Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Aos 21 anos, 'Subversões' repõe o humor corrosivo em cena, na métrica

Resenha de espetáculo musical
Título: Subversões 21
Direção: Stella Miranda
Elenco: Aloisio de Abreu, Luis Salém e Márcia Cabrita
Versões: Aloisio de Abreu e Luis Salém
Cotação: * * * *
Em cartaz no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro, até 23 de fevereiro de 2011
Apresentações às terças-feiras e quartas-feiras, às 21h30m. Ingressos a R$ 60

Cult em maio de 1990, quando entrou em cena pela primeira vez nas madrugadas undergrounds da extinta boate carioca Crepúsculo de Cubatão, o espetáculo Subversões é herdeiro do humor cáustico do besteirol, gênero que deu leveza e popularidade ao teatro do Rio de Janeiro (RJ) na década de 80. Passados 21 anos, o espetáculo ganha sua sexta montagem e repõe em cena seu humor corrosivo, deliciosamente abusado e politicamente incorreto. Com título que alude aos 21 anos de sua estreia, Subversões 21 remonta a formação clássica do espetáculo - Aloisio Abreu, Luis Salém e Márcia Cabrita - e preserva sua fórmula original, calcada em (sub)versões de sucessos musicais, geralmente da MPB. Assinadas por Aloisio e Salém, as (sub)versões são feitas com habilidade, respeitando a métrica das composições. Pizzaria Guanabara, por exemplo, clássico que o trio rebobina no roteiro de Subversões 21, tem versos hilários encaixados na melodia de O Estrangeiro (Caetano Veloso, 1989) - no caso, com humor cheio de referências, algumas entendidas somente por quem frequenta ou conhece a fama da famosa pizzaria que abriga boemios e artistas. Das novas (sub)versões, Vai Pastar (Vai Passar, Chico Buarque e Francis Hime, 1982) é um dos destaques por conta dos versos que satirizam a indústria das celebridades sem atravessar o samba. Mas vale ressaltar também Eu Não Lembro (Manhãs de Setembro, Vanusa e Mário Campanha, 1973). Com direito a uma peruca loura, Márcia Cabrita provoca risos ao encarnar uma Vanusa esquecida que põe até versos do Hino Nacional Brasileiro na melodia de seu hit. É claro que nem sempre o humor funciona. Tarja Preta (Tieta, Caetano Veloso, 1996) resultou aquém da habilidade da dupla de versionistas. Samba-reggae por samba-reggae, Bundalada - antiga versão de Nossa Gente (Avisa Lá), hit do Olodum - continua imbatível. Com autorreferentes números de abertura e encerramento (as versões de ...E o Mundo Não se Acabou, We Are the World e, no bis, Se Você Pensa), Subversões 21 diverte porque expõe visão crítica de fatos e comportamentos sem o compromisso de ser político. Somente a letra sob a bissexualidade encaixada na melodia de Tempos Modernos (Lulu Santos, 1981) já vale uma ida ao Teatro dos Quatro, onde o espetáculo vai ficar em cartaz até 23 fevereiro, sempre às terças e quartas-feiras. O riso é garantido. Conhecedora dos códigos do besteirol, a diretora Stella Miranda valoriza os números de plateia, feitos separadamente pelo trio de atores, entre uma e outra (sub)versão. Sem renegar seu passado, de onde resgata pérolas como Meu Nome É Creuza (O Amor e o Poder), o espetáculo Subversões entra na maioridade com frescor adolescente. Dez! 

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Cult em maio de 1990, quando entrou em cena pela primeira vez nas madrugadas undergrounds da extinta boate carioca Crepúsculo de Cubatão, o espetáculo Subversões é herdeiro do humor cáustico do besteirol, gênero que deu leveza e popularidade ao teatro do Rio de Janeiro (RJ) na década de 80. Passados 21 anos, o espetáculo ganha sua sexta montagem e repõe em cena seu humor corrosivo, deliciosamente abusado e politicamente incorreto. Com título que alude aos 21 anos de sua estreia, Subversões 21 remonta a formação clássica do espetáculo - Aloisio Abreu, Luis Salém e Márcia Cabrita - e preserva sua fórmula original, calcada em (sub)versões de sucessos musicais, geralmente da MPB. Assinadas por Aloisio e Salém, as (sub)versões são feitas com habilidade, respeitando a métrica das composições. Pizzaria Guanabara, por exemplo, clássico que o trio rebobina no roteiro de Subversões 21, tem versos hilários encaixados na melodia de O Estrangeiro (Caetano Veloso, 1989) - no caso, com humor cheio de referências, algumas entendidas somente por quem frequenta ou conhece a fama da famosa pizzaria que abriga boemios e artistas. Das novas (sub)versões, Vai Pastar (Vai Passar, Chico Buarque e Francis Hime, 1982) é um dos destaques por conta dos versos que satirizam a indústria das celebridades sem atravessar o samba. Mas vale ressaltar também Eu Não Lembro (Manhãs de Setembro, Vanusa e Mário Campanha, 1973). Com direito a uma peruca loura, Márcia Cabrita provoca risos ao encarnar uma Vanusa esquecida que põe até versos do Hino Nacional Brasileiro na melodia de seu hit. É claro que nem sempre o humor funciona. Tarja Preta (Tieta, Caetano Veloso, 1996) resultou aquém da habilidade da dupla de versionistas. Samba-reggae por samba-reggae, Bundalada - antiga versão de Nossa Gente (Avisa Lá), hit do Olodum - continua imbatível. Com autorreferentes números de abertura e encerramento (as versões de ...E o Mundo Não se Acabou, We Are the World e, no bis, Se Você Pensa), Subversões 21 diverte porque expõe visão crítica de fatos e comportamentos sem o compromisso de ser político. Somente a letra sob a bissexualidade encaixada na melodia de Tempos Modernos (Lulu Santos, 1981) já vale uma ida ao Teatro dos Quatro, onde o espetáculo vai ficar em cartaz até 23 fevereiro, sempre às terças e quartas-feiras. O riso é garantido. Conhecedora dos códigos do besteirol, a diretora Stella Miranda valoriza os números de plateia, feitos separadamente pelo trio de atores, entre uma e outra (sub)versão. Sem renegar seu passado, de onde resgata pérolas como Meu Nome É Creuza (O Amor e o Poder), o espetáculo Subversões entra na maioridade com frescor adolescente. Dez!

Felipe Grilo disse...

Meu Nome é Creuza é ótima, até a Rosana já cantou com o Luis e o Aloisio:

"Meu nome é Creuza, só ando de trem."

haha Clássico!