Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


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domingo, 6 de setembro de 2015

Vanessa mostra evolução como intérprete no tom expansivo de 'Delicadeza'

Resenha de show
Título: Delicadeza
Artista: Vanessa da Mata (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Theatro Net Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 5 de setembro de 2015
Cotação: * * * *

Quem viu Vanessa da Mata no início da carreira, tímida nos palcos e pouco (ou nada) à vontade na abordagem de músicas alheias, certamente se surpreende com a desenvoltura e a evolução mostradas pela cantora e compositora mato-grossense em seu show Delicadeza. Moldado para teatros e espaços menores, Delicadeza é show em tese pautado por maior intimidade da artista com seu público. Só que não chega a ter o clima formal de um recital - até porque os arranjos, tocados pelos pianista Danilo Andrade e o guitarrista Maurício Pacheco, dialogam com a linguagem pop contemporânea dos discos de Mata. Delicadeza, a propósito, nasceu em período de entressafra, motivada pela menor receptividade obtida pelo álbum Segue o som (Jabuticaba / Sony Music, 2014). O espetáculo derivado deste disco (de repertório autoral aquém do histórico fonográfico da artista) ficou pouco tempo na estrada, abrindo caminho neste ano de 2015 para Delicadeza, show de produção mais econômica cujo roteiro alterna composições do baú da compositora - como Viagem, lançada por Daniela Mercury no álbum Sol da liberdade (BMG, 2000) - com músicas alheias, trazidas por Mata em sua bagagem existencial. "Babagem brasileira", como enfatizou a artista para o público que lotou o Theatro Net Rio na noite de ontem, 5 de setembro de 2015. E o fato é que Vanessa da Mata - intérprete que oscilava quando cantava músicas de outros compositores - brilha em Delicadeza, passeando com naturalidade por temas como Samba a dois (Marcelo Camelo, 2003). Nesta música do repertório do grupo carioca, Danilo Andrade simula no piano o batuque do samba, cujo ritmo foi bem marcado ao fim pelas palmas das mãos da cantora. E quem se atreve a dizer do que é feito o samba? Na bagagem de Mata, o samba - como Canto das três raças (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, 1976), cantado de início a capella no bis em número ousado - está misturado com canções de cepa interiorana como Espere por mim, morena (1976), espécie de toada da lavra romântica do urbano compositor carioca Luiz Gonzaga do Nascimento Jr. (1945 - 1991), o popular Gonzaguinha. Embora o título Delicadeza sugira um show de clima introspectivo, e há a tal da delicadeza em temas como Carta (Ano de 1890) (Vanessa da Mata, 2002), a cantora transita em trilha oposta, oferecendo interpretações expansivas de músicas como Chovendo na roseira (Antonio Carlos Jobim, 1971) e Vá pro inferno com seu amor (Meirinho, 1976), sucesso do universo sertanejo nas vozes das duplas Milionário & José Rico e Chitãozinho & Xororó. Por vezes, a extroversão do canto da artista ignora o sentido original das letras que interpreta. A melancolia embutida em Mágoas de caboclo (J. Cascata e Leonel Azevedo, 1936) - canção que Vanessa ouvia com a avó na voz icônica do cantor carioca Orlando Silva (1915 - 1978), intérprete original do tema - se dilui, por exemplo, diante dessa expansão no arranjo conduzido de início pela guitarra de Maurício Pacheco. À parte eventuais desatenções, como creditar a Michael Sullivan e Paulo Massadas a versão em português de Lately (Stevie Wonder, 1980) escrita por Ronaldo Bastos em 1984 com o título Nada mais, é inegável que Vanessa da Mata está cantando cada vez melhor. Grande balada do melhor álbum da artista, Bicicletas, bolos e outras alegrias (Jabuticaba / Sony Music, 2010), Te amo (Vanessa da Mata, 2010) reaparece em cena com agudos luminosos. Herança do disco e show dedicados por Mata ao cancioneiro de Antonio Carlos Jobim (1927-1994), Dindi (1959) - parceria de Tom com Aloysio de Oliveira (1914-1995) - também revive radiante em Delicadeza. A dobradinha com duas músicas de Djavan - Capim (1982) e Asa (1986), emendadas com naturalidade no mesmo número em que o piano de Danilo Andrade cai no suingue  - reitera o êxito da cantora neste show que a aproxima mais do público. Tanto que a descida para a platéia, ao fim do bis, resultou dispensável, prejudicando as abordagens de Por onde ando tenho você (Vanessa da Mata, 2014) - o single irresistível do álbum Segue o som, cuja convidativa música-título também se mantém sedutora no roteiro de Delicadeza - e do reggae Vermelho (Vanessa da Mata, 2007). Enfim, ao remexer na sua bagagem afetiva, Mata tira da memória tanto um sucesso do cancioneiro católico e autoral de padre Zezinho, Maria de minha infância (1972), como um standard do repertório da cantora e compositora norte-americana Carole King, It's too late (1971), parceria de King com Toni Stern. Em ambos, a cantora se sai bem, em nada lembrando a intérprete que chegava a constranger quando dava voz a músicas alheias. Delicadeza é o atestado do progresso de Vanessa da Mata como cantora. Um alento e uma possível saída no momento em que a qualidade da intuitiva produção autoral da ótima compositora começa a oscilar.

