Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Disco reflexivo, 'Innocents' expõe a solidão (bem) acompanhada de Moby

Resenha de CD
Título: Innocents
Artista: Moby
Gravadora: Little Idiot / Mute / Lab 344
Cotação: * * * 1/2

Ao gravar seu 11º álbum de estúdio, Innocents, Moby - nome artístico do DJ, músico e compositor norte-americano Richard Melville Hall - recorreu ao produtor Mark Spike Stent para ajudá-lo a dar forma às 12 músicas do repertório inédito. De todo modo,  a assinatura de Moby continua tão forte - delineada com nitidez nas bases, nos climas, nas melodias e nas vozes ouvidas ao longo das 12 músicas deste disco que versa sobre a vulnerabilidade humana com eventual suntuosidade - que fica difícil identificar a real contribuição de Stent em Innocents. Moby vem alternando álbuns elétricos moldados para a pista, caso de Last night (2008), e discos de natureza mais íntima e reflexiva, casos de Wait for me (2009). Como o anterior Destroyed (2011), trabalho gestado em madrugadas solitárias em quartos de hotéis e salas de aeroporto, Innocents se enquadra mais na segunda categoria sem bisar a coesão de seu antecessor. Há músicas realmente bonitas em Innocents, com menções honrosas para Everything that rises e para a climática Going wrong. Em contrapartida, temas de arquitetura bem menos sedutora como Don't love me - faixa em que se impõe a voz da cantora norte-americana Inyang Bassey (colaboradora de Moby já no álbum anterior Destroyed) -  e A long time expõem a irregularidade do repertório. Mesmo assim, o saldo é positivo. A grandiosidade do coro que encorpa a bela The perfect life - uma das joias de Innocents, lapidada no disco com a participação de Wayne Coyne (cantor e guitarrista do grupo norte-americano The Flaming Lips) em gravação propagada no Brasil em escala nacional na trilha sonora da novela Amor à vida (TV Globo, 2013) - remete à obra-prima fonográfica de Moby, Play (1999), álbum também evocado nas vozes de Saints e na forte presença feminina da cantora canadense (radicada na Inglaterra) Cold Specks, convidada de A case for shame e de Tell me. Repleto de participações, Innocents traz também o cantor norte-americano Mark Lenegan. Associado à cena roqueira de Seattle (EUA), Lenegan acentua com seus vocais roucos a melancolia embutida em The lonely night, outro ponto alto do CD. Enfim, mesmo ao lado de tantos colaboradores e de um coprodutor, Moby parece manter sua criação sob rédea curta, permanecendo imerso em sua solidão reflexiva, fonte de inspiração para a beleza de Innocents.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Ao gravar seu 11º álbum de estúdio, Innocents, Moby - nome artístico do DJ, músico e compositor norte-americano Richard Melville Hall - recorreu ao produtor Mark Spike Stent para ajudá-lo a dar forma às 12 músicas do repertório inédito. De todo modo, a assinatura de Moby continua tão forte - delineada com nitidez nas bases, nos climas, nas melodias e nas vozes ouvidas ao longo das 12 músicas deste disco que versa sobre a vulnerabilidade humana com eventual suntuosidade - que fica difícil identificar a real contribuição de Stent em Innocents. Moby vem alternando álbuns elétricos moldados para a pista, caso de Last night (2008), e discos de natureza mais íntima e reflexiva, casos de Wait for me (2009). Como o anterior Destroyed (2011), trabalho gestado em madrugadas solitárias em quartos de hotéis e salas de aeroporto, Innocents se enquadra mais na segunda categoria sem bisar a coesão de seu antecessor. Há músicas realmente bonitas em Innocents, com menções honrosas para Everything that rises e para a climática Going wrong. Em contrapartida, temas de arquitetura bem menos sedutora como Don't love me - faixa em que se impõe a voz da cantora norte-americana Inyang Bassey (colaboradora de Moby já no álbum anterior Destroyed) - e A long time expõem a irregularidade do repertório. Mesmo assim, o saldo é positivo. A grandiosidade do coro que encorpa a bela The perfect life - uma das joias de Innocents, lapidada no disco com a participação de Wayne Coyne (cantor e guitarrista do grupo norte-americano The Flaming Lips) em gravação propagada no Brasil em escala nacional na trilha sonora da novela Amor à vida (TV Globo, 2013) - remete à obra-prima fonográfica de Moby, Play (1999), álbum também evocado nas vozes de Saints e na forte presença feminina da cantora canadense (radicada na Inglaterra) Cold Specks, convidada de A case for shame e de Tell me. Repleto de participações, Innocents traz também o cantor norte-americano Mark Lenegan. Associado à cena roqueira de Seattle (EUA), Lenegan acentua com seus vocais roucos a melancolia embutida em The lonely night, outro ponto alto do CD. Enfim, mesmo ao lado de tantos colaboradores e de um coprodutor, Moby parece manter sua criação sob rédea curta, permanecendo imerso em sua solidão reflexiva, fonte de inspiração para a beleza de Innocents.