Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Um DVD apenas para quem gosta do pagode do grupo baiano Parangolé

Com cotação alta no mercado do pagode baiano desde que incorporou o cantor Léo Santana em 2008 e passou a explorar a figura sensual do vocalista, o grupo Parangolé lança registro de show, captado ao vivo em 17 de abril de 2011 em apresentação da banda no parque aquático Wet'n'Wild. Com distribuição da Universal Music, Paragolé ao Vivo em Salvador - Todo Mundo Gosta já está nas lojas nos formatos de CD (com 18 músicas) e DVD (com 23 números e mais o making of dos extras). Sob a produção de Alexandre Lins, o Parangolé registrou 12 inéditas entre sucessos como Rebolation e Tchubirabiron. Uma delas - Leite Condensado, música gravada com Rodriguinho, cantor projetado no grupo Os Travessos - promove a gravação ao vivo de tom hi-tech. Ex-vocalista do grupo de pagode Exaltasamba, Thiaguinho é o convidado de Negro Lindo. A rasteira safra de inéditas inclui músicas como Maré de Rebento, Madeira de Lei, Movimento do Léo, Rainha, Treme o Bumbum e Vai, Povão, entre outras músicas do nível.

25 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Com cotação alta no mercado do pagode baiano desde que incorporou o cantor Léo Santana em 2008 e passou a explorar a figura sensual do vocalista, o grupo Parangolé lança registro de show, captado ao vivo em 17 de abril de 2011 em apresentação da banda no parque aquático Wet'n'Wild. Com distribuição da Universal Music, Paragolé ao Vivo em Salvador - Todo Mundo Gosta já está nas lojas nos formatos de CD (com 18 músicas) e DVD (com 23 números e mais o making of dos extras). Sob a produção de Alexandre Lins, o Parangolé registrou 12 inéditas entre sucessos como Rebolation e Tchubirabiron. Uma delas - Leite Condensado, música gravada com Rodriguinho, cantor projetado no grupo Os Travessos - promove a gravação ao vivo de tom hi-tech. Ex-vocalista do grupo de pagode Exaltasamba, Thiaguinho é o convidado de Negro Lindo. A rasteira safra de inéditas inclui músicas como Maré de Rebento, Madeira de Lei, Movimento do Léo, Rainha, Treme o Bumbum e Vai, Povão, entre outras músicas do nível.

aguiar_luc disse...

Que capa horrível!!!! Jesus sofrível!

Doug disse...

Tem horas que dá uma vergonha de ser baiano.... mas aí eu penso que João e Dorival também nasceram aqui e dá uma aliviozinho.

Anônimo disse...

Realmente a capa é horrivel, quem foi o designer? E depois todo mundo gosta? Todo mundo virgula.

KL disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rhenan Soares disse...

A capa é a coisa menos horrível desse DVD, tenho certeza. Deus me livre!

William disse...

Como vocês são preconceituosos. Eu não gosto do pagode ou axé (neste, há uma ou duas exceções). Mas não acho que esses ritmos devem desaparecer da face da Terra. São ritmos importantes e necessários para aqueles que os curtem. Graças a Deus, as pessoas têm gostos diferentes.

É muito bonito ver a integração que esses ritmos causam nas pessoas que deles gostam. Eles foram criados para isso: Euforia, felicidade, distração, alegria. Não consigo imaginar uma festa de aniversário em Salvador onde esteja tocando "Tin Tin Por Tin Tin". Não imagino um ser de sunga, a caminho da Orla, ouvindo "Dora" ou " É Doce Morrer no Mar" embaixo de um sol de quase 40°.

(João Gilberto fará show em Salvador e a casa irá lotar de baianos. Eu, entretanto, não irei. João, apesar de eu reconhecer e conhecer sua importancia e parte de sua discografia, não consegue me atrair ao ponto de ter de pagar mais de R$150,00 para vê-lo. No dia 11/10, tem Tom Zé a R$ 40,00 no mesmo teatro. Estarei na primeira fila).