Mata põe Djavan e Gonzaguinha na 'bagagem brasileira' do show 'Delicadeza'

De volta à cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde estreou no primeiro semestre deste ano de 2015, Delicadeza é o show em que Vanessa da Mata alterna músicas de seu baú autoral com composições de lavra alheia. São músicas guardadas na "bagagem brasileira" que a artista trouxe de sua cidade natal, Alto Garças (MT) - como contou a cantora e compositora mato-grossense ao público que lotou o Theatro Net Rio na noite de ontem, 5 de setembro de 2015, para ver a segunda das duas apresentações de Delicadeza na reestreia carioca do show. Na companhia de apenas dois músicos, Danilo Andrade (piano) e Maurício Pacheco (guitarra), Vanessa tirou dessa "bagagem brasileira" músicas como Espere por mim, morena - canção com clima de toada interiorana que o cantor e compositor Luiz Gonzaga do Nascimento Jr. (1945 - 1991), o Gonzaguinha, lançou no álbum Começaria tudo outra vez (EMI-Odeon, 1976) - e Mágoas de caboclo (J. Cascata e Leonel Azevedo, 1936), composição que Mata ouvia na companhia da avó na voz do cantor carioca Orlando Silva (1915 - 1978), intérprete original do tema. Remexendo na memória afetiva de sua infância e adolescência interioranas, a cantora deu voz também a Cuitelinho (tema de domínio público adaptado por Paulo Vanzolini e Antonio Xandó e desde 1974 gravado em disco), a duas músicas do compositor alagoano Djavan - Capim (1982) e Asa (1986), emendadas no roteiro - e ao sucesso sertanejo Vá pro inferno com seu amor (Meirinho, 1976), sucesso nas vozes das duplas Milionário & José Rico e Chitãozinho & Xororó. Entre música do repertório do grupo carioca Los Hermanos (Samba a dois - Marcelo Camelo, 2003) e tema do cancioneiro católico de Padre Zezinho (Maria de minha infância, sucesso do primeiro álbum do religioso, Estou pensando em Deus, lançado em 1972), Vanessa da Mata ainda cantou, no longo bis, hit do repertório de Almir Guineto, Caxambu (Bidubi do Tuiuti, Élcio do Pagode, Zé Lobo e Jorge Neguinho, 1986), e sucesso da cantora e compositora norte-americana Carole King, It's too late, parceria de King com Toni Stern que alavancou as vendas de seu emblemático álbum Tapestry (Ode Records, 1971). Eis o farto roteiro seguido em 5 de setembro de 2015 por Vanessa da Mata - em foto de Rodrigo Goffredo - na apresentação do (íntimo e luminoso) show  Delicadeza no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro (RJ):

