP 2 está disponível para venda somente no site oficial dos Pixies, grupo projetado no universo pop na segunda metade dos anos 1980 com o álbum Come on pilgrim (1987). O disco EP 2 também pode ser baixado no site oficial da banda mediante pagamento.

Links com Rappa não diluem a contundência do rap da Conexão Baixada

Resenha de CD
Título: Para que lutar em vão
Artista: Conexão Baixada
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * 1/2

Banda formada em 2002 a partir da união de músicos de origens diversas na cidade de Santos (SP), terra natal do extinto grupo Charlie Brown Jr., Conexão Baixada já teve sua carreira linkada com Chorão (1970 - 2013) e sua turma pela associação óbvia provocada pela fusão de rap, rock e reggae comum às duas bandas. A Conexão Baixada chegou a participar de música, Na palma da mão (O ragga da Baixada), de disco de Charlie Brown. Contudo, tanto pelo som quanto pelo burilado discurso de conotações sociais, é a sombra da sombra do grupo carioca O Rappa que espreita a Conexão Baixada em músicas como Talvez o réu (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux e Leandro Ramajo) e Lição de vida (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux e Leandro Ramajo), ambas incluídas no primeiro álbum de estúdio da banda, Para que lutar em vão (Som Livre, 2013), gravado no estúdio Mosh, em São Paulo (SP), com produção dividida entre os quatro músicos da banda e o maestro Armando Ferrante. Mas - justiça social seja feita - tais eventuais links da Conexão Baixada com Charlie Brown e O Rappa não diluem a contundência do som e do discurso da banda projetada nacionalmente em 2013 com a inclusão da música Na selva de pedra (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux, Leandro Ramajo e Jack Muller) na trilha sonora nacional da novela Amor à vida (TV Globo, 2013 / 2014). Até porque, a partir da nona faixa, o CD Para que lutar em vão explicita a ligação da banda com o universo do hip hop de São Paulo. Incêndio (Tubarão, Armando Ferrante e Jack Muller) é rap à moda paulista gravado com a adesão da backing vocal Jack Muller, cantora cuja voz impregnada de soul também é ouvida no reggae Querubim (Tubarão e Jack Muller). O trânsito desenvolto da Conexão Baixada pelo mundo ragga é reiterado em Nuvens de fumaça (Tubarão). Em essência, Para que lutar em vão - sucessor do DVD e CD ao vivo Pássaro sem dono (2009), cuja música-título (composta pelo vocalista Tubarão com o saxofonista Índio) aparece regravada no atual disco de estúdio - rebobina discurso contra a violência e a injustiça social praticadas cotidianamente na selva das cidades. Sob esse prisma, temas como Faroeste caiçara (Tubarão e Índio) soam inevitavelmente déjà vus. De todo modo, há em composições como a música-título Pra que lutar em vão (Ícaro Dreux e Tubarão) a atitude que havia no rock brasileiro e que atualmente se encontra somente no universo do hip hop. É com esse mundo específico e independente que dialogam raps como Já é dia (Tubarão, Índio, Ícaro Dreux e Leandro Ramajo) e Uma viagem (Tubarão e Armando Ferrante). Nesse sentido, a junção de Dexter, DJ Negralha, Gregory e Nego Jam em Os verdadeiros (Tubarão, DJ Negralha, Dexter, Gregory, Nego Jam e DJ K) é indício do apreço dos manos pelos músicos da Conexão Baixada. A faixa inclui citação do samba Juízo final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares). No fim, Rolê na Baixada (Tubarão, Rappin' Hood e DJ Luciano) - tema que inclui a voz do rapper paulista Rappin' Hood em gravação que culmina com o toque etéreo do saxofone de Índio - dá tom mais relaxado a um disco quase obrigatoriamente tenso. Afinal, a chapa continua quente na selva de pedra que frita, devora e exclui quem vive às margens, nas periferias e nas baixadas. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Gaga lança 'single' com regravação de música de 'ARTPOP' com Aguilera

A cantora norte-americana Lady Gaga lançou no iTunes nesta quarta-feira, 2 de janeiro de 2014, single  com regravação inédita de Do what u want, música de tom r & b originalmente registrada por Gaga no álbum ARTPOP em dueto com o cantor e compositor norte-americano R. Kelly. Na nova gravação do tema, a parte de R. Kelly ficou com a cantora norte-americana Christina Aguilera. O dueto de Lady Gaga com Aguilera em Do what u want foi apresentado na final da edição norte-americana do programa The voice, em dezembro de 2013, e fez sucesso.