Tenham certeza de que eu não irei ver ou ouvir este trabalho do Parangolé. Mas, realmente, há quem goste e há quem tenha seus momentos de felicidades ouvindo esta banda.

Doug, dá vergonha é ler esse seu comentário. Com certeza o Dorival não sentiria vergonha do pagode baiano. Ele sabia da necessidade da alegria, mesmo que surgida através de músicas rasas.Eu tenho é vergonha de ter conterrâneos como você.

Rhenan Soares disse...

Seguirei tentando compreender a ligação entre "Euforia, felicidade, distração, alegria" e música ruim.
Preciso não, obrigado.
Aliás, é totalmente o contrário. Pagode/Pagode baiano me deprime.

Gill Sampaio Ominirò disse...

KL, parece mesmo o Village.

Willian, R$ 150,00. Você está mal infomado conterrâneo, em nenhum dos locais onde João vai se apresentar há ingressos a esse preço. Eu comprei ingresso por R$ 800,00 pra ver João aqui em São Paulo dia 05/11. No Rio o mais caro é R$ 1.400,00. Em Salvador, minha terra, não saíram ainda os preços, mas deve ficar na faixa do mil reais também o melhor lugar e o pior a quinhentos.

Agora, voltanto ao Parangolé, é tão engraçado como as pessoas falam do que não conhecem. entendem o que de música pra falar mal de uma banda de pagode que apesar de alguns exageros, se aproxima muito mais do samba de roda da Bahia que é a matriz do samba do Brasil do que Diogo Nogueira entre outros com seus sambas fracos. Não gosto do Parangolé, mas já li muito crítico e muito musical falar bem do pagode baiano. Arto Lindsay, por exemplo, disse tempos atrás que o pagode baiano é sofisticadíssimo. Mas do ponto de vista musical, pra quem entende de música...

William disse...

Caro Rhenan Rodrigo,

É isso aí! Um dia você consegue entender que, assim como você sente as emoções e sentimentos citados acima por mim ouvindo MPB ou bossa-nova, tem gente que os sente ouvindo pagode, quebradeira.

Eu também não preciso desse estilo de música para ter as mesmas emoções. Mas me sinto no deve de te informar que eu sinto o maior prazer em ouvir um Lucky Dube (talvez você nem saiba quem foi este cantor sul-africano de reggae - posso estar sendo preconceituoso agora até), um Tom Zé, uma Adele, uma Nina Simone, um Guns n´Rose, uma Metálica ou mesmo um pagode, em certas ocasiões.

Quando vou a uma festa de algum amigo aqui em Salvador, regada a muita cerveja, churrasco e feijoada, só dá pagode. E eu fico muito a vontade em estar entre eles, todos felizes, eufóricos, descontraídos e alegres. Depois de estresses, problemas e etc do dia-dia. Acho muito legal passar pelas avenidas de Salvador e ver/ouvir as pessoas com seus pagodes a tocar no player dos carros ou "irem até o chão" ao som de um pagode dentro de um bar ou na rua mesmo.

Quando tem um festival de pagode por aqui, multidões saem em caravanas felizes, "regozijantes". Pulam, quebram, cantam, gritam, se divertem, beijam, esquecem mesmo quaisquer possíveis problemas que possam ter em suas vidas.

Você não tem propriedade para classificar como bom ou ruim algo que não conhece. Alías, uma pessoa, como eu imagino que você seja, inteligente, culto, de altíssimo bom-senso, é mesmo capaz de classificar gostos e subjetividades como bons ou ruins?

Você, inteligente, culto, de altíssimo bom-senso acha mesmo que alguns de seus possíveis ídolos, tais como Gil ou Caetano se deprimem ao ouvir um pagode. Eles já cantaram com Parangolé, Harmonia, Psirico, etc.