1. Viagem (Vanessa da Mata, 2000)
2. Samba a dois (Marcelo Camelo, 2003)
3. Espere por mim, morena (Gonzaguinha, 1976)
4. Baú (Vanessa da Mata, 2007)
5. Carta (Ano de 1890) (Vanessa da Mata, 2002)
6. Chovendo na roseira (Antonio Carlos Jobim, 1971)
7. Mágoas de caboclo (J. Cascata e Leonel Azevedo, 1936)
8. Cuitelinho (tema de domínio público adaptado por Paulo Vanzolini e Antonio Xandó, 1974)
9. Maria de minha infância (Padre Zezinho, 1972)
10. Vá pro inferno com seu amor (Meirinho, 1976)
11. Te amo (Vanessa da Mata, 2010)
12. Meu Deus (Vanessa da Mata, 2007)
13. Ainda bem (Vanessa da Mata e Liminha, 2004)
15. Dindi (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959)
16. Amado (Marcelo Jeneci e Vanessa da Mata, 2007)
17. Fugiu com a novela (Vanessa da Mata, 2007)
18. Capim (Djavan, 1982) /
19. Asa (Djavan, 1986)
20. Bicicletas, bolos e outras alegrias (Vanessa da Mata, 2010)
21. Segue o som (Vanessa da Mata, 2014)
Bis:
22. Nada mais (Lately) (Stevie Wonder, 1980, em versão de Ronaldo Bastos, 1984)
23. It's too late (Carole King e Toni Stern, 1971)
24. Canto das três raças (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, 1976)
25. Caxambu (Bidubi do Tuiuti, Élcio do Pagode, Zé Lobo e Jorge Neguinho, 1986)
26. Por onde ando tenho você (Vanessa da Mata, 2014)
27. Vermelho (Vanessa da Mata, 2007)

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Emicida muda o título de álbum que inclui Vanessa da Mata em 'Passarinhos'

O rapper paulistano Emicida mudou o título de seu segundo álbum de estúdio. Antes intitulado Ubuntu, o disco vai se chamar Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa. Gravado entre África e Brasil, o álbum traz Vanessa da Mata - com Emicida na foto de Ênio Cesar - na música Passarinhos, inédita de autoria do artista, composta em parceria com Xuxa Levy, produtor do disco. Caetano Veloso também figura no álbum como convidado da faixa Baiana, parceria de Emicida com DJ Dhu. Boa esperança (faixa já apresentada em junho através de clipe) e Mufete (disponível a partir de amanhã para download gratuito) são outras músicas do  disco. O álbum será lançado em agosto de 2015 através do selo Laboratório Fantasma, com distribuição da Sony Music.

sábado, 6 de junho de 2015

'Sambabook' de Ivone Lara é lançado com Adriana, Bethânia, Elba e Vanessa

A IMAGEM DO SOM - Postada na página do projeto Sambabook no Facebook, a foto flagra a cantora e compositora carioca nas gravações realizadas em novembro de 2014 na Grande Sala da Cidade das Artes, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Quarto volume do projeto, o Sambabook de Ivone Lara vai ser lançado neste mês de junho de 2015. Registros inéditos da musicografia da artista - feitos por elenco que inclui Adriana Calcanhotto, Áurea Martins, Beth Carvalho, Carminho, Criolo, Caetano Veloso, Diogo Nogueira, Elba Ramalho, Jongo da Serrinha, Maria Bethânia, Mariene de Castro, Teresa Cristina, Vanessa da Mata e Zeca Pagodinho, entre vários outros nomes - estão perpetuados em gravação ao vivo editada nos formatos de CD, DVD e blu-ray. Áurea Martins, por exemplo, dá voz a Alvorecer (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1974). Bethânia regrava Sonho meu (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1978), samba que lançou em dueto com Gal Costa. Elba Ramalho reanima A sereia Guiomar (Ivone Lara, 1980). Já Vanessa da Mata reaviva Acreditar (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1976) enquanto o Jongo da Serrinha revive Axé de Ianga (Pai maior) (Ivone Lara, 1980). Projeto inclui também discobiografia e livro de partituras com as músicas mais expressivas do cancioneiro solar de Dona Ivone Lara, compositora que desbravou caminhos no mundo do samba.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Emicida grava faixa com Vanessa da Mata para álbum de conexões africanas

Iniciadas na África, mais precisamente em Luanda (Angola) e Praia (Cabo Verde), as gravações do segundo álbum de estúdio do rapper paulistano Emicida estão prosseguindo em São Paulo (SP). Nesta fase paulista de formatação do disco, o artista gravou faixa em dueto com Vanessa da Mata (com Emicida na foto de Ênio César). A cantora mato grossense é a convidada de Passarinhos, música inédita de Emicida. Produzida por Marcos Xuxa Levy, parceiro de Emicida na composição do tema, a faixa Passarinhos foi gravada com o toque de músicos de Cabo Verde como o guitarrista Kaku Alves. Viabilizado com patrocínio do projeto Natura musical, o álbum de Emicida tem os toques de vários instrumentistas africanos (de Luanda e Praia) e já está em fase de finalização. O lançamento está programado para o segundo semestre deste ano de 2015, com a distribuição da gravadora Sony Music.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Vanessa da Mata dá voz a belo samba de 1976 no 'Sambabook' de Ivone Lara