Roberta Sá, Maria Rita e Mart'nália voltam ao samba em próximos discos

Acenda o refletor e apure o tamborim: três cantoras residentes no Rio de Janeiro (RJ) vão voltar ao samba nos discos que lançam ao longo deste ano de 2014. O de Maria Rita já está pronto e tem lançamento previsto para março ou abril, via Universal Music. Em seu quinto álbum de estúdio, o primeiro após controvertido tributo à mãe Elis Regina (1945 - 1982) em show eternizado no CD/DVD Redescobrir (2012), a cantora paulista volta ao gênero que rejuvenesceu seu público a partir da edição de seu terceiro CD, Samba meu (2007). Arlindo Cruz - compositor recorrente no disco lançado há sete anos - figura como autor no repertório que reúne sambas inéditos, sinalizando que Rita não vai se distanciar da linha do bem-sucedido Samba meu. Já Roberta Sá - potiguar de criação carioca - decidiu voltar ao samba em seu quinto álbum de estúdio, mas no quintal pop. A cantora colhe sambas inéditos de compositores associados ao pop brasileiro, como Adriana Calcanhotto e Marina Lima, para o CD que vai ser editado pelo selo MP,B Discos com distribuição da mesma Universal Music que vai pôr o disco de Maria Rita nas lojas. Esse retorno de Roberta Sá ao samba poderá ser encarado como decisão estratégica da artista, já que seu último ótimo disco, Segunda pele (2011), a distanciou do samba e obteve menor adesão popular. Mart'nália também vem de primoroso álbum de menor aderência, Não tente compreender (2012), embebido do suingue de seu produtor Djavan. Coincidência ou não, a carioquíssima filha de Martinho da Vila vai voltar a pisar no terreiro em disco de samba de molde mais tradicional. Será que o samba mandou chamar as três cantoras?

Beck, Ben Harper e Fiona fazem 'covers' de hits românticos em coletânea

Produzida pela rede norte-americana de lojas Starbucks para festejar neste ano de 2014 o Dia dos Namorados (celebrado em 14 de fevereiro nos Estados Unidos), a coletânea Sweetheart alinha 13 covers inéditos de músicas românticas, feitos por nomes como Beck (Love, canção de John Lennon), Ben Harper (Fade into you, da banda norte-americana de rock Mazzy Star), Fiona Apple (I’m in the middle of a riddle, tema do compositor austríaco Anton Karas), Sharon Jones (Signed, sealed, delivered I’m yours, da lavra romântica de Stevie Wonder) e Vampire Weekend (Con te partirò, registro inspirado na gravação do tenor italiano Andrea Bocelli). O CD Sweetheart vai estar à venda em edição física a partir de 4 de fevereiro de 2014, mas somente na rede de lojas Starbucks por se tratar de disco exclusivo da empresa. Eis os 13 nomes do CD e as respectivas músicas românticas que regravaram para o afetivo projeto:

1. Jim James – Turn your lights down low (cover de Bob Marley)
2. Vampire Weekend – Con te partirò (cover inspirado na gravação de Andrea Bocelli)
3. Beck – Love (cover de John Lennon)
4. Phosphorescent – Tomorrow is a long time (cover de Bob Dylan)
5. The head and the heart – Don’t forget me (cover de Harry Nilsson)
6. Valerie June – Happy or lonesome (cover de The Carter Family)
7. Bahamas – Always on my mind (cover de Willie Nelson)
8. Thao – If you were mine (cover de Ray Charles)
9. Ben Harper – Fade into you (cover de Mazzy Star)
10. Fiona Apple – I’m in the middle of a riddle (cover de Anton Karas)
11. Brandi Carlile – The chain (cover de Fleetwood Mac)
12. Blake Mills – I hope (cover de Bobby Charles)
13. Sharon Jones – Signed, sealed, delivered I’m yours (cover de Stevie Wonder)

Terceiro álbum de Adele, '24' sai em 2014 com (provável) 'cover' do INXS

Um dos discos mais esperados de 2014, o terceiro álbum de Adele - intitulado 24, dando sequência à tradição iniciada com 19 (2009) e prosseguida com o blockbuster 21 (2011) - vai ser lançado neste ano que se inicia via Columbia Records. Não há informações oficiais sobre o repertório essencialmente autoral e inédito, mas especula-se que 24 vai trazer músicas como Saviour e o cover do Never tear us apart (Andrew Farriss e Michael Hutchence), o sucesso do grupo australiano INXS em 1988. Never tear us apart é uma das músicas preferidas da cantora.

