Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


sábado, 18 de fevereiro de 2012

Lucas encorpa sua música em 'O Deus que Devasta Mas Também Cura'

Resenha de CD
Título: O Deus que Devasta Mas Também Cura
Artista: Lucas Santtana
Gravadora: Independente
Cotação: * * * 1/2

Lucas Santtana lançou três álbuns irregulares - Eletro Bem Dodô (2000), Parada de Lucas (2003) e 3 Sessions in a Greenhouse (2006) - até ser alçado ao olimpo hype com Sem Nostalgia (2009), disco de atmosfera minimalista, calcado na voz e no violão deste cantor e compositor baiano que se radicou no Rio de Janeiro (RJ) em meados dos anos 90. Se desossou seu som em Sem Nostalgia, Santtana volta a encorpar sua música em seu quinto álbum de estúdio, O Deus que Devasta Mas Também Cura, nas lojas a partir de março de 2012. Pelo fato de alinhar na ficha técnica alguns dos nomes mais incensados da cena indie nacional (Céu, Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz, Curumin, Kassin, Gustavo Ruiz, Gui Amabis e Guizado, entre outros), O Deus que Devasta Mas Também Cura já estava envolto em atmosfera hype ao ser enviado em formato digital para os críticos. A rigor, o álbum resulta interessante sem justificar tanto oba-oba em torno do artista. Até porque, às vezes, o poder de sedução do disco reside mais na sua sonoridade do que na música em si, caso da faixa-título, O Deus que Devasta Mas Também Cura (Lucas Santtana e Gui Amabis), regida pelo maestro Letieres Leite com arranjo executado com a adesão de sua Orkestra Rumpilezz. Da atual safra autoral do artista, o destaque é Jogos Madrugais (Lucas Santtana), tema que versa com paixão sobre noite dedicada aos videogames. Com cordas sampleadas, dose exata de batidas eletrônicas e os falsetes arriscados com desenvoltura pelo cantor, Jogos Madrugais sinaliza que o compositor nem precisava ter recorrido a um título menor do cancioneiro dos Paralamas do Sucesso (Músico, parceria de Herbert Vianna e Bi Ribeiro com Tom Zé, lançada pelo trio carioca em 1994 no álbum Severino e revivida por Santtana em dueto com Céu) para completar as dez faixas de O Deus que Devasta Mas Também Cura. Outro destaque do repertório autoral, a balada É Sempre Bom Lembrar (Lucas Santtana) é ambientada em atmosfera cool e climática. Na sequência, Se Pá S.K.A S.P. (Lucas Santtana) costura surf music e ska com o bom acabamento pop perceptível também em Dia de Furar Onda no Mar (Lucas Santtana e Josué Santtana), samba de bem com a vida em que o artista exalta a beleza e a leveza do cotidiano de Josué, filho de Lucas e parceiro no tema. Em outra latitude, mas também com alegria e vivacidade rítmica, Ela É Belém (Lucas Santtana) evoca sem clichês - em clima orquestral de andamentos alternados - a cena tecnobrega da capital do Pará. Situada na rota que leva a São Paulo, cidade efervescente com a qual o carioca honorário vem travando diálogo musical e existencial, a balada Para Onde Irá Essa Noite? (Lucas Santtana) adensa o álbum e ganha corpo na medida em que o arranjo evidencia a massa sonora urdida por Marcelo Callado (bateria), Ricardo Dias Gomes (baixo), Gustavo Benjão (guitarra), Lucas Vasconcellos (teclados) e David Cole (efeitos) - músicos, aliás, recorrentes na ficha técnica do disco. Embora tivesse letra em sua forma original, Vamos Andar Pela Cidade (Lucas Santtana) aparece no álbum como tema instrumental carregado pelos sopros orquestrados pelo trompetista paulistano Guizado. A faixa denota a falta de unidade que parece ter regido intencionalmente a confecção de O Deus que Devasta Mas Também Cura. Não por acaso, o disco fecha com O Paladino e seu Cavalo Altar, versão em português de This Is Not the Fire, tema do repertório da banda My Tiger My Timing, formada em 2008 na cena indie inglesa. O flerte com o som dance da faixa terminal mostra que a música ora encorporada do versátil Lucas Santtana parece já não admitir rótulos.