Postada na página oficial de Vanessa da Mata no Facebook, a terna foto acima flagra a cantora e compositora mato-grossense com Ivone Lara nos bastidores da gravação do Sambabook da veterana compositora carioca, no Rio de Janeiro (RJ). Vanessa gravou Acreditar - samba de Ivone Lara e Délcio Carvalho (1939-2013) lançado pelo cantor fluminense Roberto Ribeiro (1940-1996) no seu segundo álbum solo, Arrasta povo (EMI-Odeon, 1976) - para o CD duplo, DVD e blu-ray que serão editados no primeiro semestre de 2015. O elenco do projeto inclui Adriana Calcanhotto, Carminho e Maria Bethânia.

sábado, 26 de abril de 2014

Calor humano turbina o show que disfarça as oscilações do som de Vanessa

Resenha de show
Título: Segue o som
Artista: Vanessa da Mata (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 26 de abril de 2014
Cotação: * * * 1/2

 "Nunca presenciei tanto calor humano como nessa noite", avaliou Vanessa da Mata no palco do Circo Voador, após cantar Ninguém é igual a ninguém (Desilusão) (Vanessa da Mata, 2014), balada de versos densos, cujo peso da letra contrastou com a atmosfera leve em que está ambientado o show Segue o som. A cantora se referia à vibração do público que se aglomerou na pista e nas arquibancadas do Circo Voador para ver a estreia nacional do show Segue o som, baseado no sexto homônimo álbum de inéditas da artista, recém-lançado pela gravadora Sony Music. De fato, a recepção calorosa da plateia - perceptível já na primeira das 22 músicas do roteiro, Toda humanidade nasceu de uma mulher (Vanessa da Mata, 2014), pop reggae que teve seu refrão cantado em coro pelo público - contribuiu para que o show deixasse boa impressão. Iniciada no Rio de Janeiro (RJ) aos primeiros minutos deste sábado, 26 de abril de 2014, a primeira apresentação do show Segue o som  se beneficiou desse calor popular - típico do jovial público do Circo - para encobrir oscilações e repetições do atual som da cantora e compositora mato-grossense. Produzido por Kassin com Liminha, Segue o som é álbum irregular em que Vanessa dá seus primeiros sinais de cansaço como compositora de criação intuitiva. Só que tal irregularidade fica disfarçada no show por conta do roteiro que entrelaça habilmente 12 das 13 músicas do CD com os sucessos dos álbuns anteriores da cantora. Se Não sei dizer adeus (Vanessa da Mata 2014), tema de moldura roqueira, ameaçou esfriar o show já na segunda música, a canção-título Segue o som (Vanessa da Mata, 2014) reconstruiu o alto astral que pautou a apresentação. Com direção, cenário (um painel floral e um lustre alocado ao centro do palco) e figurinos assinados pela própria Vanessa, o show Segue o som é expansivo, pop, de estrutura mais convencional, na linha do anterior Vanessa da Mata interpreta Tom Jobim (2013). Sem a teatralidade e os aparatos cênicos do espetáculo mais ambicioso da artista, Bicicletas, bolos e outras alegrias (2010), Segue o som é show que se escora na força natural de Vanessa da Mata. Com seu porte esguio, seu manancial de hits e o som contemporâneo orquestrado pelo disputado diretor musical Alexandre Kassin (arquiteto de sonoridade já dèjá vu, mas ainda atraente e eficaz), a cantora domou seu público e deu seu show, rodopiando pelo palco do Circo Voador ao fim de Desejos e medos (Vanessa da Mata, 2014) - música tão insossa que nem animou a plateia de fãs - e lançando mão de munição certeira como o contagiante samba Não me deixe só (Vanessa da Mata, 2002), símbolo da explosão de alegria que pontuou vários números da apresentação. Capitaneada por Alexandre Kassin no baixo, a banda - completada por Danilo Andrade (teclados, programações e efeitos), Junior Boca (guitarra), Maurício Pacheco (guitarra) e Stéphane San Juan (bateria) - armou a cama sonora adequada para Vanessa ficar bem à vontade em cena. Volta e meia, cantora e músicos transitaram com desenvoltura pela praia do reggae, gênero que ditou o ritmo de Ilegais (Vanessa da Mata, 2007), Vê se fica bem (Vanessa da Mata, 2010), Homem invisível no mundo invisível (Vanessa da Mata, 2014) e, já no bis, Vermelho (Vanessa da Mata, 2007), número obviamente iluminado com luzes da cor que