Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


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domingo, 20 de março de 2016

Samba nobre de Zélia se aquece e contagia o Rio em noite e 'lugar de alegria'

Resenha de show
Título: Antes do mundo acabar
Artista: Zélia Duncan (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 20 de março de 2016
Cotação: * * * * *

"O samba é o lugar da alegria", sentenciou Zélia Duncan logo no começo da primeira apresentação carioca do show Antes do mundo acabar, iniciada já aos primeiros minutos deste domingo, 20 de março de 2016. A cantora estava sob a lona do Circo Voador, uma das casas de shows que mais abriga a alegria do público carioca na cidade do Rio de Janeiro (RJ). E o fato é o que samba já em si nobre de Zélia ganhou calor em apresentação contagiante que honrou o repertório do primeiro álbum de sambas da cantora e compositora fluminense, Antes do mundo acabar (Biscoito Fino, 2015), disco irretocável em que Zélia abriu parcerias com sambistas consagrados nas rodas do Rio como Arlindo Cruz e Xande de Pilares Já na abertura da apresentação, Destino tem razão (2015) - um dos três sambas feitos por Zélia com Xande, que apareceu de surpresa no bis para o apoteótico fecho coletivo com Samba de arerê (Xande de Pilares, Arlindo Cruz e Mauro Júnior, 1999), número que reuniu a anfitriã e todos os convidados da estreia carioca do show - sinalizou que a noite seria festiva, mágica, e transcorreria em alto astral. O público cantou sambas como Eu mudei (Bia Paes Leme e Zélia Duncan, 2015) juntamente com Zélia, como se estivesse numa roda. Eu mudei, a propósito, é a prova de que a cantora conseguiu emular as melhores tradições do samba carioca na produção autoral do disco produzido por Bia Paes Leme com arranjos do violonista Marco Pereira. Segura nessa roda, pela presença de músicos tarimbados como os percussionistas Pretinho da Serrinha e Thiago da Serrinha, Zélia cantou todos os 14 sambas da edição física em CD de Antes do mundo acabar, recebeu parceiros do repertório para duetos - Ana Costa, Pedro Luís e Zeca Baleiro foram os convidados - e reviveu sambas que já havia gravado na discografia iniciada em 1990. Reentraram na roda de Zélia pérolas como Na hora da sede (Luiz Américo e Braguinha, 1974), samba gravado pela cantora com o tempero do Trio Mocotó no álbum Sortimento (Universal Music, 2001), porém mais associado à voz ancestral da cantora fluminense Clementina de Jesus (1901 - 1987), elo do Brasil com a matriz africana. Outro achado foi Nega manhosa (Herivelto Martins, 1957), samba lançado na voz imponente do cantor gaúcho Nelson Gonçalves (1919 - 1998) e revivido por Zélia no álbum, Eu me transformo em outras (Duncan Discos, 2004), que a pôs na linha de frente da música brasileira. Nesse bloco inicial, o show Antes do mundo acabar foi pautado pela extroversão de sambas como Por que você não me convida agora? (Riachão, 2013), incursão da cantora na roda baiana. Expansiva, visivelmente encorajada pela imediata adesão calorosa do público, Zélia Duncan cantou e sambou como se estivesse no fundo de frondoso quintal, saboreando frutos colhidos para o disco, como a primeira parceria com o bamba Arlindo Cruz, Dormiu, mas acordou (2005), samba de refrão forte que descende da linhagem da turma pagodeira revelada na década de 1980 nas rodas armadas na quadra do bloco Cacique de Ramos. Contudo, o show extrapolou fronteiras, rodas e panelas, transitando por outras rotas. Precedido pela récita dos versos escritos por Tom Zé para a letra de O riso e a faca (Tom Zé, 1970), - joia composta pelo tropicalista baiano com o carioca Elton Medeiros - ficou entre o samba e o choro, muito pelo toque virtuoso do bandolim de Pedro Franco. Houve também espaço para a delicadeza poética de Alameda de sonho (Ana Costa e Zélia Duncan, 2015) e para o groove funkeado de Cabelo duro (2004), samba do vanguardista paulistano Itamar Assumpção (1949 - 2003), lembrado também com outro samba de 2004, Leonor, cantado em espirituoso dueto com Ana Costa, que entrara em cena no número anterior para cantar um samba do disco, Pra quem sabe amar (2015), parceria de Zélia com a própria Ana. A participação vivaz de Ana Costa esteve em sintonia com o espírito festivo da apresentação. Primeiro convidado a pisar no palco do Circo Voador, Zeca Baleiro entrou sorrateiro, sem ser anunciado, no meio de Antes do mundo acabar (2015), o samba que compôs com Zélia e que deu título ao álbum de 2015 e ao show deste ano de 2016. Cheio de dengo e ginga, Baleiro também enveredou com Zélia pelas quebradas de Disritmia (Martinho da Vila, 1974). Em lugar e noite de alegria, a anfitriã deu a voz grave - sempre afinada, no tom certo - a Quisera eu (2005), o surpreendente samba gerado a partir da primeira e única parceria da artista com Lulu Santos, um dos maiores artesãos do pop nacional. Samba inédito na voz de Zélia, Pela internet (1996) ganhou força e expôs o caráter visionário do compositor Gilberto Gil ao fazer samba que apontou há 20 anos os caminhos que seguiriam seguidos pelo universo pop e pela indústria da música. Feito por Zélia com banda que incluía o violão sete cordas de Domingos Teixeira e o violão de Webster Santos, o show evidenciou também as vozes eficazes de Thiaguinho da Serrinha - responsável por cantar em No meu país (2015) a parte que coube no disco a Xande de Pilares, parceiro de Zélia neste samba que soa como a trilha sonora ideal para o atual momento político do Brasil - e de Pretinho da Serrinha, ouvido em Por água abaixo (2015), samba feito para Zélia por Pretinho com Fred Camachgo e Leandro Fab. Parceria de Zélia com Pedro Luís, convidado do samba, Um final (2015) põe na roda a melancolia afetiva que também brota nos fundos dos quintais. Melancolia que pauta a obra majestosa de Ivone Lara, lembrada com um de seus mais belos sambas, Em cada canto, uma esperança (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1978). Em tom mais interiorizado, mas ainda assim mais expansivo do que a gravação do disco, Vida da minha vida (Moacyr Luz e Sereno, 2010) se insinua como anticlímax que não se concretiza diante do coro do público e da animação que levanta Estação derradeira (Chico Buarque, 1987), outro samba inédito na voz de Zélia. Em noites de fogueiras desvairadas e cidadãos inteiramente loucos, com carradas de razão, ouvir o samba e a batucada da banda de Zélia Duncan em lugar de alegria - como o Circo Voador - aquece a alma e pede passagem para a nobreza dos bambas de cidade em que cada ribanceira pode ser uma nação.

