Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Kravitz celebra interação racial em grande CD que evoca som da Motown

Resenha de CD
Título: Black and White America
Artista: Lenny Kravitz
Gravadora: Roadrunner Records / Warner Music
Cotação: * * * * 1/2

Black and White America é um dos melhores álbuns de Lenny Kravitz e de 2011. Após (bom) disco voltado para o rock, It's Time for a Love Revolution (2008), o cantor e compositor norte-americano se reconecta ao som mais funkeado de seus primeiros CDs. Talvez estimulado por estar estreando na Roadrunner Records, o artista recuperou o vigor dos áureos tempos. A inspiração para o disco veio de documentário sobre o racismo nos Estados Unidos da era Obama. Em síntese, Black and White America celebra e propaga a interação racial, em especial na faixa-título. Black and White America abre o disco e expõe de cara um som embebido em funk e soul que evoca o balanço da Motown, em especial o suingue  negro de Marvin Gaye (1939 - 1984). É esse balanço que pauta faixas como In the Black. Mas Kravitz adiciona rock a esse coquetel de funk e soul. Come on Get It tem pegada roqueira que se ajusta ao espírito do álbum. Rock Star City Life  também tem a vibe do rock, mas em sua face mais pop. Mas Black and White America é, em essência, um disco de funk e soul. A alma do soul está em baladas como Liquid Jesus e Superlove (faixa repleta de sensualidade, tônica também da romântica I Can't Be Without You). Outra ótima canção, Stand, ratifica a inspiração que norteia um álbum que reflete sobre o presente com um som orgânico enraizado no passado musical da miscigenada América. Kravitz não apresenta um disco que possa ser chamado de moderno. Até o rap - posto com propriedade por Jay-Z em Boongie Drop - tem o que dizer em Black and White America, não estando ali somente para conectar o artista ao gênero que dita modas e costumes no mercado norte-americano (e não é por acaso que Black and White America se saiu melhor nas paradas europeias do que nas dos EUA). Neste seu nono álbum de estúdio, Kravitz se realimenta do passado sem perder a fé no futuro. Black and White America jorra esperança através dos versos de The Faith of a Child e celebra a própria vida em Life Ain't Ever Been Better com alta dose de espiritualidade e fé em Deus. Enfim, um grande disco como talvez ninguém pensasse que Kravitz fosse mais capaz de fazer.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Black and White America é um dos melhores álbuns de Lenny Kravitz e de 2011. Após (bom) disco voltado para o rock, It's Time for a Love Revolution (2008), o cantor e compositor norte-americano se reconecta ao som mais funkeado de seus primeiros CDs. Talvez estimulado por estar estreando na Roadrunner Records, o artista recuperou o vigor dos áureos tempos. A inspiração para o disco veio de documentário sobre o racismo nos Estados Unidos da era Obama. Em síntese, Black and White America celebra e propaga a interação racial, em especial na faixa-título. Black and White America abre o disco e expõe de cara um som embebido em funk e soul que evoca o balanço da Motown, em especial o suingue negro de Marvin Gaye (1939 - 1984). É esse balanço que pauta faixas como In the Black. Mas Kravitz adiciona rock a esse coquetel de funk e soul. Come on Get It tem pegada roqueira que se ajusta ao espírito do álbum. Rock Star City Life também tem a vibe do rock, mas em sua face mais pop. Mas Black and White America é, em essência, um disco de funk e soul. A alma do soul está em baladas como Liquid Jesus e Superlove (faixa repleta de sensualidade, tônica também da romântica I Can't Be Without You). Outra canção, Stand, ratifica a inspiração que norteia um álbum que reflete sobre o presente com um som orgânico enraizado no passado musical da miscigenada América. Kravitz não apresenta um disco que possa ser chamado de moderno. Até o rap - posto com propriedade por Jay-Z em Boongie Drop - tem o que dizer em Black and White America, não estando ali somente para conectar o artista ao gênero que dita modas e costumes no mercado norte-americano (e não é por acaso que Black and White America se saiu melhor nas paradas europeias do que nas dos EUA). Neste seu nono álbum de estúdio, Kravitz se realimenta do passado sem perder a fé no futuro. Black and White America jorra esperança através dos versos de The Faith of a Child e celebra a própria vida em Life Ain't Ever Been Better com alta dose de espiritualidade e fé em Deus. Enfim, um grande disco como talvez ninguém pensasse que Kravitz fosse mais capaz de fazer.

Luca disse...

a capa é muito interessante mas não sei se ainda tenho disposição pra encarar um disco do Lenny

Felipe dos Santos Souza disse...

Eu não ouvi o disco ainda.

Mas é bom saber que puxa mais para o funk. Lenny se sai melhor nesse estilo, faz coisas mais ousadas e menos enjoativas.

Por exemplo: "Always on the run" não é enjoativa. "Fly Away" é. "It ain't over 'til it's over" não é enjoativa. "American Woman" é.

Sem contar as baladas de amor que estouram no rádio - sim, me refiro a "Again" e "Calling all angels". Não me descem.

Enfim, bom ver um cidadão usando de coisas mais sacolejantes - não "falsamente sacolejantes" como 99 por cento do que faz sucesso nos Estados Unidos.

Felipe dos Santos Souza