Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Mais de Reed do que do Metallica, 'Lulu' pesa a mão na experimentação

Resenha de CD
Título: Lulu
Artista: Lou Reed e Metallica
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * *

É possível identificar o d.n.a. instrumental do Metallica em The View, single que antecipou em setembro Lulu, primeiro álbum gravado pelo cantor e compositor Lou Reed com o grupo norte-americano de heavy metal. As guitarras em fúria que turbinam algumas partes de Dragon e a pegada do rock Iced Honey também sinalizam que, por trás de Lulu, há um grupo de rock pesado e que este grupo é o de Lars Ulrich, James Hetfield, Kirk Hammett e Robert Trujillo. Mas - que ninguém se engane - o álbum duplo é um trabalho que tem mais a alma (sombria) de Reed do que o peso do Metallica. Lançado oficialmente nesta segunda-feira, 31 de outubro de 2011, Lulu é disco conceitual, uma ópera-rock que evoca o art rock do artista projetado no Velvet Underground. Afinal, o embrião do projeto são as letras escritas por Reed para musical (nunca encenado de fato) inspirado em duas peças expressionistas do dramaturgo alemão Benjamin Franklin Wedekind. Lulu, a personagem-título, habita submundo de sombras, sexo e violência. É em torno desse universo - recorrente na obra de Reed - que gravita Lulu. A questão é que o disco pesa a mão na experimentação. Ruídos e estranhezas pautam o disco, que precisou ser duplo - embora totalize somente dez músicas - porque algumas faixas resultaram longas. Junior Dad, por exemplo, tem 19 minutos e 29 segundos. Pumping Blood dura menos - sete minutos e 24 segundos - mas é exemplo do alto teor de experimentação de Lulu. O canto meio falado de Reed - autor solitário das letras, mas parceiro dos músicos do Metallica na criação das músicas - contribui para distanciar Lulu do universo do grupo. De difícil digestão, Lulu é obra de arte feita sem concessões aos metaleiros. Temas como Bradenburg Gate, Cheat on me, Frustration e Little Dog estão no disco para contar uma história, como se fossem movimentos de uma suíte. Há beleza e excessos em Lulu, mas é preciso reconhecer o mérito de disco épico que foge da mesmice que impera no universo pop.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

É possível identificar o d.n.a. instrumental do Metallica em The View, single que antecipou em setembro Lulu, primeiro álbum gravado pelo cantor e compositor Lou Reed com o grupo norte-americano de heavy metal. As guitarras em fúria que turbinam algumas partes de Dragon e a pegada do rock Iced Honey também sinalizam que, por trás de Lulu, há um grupo de rock pesado e que este grupo é o de Lars Ulrich, James Hetfield, Kirk Hammett e Robert Trujillo. Mas - que ninguém se engane - o álbum duplo é um trabalho que tem mais a alma (sombria) de Reed do que o peso do Metallica. Lançado oficialmente nesta segunda-feira, 31 de outubro de 2011, Lulu é disco conceitual, uma ópera-rock que evoca o art rock do artista projetado no Velvet Underground. Afinal, o embrião do projeto são as letras escritas por Reed para musical (nunca encenado de fato) inspirado em duas peças expressionistas do dramaturgo alemão Benjamin Franklin Wedekind. Lulu, a personagem-título, habita submundo de sombras, sexo e violência. É em torno desse universo - recorrente na obra de Reed - que gravita Lulu. A questão é que o disco pesa a mão na experimentação. Ruídos e estranhezas pautam o disco, que precisou ser duplo - embora totalize somente dez músicas - porque algumas faixas resultaram longas. Junior Dad, por exemplo, tem 19 minutos e 29 segundos. Pumping Blood dura menos - sete minutos e 24 segundos - mas é exemplo do alto teor de experimentação de Lulu. O canto meio falado de Reed - autor solitário das letras, mas parceiro dos músicos do Metallica na criação das músicas - contribui para distanciar Lulu do universo do grupo. De difícil digestão, Lulu é obra de arte feita sem concessões aos metaleiros. Temas como Bradenburg Gate, Cheat on me, Frustration e Little Dog estão no disco para contar uma história, como se fossem movimentos de uma suíte. Há beleza e excessos em Lulu, mas é preciso reconhecer o mérito de disco épico que foge da mesmice que impera no universo pop.