Zélia abre roda no show 'Antes do mundo acabar' e canta Chico, Gil e Itamar

Em dezembro de 1996, em atitude pioneira que vislumbrou o futuro da indústria da música, Gilberto Gil lançou na web single com um samba então inédito de autoria do compositor baiano, Pela internet, cujos versos aludiam ao seminal Pelo telefone (Donga e Mauro de Almeida, 1916), lançado 80 anos antes. Incluído por Gil no álbum duplo Quanta (Warner Music, 1997), Pela internet se conecta bem à voz de Zélia Duncan no roteiro do show Antes do mundo acabar, baseado no homônimo primeiro álbum de sambas da cantora e compositora fluminense. No show, cuja turnê nacional chegou à cidade do Rio de Janeiro (RJ) em apresentação iniciada no Circo Voador aos primeiros segundos deste domingo, 20 de março de 2016, Zélia abriu a roda e, além de cantar as 14 músicas da edição física em CD do álbum Antes do mundo acabar (Biscoito Fino, 2015), deu a encorpada voz grave a sambas como Estação derradeira (Chico Buarque, 1987), até então inédito com a cantora. Em roteiro que abriu espaço para intervenções dos convidados Ana Costa, Pedro Luís e Zeca Baleiro, Zélia também cantou sambas que já gravou ao longo da discografia iniciada em 1990. O compositor paulistano Itamar Assumpção (1949 - 2003) foi duplamente representado no roteiro com Cabelo duro e Leonor, dois sambas lançados postumamente em 2004 no disco gravado por Itamar com o percussionista e compositor Naná Vasconcellos (1944 - 2016), Isso vai dar repercussão (Elo Music, 2004), e registrados por Zélia em 2012 e em 2005, respectivamente. Eis o roteiro seguido em 20 de março de 2016 por Zélia Duncan - em foto de Rodrigo Goffredo - sob a lona do Circo Voador na estreia do show Antes do mundo acabar na cidade do Rio de Janeiro (RJ):

1. Destino tem razão (Xande de Pilares e Zélia Duncan, 2015)
2. Eu mudei (Bia Paes Leme e Zélia Duncan, 2015)
3. Por que você não me convida agora? (Riachão, 2013)
4. Na hora da sede (Luiz Américo e Braguinha, 1974)
5. Nega manhosa (Herivelto Martins, 1957)
6. Dormiu, mas acordou (Arlindo Cruz e Zélia Duncan, 2015)
7. Olha, o dia vem aí (Xande de Pilares e Zélia Duncan, 2015)
8. O riso e a faca (Tom Zé, 1970) / - texto
    Tô (Tom Zé e Elton Medeiros, 1976)
9. Alameda de sonho (Ana Costa e Zélia Duncan, 2015)
10. Cabelo duro (Itamar Assumpção, 2004)
11. Antes do mundo acabar (Zélia Duncan e Zeca Baleiro, 2015) - com Zeca Baleiro
12. Disritmia (Martinho da Vila, 1974) - com Zeca Baleiro
13. Quisera eu (Lulu Santos e Zélia Duncan, 2005)
14. Pra quem sabe amar (Ana Costa e Zélia Duncan, 2015) - com Ana Costa
15. Leonor (Itamar Assumpção, 2004) - com Ana Costa
16. Pela internet (Gilberto Gil, 1996)
17. No meu país (Xande de Pilares e Zélia Duncan, 2015) 
      - com Thiaguinho da Serrinha e citação de O ronco da cuíca (João Bosco e Aldir Blanc, 1975)
18. Por água abaixo (Pretinho da Serrinha, Leandro Fab e Fred Camacho, 2015)
      - com Pretinho da Serrinha
19. Um final (Pedro Luís e Zélia Duncan, 2015) - com Pedro Luís
20. Pintou um bode (Paulinho da Viola, 1989)
21. Em cada canto, uma esperança (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1978)
22. Vida da minha vida (Moacyr Luz e Sereno, 2010)
23. Estação derradeira (Chico Buarque, 1987)
Bis:
24. Samba de arerê (Xande de Pilares, Arlindo Cruz e Mauro Júnior, 1999) - com Ana Costa,
      Pedro Luís, Xande de Pilares e Zeca Baleiro

