Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Clarkson dá cor a 'Wrapped in red' quando festeja o Natal além do óbvio

Resenha de CD
Título: Wrapped in red
Artista: Kelly Clarkson
Gravadora: RCA Records / Sony Music
Cotação: * * * 

Sem resistir à tentação de incluir White Christmas (Irving Berling, 1942) em seu primeiro disco natalino, Kelly Clarkson apresenta a sua abordagem da sublime canção em Wrapped in red, CD produzido por Greg Kurstin. Por mais que a cantora norte-americana tenha comprovados dotes vocais, White Christmas fica sem colorido e emoção especial na gravação meramente correta de Clarkson. O sexto álbum da artista ganha cor quando Clarkson vai além do óbvio ao festejar o Natal. Ir além do óbvio, no caso dessa cantora, pode significar baixar seus tons normalmente altos para interpretar Have yourself a merry little Christmas (Ralph Blane e Hugh Martin, 1944) no tempo da delicadeza do arranjo orquestral que evita sabiamente a opulência - ainda que, ao fim da faixa, Clarkson quase estrague a gravação ao elevar a voz por breve instante, sem necessidade. Fugir do óbvio também significa (tentar) renovar o cancioneiro natalino - o que a compositora procurou fazer ao inserir cinco inéditas autorais entre os standards de Wrapped in red. As novidades são 4 carats (Kelly Clarkson, Greg Kurstin, Cathy Dennis e Olivia Waithe), Every Christmas (Kelly Clarkson e Aben Eubanks) Underneath the tree (Kelly Clarkson e Greg Kurstin), Winter Christmas (Kelly Clarkson, Ashley Arrison e Aben Eubanks) e a música-título Wrapped in red (Kelly Clarkson, Ashley Arrison, Aben Eubanks e Shane McAnally). Por sua animação, Underneath the tree se diferencia da safra, abordando o Natal com alegria. Já Every Christmas serve de veículo para o exibicionismo vocal da cantora - realçado pela grandiloquência da moldura orquestral do arranjo, que embute coro gospel - enquanto 4 carats abusa das programações eletrônicas. Clarkson surpreende mais quando festeja o Natal ao som do blues, ritmo de Please, come home for Christmas (Bells wil be ringing) (Charles Brown e Gene Redd, 1960), de Blue Christmas (Billy Hayes e Jay W. Johnson, 1964) e de Run, Rudolph, run (Johnny Marks e Marvin Brodie, 1958), tema turbinado com pulsação roqueira que evoca o som do cantor norte-americano Chuck Berry, intérprete original deste blues de espírito rock'n'roll. Como é praxe em discos do gênero, Wrapped in red reúne também alguns convidados. As cantoras norte-americanas Reba McEntire e Trisha Yearwood se afinam com Clarkson no tom solene de Silent night (Franz Xaver Gruber e Joseph Mohr, 1818). Já o cantor norte-americano de country Ronnie Dunn entra em Baby, it's cold outside (Frank Löesser, 1948), fazendo dueto que resulta frio. Enfim, o colorido de Wrapped in red oscila, evidenciando por vezes uma carência de emoção real, tanto nas abordagens dos clássicos como na criação das inéditas, mas o disco vai contentar os fiéis fãs de Kelly Clarkson.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Sem resistir à tentação de incluir White Christmas (Irving Berling, 1942) em seu primeiro disco natalino, Kelly Clarkson apresenta a sua abordagem da sublime canção em Wrapped in red, CD produzido por Greg Kurstin. Por mais que a cantora norte-americana tenha comprovados dotes vocais, White Christmas fica sem colorido e emoção especial na gravação meramente correta de Clarkson. O sexto álbum da artista ganha cor quando Clarkson vai além do óbvio ao festejar o Natal. Ir além do óbvio, no caso dessa cantora, pode significar baixar seus tons normalmente altos para interpretar Have yourself a merry little Christmas (Ralph Blane e Hugh Martin, 1944) no tempo da delicadeza do arranjo orquestral que evita sabiamente a opulência - ainda que, ao fim da faixa, Clarkson quase estrague a gravação ao elevar a voz por breve instante, sem necessidade. Fugir do óbvio também significa (tentar) renovar o cancioneiro natalino - o que a compositora procurou fazer ao inserir cinco inéditas autorais entre os standards de Wrapped in red. As novidades são 4 carats (Kelly Clarkson, Greg Kurstin, Cathy Dennis e Olivia Waithe), Every Christmas (Kelly Clarkson e Aben Eubanks) Underneath the tree (Kelly Clarkson e Greg Kurstin), Winter Christmas (Kelly Clarkson, Ashley Arrison e Aben Eubanks) e a música-título Wrapped in red (Kelly Clarkson, Ashley Arrison, Aben Eubanks e Shane McAnally). Por sua animação, Underneath the tree se diferencia da safra, abordando o Natal com alegria. Já Every Christmas serve de veículo para o exibicionismo vocal da cantora - realçado pela grandiloquência da moldura orquestral do arranjo, que embute coro gospel - enquanto 4 carats abusa das programações eletrônicas. Clarkson surpreende mais quando festeja o Natal ao som do blues, ritmo de Please, come home for Christmas (Bells wil be ringing) (Charles Brown e Gene Redd, 1960), de Blue Christmas (Billy Hayes e Jay W. Johnson, 1964) e de Run, Rudolph, run (Johnny Marks e Marvin Brodie, 1958), tema turbinado com pulsação roqueira que evoca o som do cantor norte-americano Chuck Berry, intérprete original deste blues de espírito rock'n'roll. Como é praxe em discos do gênero, Wrapped in red reúne também alguns convidados. As cantoras norte-americanas Reba McEntire e Trisha Yearwood se afinam com Clarkson no tom solene de Silent night (Franz Xaver Gruber e Joseph Mohr, 1818). Já o cantor norte-americano de country Ronnie Dunn entra em Baby, it's cold outside (Frank Löesser, 1948), fazendo dueto que resulta frio. Enfim, o colorido de Wrapped in red oscila, evidenciando por vezes uma carência de emoção real, tanto nas abordagens dos clássicos como na criação das inéditas, mas o disco vai contentar os fiéis fãs de Kelly Clarkson.