Mauro Ferreira no G1

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domingo, 13 de outubro de 2013

Emília Monteiro mapeia sons do Norte em CD com graça (e sem clichês)

Resenha de CD
Título: Cheia de graça
Artista: Emília Monteiro
Gravadora: Edição independente da artista / Tratore
Cotação: * * * 1/2

Emília Monteiro é cantora do Amapá, radicada em Brasília (DF), que já solta a voz de forma profissional desde a segunda metade da década de 90. Nesta época, quando fazia o circuito de shows do Amapá como cantora da noite, Emília gravou em 1998 Mal de amor (Joãozinho Gomes e Val Milhomem), um marabaixo, ritmo típico de seu Estado natal. Decorridos 15 anos, Mal de amor resiste como um dos destaques de Cheia de graça, álbum recém-lançado pela artista. Sob a produção certeira de João Ferreira, a cantora mapeia com graça os sons do Norte, mas sem os clichês detectados nos discos das cantoras que seguem a receita tecnobrega de Gaby Amarantos - ainda que Emília também não abra mão da presença referencial da cantora e compositora paraense Dona Onete, convidada e autora do sensual carimbó chamegado Eu quero este moreno para mim e do matador Veneno de cobra, zouk love (ritmo das Antilhas que chegou ao Norte do Brasil através da Guiana Francesa) de tom malicioso. O título Cheia de graça faz jus ao nome da composição (de fato, graciosa) de Ângela Brandão que dá nome ao disco e também à boa parte do repertório. Por isso mesmo, o lirismo doído do lundu paraense Meus ventos (Márcia Tauil e Simone Guimarães) destoa da brejeirice cabocla que anima os ótimos batuques Mandacaru (Nanon) e Mão de couro (Joãozinho Gomes e Val Milhomem) - ambos sustentados com a força dos tambores do Norte - e o carimbó Coisinha, parceria de Zeca Baleiro com Suely Mesquita, compositora da menos envolvente balada Mais eu. Fora da rota rítmica do Norte, Emília Monteiro dá voz à urbana Descalço - boa canção do compositor paulista Nanon - e à ruralista Córrego rico, (bela) música que a cantora e compositora brasiliense Ellen Oléria deu para Emília antes de se tornar conhecida em escala nacional ao vencer a primeira edição do programa The Voice Brasil (TV Globo, 2012). Por mais que uma ou outra música soe com menor poder de sedução, caso de Mãe e só (Celso Viáfora, Rafael Altério e Pedro Altério), Cheia de graça é CD que merece atenção - inclusive pelo canto desenvolto de Emília Monteiro. Com 10 de suas 12 faixas arranjadas pelo produtor João Ferreira (Rodrigo Campello formatou Coisinha e Descalço) sob a direção artística da própria Emília Monteiro, o disco Cheia de graça até consegue ostentar certa originalidade ao traçar um painel dos ora hypados sons do Norte. Vale a pena ouvir o canto de Emília Monteiro.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Emília Monteiro é cantora do Amapá, radicada em Brasília (DF), que já solta a voz de forma profissional desde a segunda metade da década de 90. Nesta época, quando fazia o circuito de shows do Amapá como cantora da noite, Emília gravou em 1998 Mal de amor (Joãozinho Gomes e Val Milhomem), um marabaixo, ritmo típico de seu Estado natal. Decorridos 15 anos, Mal de amor resiste como um dos destaques de Cheia de graça, álbum recém-lançado pela artista. Sob a produção certeira de João Ferreira, a cantora mapeia com graça os sons do Norte, mas sem os clichês detectados nos discos das cantoras que seguem a receita tecnobrega de Gaby Amarantos - ainda que Emília também não abra mão da presença referencial da cantora e compositora paraense Dona Onete, convidada e autora do sensual carimbó chamegado Eu quero este moreno para mim e do matador Veneno de cobra, zouk love (ritmo das Antilhas que chegou ao Norte do Brasil através da Guiana Francesa) de tom malicioso. O título Cheia de graça faz jus ao nome da composição (de fato, graciosa) de Ângela Brandão que dá nome ao disco e também à boa parte do repertório. Por isso mesmo, o lirismo doído do lundu paraense Meus ventos (Márcia Tauil e Simone Guimarães) destoa da brejeirice cabocla que anima os ótimos batuques Mandacaru (Nanon) e Mão de couro (Joãozinho Gomes e Val Milhomem) - ambos sustentados com a força dos tambores do Norte - e o carimbó Coisinha, parceria de Zeca Baleiro com Suely Mesquita, compositora da menos envolvente balada Mais eu. Fora da rota rítmica do Norte, Emília Monteiro dá voz à urbana Descalço - boa canção do compositor paulista Nanon - e à ruralista Córrego rico, (bela) música que a cantora e compositora brasiliense Ellen Oléria deu para Emília antes de se tornar conhecida em escala nacional ao vencer a primeira edição do programa The Voice Brasil (TV Globo, 2012). Por mais que uma ou outra música soe com menor poder de sedução, caso de Mãe e só (Celso Viáfora, Rafael Altério e Pedro Altério), Cheia de graça é CD que merece atenção - inclusive pelo canto desenvolto de Emília Monteiro. Com 10 de suas 12 faixas arranjadas pelo produtor João Ferreira (Rodrigo Campello formatou Coisinha e Descalço) sob a direção artística da própria Emília Monteiro, o disco Cheia de graça até consegue ostentar certa originalidade ao traçar um painel dos ora hypados sons do Norte. Vale a pena ouvir o canto de Emília Monteiro.

Sedjedo disse...

Nossa, excelente cantora! Fui logo baixar o cd e curti bastante. Já virei fã! rss

lurian disse...

O disco da Emilia, junto ao da Patricia Bastos são os melhores dessas cantoras vindas do Norte. Não apenas a voz dela é respeitável quanto a escolha do repertório foi boa e não caiu na tentação de parecer hype e modernosa. Tem os pés mais fincados na tradição sem cair no folclórico.
Gostei.

Deuzuite Ardasse disse...

No Cd" CHEIA DE GRAÇA" nota-se que Emília Monteiro, teve um carinho muito especiaal na escolha das músicas. Tem músicas do Rio de janeiro, São Paulo, Minas, Brasília, Pará e Amapá. Vejam que mistura louca, muito louca, muito louca, fazendo todo nós ao ouvirmos o CD, tremer, tremer, tremer com muito jambu do Amapá. Eu já a vi no palco. Ela tem uma presença fora de serie. Tem um carisma impar.

Rayssa A. Barros disse...

Eu ainda não conheço a Emília Monteiro...Ouvi falar de seu trabalho pelas mãos de meu marido que trabalha numa emissora de rádio aqui de Macapá.... ele me deu um CD dela para eu ouvir sempre que pegasse a estrada para trabalhar e ao ouví-lo pela primeira vez, me apaixonei pelas músicas... hoje não há um dia em que eu não escute pelo menos uma música daquele CD (geralmente escuto todas e várias vezes....fiquei viciada...haha), contudo, a minha música favorita é a faixa 2: Veneno de cobra...gosto do ritmo e dos arranjos... Desejo muito sucesso para a Emília e espero que em breve ela possa participar ao vivo do meu programa de rádio: "Natureza em Foco", que é exibido ao vivo todos os domingos, ás 08:30h (horário do norte e não de Brasília, pelo saojosefm.com.br