Zélia cai no 'Samba de arerê' com Ana, Pedro, Xande e Zeca em show no Rio

A IMAGEM DO SOM - A foto de Rodrigo Goffredo mostra o apoteótico bis da estreia carioca do atual show de Zélia Duncan, Antes do mundo acabar, baseado no disco em que a cantora e compositora fluminense canta somente sambas. No arremate de show caloroso, Xande de Pilares - parceiro de Zélia em três das 14 músicas da edição física em CD do álbum Antes do mundo acabar (Biscoito Fino, 2015) - apareceu de surpresa no palco do Circo Voador ao lado dos três convidados oficiais da apresentação iniciada aos primeiros segundos deste domingo, 20 de março de 2016. Foi então que Zélia caiu no Samba de arerê (Xande de Pilares, Mauro Júnior e Arlindo Cruz, 1999) com Ana Costa, Pedro Luís, Zeca Baleiro e Xande de Pilares, coautor do samba lançado na voz de Beth Carvalho há 17 anos. Fecho no tom de show que contagiou o público do primeiro ao último número.

Zélia Duncan expande leque de parceiros e compõe samba com Moacyr Luz

Moacyr Luz é o mais novo parceiro de Zélia Duncan. A cantora e compositora fluminense compôs samba com o compositor carioca, parceiro de Sereno em Vida da minha vida, samba de 2010 - lançado na voz de Zeca Pagodinho - que ganhou primoroso registro de Zélia no primeiro álbum de sambas da artista, Antes do mundo acabar (Biscoito Fino, 2015). A composição de Zélia Duncan e Moacyr Luz - vistos na foto de Cristina Granato em momento de confraternização no camarim do Circo Voador, onde a cantora fez a estreia carioca do show Antes do mundo acabar, apresentado na madrugada de hoje,  20 de março de 2016 - já circula nos bastidores do mundo musical carioca.

sábado, 31 de outubro de 2015

Zélia revive samba de 1984 na gravação ao vivo de DVD do Fundo de Quintal

A IMAGEM DO SOM - Postada na página de Zélia Duncan no Facebook, a foto flagra a cantora e compositora fluminense no palco do Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ), no ensaio da gravação ao vivo feita pelo grupo carioca na noite de quinta-feira, 29 de outubro de 2015. Zélia cantou com o grupo no show - captado ao vivo para edição de CD e DVD - Parei, samba de Arlindo Cruz e Acyr Marques, lançado pelo Fundo de Quintal há 31 anos no álbum Seja sambista também (RGE, 1984).

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Fundo de Quintal grava ao vivo no Rio com as adesões de Zélia e Monobloco

O grupo carioca Fundo de Quintal vai fazer mais um registro de show. A gravação ao vivo do sexteto está agendada para a próxima quinta-feira, 29 de outubro de 2015, em show no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ). Estão previstas participações do cantor e compositor carioca Cleber Augusto (ex-integrante do Fundo de Quintal), do coletivo carioca Monobloco e de Zélia Duncan, cantora e compositora fluminense que acaba de lançar seu primeiro álbum dedicado ao samba, Antes do mundo acabar (Biscoito Fino, 2015). A gravação originará CD ao vivo e DVD, previstos para serem editados em 2016. Feito em estúdio, o último disco do Fundo de Quintal, Só felicidade (LGK Music  /  Radar Records), chegou ao mercado em dezembro de 2014, com repertório inédito.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Zélia Duncan pisa com poesia e firmeza no 'terreirão' do samba em belo disco

Resenha de CD
Título: Antes do mundo acabar
Artista: Zélia Duncan
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 