dá nome ao tema. Até a balada As palavras (Vanessa da Mata, 2010) foi banhada em águas jamaicanas. E por falar em balada, Amado (Marcelo Jeneci e Vanessa da Mata, 2007) - introduzida no roteiro pelos teclados de Danilo Andrade - ganhou coro (do público) e assovios (da cantora), tendo reiterada a força e a beleza de sua melodia. O coro popular também se fez ouvir em Ainda bem (Liminha e Vanessa da Mata, 2004), canção em que Vanessa da Mata foi levada a soar como Marisa Monte em época em que ainda buscava o sucesso popular. Cover do hit do cantor e compositor norte-americano John Denver (1943 - 1997), Sunshine on my shoulders (John Denver, Dick Kniss e Mike Taylor, 1973) surtiu bom efeito, se insinuando como provável futuro hit do álbum Segue o som, embora os beats acelerados de Por onde ando tenho você (Vanessa da Mata, 2014) tenham eletrizado o Circo Voador, evidenciando o potencial da música (a faixa mais vibrante do CD). Em contrapartida, Homem preto (Vanessa da Mata, 2014) jogou o show para baixo, reiterando a notória irregularidade da atual safra autoral da compositora. Destaque dessa safra, o samba social Rebola nega (Vanessa da Mata, 2014) faz a cantora sambar no palco com a desenvoltura da fictícia mulata usada como personagem na letra focada no malabarismo cotidiano do povo brasileiro para (sobre)viver. Rebola nega foi a deixa para a artista entrar na roda de samba armada nos anos 1980 e 1990 pela cantora carioca Jovelina Pérola Negra (1944 - 1998), intérprete original do samba No mesmo manto (Beto Correa e Lúcio Curvello, 1991), única música do roteiro inédita na voz de Vanessa. Introduzida na velocidade do ska, No mesmo manto cai para o samba batido e marcado na palma da mão, mas a releitura ainda precisa de ajustes. Kassin e cia. diluem a pulsação original da música sem reconstruí-la a contento. E assim - com oscilações encobertas pelo alto astral da atmosfera do Circo Voador - seguiu o som de Vanessa da Mata na estreia nacional deste show encerrado com texto em off que mistura filosofia e esoterismo, culminando na literatura de autoajuda. Mas é claro que teve um bis, iniciado em anticlímax com Um sorriso entre nós dois (Vanessa da Mata, Kassin e Liminha, 2014) - música que ainda pode resultar (bem) mais feliz no roteiro - e encerrado previsivelmente com o primeiro grande sucesso nacional da artista, Ai, ai, ai... (Vanessa da Mata e Liminha, 2004), brinde à vida que, ao vivo, contagia até quem não possa suportar toda a felicidade pop (e industrializada) de Vanessa da Mata.

Vanessa da Mata reutiliza 'manto' de Jovelina no roteiro de 'Segue o som'

"Pensou me amarrar / Marcou bobeira / Vou me banhar, vou me jogar / Na cachoeira", avisa Vanessa da Mata, à sua moda e no seu ritmo, ao entrar na roda de samba armada pela partideira Jovelina Pérola Negra (1944 - 1998), cantora carioca projetada em 1985 no CD coletivo Raça brasileira (RGE). Samba de Beto Correa e Lúcio Curvello que abriu o álbum Sangue bom (RGE), lançado pela saudosa Jovelina em 1991, No mesmo manto é a única surpresa do roteiro essencialmente autoral de Segue o som, show baseado no sexto homônimo álbum de inéditas de Vanessa, cantora e compositora nascida em Alto Garças (MT), cidade interiorana banhada por cachoeiras. Com direção, cenário e dois figurinos (o belo vestido floral visto na foto de Rodrigo Amaral foi usado somente nos dois primeiros números) assinados pela própria Vanessa da Mata, o bom show Segue o som debutou em cena no Circo Voador, Rio de Janeiro (RJ), em apresentação iniciada já aos primeiros minutos deste sábado, 26 de abril de 2014, com rap que saúda a cantora na voz em off do rapper paulistano Emicida. Sob a direção musical de Alexandre Kassin (que toca baixo na banda completada pelo baterista Stéphane San Juan, pelo tecladista Danilo Andrade e pelos guitarristas Junior Boca e Maurício Pacheco), a artista dá voz a 12 das 13 músicas do autoral álbum Segue o som entre sucessos de seus discos anteriores. Eis o roteiro seguido por Vanessa da Mata em 26 de abril de 2014 na estreia nacional de Segue o som, show já produzido por Paula Lavigne, a nova empresária da cantora:

1. Toda humanidade nasceu de uma mulher (Vanessa da Mata, 2014)
2. Não sei dizer adeus (Vanessa da Mata, 2014)
3. Segue o som (Vanessa da Mata, 2014)
4. Não me deixe só (Vanessa da Mata, 2002)
5. Desejos e medos (Vanessa da Mata, 2014)
6. Ilegais (Vanessa da Mata, 2007)
7. Amado (Marcelo Jeneci e Vanessa da Mata, 2007)
8. Ninguém é igual a ninguém (Desilusão) (Vanessa da Mata, 2014)
9. Ainda bem (Liminha e Vanessa da Mata, 2004)
10. Sunshine on my shoulders (John Denver, Dick Kniss e Mike Taylor, 1973)
11. Vê se fica bem (Vanessa da Mata, 2010)
12. Homem preto (Vanessa da Mata, 2014)
13. As palavras (Vanessa da Mata, 2010)
14. Rebola nega (Vanessa da Mata, 2014)
15. No mesmo manto (Beto Correa e Lúcio Curvello, 1991)
16. Se o presente não tem você (Vanessa da Mata, 2014)
17. Por onde ando tenho você (Vanessa da Mata, 2014)
18. Homem invisível no mundo invisível (Vanessa da Mata, 2014)
Bis:
19. Um sorriso entre nós dois (Vanessa da Mata, Kassin e Liminha, 2014)
20. Vermelho (Vanessa da Mata, 2007)
21. Ai, ai, ai... (Liminha e Vanessa da Mata, 2004)
Bis 2:
22. Segue o som (Vanessa da Mata, 2014) 

terça-feira, 1 de abril de 2014

Vanessa segue oscilante com som e com obra que já dão sinais de repetição

Resenha de CD
Título: Segue o som
Artista: Vanessa da Mata
Gravadora: Jabuticaba / Sony Music
Cotação: * * 1/2

