Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Verbo e sonoridade do segundo álbum de Buhr pesam mais do que músicas

Resenha de CD
Título: Longe de Onde
Artista: Karina Buhr
Gravadora: Coqueiro Verde Records
Cotação: * * * 

"A pessoa morre depois de tanto verbo", sentencia Karina Buhr no verso inicial da letra circular de A Pessoa Morre (Karina Buhr, Fernando Catatau, Bruno Buarque e Mau), faixa do segundo álbum solo da cantora e compositora pernambucana, Longe de Onde. Curiosamente, é com o peso de seu verbo - tão contundente como no  primoroso primeiro disco, Eu Menti pra Você (2010) - que Buhr renasce como artista. Apesar de ter sido anunciado com punk rock de certo peso, Cara Palavra (Karina Buhr), Longe de Onde ameniza o som de Buhr sem perda da contundência do discurso. "Não me ame tanto / Eu tenho algum problema com amor demais / Eu jogo tudo no lixo sempre", admite, com sua linguagem habitualmente direta, em Não me Ame Tanto (Karina Buhr), faixa que exemplifica a opção por som mais leve e mais polido. Disco viabilizado com o patrocínio do projeto Natura Musical, Longe de Onde ostenta na ficha técnica os nomes de alguns músicos de ponta da cena pop nacional. Se o baixo largo de Mau joga Cadáver (Karina Buhr) na praia do reggae, o trompete de Guizado dita a pulsação de Sem Fazer Ideia (Karina Buhr), música em que a artista flerta com o canto falado sem cair na batida ortodoxa do rap. Já a guitarra de Fernando Catatau valoriza Pra Ser Romântica (Karina Buhr) e se revela indispensável neste tema em que Buhr se permite breve diálogo com o universo kitsch da canção mais sentimental. A mesma guitarra de Catatau se irmana com a guitarra de Edgard Scandura - presente em nove das dez faixas, ora como guitarrista, ora como backing vocal - na onda praieira da surf music que banha Guitarristas de Copacabana (Karina Buhr), uma das poucas faixas de pegada roqueira em Longe de Onde. A dupla de guitaristas - ambos precisos e geniais em seus respectitvos estilos - também enche Copo de Veneno (Karina Buhr) com certo peso roqueiro, quase bissexto na sustentável leveza pop do disco que cozinha Amor Brando (Karina Buhr) em fogo baixo, em faixa em que a voz (no todo, mais bem colocada) de Buhr dialoga solitariamente com a guitarra de Scandurra. Dentro desse espírito leve que move o álbum, The War's Dancing Floor (Karina Buhr) roça a língua do pop universal (e não somente pelo fato de ser a única faixa cantada em inglês) e Não Precisa me Procurar (Karina Buhr) - faixa em que sobressai o trompete de Guizado - encerra Longe de Onde deixando a sensação de que a sonoridade e as letras da atual safra de inéditas autorais de Karina Buhr têm mais peso do que boa parte das músicas. Só que, às vezes, tanto verbo é sopro de vida...

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"A pessoa morre depois de tanto verbo", sentencia Karina Buhr no verso inicial da letra circular de A Pessoa Morre (Karina Buhr, Fernando Catatau, Bruno Buarque e Mau), faixa do segundo álbum solo da cantora e compositora pernambucana, Longe de Onde. Curiosamente, é com o peso de seu verbo - tão contundente como no primoroso primeiro disco, Eu Menti pra Você (2010) - que Buhr renasce como artista. Apesar de ter sido anunciado com punk rock de certo peso, Cara Palavra (Karina Buhr), Longe de Onde ameniza o som de Buhr sem perda da contundência do discurso. "Não me ame tanto / Eu tenho algum problema com amor demais / Eu jogo tudo no lixo sempre", admite, com sua linguagem habitualmente direta, em Não me Ame Tanto (Karina Buhr), faixa que exemplifica a opção por som mais leve e mais polido. Disco viabilizado com o patrocínio do projeto Natura Musical, Longe de Onde ostenta na ficha técnica os nomes de alguns músicos de ponta da cena pop nacional. Se o baixo largo de Mau joga Cadáver (Karina Buhr) na praia do reggae, o trompete de Guizado dita a pulsação de Sem Fazer Ideia (Karina Buhr), música em que a artista flerta com o canto falado sem cair na batida ortodoxa do rap. Já a guitarra de Fernando Catatau valoriza Pra Ser Romântica (Karina Buhr) e se revela indispensável neste tema em que Buhr se permite breve diálogo com o universo kitsch da canção mais sentimental. A mesma guitarra de Catatau se irmana com a guitarra de Edgard Scandura - presente em nove das dez faixas, ora como guitarrista, ora como backing vocal - na onda praieira da surf music que banha Guitarristas de Copacabana (Karina Buhr), uma das poucas faixas de pegada roqueira em Longe de Onde. A dupla de guitaristas - ambos precisos e geniais em seus respectitvos estilos - também enche Copo de Veneno (Karina Buhr) com certo peso roqueiro, quase bissexto na sustentável leveza pop do disco que cozinha Amor Brando (Karina Buhr) em fogo baixo, em faixa em que a voz (no todo, mais bem colocada) de Buhr dialoga solitariamente com a guitarra de Scandurra. Dentro desse espírito leve que move o álbum, The War's Dancing Floor (Karina Buhr) roça a língua do pop universal (e não somente pelo fato de ser a única faixa cantada em inglês) e Não Precisa me Procurar (Karina Buhr) - faixa em que sobressai o trompete de Guizado - encerra Longe de Onde deixando a sensação de que a sonoridade e as letras da segunda safra de inéditas de Buhr têm mais peso do que boa parte das músicas. Às vezes, tanto verbo é sopro de vida...

leitordomauro disse...

Gosto mais desse segundo disco da Karina em todos os sentidos: letras, arranjos e levadas. Uma mulher que o Brasil precisa se apaixonar e consumir no sentido amplo geral e irrestrito

lurian disse...

O primeiro e tão aclamado disco não me 'pegou'. Achei meio 'over'. Esse segundo disco tem letras mais apuradas e a sonoridade está irresistível. Não faz a linha pop lugar-comum de outras cantoras surgidas no mesmo período. As letras e sonoridades estão mais pra ironia fina de uma Andréia Dias do que do disco 'fofo' de uma Tulipa Ruiz. Karina fez um disco com diversidade (do pós-punk ao flerte com o new-wave), sem perder a unidade, e acertou de cheio! apesar de você ter dado menos estrelas do que eu considero que o disco merecesse, Mauro.

Luca disse...

se for bom como o primeiro, tô dentro...

TM disse...

É muito melhor que o primeiro!!!