Antes mesmo do violão do arranjador Marco Pereira, o batuque que evoca os terreiros negros é o primeiro som ouvido no disco em que Zélia Duncan canta somente sambas, Antes do mundo acabar. Eco de tempos ancestrais, esse batuque introduz Destino tem razão, uma das três parcerias inéditas da cantora e compositora fluminense com o carioca Xande de Pilares registradas no álbum produzido por Bia Paes Leme. Destino tem razão abre disco positivista que exalta o amor a dois e a felicidade, seja no clima pagodeiro da parceira inédita de Zélia com o bamba Arlindo Cruz – Dormiu, mas acordou (dos versos "Nosso amor foi sonhar no outro mundo, mas achou o caminho de volta"), samba típico dos quintais cariocas – seja nos tom menores do poético samba Alameda de sonho, uma das duas composições assinadas por Zélia com Ana Costa, parceira de outros Carnavais. Álbum que remete ao antológico Eu me transformo em outras (Duncan Discos, 2004), disco decisivo para pôr o nome de Zélia Duncan na linha de frente da música brasileira, Antes do mundo acabar escapa da armadilha de ser mero remake deste CD de 2004, recentemente relançado pela mesma gravadora Biscoito Fino que põe Antes do mundo acabar no mercado fonográfico neste mês de outubro de 2015. Até porque o repertório é essencialmente inédito e autoral, ainda que contenha quatro pérolas pescadas no baú do samba. Com a voz grave e já maturada, Zélia pisa firme no terreirão do samba cultivado nos quintais dos subúrbios da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Ainda que Por que você não me convida agora? (Riachão, 2013) ponha o pé na roça com a manemolência baiana que caracteriza a obra do resistente soteropolitano Riachão, Antes do mundo acabar é disco pautado pelo samba carioca. Até quando discorre sobre o Brasil. Com esperança que reitera o tom positivo do disco, Zélia prega em No meu país a resolução de um Brasil ainda indeciso entre permanecer no passado e caminhar – enfim! – para um futuro de "igualdade para sonhar". Parceiro de Zélia no tema, Xande de Pilares divide com a cantora a interpretação da faixa. Contudo, se o apocalipse social e afetivo for inevitável, Antes do mundo acabar – o samba-título de Zélia e Zeca Baleiro, com quem artista firmou parceria a partir de show feito em dupla pelo Brasil  – pede com ternura uma última chance para "os sonhos impressos nos travesseiros". "Quero ser a última pele que você tocou / O amor bomba-relógio que você não desarmou", suplica a sambista no tom suave que pauta o samba-título. Terceira boa colaboração de Xande de Pilares para o repertório do disco, Olha, o dia vem aí aumenta o tom para exigir mais consideração do ser amado. Calcados em elegante interação do violão com a percussão, os arranjos de Marco Pereira agregam valor a repertório de criação já em si bastante inspirada. Parceria de Zélia com a produtora Bia Paes Leme, Eu mudei parece samba formatado com a nobreza e a poesia dos bambas da Velha Guarda. A mesma nobreza corre nos compassos e versos de Por água abaixo, inédito samba feito para Zélia por Pretinho da Serrinha, Leandro Fab e Fred Camacho, mas que bem poderia ser de Candeia (1935 – 1978) ou de Cartola (1908 – 1980). Os versos sobre amor desfeito apontam no fim o caminho da esperança. "Tristeza mudou de endereço aquele dia / Sabia, se  mandou de lá / (Parei de chorar) / Não tem mais lugar / viciei nessa alegria", festeja Zélia na faixa seguinte, Pra quem sabe amar, outro belo samba feito com a parceira Ana Costa, convidada da faixa que prega poesia na caminhada da vida, na cadência bonita do samba ("O samba inventou nossas asas"). E por falar em poesia, a regravação de Em cada canto, uma esperança (1978) reitera a sintonia perfeita entre a melodia de Ivone Lara com os versos melancólicos, mas geralmente esperançosos, do principal parceiro da compositora, Délcio Carvalho (1939 – 2013). Revivido com precisão por Beth Carvalho no álbum Nosso samba tá na rua (Andança / EMI Music, 2011), essa ode ao samba como alento para tempos difíceis é das composições mais inspiradas da dupla e ganha belo registro de Zélia. Na sequência, Um final – parceria inédita de Zélia com Pedro Luís, carioca bamba na composição de vários gêneros musicais – mantém o alto nível do repertório ao lamentar o término de amor encerrado sem desfecho feliz. É o samba mais melancólico do disco, mas, em seguida, Pintou um bode (1989) – inusitada incursão pelo repertório de Paulinho da Viola – restaura o clima positivo no qual se ambienta o samba de Zélia, soprando descontração. Por fim, a recriação delicada de Vida da minha vida (Moacyr Luz e Sereno) – feita no tom de seresta íntima – renova o samba que batizou disco lançado há cinco anos por Zeca Pagodinho. Encerrado na edição digital com regravação de Juízo final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares, 1973), samba ora propagado diariamente em escala nacional na voz de Alcione na abertura da novela A regra do jogo (TV Globo, 2015), Antes do mundo acabar dá bela contribuição à discografia nacional. É álbum primoroso no qual Zélia Duncan corre e vence riscos ao se transformar – mais uma vez – em outra cantora. No caso, uma cantora sambista que se prova do ramo ao pisar no terreirão brasileiro com firmeza, poesia e (insuspeita) propriedade.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Zélia cai no samba de Moacyr Luz e Paulinho no CD 'Antes do mundo acabar'

Samba descontraído do cancioneiro habitualmente filosófico de Paulinho da Viola, Pintou um bode ganha a voz grave de Zélia Duncan 26 anos após ter sido lançado pelo cantor e compositor carioca no álbum Eu canto samba (BMG-Ariola, 1989). Pintou um bode é um dos 14 sambas gravados pela cantora e compositora fluminense no álbum Antes do mundo acabar, programado para chegar ao mercado fonográfico em outubro de 2015 em edição da gravadora Biscoito Fino. No seu primeiro disco dedicado inteiramente ao samba, Zélia também dá voz a Vida da minha vida, parceria dos compositores cariocas Moacyr Luz e Sereno que abriu e batizou o álbum lançado por Zeca Pagodinho em 2010. Apesar de conter quatro regravações e um samba inédito (Por água abaixo) composto para Zélia por Pretinho da Serrinha, Leandro Fab e Fred Camacho, o álbum Antes do mundo acabar tem repertório predominantemente inédito e autoral, com parcerias da artista com Ana Costa, Arlindo Cruz, Bia Paes Leme (produtora do CD), Pedro Luís, Xande de Pilares e Zeca Baleiro. Eis - na ordem do CD - os 14 sambas cantados por Zélia Duncan no álbum Antes do mundo acabar:

1. Destino tem razão (Xande de Pilares e Zélia Duncan, 2015)
2. Dormiu, mas acordou (Arlindo Cruz e Zélia Duncan, 2015)
3. Alameda de sonho (Ana Costa e Zélia Duncan, 2015)
4. Por que você não me convida agora? (Riachão, 2013)
5. No meu país (Xande de Pilares e Zélia Duncan, 2015)
6. Antes do mundo acabar (Zeca Baleiro e Zélia Duncan, 2015)
7. Olha, o dia vem aí (Xande de Pilares e Zélia Duncan, 2015)
8. Eu mudei (Bia Paes Leme e Zélia Duncan, 2015)
9. Por água abaixo (Pretinho da Serrinha, Leandro Fab e Fred Camacho, 2015)
10. Pra quem sabe amar (Ana Costa e Zélia Duncan, 2015) 
11. Em cada canto, uma esperança (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1978)
12. Um final (Pedro Luís e Zélia Duncan, 2015)
13. Pintou um bode (Paulinho da Viola, 1989)
14. Vida da minha vida (Moacyr Luz e Sereno, 2010)
*    Juízo final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares, 1973) - Faixa-bônus da edição digital

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Eis a capa do CD de sambas em que Zélia grava obra-prima de Ivone e Délcio

Eis a capa estilo knolling de Antes do mundo acabar, o disco de samba da cantora, compositora e instrumentista fluminense Zélia Duncan. No álbum, produzido por Bia Paes Leme, Zélia dá voz a uma das obras-primas da parceria da compositora carioca Ivone Lara com o compositor fluminense Délcio Carvalho (1939 - 2013). Trata-se de Em cada canto, uma esperança, música lançada na voz de Ivone em seu primeiro álbum solo, Samba minha verdade, samba minha raiz (EMI-Odeon, 1978), revivida por Sombrinha em disco solo de 1992 e regravada por Beth Carvalho no álbum Nosso samba tá na rua (Andança / EMI Music, 2011). Antes do mundo acabar  totaliza 14 faixas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Disco de sambas de Zélia tem parcerias com Xande, Pedro, Arlindo e Baleiro

Xande de Pilares vem expandindo suas conexões na música brasileira e abrindo parcerias com cantoras que transitam além do universo do samba. Além de compor com Roberta Sá (Boca em boca, música que figura no ainda inédito sexto álbum da cantora potiguar), o cantor e compositor carioca já fez sete músicas com sua nova parceira, Zélia Duncan, com quem aparece na foto tirada no estúdio da gravadora Biscoito Fino. Três dessas sete músicas - Destino tem razãoNo meu país e Olha, o dia vem aí - figuram no repertório do álbum Antes do mundo acabar, trabalho inteiramente dedicado ao samba que a cantora e compositora fluminense gravou no Rio de Janeiro (RJ) com produção de Bia Paes Leme e arranjos do violonista Marco Pereira. O samba-título Antes do mundo acabar é parceria de Zélia com o maranhense Zeca Baleiro, com quem Zélia tem o projeto de fazer disco de músicas inéditas. Em Antes do mundo acabar, Zélia também dá voz a parcerias inéditas com os cariocas Arlindo Cruz (Dormiu, mas acordou), Ana Costa (Alameda de sonho e Pra quem sabe amar) e Pedro Luís (Um final). Com 14 músicas, sendo dez inéditas (nove são da lavra da dona do disco) e quatro regravações, o álbum de sambas de Zélia Duncan tem lançamento nacional agendado para 15 de outubro de 2015,  em edição da gravadora Biscoito Fino.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Álbum em que Zélia canta sambas autorais já tem título e vai sair em outubro

Antes do mundo acabar é o título do álbum de inéditas autorais gravado por Zélia Duncan em estúdio. Inteiramente dedicado ao samba, o disco da cantora e compositora fluminense - vista em foto de Gal Oppido -  já está finalizado e tem seu lançamento programado para outubro de 2015. Caberá à gravadora Biscoito Fino distribuir o CD  Antes do mundo acabar no mercado fonográfico.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Zélia finaliza álbum autoral de sambas que já vai ser lançado neste semestre

Zélia Duncan vai lançar álbum autoral, de repertório inédito, inteiramente dedicado ao samba. O disco já está em fase de mixagem e tem lançamento previsto para este segundo semestre de 2015. O último álbum da cantora e compositora fluminense, Tudo esclarecido - Zélia Duncan canta Itamar Assumpção (Warner Music, 2012), foi lançado há três anos e gerou show que acabou não sendo perpetuado em DVD, ainda que Zélia tivesse tentado gravá-lo ao vivo no Rio de Janeiro (RJ).

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Leila canta Brant com (a parceira) Zélia na estreia carioca de 'Por onde eu for'

A IMAGEM DO SOM - Convidada-surpresa da estreia carioca do novo show da cantora paraense Leila Pinheiro, Por onde eu for, a cantora e compositora fluminense Zélia Duncan subiu ao palco do Theatro Net Rio na noite de ontem, 8 de julho de 2015, para cantar a primeira parceria das duas artistas, Todas as coisas valem, lançada em disco por Leila, em dueto com Zélia, no EP Por onde eu for, disco de quatro músicas que está ganhando edição física em CD neste mês de julho. A música ganhou vivacidade e beleza no registro ao vivo do palco, no qual Zélia - vista com Leila na foto de Mauro Ferreira - permaneceu para cantar música da parceria de Milton Nascimento com o poeta mineiro Fernando Brant (1946 - 2013), Vevecos, panelas e canelas, composição lançada pelo cantor mineiro Beto Guedes em seu álbum Contos da lua vaga (EMI-Odeon, 1981). No bis, Zélia voltou à cena e cantou Vitoriosa (Ivan Lins e Vitor Martins, 1985) com a anfitriã, com direito a citação de verso de Depende de nós (Ivan Lins e Vitor Martins, 1981). Nas vozes harmoniosas das novas parceiras Leila e Zélia, todas as músicas valeram na estreia carioca do show Por onde eu for.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Zélia começa a gravar, no Rio, seu primeiro álbum após o disco sobre Itamar

