Mauro Ferreira no G1

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domingo, 20 de abril de 2014

Samba posto na panela do Arranco jamais atinge o ponto de fervura ideal

Resenha de CD
Título: Na panela pra dançar
Artista: Arranco de Varsóvia
Gravadora: Mills Records
Cotação: * * 1/2

Gravado entre novembro de 2012 e março de 2013, o sexto álbum do grupo carioca Arranco de Varsóvia, Na panela pra dançar, chega ao mercado fonográfico neste mês de abril de 2014 sem sustância para dar mais peso ao nome do quarteto formado atualmente por Andréa Dutra, Cacala Carvalho, Elisa Queirós e Paulo Malaguti Pauleira. O samba miscigenado é o ingrediente predominante na panela, mas o tempero especial é o suingue dos arranjos do pianista Paulo Malaguti Pauleira, produtor do disco e parceiro de Valmir Vignolli na música-título Na panela pra dançar. Malandro também chora (Mauro Diniz) é levado em fogo brando, mas sem fazer desandar a cadência do fundo do quintal enquanto Saudade (Sombrinha e Rubens Gordinho) mostra que o grupo geralmente cai no suingue do samba com guitarra, piano elétrico e baixo - como reiteram as faixas Desarvorada ô (Paulinho Malaguti Pauleira) e Papinha (Arlindo Cruz e Sombrinha), esta preparada sem o dengo pedido por este samba. De tonalidade épica, o autorreferente samba-enredo Apogeu e glória do Arranco (Cláudio Nucci e Danilo Caymmi) abre alas para o disco sem empolgar na avenida. Na sequência, a releitura de O dia em que faremos contato - música-título do primeiro influente álbum solo de Lenine, lançado em 1997 - atravessa o samba ao diluir a pegada original da obra do compositor pernambucano. Fora de sua receita de samba, o álbum põe na panela choro-canção metalinguístico de Sergio Santos e Paulo César Pinheiro, Um choro. Pinheiro também é letrista de Saudações, samba de Egberto Gismonti. Sem espaço para expor as nuances das vozes de suas três cantoras, o sexto CD do Arranco de Varsóvia jamais atinge o ponto de fervura esperado em um disco voltado para o samba. Mas pode contentar quem já provou - e gostou - do suingue de Paulo Malaguti Pauleira.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Gravado entre novembro de 2012 e março de 2013, o sexto álbum do grupo carioca Arranco de Varsóvia, Na panela pra dançar, chega ao mercado fonográfico neste mês de abril de 2014 sem sustância para dar mais peso ao nome do quarteto formado atualmente por Andréa Dutra, Cacala Carvalho, Elisa Queirós e Paulo Malaguti Pauleira. O samba miscigenado é o ingrediente predominante na panela, mas o tempero especial é o suingue dos arranjos do pianista Paulo Malaguti Pauleira, produtor do disco e parceiro de Valmir Vignolli na música-título Na panela pra dançar. Malandro também chora (Mauro Diniz) é levado em fogo brando, mas sem fazer desandar a cadência do fundo do quintal enquanto Saudade (Sombrinha e Rubens Gordinho) mostra que o grupo geralmente cai no suingue do samba com guitarra, piano elétrico e baixo - como reiteram as faixas Desarvorada ô (Paulinho Malaguti Pauleira) e Papinha (Arlindo Cruz e Sombrinha), esta preparada sem o dengo pedido por este samba. De tonalidade épica, o autorreferente samba-enredo Apogeu e glória do Arranco (Cláudio Nucci e Danilo Caymmi) abre alas para o disco sem empolgar na avenida. Na sequência, a releitura de O dia em que faremos contato - música-título do primeiro influente álbum solo de Lenine, lançado em 1997 - atravessa o samba ao diluir a pegada original da obra do compositor pernambucano. Fora de sua receita de samba, o álbum põe na panela choro-canção metalinguístico de Sergio Santos e Paulo César Pinheiro, Um choro. Pinheiro também é letrista de Saudações, samba de Egberto Gismonti. Sem espaço para expor as nuances das vozes de suas três cantoras, o sexto CD do Arranco de Varsóvia jamais atinge o ponto de fervura esperado em um disco voltado para o samba. Mas pode contentar quem já provou - e gostou - do suingue de Paulo Malaguti Pauleira.

Denilson Santos disse...

Justamente o que mais me agrada no Arranco (além da beleza das vozes dos seus integrantes e dos arranjos maravilhosos do Pauleira) é a ousadia de cantar samba de forma não tradicional, sem se aprisionar por receitas de mercado, tão comuns na maioria dos artistas que enveredam por tão nobre vertente musical.

Discordo quanto a essa obrigatoriedade de um suposto "ponto de fervura esperado em um disco voltado para o samba".

Viva a música brasileira feita com ousadia e inovação. Viva o Arranco de Varsóvia, nobre representante dos maravilhosos grupos vocais brasileiros.

abração,
Denilson