Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Cantora inusitada, Maíra Freitas põe traje de gala e toque de piano no samba

Resenha de CD
Título: Maíra Freitas
Artista: Maíra Freitas
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

 É sintomático que as teclas do piano estejam na capa e em toda a arte gráfica do primeiro CD de Maíra Freitas. Pianista de formação erudita, Maíra debuta em disco sob produção de sua meia-irmã Mart'nália. É o piano que conduz a filha de Martinho da Vila pelas 13 faixas de um álbum em que o samba é ritmo predominante. Um samba vestido em traje de gala pela cantora debutante que se revela inusitada ao dividir de forma bem heterodoxa O show tem que continuar (Arlindo Cruz, Sombrinha e Luiz Carlos da Vila, 1988) sob instrumentação de tom bluesy. Ou ainda ao sustentar os vocalises de Se joga, tema instrumental assinado por Maíra. Sim, além da cantora, a pianista se revela compositora. Não chega a impressionar em Alô?. Já o samba Corselet - sobre peça do vestuário feminino - cai bem com versos que evocam a espontaneidade das letras de Vanessa da Mata. Como pianista de mão cheia, Maíra dá toque de câmera ao samba-canção Se queres saber (Peter Pan, 1947) e chega às alturas ao solar o choro instrumental O voo da mosca (Jacob do Bandolim, 1962). Contudo, Maíra Freitas - o disco - descarta a solenidade camerística, soando leve, descontraído e até festivo, como exemplificam as oportunas regravações de Mambembe (Chico Buarque, 1972) e de Maracatu Nação do Amor (Moacir Santos e Nei Lopes, 2001). Tal leveza é provável efeito da atuação de Mart'nália na produção. Mesmo a leve tensão percebida nos acordes do piano que introduzem Disritmia (1974) é logo diluída pelo molho do samba de Martinho da Vila, revivido pelo compositor em dueto com sua filha, sem alteração significativa da estrutura rítmica original. Além de Martinho, Maíra recebe Joyce - para descontraída abordagem do samba naturalista Monsieur Binot - e Quinho, convidado e co-autor da música As voltas. Completando o repertório de Maíra Freitas há samba de Gonzaguinha (1945 - 1991), Recado (1978), e joia da lavra refinada de Paulinho da Viola, Só o tempo (1982), que se ajusta ao tom sofisticado do CD. No todo, Maíra Freitas deixa impressão positiva neste primeiro disco lançado pela gravadora Biscoito Fino. A pianista é excelente, a cantora é boa e a compositora pode vir a crescer em álbuns futuros.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

É sintomático que as teclas do piano estejam na capa e em toda a arte gráfica do primeiro CD de Maíra Freitas. Pianista de formação erudita, Maíra debuta em disco sob produção de sua meia-irmã Mart'nália. É o piano que conduz a filha de Martinho da Vila pelas 13 faixas de um álbum em que o samba é ritmo predominante. Um samba vestido em traje de gala pela cantora debutante que se revela inusitada ao dividir de forma heterodoxa O Show Tem que Continuar (Arlindo Cruz, Sombrinha e Luiz Carlos da Vila, 1988) sob instrumentação de tom bluesy. Ou ainda ao sustentar os vocalises de Se Joga, tema instrumental assinado por Maíra. Sim, além da cantora, a pianista se revela compositora. Não chega a impressionar em Alô?. Já o samba Corselet - sobre peça do vestuário feminino - cai bem com versos que evocam a espontaneidade das letras de Vanessa da Mata. Como pianista de mão cheia, Maíra dá toque de câmera ao samba-canção Se Queres Saber (Peter Pan) e chega às alturas ao solar o choro instrumental O Vôo da Mosca (Jacob do Bandolim, 1962). Contudo, Maíra Freitas - o disco - descarta a solenidade camerística, soando leve, descontraído e até festivo, como exemplificam as oportunas regravações de Mambembe (Chico Buarque, 1972) e do Maracatu Nação do Amor (Moacir Santos e Nei Lopes). Tal leveza é provável efeito da atuação de Mart'nália na produção. Mesmo a leve tensão percebida nos acordes do piano que introduzem Disritmia (1974) é logo diluída pelo molho do samba de Martinho da Vila, revivido pelo compositor em dueto com sua filha, sem alteração significativa da estrutura rítmica original. Além de Martinho, Maíra recebe Joyce - para descontraída abordagem do samba naturalista Monsieur Binot - e Quinho, convidado e co-autor de As Voltas. Completando o repertório de Maíra Freitas há samba de Gonzaguinha (1945 - 1991), Recado (1978), e joia da lavra refinada de Paulinho da Viola, Só o Tempo (1982), que se ajusta ao tom sofisticado do CD. No todo, Maíra Freitas deixa impressão positiva neste primeiro disco ora lançado pela gravadora Biscoito Fino. A pianista é excelente, a cantora é boa e a compositora pode vir a crescer em álbuns futuros.

Joca Vidal disse...

olá Mauro td bem?
gosto muito do seu blog e suas notas musicais. gostaria de deixar com vc um cd novo do musico gaucho tonho crocco p/possivel publicação. como faço pra te entregar? obrigado pela atenção!

abs!

Anônimo disse...

Joice, ou a filha da Joice?