Graças a Deus, eu não consigo me deprimir por tão pouca coisa. Alías, só uma música da qual eu gosto é que pode me deprimir, uma vez que, se não gosto de algo, não acompanho e não me sinto na propriedade de desmerecer por uma questão de gosto pessoal, vale a redundância - para mim, gosto é sempre pessoal e subjetivo.

Tom Zé já dizia "todo compositor brasileiro é um complexado". Eu, parodiando o mesmo, digo: todo brasileiro inteligente, culto, de altíssimo bom-senso é um pouco complexado.

Por que então esta mania danada, esta preocupação de falar tão sério? de parecer tão sério
de ser tão sério? de sorrir tão sério? de chorar tão sério?
de brincar tão sério?
de amar tão sério?
de ouvir tão sério?

Marcelo disse...

Euforia, distração, felicidade e alegria eu sinto quando fico bem longe de produtos assim... Meus ouvidos e minha alma agradecem!!!!

Gill Sampaio Ominirò disse...

William, seus argumentos são infalíveis. Mas meu amigo, a questão é extremamente superior ao mero preconceito musical. A questão a qual você defende é inerente, em geral, ao povo brasileiro no momento em que este traz consigo os resquícios da escravidão, como profetizou Nabuco. Por outro lado, não esqueçamos que o simples fato de o estilo musical em questão ser baiano, já carrega em si a sina de ser discriminado. Não esqueçamos também que os baianos, (hoje), deuses Caetano, Gil, Bethânia e Gal foram duramente discriminados no Sudeste nas décadas de 60 e 70, a ponto de serem chamados de "baiúnos", numa referência, depreciativa e pejorativa, aos “bárbaros” (para os romanos), que invadiram Roma e derrubaram seu império. Daí surge o nome "Doces Bárbaros" por sinal. Surge de um comentário, em defesa destes baianos, de Mautner que disse à época (+ ou -): "Jesus Cristo também foi um bárbaro, um doce bárbaro que sozinho ajudou a derrubar o Império Romano".
Nesta perspectiva, Daniela Mercury acaba de ter uma crítica no The New York Times, o qual celebra seu trabalho, conferindo-lhe coerência, magnitude e representatividade. E eu lhe pergunto: O que ela ganha (ganhou) dos críticos brasileiros? Em geral, o título de cantora de axé, sem rumo, perdida em sua carreira. Poder-se-ia chamar de versatilidade e representatividade cultural local o que ela faz, mas é chamada de desorientação, de incoerência musical. E por quê? Claramente uma forma de discriminá-la por ser baiana. Como eu disse numa postagem anterior, Arto Lindsay, americano, produtor renomado, que produziu, por exemplo, o excelente disco de Gal “O Sorriso do Gato de Alice”, em entrevista ao jornal A Tarde classificou o pagode do Psirico como sofisticado.
http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=949562.
O estilo é igualmente defendido por antropólogos como Hermano Vianna e Milton Moura, dentre outros, que veem explicação do fato dentro da lógica etnocentrista.
Eu, por outro lado, entendo que a diversidade das culturas não é considerada como um fenômeno natural. Como disse Lévi-Strauss: "a noção de humanidade, a englobar sem distinção de raça ou de civilização todas as formas da espécie humana, apareceu muito tardiamente, e teve expansão limitada". Mas a simples afirmação de igualdade natural para todos ( como fizeram os grandes sistemas filosóficos e religiosos) contém algo de enganoso, pois não é possível por de lado, simplesmente, a diversidade que existe de fato porque não é possível admitir o homem realizando sua natureza numa humanidade abstrata. Ao contrário, o homem se realiza em culturas tradicionais e as modificações se explicam em função de situações definidas no tempo e espaço. Entender essas modificações é que é o dever de casa de quem pretende ter uma atitude filosófica da vida, uma atitude crítica dentro de parâmetros científicos e não preconceituosos.

Gill Sampaio Ominirò disse...