 No texto escrito na primeira pessoa para apresentar seu oitavo álbum, Segue o som, Vanessa da Mata conta que revelou aos produtores Liminha e Kassin que achava não ter boas canções e que gostaria de contar outras histórias. Ao mostrar seus então esboços de músicas, a compositora de Mato Grosso do Sul foi convencida por Kassin de que a matéria-prima era boa. Vanessa finalizou as composições, compôs outras músicas e gravou de agosto a outubro de 2012 o seu sexto disco de inéditas. Álbum que arquivou temporariamente em 2013 para fazer o show e o disco em que deu voz a músicas de Antonio Carlos Jobim (1927 -1994). E que retomou em janeiro e fevereiro deste ano de  2014, substituindo músicas, refazendo bases e mudando letras. Pois a edição de Segue o som - nas lojas desde o fim de março em edição do selo da artista, Jabuticaba, posta no mercado fonográfico pela gravadora Sony Music - mostra que, sim, a intuição inicial da compositora estava certa. A safra de inéditas - composta por 12  músicas, sendo 11 assinadas somente por Vanessa - resulta irregular. Aberto com o pop reggae Toda humanidade nasceu de uma mulher, o disco se revela oscilante, deixando a impressão recorrente de que o som e a obra da artista já dão sinais de repetição. "A música torna-se real pela sua composição, mas o talento dos músicos é o que faz uma canção saltar", ressalta a artista no texto em que discorre sobre o CD que considera o melhor de sua discografia. De fato, o acabamento dado às músicas por Kassin e Liminha é excelente. A questão é que a sonoridade dos produtores também já parece déjà vu na obra de Vanessa, ecoando sons de Sim (2007), um dos álbuns mais bem-sucedidos da discografia da artista. Os ecos de Sim estão por todo o disco, mas saltam especialmente aos ouvidos em Desejos e medos, música menor sobre o efeito congelante do medo de ser feliz no amor e na vida, e no reggae Homem invisível no mundo invisível, crítica direta ao movimento mecanizado e mercantilista que gira o mundo, feita em letra que que defende a existência de um universo espiritual (o mundo invisível do título do tema) e que culmina com rasos versos típicos de autoajuda. Justiça seja feita: no todo, as letras do disco estão fortes. Mas as músicas são, em boa parte, fracas - sobretudo se comparadas à anterior produção autoral da artista, cujo último álbum de inéditas, Bicicletas, bolos e outras alegrias (2010), se revelou estupendo, absolutamente sedutor. Faixa previamente lançada em single, em janeiro, a música-título Segue o som - reggae que faz um convite à vida e à liberdade - sustenta a boa impressão inicial, integrada a um repertório que reitera a sensação de que Vanessa da Mata faz música sem manual. Letras e melodias parecem jorrar intuitivamente, livres de fórmulas e amarras. Só que poucas soam realmente empolgantes em disco sem coesão. Homem preto exemplifica com precisão a dose menor de inspiração que pauta Segue o som. Ligeiramente mais envolvente, Não sei dizer adeus é canção que ganha o toque roqueiro da guitarra de Kassin, produtor que (im)põe seu d.n.a. no disco com mais força do que Liminha. Ninguém é igual a ninguém (Desilusão) pode ser considerada a balada do disco e, como seu título sugere, destila amargura nos versos descrentes da força motriz do amor. Há, contudo, grandes momentos. Com pegada de pop rock, Por onde ando tenho você é um deles. Trata-se de música feliz, pulsante, que ombreia com as melhores composições de artista. Deve ser um dos prováveis hits do disco. Primeira música composta por Vanessa em outra língua que não o seu português materno, My grandmother told me (Tchu bee doo bee doo) desce deliciosa com seu toque vintage, meio de cabaré, e seus versos em inglês que soam naturais na voz leve e solta da cantora. Vanessa também cai com propriedade no suingue do samba-pop-rock Rebola nêga, que retrata uma Maria qualquer na corda bamba do sofrido e injusto cotidiano do povo brasileiro. Uma música que exala frescor. Em contrapartida, Se o presente não tem você volta a impor a sensação - com seu toque de carimbó - de que o som segue por vezes déjà vu. O que impõe a regravação de Sunshine on my shoulders (John Denver, Dick Kniss e Mike Taylor, 1973) como um single em potencial. Sucesso nos anos 1970, inclusive no Brasil, a melódica canção do compositor norte-americano John Denver (1943 - 1997) - música que poderia figurar em disco do cantor-surfista Jack Johnson - soa ensolarada na voz de Vanessa, sem o tom emotivo, quase lacrimejante, da gravação original de Denver. Única música assinada pela compositora em parceria, no caso com os produtores Kassin e Liminha, Um sorriso entre nós dois arremata a safra de inéditas - remix de Segue o som fecha o disco - em tom feliz, mas ainda com a impressão de que o álbum oscila muito, talvez pela ausência de mais parceiros. Em vez de ouvir Kassin, Vanessa da Mata deveria ter seguido sua intuição inicial.

