Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 25 de junho de 2013

'Songbook Vitor Ramil' cristaliza e analisa belo cancioneiro do compositor

Resenha de livro
Título: Songbook Vitor Ramil
Autor: Vitor Ramil
Editora: Belas Letras
Cotação: * * * *

Vitor Ramil está em tempo de revisão de obra que, nos últimos anos, vem ganhando projeção além do circuito gaúcho-portenho, tanto pela propagação virtual do cancioneiro do artista como pelas já recorrentes incursões do cantor Ney Matogrosso por esse repertório, tendo Ney incluído músicas do compositor de Pelotas (RS) nos roteiros de seus shows Beijo bandido (2009 / 2012) e Atento aos sinais (2013). Além de regravar 32 músicas de seu cancioneiro no álbum duplo Foi no mês que vem, lançado e distribuído por seu selo Satolep Music neste mês de junho de 2013, o autor de Estrela, estrela (1981), Não é céu (1995) e Astronauta lírico (2007) publica simultaneamente pela editora Belas Letras o Songbook Vitor Ramil. Ao longo de suas 310 páginas, o livro revisa, cristaliza - através de partituras de 60 músicas (com harmonias, melodias, afinações, tablaturas, diagramas e letras) - e analisa essa obra em textos que procuram elucidar os cânones de repertório criado na Estética do Frio, longe demais das capitais que ditam modas e tendências musicais. "Vitor Ramil se movimenta esteticamente a partir de uma formação cultural não hegemônica, o sul do Brasil, mais precisamente uma cidade que na vida real se chama Pelotas, mas que em sua obra aparece revertida em Satolep. Não é um trocadilho pensado para fugir do imediato e óbvio reconhecimento, mas uma estratégia, talvez inconsciente, para pegar pela outra ponta, pela ponta oposta, a meada da criação artística, estratégia de quem não está no centro dominador, não pretende aderir a ele e, ao contrário, quer tomar a sua circunstância como um novo centro, o centro de um novo jeito de ler a vida", defende Luís Augusto Fischer, autor do preciso ensaio Nesta rua passa o universo, primeiro dos três textos do songbook que lançam olhares embasados sobre a obra de Ramil. De caráter biográfico, Casa, milonga, livro, canção, tempo, Satolep - texto assinado por Juarez Fonseca e entremeado com fotos de todos os tempos do artista - traça as origens familiares e sociais de Ramil, reconstituindo os principais passos da vida pessoal e profissional do cantor e compositor, inclusive os confrontos ideológicos com as gravadoras por conta da singularidade de seu cancioneiro e da firmeza da ideologia do artista. Abrangente, o texto de Fonseca sinaliza inclusive que o próximo passo de Ramil deverá ser disco de inéditas pontuado pelas parcerias com a poeta conterrânea Angélica Freitas. Já o terceiro texto - Canções, na verdade, de autoria de Celso Loureiro Chaves - radiografa a estrutura da obra de Vitor Ramil através da análise técnica de suas músicas mais emblemáticas. É quando o Songbook Vitor Ramil expõe manuscritos de canções como a obra-prima Loucos de cara (Vitor Ramil e Kleiton Ramil, 1987), Neve de papel (Vitor Ramil, 2004) e Satolep (Vitor Ramil, 1984). Por fim, a publicação da discografia do cantautor ajuda a traçar visualmente a rota de obra iniciada em 1981 e que nunca saiu dos trilhos, veiculando emoções e percepções obtidas pelo artista em sua particular Satolep, o quintal do inspirado Vitor Ramil.