Assim, o resquício da escravidão e a discriminação regional, coadunam-se à intrínseca discriminação racial brasileira velada, o popular racismo. Este que se embrenha nas frestas mais estreitas na sociedade tupiniquim, nas veias mais capilares do pensamento “macho, adulto, branco”. Há diversas formas sínicas de se discriminar sem que para isso o discriminador incorra em crime.
Então, William, seu grito é legítimo e encontra eco nos estudos mais sérios e científicos da sociologia acadêmica. Falo tudo isso com bastante propriedade, pois sou sociólogo, em plena defesa de doutoramento pela Universidade de São Paulo, justamente pleiteando este título com base na comprovação do racismo velado permeado na sociedade brasileira. E a música brasileira é bastante fértil de exemplos de racismo velado, desde letras compostas até críticas sobre estilos musicais ou mesmo determinados artistas.
Por fim, evoco mestre Caetano: “... não importa nada, nem o traço do sobrado, nem o disco de Paul Simon, ninguém é cidadão...”.
E eu, humildemente completo: O negro no Brasil é culpado até que ele prove o contrário. E, para isso, terá todo um aparato imagético e dissimulado impedindo-o que sua inocência prove.

KL disse...

William e Gill,

Gostaria de comentar cada tópico das réplicas de vocês, mas tentarei ser conciso para entrar no debate sem maiores conjeturações:

1. Embora eun não admire os seguintes estilos, prefiro ouvir pagode baiano, axé music, tecnobrega, funk carioca, arrocha e afins do que a dita 'nova mpb' produzida no país desde 1982, sobretudo a geração pós-1989 e tudo o que se lhe assemelhe. Motivo: dentro de todas as suas limitações técnicas e musicais, o primeiro grupo consegue produzir um som muito mais orgânico e mais sincero do que o da Geração 2000, essa então é vergonhosa em todos os itens. Silvano Salles, "o rei do arrocha", por exemplo - que nem precisaria tanto - acompanha-se de uma (quase) big band: dois saxofones, trombone e trompetes, ousadia que muitos milionários da tal mpb hoje nem sequer cogita em levar ao palco ou ao disco;

2. Arto Lindsay exagerou ao usar o termo 'sofisticado' ao referir-se ao pagone baiano; definitivamente não é sofisticado, porém não tira do pagode baiano certos méritos, como o de ser mais ousado, mais vibrante e mais criativo do que ele, por exemplo;

3. A tendência é que, com o sucesso do som ultra-popular, as 'elites' e a mídia interesseira tendam a aplaudi-lo e a divulgá-lo para, muitas vezes, demonstrar que está 'antenada' com as novas tendências ou para lucrar com a onda. Isso sim é que é preocupante, pois quase sempre descaracretiza ou transforma o diferente numa coisa só.

No mais, eu defendo a discussão ampla e democrática da Cultura para além do nosso gosto pessoal.

Abraço a todos.

Rhenan Soares disse...

William,

Seus argumentos se contradizem, meu caro, é confuso (mesmo pra mim que sou "inteligente, culto, de altíssimo bom-senso"), mas irei responder seus questionamentos de enorme importância:

Sou absolutamente capaz de classificar "gostos e subjetividades" em bons ou ruins. É só o que faço. Crítico aqui é o Mauro, ele é quem pode dar opiniões fundamentadas e com algum critério. Não tenho a menor aptidão (nem me proponho) para a tal.
Estou aqui, leigamente, para gostar ou não gostar. E não é isso que se espera dos frequentadores deste blog, oras? Do contrário estaria eu mesmo fazendo e publicando críticas. Mais lógico, não?

Não tenho pré-conceito com nenhum gênero ou estilo musical. É PÓS-conceito mesmo, não é do meu feitio opinar sobre o que não conheço.
É claro que alguns estilos, como o pagode baiano, parecem criados exclusivamente para agrupar os desprovidos de maior talento. Mas, de modo geral, ouço de tudo e, acho sim que existam coisas boas e ruins em todos os gêneros. É tudo tão relativo como o ser-humano e suas preferências. Não vou a micaretas "pular, quebrar, cantar, gritar" pq, mais uma vez, não é do meu feitio. Mas sei que - musicalmente - existem coisas relevantes ali. E admiro.
Não é por não fazer parte das minhas preferências de entretenimento e diversão que eu deprecio ou deixo de apreciar. Pelo contrário, faço os dois.