A IMAGEM DO SOM - A foto postada por Zélia Duncan em sua página oficial no Facebook mostra a artista em estúdio da cidade do Rio de Janeiro (RJ) no primeiro disco de gravação do 12º álbum solo da cantora e compositora fluminense. A artista começou a gravar hoje, 15 de junho de 2015, o sucessor de Zélia Duncan canta Itamar Assumpção  -  Tudo esclarecido (Warner Music,  2012).

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Zélia se equilibra no trem mineiro em movimento ao cantar Milton com afeto

Resenha de show
Título: Inusitado - Zélia Duncan canta Milton Nascimento
Artista: Zélia Duncan (em foto de Rodrigo Goffredo) com Jaques Morelenbaum (violoncelo)
Local: Teatro de Câmara - Fundação Cidade das Artes (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 5 de maio de 2015
Cotação: * * * *
♪ Show com transmissão ao vivo agendada pelo Canal Bis para as 21h de 6 de maio de 2015

Zélia Duncan ficou na defensiva na primeira vez em que se dirigiu ao público que foi ao Teatro de Câmara da Cidade das Artes, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 5 de maio de 2015, para ver a estreia do show em que a cantora fluminense aborda o repertório de Milton Nascimento. Zélia disse que iria apresentar as canções de Milton sem "reinventar a roda". E que procurava "nem lembrar" que boa parte dessas canções do compositor carioca de alma mineira tinha sido gravada por intérpretes como Elis Regina (1945 - 1982), Nana Caymmi e Simone. Pois, mesmo sem reinventar a roda, Zélia provou - a quem porventura ainda não soubesse - que ela também faz parte do time de grandes cantoras do Brasil. Sua grandeza consistiu em cantar (bem) Milton com uma formação que - mais do que a abordagem inédita do repertório de Milton por Zélia - foi o toque mais inusitado deste show criado para a terceira edição do Inusitado, o projeto do executivo André Midani em que artistas trilham caminhos musicais ainda inexplorados. Zélia dividiu o palco somente com Jaques Morelenbaum, virtuose do violoncelo, instrumento que, pela própria natureza, não oferece base segura para uma cantora. Ou seja, de certa forma, Zélia pegou o trem mineiro sem chão. E jamais caiu dele ao longo dos 19 números do show, se confirmando grande cantora. Já na primeira música, Ponta de areia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974), ficou evidente que Zélia optou por cantar Milton com ternura e com afeto, suavizando os tons de sua voz grave. É um caminho coerente com um cancioneiro que reflete fraternidade, sentimento já explicitado no título da Canção amiga (Milton Nascimento e Carlos Drummond de Andrade, 1978). Ao lado de Zélia, Morelenbaum também caminhou bem por essa estrada natural. Por ter o total domínio de seu instrumento, o virtuoso Morelenbaum forneceu o adorno, o floreio, da cada canção, explorando possibilidades de seu violoncelo, que eventualmente soou como baixo, como na introdução de Encontros e despedidas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1981) - música em que o canto de Zélia embutiu simultaneamente a saudade e a expectativa contidas na letra - e como em algumas passagens de Beijo partido (Toninho Horta, 1975). Sim, Morelenbaum foi além do tom lírico normalmente associado ao violoncelo, instrumento típico de espetáculo de câmara, tirando até um inusitado suingue no toque das cordas de seu cello em Peixinhos do mar (Cantiga de marujada em adaptação de Tavinho Moura). Sem se ater exclusivamente ao repertório composto por Milton, Zélia selecionou 20 músicas gravadas pelo cantor em período que vai de 1967 a 1981 - não por acaso, a  fase áurea da produção autoral e fonográfica do sócio majoritário e fundador do Clube da Esquina em 1972. Zélia, aliás, mergulha com leveza neste cancioneiro, dando voz a músicas como Tudo que você podia ser (Lô Borges e Márcio Borges, 1972) e Nada será como antes (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972) - número, aliás, em que o toque do violoncelo de Morelenbaum pareceu evocar o barulho dos pés na estrada. Sim, há músicas que pediam os tambores de Minas Gerais no arranjo, caso de Caxangá (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1977). Ainda assim, Zélia se equilibrou bem no trem mineiro em movimento, afiando o ritmo de Fé cega, faca amolada (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1974) na batida da palma da mão, acompanhando muito bem o (com)passo de Volver a los 17 (Violeta Parra, 1976) - música que simboliza a conexão de Milton Nascimento com a música da América Latina, em especial com a obra resistente da cantora argentina Mercedes Sosa (1935 - 2009) - e adicionando a Cravo e canela (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1971)  a ternura que temperou todo o show. Sim, é fato que quase todas essas canções já ganharam registros emblemáticos de Elis Regina e do próprio Milton - o que torna injustas comparações inevitáveis como a suscitada por O que será (À flor da pele) (Chico Buarque, 1976), quando Zélia reproduz o vocal da introdução da gravação feita por Milton para o álbum Geraes (EMI-Odeon, 1976) em momento divino, e por Canção da América (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1979), já ouvida em registros mais pungentes. Mas Zélia acertou ao evitar se transformar em outras para cantar Milton. Zélia cantou Milton como Zélia - e também emocionou quando interpretou San Vicente (Milton Nascimento e  Fernando Brant, 1972) e quando soltou a voz na sua estrada para encerrar o show com Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1967), música de tons escuros como a luz do espetáculo, iluminada pelo coro da plateia. Em harmonia consigo mesma, Zélia Duncan honrou a obra de Milton Nascimento ao lado de Jaques Morelenbaum, levando o belo trem mineiro por sua estrada natural, sem sobressaltos, rumo à cidade e suas luzes.