7 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Vitor Ramil está em tempo de revisão de obra que, nos últimos anos, vem ganhando projeção além do circuito gaúcho-portenho, tanto pela propagação virtual do cancioneiro do artista como pelas já recorrentes incursões do cantor Ney Matogrosso por esse repertório, tendo Ney incluído músicas do compositor de Pelotas (RS) nos roteiros de seus shows Beijo bandido (2009 / 2012) e Atento aos sinais (2013). Além de regravar 32 músicas de seu cancioneiro no álbum duplo Foi no mês que vem, lançado e distribuído por seu selo Satolep Music neste mês de junho de 2013, o autor de Estrela, estrela (1981), Não é céu (1995) e Astronauta lírico (2007) publica simultaneamente pela editora Belas Letras o Songbook Vitor Ramil. Ao longo de suas 310 páginas, o livro revisa, cristaliza - através de partituras de 60 músicas (com harmonias, melodias, afinações, tablaturas, diagramas e letras) - e analisa essa obra em textos que procuram elucidar os cânones de repertório criado na Estética do Frio, longe demais das capitais que ditam modas e tendências musicais. "Vitor Ramil se movimenta esteticamente a partir de uma formação cultural não hegemônica, o sul do Brasil, mais precisamente uma cidade que na vida real se chama Pelotas, mas que em sua obra aparece revertida em Satolep. Não é um trocadilho pensado para fugir do imediato e óbvio reconhecimento, mas uma estratégia, talvez inconsciente, para pegar pela outra ponta, pela ponta oposta, a meada da criação artística, estratégia de quem não está no centro dominador, não pretende aderir a ele e, ao contrário, quer tomar a sua circunstância como um novo centro, o centro de um novo jeito de ler a vida", defende Luís Augusto Fischer, autor do preciso ensaio Nesta rua passa o universo, primeiro dos três textos do songbook que lançam olhares embasados sobre a obra de Ramil. De caráter biográfico, Casa, milonga, livro, canção, tempo, Satolep - texto assinado por Juarez Fonseca e entremeado com fotos de todos os tempos do artista - traça as origens familiares e sociais de Ramil, reconstituindo os principais passos da vida pessoal e profissional do cantor e compositor, inclusive os confrontos ideológicos com as gravadoras por conta da singularidade de seu cancioneiro e da firmeza da ideologia do artista. Abrangente, o texto de Fonseca sinaliza inclusive que o próximo passo de Ramil deverá ser disco de inéditas pontuado pelas parcerias com a poeta conterrânea Angélica Freitas. Já o terceiro texto - Canções, na verdade, de autoria de Celso Loureiro Chaves - radiografa a estrutura da obra de Vitor Ramil através da análise técnica de suas músicas mais emblemáticas. É quando o Songbook Vitor Ramil expõe manuscritos de canções como a obra-prima Loucos de cara (Vitor Ramil e Kleiton Ramil, 1987), Neve de papel (Vitor Ramil, 2004) e Satolep (Vitor Ramil, 1984). Por fim, a publicação da discografia do cantautor ajuda a traçar visualmente a rota de obra iniciada em 1981 e que nunca saiu dos trilhos, veiculando emoções e percepções obtidas pelo artista em sua particular Satolep, o quintal do inspirado Vitor Ramil.

Marcelo disse...

Vitor Ramil é tudo de bom!!! Deveria ser mais gravado pois é um compositor maravilhoso!!!

lurian disse...

Assino embaixo Marcelo. Ramil é joia rara. Lamento somente a Verônica Sabino, uma das intérpretes que mais gravou Vitor Ramil não ter participado desse projeto. Mas terá Milton, Ney, Kátia B. ... Só no aguardo que seja lançado!

Coisas do Sertão disse...

Emanuel Andrade

Excepcional esse rapaz desde que fez a primeira canção e que encantou Zizi Possi. Ele só cresceu com qualidade sem chatismos e nem intelectualismos vazios. Muito bom em letra e música. Ele foi o melhor do repertório de Beijo Bandido de Ney, com certeza. Mauro, onde esse material está disponível?

maroca disse...

Augusto Flávio (Petrolina-Pe/Juazeiro-Ba)

Vale registrar que a primeira música de Vitor gravada foi Zizi Possi quem tascou. A Música "Mina de prata" em 1980 que por sinal é uma pérola.

Mauro Ferreira disse...

Emanuel, CD duplo (que ainda vai merecer resenha) e livro em tese chegariam ao mercado este mês. Mas o CD ficou pronto antes do livro. Abs, MauroF

Káyon disse...

Também gosto muito das canções de Vitor Ramil. Projeto bem-vindo.