Quanto a sua observação de que tudo isso que foge a seus hábitos é muito "sério": Data vênia, devo alertá-lo de que está terrivelmente equivocado. Não há a menor inerência entre o bom humor, a diversão ou a felicidade e as músicas/aristas aparentemente assim relacionadas por você.
Não é nem necessário sair do chão ou descer até o mesmo. Pasme!

No mais, creio que o Gill lhe elucidou bastante coisa com seu competente comentário sociológico.

Douglas Carvalho disse...

Como não sou hipócrita e odeio discurso politicamente correto, reafirmo: morro de vergonha da Bahia produzir tanta música ruim nos dias atuais, quando já teve coisas geniais. O resto é sociologia barata.

Anônimo disse...

Assino embaixo do Douglas.
E a barata, cara, tá com as patinhas pra cima sem conseguir sair do lugar.

Gill Sampaio Ominirò disse...

Rhenan, muito clara sua explanação. Espero sinceramente que seja sincera. É muito, mas muito bom mesmo, diferenciar gosto pessoal de qualidade musical. E você acha que não tenho minhas mazelas? Há grandes músicos no mundo os quais reconheço suas genialidades, mas não consigo ouvir. Não gosto mesmo. Mas reconheço seus dons.
E você acha que quando ouço Parangolé dou "vivas", pelo contrário, eu não gosto nenhum pouco do grupo, apesar de considerar o gênero muito criativo e brasileiro. Eu que conheço muito bem o samba de roda da Bahia nas suas raízes mais profundas ainda existentes. Afinal, sou de Salvador, sou de candomblé, sou interessado em música regional e sempre adorei samba de roda. Por isso, acho o grupo Harmonia do Samba, dentre outros, bem mais autêntico musicalmente, diga-se de passagem, do que o Parangolé. Todo modo, sempre fico atento às bandas que aparecem ou ressurgem e ouço e vejo se gosto ou não gosto, mas jamais, repito: jamais eu vou torcer o meu nariz para o gênero. Se eu torcer meu nariz para o samba da Bahia, farei o mesmo com Caymmi e João Gilberto. Vamos ouvir de novo "Falsa Baiana": “... mas a gente gosta quando uma baiana requebra direitinho DE CIMA EMBAIXO, revira os olhinhos e diz: eu sou filha de São Salvador."
Está tudo aí. Requebrar, ir até o chão não é novidade, faz parte das danças rituais africanas. Por isso digo que o que falta é conhecimento.
Por trás da bunda da Carla Perez havia muito samba no grupo É o Tchan.
Douglas, perdeu uma boa oportunidade de ficar calado.

Doug disse...

Gill, eu perdi uma, vc, com textos enormes, está perdendo muitas.

Gill Sampaio Ominirò disse...

Parabéns Dog, seus argumentos são bastante inteligíveis, concretos, científicos e coerentes. Acho que vou declinar da discussão. Caso queira discutir pessoalmente me encontre na FFLCH.

Douglas Carvalho disse...