Sanz lança ao vivo com inédita gravada (em estúdio) com Sandé e Foxx

O cantor e compositor espanhol Alejandro Sanz flerta com o universo do hip hop dos Estados Unidos em This game is over, música inédita gravada em estúdio pelo artista com a cantora escocesa Emeli Sandé e o norte-americano Jamie Foxx, ator que transita com desenvoltura pelo rap quando está em cena como cantor (Foxx já lançou quatro álbuns). Embora feita em estúdio, a gravação de This game is over abre o CD ao vivo La música no se toca, editado pela gravadora Universal Music em edição dupla que junta o CD com o DVD que exibe o registro audiovisual do show captado no Estádio de la Cartuja, em Sevilha, Espanha, em 19 de junho de 2013. Captado em apresentação feita com intervenções de David Bisbal (em My soledad y yo), Jamie Cullum (em Yo te traigo... 20 años), José Carlos Gómez (em Corazón partío, grande sucesso do astro espanhol no Brasil), Manolo García (em No me compares) e Pablo Alborán (em Mi marciana), o espetáculo fez parte da turnê baseada no último álbum de estúdio de Sanz, La música no se toca (2012), editado no Brasil com duos de Sanz com Ivete Sangalo e Roberta Sá.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

'Marabô, décimo disco solo de Brown, vai ser lançado por jornal da Bahia

Décimo título da discografia solo do cantor e compositor baiano Carlinhos Brown, Marabô chega ao mercado neste mês de janeiro de 2014. De clima carnavalesco e tom afro-baiano, Marabô - álbum que traz no título o nome de um orixá - vai ser lançado através do jornal Correio, um dos mais importantes da Bahia. Antes de ser posto à venda no iTunes, o disco vai ser distribuído com as edições de 6 e 7 de janeiro de 2014 do jornal. Está prevista a circulação de tiragem de 160 mil cópias do disco por conta da veiculação via Correio. Em Marabô, Brown apresenta doze músicas inéditas voltadas para o universo da música afro-pop-baiana rotulada de axé music. Um dos pioneiros do gênero, o cantor e compositor baiano Luiz Caldas figura no disco em Afroascendente. Amouro, Kd Canô e Você, eu e o amor são outras músicas do álbum.

2014 é o ano do centenário de nascimento da cantora Aracy de Almeida

A chegada de 2014 abre - em tese - as comemorações do centenário de nascimento de Araci Teles de Almeida (19 de agosto de 1914 - 20 de junho de 1988) , memorável cantora carioca popularizada nos anos 1930 e 1940 com o nome artístico de Aracy de Almeida. A questão é saber se haverá de fato comemorações pela vinda ao mundo desta artista mais lembrada, por quem viveu os anos 1970 e 1980, como a jurada feia e ranzinza do Show de calouros, quadro do programa dominical do apresentador de TV Silvio Santos. Motivos não faltam para reedições de suas gravações, já que em 2014 a carreira fonográfica de Aracy - iniciada em janeiro de 1934 com a gravação de disco de 78 rotações por minuto editado pela gravadora Columbia - completa 80 anos. Cantora que subverteu os padrões comportamentais de época machista, Aracy de Almeida gravou discos com regularidade da década de 1930 aos dourados anos 1950. Foi, sim, uma das principais propagadoras do repertório do compositor carioca Noel Rosa (1910 - 1937) - inclusive na década de 1950, quando o Poeta da Vila já começava a ser esquecido - mas o fato é que a discografia de Aracy extrapola o cancioneiro de Noel. Araca também deu boa voz a muitas músicas do compositor carioca Roberto Martins (1909 - 1992). Compositores como o baiano Assis Valente (1911 - 1958) e o esquecido carioca Ciro de Souza (1911 - 1995) também são nomes recorrentes na obra fonográfica de Aracy de Almeida - obra atualmente distribuída entre os acervos das gravadoras Sony Music (herdeira dos discos da Columbia), Universal Music (desde 2013 dona dos fonogramas editados originalmente via Odeon) e Warner Music (detentora das gravações da Continental). O fato é que Aracy de Almeida caiu no samba com muita propriedade e foi uma das cantoras mais relevantes de sua época. Por isso mesmo, a agora centenária A dama do Encantado - epíteto preservado no título do antológico disco-tributo lançado pela cantora Olivia Byington em 1997 - merece ser lembrada pelo Brasil em 2014, o ano também do centenário de Dorival Caymmi (1914 - 2008).