Em show no Rio, Zélia canta Milton (também) através de Chico, Joyce e Horta

Zélia Duncan pegou o trem mineiro na companhia de Jaques Morelenbaum. Em terno show feito somente com o violoncelo do músico carioca, a cantora fluminense deu sua voz grave a 20 canções amigas do repertório de Milton Nascimento. Nem todas as músicas do show - que estreou na noite de ontem, 5 de maio de 2015, dentro da programação da terceira edição do projeto Inusitado - foram compostas por este carioca de alma mineira, mas todas ganharam a voz de Milton. Entre as criações alheias, Zélia cantou músicas de Chico Buarque, Joyce Moreno, Lô Borges e Toninho Horta. A grande maioria do repertório do show foi gravada por Milton na década de 1970, quando sua voz era divina, como bem caracterizou Elis Regina (1945 - 1982) - intérprete de parte dessas canções - com adjetivo lembrado por Zélia no palco do Teatro de Câmara da Fundação Cidade das Artes, no Rio de Janeiro (RJ). Com transmissão ao vivo agendada para as 21h de hoje no Canal Bis, o show aborda o repertório de Milton em período que vai de 1967 - ano da seminal Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant), cantada por Zélia no fecho do bis - até 1981, ano de Encontros e despedidas (Milton Nascimento e Fernando Brant). Eis o roteiro seguido em 5 de maio de 2015 por Zélia Duncan e Jaques Morelenbaum - em foto de Rodrigo Goffredo - na Cidade das Artes na estreia do lindo show criado para terceira edição do Inusitado, projeto do executivo André Midani: 

1. Ponta de areia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974)
2. Canção amiga (Milton Nascimento e Carlos Drummond de Andrade, 1978)
3. Encontros e despedidas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1981)
4. O que foi feito devera (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1978) /
    O que foi feito de Vera (Milton Nascimento e Márcio Borges, 1978)
5. Canção da América (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1979)
6. Fé cega, faca amolada (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974)
7. Caxangá (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1977)
8. Beijo partido (Toninho Horta, 1975)
9. Mistérios (Joyce Moreno e Maurício Maestro, 1978)
10. Volver a los 17 (Violeta Parra, 1966)
11. Tudo que você podia ser (Lô Borges e Márcio Borges, 1972)
12. Nada será como antes (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972)
13. O que será? (À flor da pele) (Chico Buarque, 1976)
14. San Vicente (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1972)
15. Calix bento (tema de Folia de Reis com música e letra adaptada por Tavinho Moura)
16. Peixinho do mar (cantiga de marujada em adaptação de Tavinho Moura)
17. Cravo e canela (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1971)
Bis:
18. Cais (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972)
19. Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1967)

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Leila dá voz a uma inédita parceria sua com Zélia em seu EP 'Por onde eu for'

Compositora bissexta, a cantora paraense Leila Pinheiro tem uma parceria inédita com a cantora e compositora fluminense Zélia Duncan. Composta há alguns anos, mas nunca gravada em disco, esta música vai ganhar seu primeiro registro fonográfico. E vai ser na voz da própria Leila Pinheiro. Trata-se de uma das quatro músicas de Por onde eu for, EP arquitetado por Leila - em foto de Washington Possato - para este ano de 2015. Ao garimpar repertório para o disco (e para o show que já vai estrear em junho de 2015), Leila encontrou inéditas de Adriana Calcanhotto (o samba-título Por onde eu for, de 2011), Fátima Guedes (Súbita primavera,  samba criado com Moacyr Luz) e Marina Lima, entre outros.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Biscoito Fino relança o CD e o DVD que 'transformaram' Zélia há uma década

Pedra fundamental da obra fonográfica da cantora e compositora fluminense Zélia Duncan, o projeto Eu me transformo em outras ganha reedição pela gravadora Biscoito Fino neste mês de abril de 2015. Voltam ao catálogo tanto o CD de 2004 como o DVD de 2005. Produzido por Bia Paes Leme sob a direção artística da própria Zélia, o CD foi gravado como se fosse ao vivo no estúdio Cia. dos Técnicos, de 8 a 13 de janeiro de 2004. Originalmente lançado pelo selo Duncan Discos, em edição distribuída pela gravadora Universal Music, o CD traz o registro do show que estreou em 2003 com sucesso de público e crítica. Já o DVD Eu me transformo em outras chegou ao mercado fonográfico em 2005 com o íntimo registro audiovisual do show, captado em dezembro de 2004, sem plateia, em apresentação feita no Centro Cultural Carioca, no Rio de Janeiro (RJ). Fruto maduro da diversidade proposta pelo álbum Sortimento (Universal Music, 2001), Eu me transformo em outras firmou o nome de Zélia Duncan na linha de frente da música brasileira, abrindo (outros) caminhos para a artista.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Zeca e Zélia cogitam fazer disco de estúdio com músicas inéditas autorais