Não tenho interesse nenhum de discutir esse assunto. A mim não interessa em nada usar de argumentos sociológicos, filosóficos, antropológicos ou o que quer que seja para justificar música ruim e tentar fazer isso, através desses argumentos, ser boa. Acho o atual pagode baiano uma porcaria e ponto. Me envergonho que seja da Bahia, e isso é um direito meu. Se não o envergonha, não tenho nada com isso e é um direito seu. Cada macaco no seu galho. No dia que um cara como Roque Ferreira tiver o mesmo espaço e repercussão que esses caras tem, aí sim concordarei que existe democracia musical e espaço para todos, inclusive para quem faz o tipo de música que eu não gosto. Não me interessa discutir música com quem coloca Geraldo Pereira e Parangolé no mesmo balaio de gatos (nem sei se foi vc, ou o outro rapaz, se não foi vc, me perdoe). No mais, a partir do momento em que a discussão descamba para frases do tipo "vc perdeu oportunidade de ficar calado", quem não tem interesse nenhum em discutir nada sou eu. Pq, mesmo achando que esse monte de palavrórios que vc falou é muito lindo, muito edificante, não passa de um grande vazio, eu jamais diria que vc estava perdendo excelentes oportunidades de ficar calado antes de vc me ter dito primeiro.

Não tenho interesse nenhum em ciências sociais. Meu interesse é em ouvir música boa e/ou bonita, seja ela original ou não. Lixo original não deixa de ser lixo só pq é original.

Anônimo disse...

Mais uma vez o Douglas matou a pau.
A barata. rsrsrs
Pô, Gill, colocar no mesmo balaio o samba de Caymmi e Geraldo Pereira com o do Parangolé é sociologia do criolo doido.

PS: Douglas, tava ouvindo essa semana o cd Tem Samba no Mar do citado Roque Ferreira.
É lindo demais! Todo letrado por P.C.Pinheiro...

Gill Sampaio Ominirò disse...

Douglas, quando eu disse que você perdeu uma oportunidade de ficar calado, não foi uma tentativa autoritária de desmerecer seu gosto pessoal ou mesmo de impor o que penso, nada disso. A questão é que você foi preconceituoso quando chamou a música do pagode baiano de ruim. Penso que esse conceito de ruim é apressado e sem fundamento, você não apresentou nenhum argumento concreto para classificar o gênero de ruim que não fosse seu gosto pessoal e gosto pessoal a gente, é claro, pode exprimir, mas não sem estar passível a questionamentos. Assim como você, eu também não ouço o Parangolé, mas não tenho o direito de classificar como música ruim somente porque não a ouço. E mesmo um critico musical não tem esse direito, ele também deverá apresentar argumentos. Se você é baiano, é natural que esteja cansado de tanto pagode, eu que sempre estou em SSA, apesar de morar em Sampa, sei que é o que mais se ouve em todo canto, mas isso não justifica sua atitude. Não é ciências sociais meu caro, é uma atitude crítica, atitude filosófica que lhe cobro. E a atitude filosófica não é para transformar merda em ouro, ela apenas classifica cientificamente as coisas, sem preconceitos, livre de gostos pessoais. Então para você dizer que é merda, você precisa provar o porquê de ser merda, o mesmo com o ouro.
Eu não tenho vergonha de nada, sei que a indústria da música baiana é podre, mesquinha, racista, capitalista, cruel. olha o ocorre no caso de Margareth/Ivete.
Penso que no momento em que escrevemos num blog de repercussão nacional temos de ter cuidado com o que falamos sob pena de sermos preconceituosos. Se fui rude, peço desculpas, não quis lhe privar do seu direito inalienável de dizer o que pensa. Apenas quis lhe alertar que temos de conhecer as coisas, os fatos históricos. Muito dos artistas "chiques" e geniais que você gosta já foram discriminados da mesma forma que vocês agora faz com o pagode e por isso que Caetano, vítima preferencial da mídia e de muitos paulistanos, defende tanto a música baiana, seja o chamado axé ou mesmo o pagode. Ter vergonha é desconhecer as origens sociais, culturais e históricas locais.
Em nenhum momento eu comparei Geraldo Pereira com ninguém, só exemplifiquei com uma frase sua uma realidade afro-brasileira de origem bantu.
Eu olho para as coisas com um olhar mais doce, mais compreensivo.
Sinto muito se as ciências sociais não lhe interessam, é duro ouvir isso, pois é do que mais esse país precisa: voltar seus olhos para as ciências sociais, afinal, vivemos em sociedade, sob a égide da política e como fruto antropológico de nossos ancestrais. Então as Ciências Sociais são do que mais um país mal-politizado precisa.
Uma pena mesmo. Deixa pra lá.