Ratos de Porão apresenta 12 inéditas no seu primeiro álbum em oito anos

Aos 30 anos de carreira fonográfica, iniciada oficialmente em 1984 com a edição do álbum Crucificados pelo Sistema (Punk Rock Discos / Devil Discos), o grupo paulistano Ratos de Porão se prepara para lançar em 2014 seu primeiro álbum de inéditas em oito anos. Previsto para chegar ao mercado em março, o sucessor de Homem inimigo do homem (Deck, 2006) se chama Século sinistro. Gravado em novembro de 2013 no estúdio Family Mob, em São Paulo (SP), o CD traz no repertório 12 músicas inéditas da lavra punk metaleira dos Ratos de Porão.

Samba inédito de Arlindo Cruz vai promover CD solo de Rita Benneditto

Rita Benneditto ganhou samba inédito de Arlindo Cruz para o disco solo que vai lançar neste novo ano de 2014. Samba feito pelo compositor carioca em parceria com Marcelinho Moreira e Rogê, O que é dela é meu foi gravado pela cantora maranhense em dueto com o próprio Arlindo. O samba foi escolhido para dar início aos trabalhos promocionais do primeiro disco assinado por Rita Benneditto com o nome artístico que adotou em 2012. Gravado no Rio de Janeiro (RJ) com participação de Bi Ribeiro, baixista do trio carioca Paralamas do Sucesso, o álbum vai ser lançado pela gravadora carioca Biscoito Fino. Pela ideia inicial de Rita, o disco se chamaria Encanto e traria no repertório a regravação de (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1978), música do repertório religioso do cantor capixaba Roberto Carlos, lançada pelo Rei em álbum de 1978. E por falar em Rita Benneditto, a artista também lança em 2014 o CD que gravou em 2013 com a cantora mineira (de criação baiana) Jussara Silveira sob produção de Alê Siqueira e a direção musical de José Miguel Wisnik. O disco com Jussara já está finalizado.

PERSPECTIVA 2014 – Notas musicais que podem soar ao longo do ano novo

 Alceu Valença estreia em festivais o filme A luneta do tempo, cuja trilha sonora inclui músicas inéditas do cantor e compositor pernambucano, que é o diretor e roteirista do filme.

♪ Ana Carolina vai fazer a gravação ao vivo de #AC, show dirigido por Monique Gardenberg e inspirado no sexto álbum de estúdio da cantora, para a edição de CD, de DVD e de blu-ray.

 Os 70 anos de Chico Buarque inspiram revisão de obra musical e literária do artista, que vai incorporar outro romance, a ser lançado em setembro, através da Companhia das Letras.

 O Brasil comemora com discos e shows o centenário de nascimento do compositor baiano Dorival Caymmi (1914-2008). Está previsto um grande show com a reunião de ídolos da MPB.

 A cantora e compositora mineira Fernanda Takai lança pela Deck, entre março e abril, o terceiro CD de sua carreira solo, disco feito com patrocínio obtido no projeto Natura Musical.

 Marisa Monte festeja os 25 anos do primeiro álbum, MM (1989), e lança DVD com o registro ao vivo do belo espetáculo da última turnê, Verdade, uma ilusão, gravado no Rio de Janeiro.

♪ Após álbum pautado pelo suingue singular de Djavan, escalado para produzir Não tente compreender (2012), Mart'nália volta ao (nobre) quintal do samba carioca no próximo disco.

♪ Com Digão como vocalista e Canisso de volta ao baixo, o grupo brasiliense Raimundos lança já no início deste ano novo de 2014 o primeiro CD de inéditas em 11 anos, Cantigas de roda.

 O grupo Skank lança o primeiro álbum de inéditas desde Estandarte (2008). Gravado desde 2013, o disco tem parcerias de Samuel Rosa com Nando Reis no repertório inédito e autoral.

 Três anos após A coruja e o coração (2011), a cantora e compositora paulista Tiê lança o terceiro disco de repertório autoral e idealiza álbum com (regravações de) músicas infantis.