Mauro Ferreira no G1

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sábado, 11 de julho de 2015

Lafayette & Tremendões evocam Jovem Guarda com safra de 'Nova Guarda'

Resenha de CD
Título: A Nova Guarda de Lafayette & Os Tremendões
Artista: Lafayette & Os Tremendões
Gravadora: Discobertas
Cotação: * * *

O grande mérito do segundo álbum de Lafayette & Os Tremendões - grupo criado no Rio de Janeiro (RJ) em 2004 em torno da lendária figura do tecladista e organista carioca Lafayette Coelho Vargas Limp - é apresentar um repertório inédito e autoral que consegue evocar o universo da Jovem Guarda, musa inspiradora da existência do grupo. O pomposo título do disco, A Nova Guarda de Lafayette & Os Tremendões, insinua a proposta de um movimento seguidor das jovens tardes de domingo comandadas por Roberto Carlos há 50 anos. Mas tudo fica na intenção. Até porque nenhuma das dez inéditas do disco - produzido por Berna Ceppas e Renato Martins para o selo Discobertas, do pesquisador musical Marcelo Fróes, entusiasta da Jovem Guarda - tem cacife para se tornar um sucesso popular como as canções simples (às vezes até simplórias) e eficazes que formavam o repertório da Jovem Guarda (cancioneiro sustentado pela parceria magistral de Roberto Carlos e Erasmo Carlos). Lafayette & Os Tremendões são, na atual formação, Lafayette (teclados), Renato Martins (guitarra e voz), Melvin Ribeiro (baixo e voz), Nervoso (guitarra e voz), Gabriel Thomaz (guitarra e voz), Érika Martins (voz) e Raphael Miranda (bateria). Renato Martins é o principal compositor do grupo, seguido de Nervoso, seu parceiro em Só verão, uma das músicas que mais parecem reanimar o espírito da Jovem Guarda. Sozinho, Martins assina cinco das dez inéditas do CD. Vai bem em Eu tenho mil garotas (música cantada pelo próprio compositor) e em Tem quem quer (canção solada por Érika Martins, única mulher de um grupo essencialmente masculino, como se fosse a Wanderléa de Lafayette & Os Tremendões). Essas duas músicas foram feitas dentro do clima e do universo temático da Jovem Guarda. Em contrapartida, ainda que o disco tenha sido feito com a missão de (também) atualizar esse universo, Martins sai do tom com o carimbó Deixa que eu deixo, faixa que nada tem a ver com o iê-iê-iê essencialmente pueril e romântico da turma da Jovem Guarda. De todo modo, o toque dos teclados de Lafayette - marca registrada da maioria dos discos da Jovem Guarda - contribui para remeter o ouvinte ao som daquelas tardes dominicais. O som de Lafayette sobressai em músicas como Não vale mais nada (Gabriel Thomaz) e no tema instrumental que abre e batiza o CD, A Nova Guarda de Lafayette & Os Tremendões (Nervoso). Encerrado com música de Marcelo Callado, Decisão, o disco exala melancolia em Te vejo nos meus sonhos (Renato Martins) e em As canções da minha idade, tema em que seu compositor e intérprete Nervoso alude às músicas da Jovem Guarda com nostalgia reflexiva e a certeza tristonha de que aqueles tempos de juventude e ingenuidade não voltam mais.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

♪ O grande mérito do segundo álbum de Lafayette & Os Tremendões - grupo criado no Rio de Janeiro (RJ) em 2004 em torno da lendária figura do tecladista e organista carioca Lafayette Coelho Vargas Limp - é apresentar um repertório inédito e autoral que consegue evocar o universo da Jovem Guarda, musa inspiradora da existência do grupo. O pomposo título do disco, A Nova Guarda de Lafayette & Os Tremendões, insinua a proposta de um movimento seguidor das jovens tardes de domingo comandadas por Roberto Carlos há 50 anos. Mas tudo fica na intenção. Até porque nenhuma das dez inéditas do disco - produzido por Berna Ceppas e Renato Martins para o selo Discobertas, do pesquisador musical Marcelo Fróes, entusiasta da Jovem Guarda - tem cacife para se tornar um sucesso popular como as canções simples (às vezes até simplórias) e eficazes que formavam o repertório da Jovem Guarda (cancioneiro sustentado pela parceria magistral de Roberto Carlos e Erasmo Carlos). Lafayette & Os Tremendões são, na atual formação, Lafayette (teclados), Renato Martins (guitarra e voz), Melvin Ribeiro (baixo e voz), Nervoso (guitarra e voz), Gabriel Thomaz (guitarra e voz), Érika Martins (voz) e Raphael Miranda (bateria). Renato Martins é o principal compositor do grupo, seguido de Nervoso, seu parceiro em Só verão, uma das músicas que mais parecem reanimar o espírito da Jovem Guarda. Sozinho, Martins assina cinco das dez inéditas do CD. Vai bem em Eu tenho mil garotas (música cantada pelo próprio compositor) e em Tem quem quer (canção solada por Érika Martins, única mulher de um grupo essencialmente masculino, como se fosse a Wanderléa de Lafayette & Os Tremendões). Essas duas músicas foram feitas dentro do clima e do universo temático da Jovem Guarda. Em contrapartida, ainda que o disco tenha sido feito com a missão de (também) atualizar esse universo, Martins sai do tom com o carimbó Deixa que eu deixo, faixa que nada tem a ver com o iê-iê-iê essencialmente pueril e romântico da turma da Jovem Guarda. De todo modo, o toque dos teclados de Lafayette - marca registrada da maioria dos discos da Jovem Guarda - contribui para remeter o ouvinte ao som daquelas tardes dominicais. O som de Lafayette sobressai em músicas como Não vale mais nada (Gabriel Thomaz) e no tema instrumental que abre e batiza o CD, A Nova Guarda de Lafayette & Os Tremendões (Nervoso). Encerrado com música de Marcelo Callado, Decisão, o disco exala melancolia em Te vejo nos meus sonhos (Renato Martins) e em As canções da minha idade, tema em que seu compositor e intérprete Nervoso alude às músicas da Jovem Guarda com nostalgia reflexiva e a certeza tristonha de que aqueles tempos de juventude e ingenuidade não voltam mais.