Douglas Carvalho disse...

Gill, ciências sociais me interessam, mas não para analisar e ouvir música.

Preconceito é um conceito formado antes de se conhecer alguma coisa. Conheço bem o pagode baiano, toca o tempo inteiro em todo lugar. É mais que o suficiente para ter um juízo de valor artístico e, eu que conheço história da MPB de Xisto bahia, passando pelo Teatro de Revista, Era de Ouro, Anos 50, Bossa Nova, Tropicália, etc etc etc, me acho razoavelmente bem embasado para falar do que é ruim ou bom. Me incomoda que toda opinião contrária a determinado tipo de coisa, notadamente produzido por grupos tidos como minorias, seja sempre visto como preconceito.

Moro na Bahia, conheço muito bem a realidade local, e o pagode é apenas um dos motivos para se ter vergonha daqui. O motivo musical. Como música é o assunto do blog, não pretendo me extender enumerando todos os inúmeros problemas e defeitos vergonhosos da atual Bahia. Prefiro, dentro do tema do blog, lembrar que, em outros momentos, a Bahia já produziu nomes que são motivo de orgulho.

Caetano Veloso e Gilberto Gil foram criticados no início da Tropicália por motivos muito mais políticos que artísticos. Antes disso foram recebidos de braços abertos pelo meio musical (ELis Regina lançou Gil, lembra?) e pelo público.

Não acho que a pobreza justifique fazer música ruim, e se justifica, a análise da realidade social não é motivo para se passar a mão nas cabecinhas parangoLESAS e aplaudir suas obras. Lembra que gente como Cartola, Nelson Cavaquinho, o já citado Geraldo Pereira, Ismael Silva, Sinhô e tantos outros, eram homens muito pobres. Ser de extratos sociais, na minha opinião, não é motivo para produzir música ruim.

Mas não vamos mais discutir esse assunto. Deixe-me com minha vergonha de baiano que deixo vc com suas ciências sociais.

Grandes abraços.

Gill Sampaio Ominirò disse...

Douglas, acho que há certa falta de informação quando você diz que Caetano e Gil foram bem aceitos pelo meio musical e pelo público. Primeiro porque Elis Regina não era uma referência na MPB quando gravou Gil e segundo que eles foram vaiados diversas vezes pelo público que preferia a tradição à modernidade. Além dos graves problemas que eles tiveram com colegas de profissão. Você leu Verdade Tropical e A Era dos Festivais?
Outra coisa, ser de extratos sociais inferiores somente ajudou na criação de gêneros musicais autênticos como o jazz, o samba carioca e o pagode baiano, cujo ancestral é o samba de roda. Quem disse que pobreza econômica justifica fazer música ruim? O problema é que você conceitua a música baiana (pagode) de ruim. O pobre faz música, se ela é ruim, a interpretação é toda sua. Fica difícil discutir com alguém que julga um gênero musical de ruim sem apresentar sequer um argumento convincente para isso. O senso comum está tão impregnado em você que não consegue desvencilhar preconceito de racismo ou de exclusão social. Então, do ponto de vista musical, o que você tem a dizer sobre o pagode ser ruim? Seja claro, pois ouvir pagode todos os dias não lhe faz conhecedor de pagode, lhe faz conhecedor das letras dos pagodes que você ouve. Você não passa a conhecer escala, estética e notação musicais por ouvir um gênero de música. Portanto, meu conterrâneo (também sou da Bahia, Salvador, Tororó), ou você apresenta uma prova científica (música não é só arte, é ciência também), de que o pagode baiano é inferior musicalmente, utilizando para isso parâmetros de harmonia, melodia, ritmo, altura, intensidade, e duração ou você vai permanecer no preconceito.