Zeca Baleiro e Zélia Duncan - vistos em foto de Dudu Leal - estão expandindo a parceria, sedimentada com o show em dupla que apresentam pelo Brasil desde janeiro de 2014. Tanto que já cogitam a possibilidade de lançar disco de estúdio com as músicas inéditas compostas por conta da turnê - projeto que vem se juntar à intenção dos artistas de fazer o registro audiovisual do show Zélia Duncan & Zeca Baleiro para edição de DVD. Paralelamente, o artista maranhense mantém o projeto de gravar álbum com o compositor e baixista paulista Paulo Lepetit e com o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos. Baleiro e Lepetit - cabe lembrar - idealizaram o álbum Isso vai dar repercussão (Elo Music, 2004), gravado por Naná com o compositor paulista Itamar Assumpção (1949 - 2003). Só que esse disco em trio não tem prazo para ser concretizado.

domingo, 22 de março de 2015

Ana canta Martinho com sua gente em gravação que incluiu dueto com Zélia

Parceira de Zélia Duncan em músicas como Não sei o que dá (2006 - composta com a adesão de Mart'nália), Antiga (2010) e Hoje é o melhor lugar (2012), a cantora e compositora carioca Ana Costa firmou nova conexão musical com a parceira na gravação ao vivo de seu primeiro DVD, realizada na casa Imperator do Centro Cultural João Nogueira, no Rio de Janeiro (RJ), em 12 de março de 2015. Desta vez, Zélia entrou em cena como cantora, convidada do samba Canta canta, minha gente (Martinho da Vila, 1974). Ao registrar o show Pelos caminhos do som - Ana Costa canta Martinho da Vila para edição de CD e DVD que serão lançados no fim deste ano de 2015 pela gravadora Biscoito Fino, parceira do Canal Brasil no projeto, Ana cantou Martinho com sua gente em roteiro que destacou o acento lusófono do cancioneiro do sambista. Gente que também tem intimidade com a obra do cantor e compositor fluminense. A começar pelas filhas de Martinho. Analimar Ventapane assumiu o comando do show, cuja direção musical foi confiada a Júlio Florindo. Mart'nália, a filha mais famosa do clã originário do bairro de Vila Isabel, fez dueto com Ana em música pouco ouvida, Dança ma mi criola (2000), versão em português, feita por Martinho, de música do africano Toy Vieira, compositor de Cabo Verde. Outros nomes - como Agrião e Marcelinho Moreira, gente da família musical de Ana e Martinho - também entraram em cena no show norteado pelo repertório do álbum Lusofonia (Sony Music, 2000), lançado por Martinho há 15 anos. Eis o roteiro seguido em 12 de março de 2015 por Ana Costa - com Zélia Duncan na foto de Cristina Granato - na gravação ao vivo do ótimo show Pelos caminhos do som, feita sob a direção de Bianca Calcagni, com captação de imagens orquestrada por Darcy Burger:

*   Salve a mulata brasileira (Martinho da Vila, 1975) - citação vocal na abertura
1. Semba dos ancestrais (Martinho da Vila e Rosinha de Valença, 1985)
2. Fazendo as malas (Martinho da Vila e Rildo Hora, 2000)
3. Pelos caminhos do som (Martinho da Vila e Alceu Maia, 1989)
    - com Alceu Maia no cavaquinho
4. Filosofia de vida (Martinho da Vila, Marcelinho Moreira e Fred Camacho, 2008)
    - com Marcelinho Moreira
5. Quer amar mamãe (Martinho da Vila, 1996)
6. Odilê, Odilá (Martinho da Vila e João Bosco, 1986)
7. Disritmia (Martinho da Vila, 1974)
8. Meu laiaraiá (Martinho da Vila, 1970)
9. Ex-amor (Martinho da Vila, 1981)
10. Yayá do Cais Dourado (Martinho da Vila e Rodolpho de Moraes, 1969)
11. Canta canta, minha gente (Martinho da Vila, 1974)
12. Dar e receber (Martinho da Vila, 2005)
13. Calumba (Kalumba) (Elias Dias Kimuezo em versão em português de Martinho da Vila, 2007)
      - com a flauta de Dirceu Leite
14. Dança ma mi criola (Toy Vieira em versão em português de Martinho da Vila, 2000)
       - com Mart'nália
15. Beija, me beija, me beija (Martinho da Vila e Zé Katimba, 1989)
16. Madalena do Jucú (Tema do folclore em adaptação de Martinho da Vila, 1989)
17. Reversos da vida (Martinho da Vila, 1982)
18. Assim não, Zambi (Martinho da Vila, 1979) - com Meninas da Serrinha
19. Nego, vem cantar (Martinho da Vila, 1974)
20. Traço de união (Martinho da Vila e João Bosco, 1982)
21. Ô morena, como é bom viajar (Martinho da Vila e Roque Ferreira, 2000)
22. O pai da alegria (Martinho da Vila e Agrião, 1989) - com Agrião
23. Lusofonia (Martinho da Vila e Elton Medeiros, 2000)
Bis:
24. Bem feliz (Cláudio Jorge e Délcio Carvalho, 1994)
25. Kizomba, festa da raça (Luiz Carlos da Vila, Jonas e Rodolpho, 1988)