10 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Lucas Santtana lançou três álbuns irregulares - Eletro Bem Dodô (2000), Parada de Lucas (2003) e 3 Sessions in a Greenhouse (2006) - até ser alçado ao olimpo hype com Sem Nostalgia (2009), disco de atmosfera minimalista, calcado na voz e no violão deste cantor e compositor baiano que se radicou no Rio de Janeiro (RJ) em meados dos anos 90. Se desossou seu som em Sem Nostalgia, Santtana volta a encorpar sua música em seu quinto álbum de estúdio, O Deus que Devasta Mas Também Cura, nas lojas a partir de março de 2012. Pelo fato de alinhar na ficha técnica alguns dos nomes mais incensados da cena indie nacional (Céu, Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz, Curumin, Kassin, Gustavo Ruiz, Gui Amabis e Guizado, entre outros), O Deus que Devasta Mas Também Cura já estava envolto em atmosfera hype ao ser enviado em formato digital para os críticos. A rigor, o álbum resulta interessante sem justificar tanto oba-oba em torno do artista. Até porque, às vezes, o poder de sedução do disco reside mais na sua sonoridade do que na música em si, caso da faixa-título, O Deus que Devasta Mas Também Cura (Lucas Santtana e Gui Amabis), regida pelo maestro Letieres Leite com arranjo executado com a adesão de sua Orkestra Rumpilezz. Da atual safra autoral do artista, o destaque é Jogos Madrugais (Lucas Santtana), tema que versa com paixão sobre noite dedicada aos videogames. Com cordas sampleadas, dose exata de batidas eletrônicas e os falsetes arriscados com desenvoltura pelo cantor, Jogos Madrugais sinaliza que o compositor nem precisava ter recorrido a um título menor do cancioneiro dos Paralamas do Sucesso (Músico, parceria de Herbert Vianna e Bi Ribeiro com Tom Zé, lançada pelo trio carioca em 1994 no álbum Severino e revivida por Santtana em dueto com Céu) para completar as dez faixas de O Deus que Devasta Mas Também Cura. Outro destaque do repertório autoral, a balada É Sempre Bom Lembrar (Lucas Santtana) é ambientada em atmosfera cool e climática. Na sequência, Se Pá S.K.A S.P. (Lucas Santtana) costura surf music e ska com o bom acabamento pop perceptível também em Dia de Furar Onda no Mar (Lucas Santtana e Josué Santtana), samba de bem com a vida em que o artista exalta a beleza e a leveza do cotidiano de Josué, filho de Lucas e parceiro no tema. Em outra latitude, mas também com alegria e vivacidade rítmica, Ela É Belém (Lucas Santtana) evoca sem clichês - em clima orquestral de andamentos alternados - a cena tecnobrega da capital do Pará. Situada na rota que leva a São Paulo, cidade efervescente com a qual o carioca honorário vem travando diálogo musical e existencial, a balada Para Onde Irá Essa Noite? (Lucas Santtana) adensa o álbum e ganha corpo na medida em que o arranjo evidencia a massa sonora urdida por Marcelo Callado (bateria), Ricardo Dias Gomes (baixo), Gustavo Benjão (guitarra), Lucas Vasconcellos (teclados) e David Cole (efeitos) - músicos, aliás, recorrentes na ficha técnica do disco. Embora tivesse letra em sua forma original, Vamos Andar Pela Cidade (Lucas Santtana) aparece no álbum como tema instrumental carregado pelos sopros orquestrados pelo trompetista paulistano Guizado. A faixa denota a falta de unidade que parece ter regido intencionalmente a confecção de O Deus que Devasta Mas Também Cura. Não por acaso, o disco fecha com O Paladino e seu Cavalo Altar, versão em português de This Is Not the Fire, tema do repertório da banda My Tiger My Timing, formada em 2008 na cena indie inglesa. O flerte com o som dance da faixa terminal mostra que a música ora encorporada do versátil Lucas Santtana parece já não admitir rótulos.

Maria disse...

Lucas Santtana apesar de não ter boa voz ,tem um trabalho bem interessante já até falei isso aqui em outro momento infelizmente boicatado pelo "sistema" ainda não ouvi esse disco irei conferir.

Rafael disse...

Achei bonito o título do disco, bem moderno e inspirado.

Maria disse...

*boicotado corrigindo.

Rafael disse...

Acho que esse será um dos melhores discos de 2012. Sinto isso! Lucas Santtana é um excelente cantor e compositor, ao contrário de muita gente que insiste em dizer o contrário. Esse disco promete!!!

Daniel disse...

O título da resenha tá errado...Tá o Deus que devasta MAIS também cura

KL disse...

há muito tempo, ele gravou uma faixa legal, que foi sucesso com Leo Jaime: "Uma Mensagem de Amor", com voz e canto inspirados em Caetano Veloso.

Mauro Ferreira disse...

Obrigado, Daniel, pelo alerta do erro do título. Abs, MauroF

Mr. Lion disse...

Bem lembrado KL, Mensagem de Amor é realmente uma grande canção. E embora tenha feito muito sucesso com o Leo Jaime é de autoria do Herbert Vianna e está no segundo álbum dos Paralamas, O Passo do Lui de 1984.

Eduardo Cáffaro disse...

adorei a capa ! linda