Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Com CD de marchinhas, A.B.R.A. brinca seu Carnaval com espírito pop

Resenha de CD
Título: Amygos Bandydos Residentes no Amor Pré Y Carnaval
Artista: A.B.R.A.Pré-Ca
Gravadora: ST2
Cotação: * * * *

Após botar seu bloco na rua com série de marchinhas compostas no Miradouro (casa comunitária de Thalma de Freitas situada em Santa Tereza, bairro do Centro da cidade do Rio de Janeiro), o coletivo A.B.R.A.Pré-Ca põe seu primeiro disco no mercado com o registro dessa autoral produção carnavalesca. A.B.R.A. Pré-Ca é sigla que designa o nome do coletivo: Amygos Bandydos Resydentes no Amor Pré Y Carnaval. A folia moderninha é capitaneada pelo cantor e compositor Rubinho Jacobina e pelas cantoras Iará Rennó e Cibelle Cavalli com a adesão dos músicos da banda carioca Do Amor (Marcelo Callado, Ricardo Dias Gomes, Gustavo Benjão e Gabriel Mayall). E, ao contrário do que podem supor os puristas guardiões das tradições do Carnaval, a turma sabe brincar o Carnaval. Com espírito pop,o grupo apresenta dez marchinhas em 29 minutos neste CD que surpreende positivamente. A safra é animada. A Marcha Lúbrica (Rubinho Jacobina), por exemplo, dá de dez na produção tradicional com seus versos marotos que fazem lúdico jogo de palavras com termos de conotação sexual. A letra da Marcha do Procure Saber (Iara Rennó e Rubinho Jacobina) também é um achado. Nessa marcha que prega as liberdades individuais sem tom panfletário, o A.B.R.A. dialoga com a célebre marcha Cabeleira do Zezé (João Roberto Kelly) em versos hilários como "Larga do pé do Zezé / Esse papo de ser ou não ser / Tá pra lá de démodé / Gilberto Gil pode te dar um esculacho / E Caetano assina embaixo", anarquiza a turma sob o comando do solista Rubinho Jacobina. Também pregando liberdades, a Marcha da Pamonha (Iara Cibelle, Rubinho Jacobina e Ricardo Dias Gomes) alude obviamente à maconha com menor grau de criatividade. Das dez marchas inéditas apresentadas no disco, a única desanimada é a Marcha do Iguanacaré (Cibelle), embebida em tom psicodélico, fora de sintonia com o espírito da folia. A Marcha do Pratinho (Cibelle e Iara Rennó) também é capaz de fazer o bloco perder o pique. Mas as demais são bacanas e, apesar de terem recebido tratamento pop, quase nunca renegam as tradições do gênero. Aliás, a Marcha da Wilza (Iara Rennó, Cibelle e Thalma de Freitas), a Marcha do Valeu Otários (Iara Rennó, Rubinho Jacobina e Cibelle) - solada por Nina Becker em intervenção afetiva - e a Marcha da Preparação (Iara Rennó) manteriam cheio o salão de qualquer baile. O coletivo A.B.R.A. - que já diz a que veio na Marcha da Abertura (Cibelle e Iara Rennó), espécie de faixa-manifesto do grupo - põe o bloco na rua com jeito de campeão.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Após botar seu bloco na rua com série de marchinhas compostas no Miradouro (casa comunitária de Thalma de Freitas situada em Santa Tereza, bairro do Centro da cidade do Rio de Janeiro), o coletivo A.B.R.A.Pré-Ca põe seu primeiro disco no mercado com o registro dessa autoral produção carnavalesca. A.B.R.A. Pré-Ca é sigla que designa o nome do coletivo: Amygos Bandydos Resydentes no Amor Pré Y Carnaval. A folia moderninha é capitaneada pelo cantor e compositor Rubinho Jacobina e pelas cantoras Iará Rennó e Cibelle Cavalli com a adesão dos músicos da banda carioca Do Amor (Marcelo Callado, Ricardo Dias Gomes, Gustavo Benjão e Gabriel Mayall). E, ao contrário do que podem supor os puristas guardiões das tradições do Carnaval, a turma sabe brincar o Carnaval. Com espírito pop,o grupo apresenta dez marchinhas em 29 minutos neste CD que surpreende positivamente. A safra é animada. A Marcha Lúbrica (Rubinho Jacobina), por exemplo, dá de dez na produção tradicional com seus versos marotos que fazem lúdico jogo de palavras com termos de conotação sexual. A letra da Marcha do Procure Saber (Iara Rennó e Rubinho Jacobina) também é um achado. Nessa marcha que prega as liberdades individuais sem tom panfletário, o A.B.R.A. dialoga com a célebre marcha Cabeleira do Zezé (João Roberto Kelly) em versos hilários como "Larga do pé do Zezé / Esse papo de ser ou não ser / Tá pra lá de démodé / Gilberto Gil pode te dar um esculacho / E Caetano assina embaixo", anarquiza a turma sob o comando do solista Rubinho Jacobina. Também pregando liberdades, a Marcha da Pamonha (Iara Cibelle, Rubinho Jacobina e Ricardo Dias Gomes) alude obviamente à maconha com menor grau de criatividade. Das dez marchas inéditas apresentadas no disco, a única desanimada é a Marcha do Iguanacaré (Cibelle), embebida em tom psicodélico, fora de sintonia com o espírito da folia. A Marcha do Pratinho (Cibelle e Iara Rennó) também é capaz de fazer o bloco perder o pique. Mas as demais são bacanas e, apesar de terem recebido tratamento pop, quase nunca renegam as tradições do gênero. Aliás, a Marcha da Wilza (Iara Rennó, Cibelle e Thalma de Freitas), a Marcha do Valeu Otários (Iara Rennó, Rubinho Jacobina e Cibelle) - solada por Nina Becker em intervenção afetiva - e a Marcha da Preparação (Iara Rennó) manteriam cheio o salão de qualquer baile. O coletivo A.B.R.A. - que já diz a que veio na Marcha da Abertura (Cibelle e Iara Rennó), espécie de faixa-manifesto do grupo - põe o bloco na rua com jeito de campeão.

Anônimo disse...

Inventivo, inesperado e precioso. Cibelle, Iara, Rubinho e Do Amor fizeram meu carnaval valer a pena. Compre já

lurian disse...

O que dizer desses garotos talentosos que fizeram um disco tão animado entre a tradição e a novidade? O disco é um mosaico da diversidade: marcha da (m)pamonha, a cabeleira gay do Zezé, o fazer sabão, a piriguete de Sta Tereza, os criadores urbanos de animais exóticos... tudo muito divertido. A Marcha de abertura, Valeu otários e a deliciosa Marcha lúbrica são pérolas que vêem mostrar que pode haver carnaval inteligente, chistoso sem apelar pra vulgaridade, como é de tradição nas marchinhas.
A cereja do bolo é relembrar a grande Wilza Carla, macha-homenagem que faz fina ironia ao ideal estético imposto das magrelas, e relembra aquela foi a gordinha mais sexy do nosso cinema.
Fenomenal.
#Supervaleapena!!!!

leitordomauro disse...

É isso Lurian, vamos levantar a bandeira desse disco que realmente vale a pena. Vamos usar esse espaço de comentários do blog para discutir lançamentos que fazem diferença, ao invés de debates sobre carreiras de cantoras consagradas e relançamentos de vinil em cd que na verdade tem qualidade de...vinil !