sábado, 29 de março de 2014

CD 'Megatamainho' conecta Gero Camilo a Caldas, Criolo, Otto e Vanessa

Artista cearense que ganhou projeção como ator em filmes como Bicho de sete cabeças (2001) e Carandiru (2003), Gero Camilo é também cantor e compositor. Seis anos após apresentar seu primeiro CD, Canções de invento (2008), Camilo lança um segundo CD, Megatamainho, que o conecta de forma surpreendente a nomes de universo musicais distintos como o rapper paulista Criolo, o cantor baiano Luiz Caldas, o compositor e percussionista pernambucano Otto e a cantora mato-grossense Vanessa da Mata. Se Criolo é o compositor de Chuchuzeiro, música inédita ambientada em clima de forró romântico, Luiz Caldas é parceiro de Camilo em música, Meu diadorim, de tom roqueiro e poética afinada com o espírito brasileiro do disco. Já Vanessa da Mata assina com o ator-cantor uma música que cai no samba, embora o título Cordel em desacordo sugira tema de pegada nordestina. A presença do nome de Otto na ficha técnica - como parceiro de Camilo em O amor a fonte a poesia - é menos inusitada porque quem assina a produção do CD é Mestre Bactéria, o Bac, nome ligado ao universo do Mangue Beat, de onde vem também músicos como o percussionista Toca Ogan, que bate seu tambor em temas de autoria de Camilo como Infinito meu e A mensagem (parceria com o cantor e compositor Rubi). A cantoria que abre o disco, introduzindo Catarina (Gero Camilo), dá a pista do tom interiorano que caracteriza o repertório de Megatamainho, ainda que caibam samba, rock e forró no eclético universo musical do multimídia Gero Camilo.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Eis a capa e as 14 faixas de 'Segue o som', o sétimo álbum de Vanessa

Esta é a capa de Segue o som, sétimo álbum de Vanessa da Mata. Gravado pela cantora em 2012 com produção de Kassin e Liminha, mas arquivado temporariamente para dar vez ao show e disco em que a artista mato-grossense interpretou o cancioneiro do compositor carioca Antonio Carlos Jobim (1927 -1994), o autoral disco de inéditas sofreu alterações neste ano de 2014. A cantora e compositora voltou ao estúdio para gravar novas músicas. Com lançamento programado pela Sony Music para 25 de março, o CD ficou com 14 faixas na versão definitiva. A música-título Segue o som já foi lançada como single em janeiro. Eis as 14 faixas do álbum:

1. Toda humanidade nasceu de uma mulher (Vanessa da Mata, 2014)
2. Segue o som (Vanessa da Mata, 2014)
3. Não sei dizer adeus (Vanessa da Mata, 2014)
4. Ninguém é igual a ninguém (Desilusão) (Vanessa da Mata, 2014)
5. Homem invisível no mundo invisível (Vanessa da Mata, 2014)
6. Homem preto (Vanessa da Mata, 2014)
7. Por onde ando tenho você (Vanessa da Mata, 2014)
8. My grandmother told me (Tchu bee doo bee doo)
9. Desejos e medos (Vanessa da Mata, 2014)
10. Sunshine on my shoulders (John Denver, Dick Kniss e Mike Taylor, 1973)
11. Rebola nêga (Vanessa da Mata, 2014)
12. Se o presente não tem você (Vanessa da Mata, 2014)
13. Um sorriso entre nós dois (Vanessa da Mata, Kassin e Liminha, 2014)
14. Segue o som (remix de Leo Breanza e Miller)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Sétimo álbum de Vanessa, 'Segue o som' é puxado por single homônimo

Segue o som é o título do sétimo álbum de Vanessa da Mata. O disco vai ser promovido com o single (capa acima) que lhe dá nome. Segue o som, a música, chega às rádios a partir de amanhã, 28 de janeiro de 2014. Já Segue o som, o álbum, é CD de inéditas que a cantora e compositora mato-grossense aprontou em dezembro de 2012 (com produção dividida entre Kassin e Liminha), mas que arquivou temporariamente para se dedicar ao show e disco em que abordou a obra de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994). Só que, ao decidir lançar o CD neste ano de 2014, a artista quis voltar ao estúdio para incluir músicas que compôs ao longo de 2013.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Após o Carnaval, Vanessa da Mata lança disco de inéditas feito em 2012

Vanessa da Mata vai lançar neste primeiro semestre de 2014, com distribuição da Sony Music, o disco de inéditas autorais que gravou no segundo semestre de 2012 entre Brasil e Estados Unidos. Uma primeira música vai ser lançada ainda neste mês de janeiro. Produzido por Kassin com Liminha, o álbum seria lançado em 2013, mas foi arquivado pela cantora e compositora mato-grossense para dar vez ao CD Vanessa da Mata canta Tom Jobim, registro (de estúdio) do show com o qual a artista percorreu o Brasil ao longo de 2013. Concluído em dezembro de 2012, o álbum - sétimo título da discografia da cantora - está sendo remexido pela artista e teve o repertório alterado. Vanessa voltou ao estúdio para gravar músicas inéditas que compôs ao longo de 2013. Essas músicas novas entrarão no lugar de algumas faixas gravadas em 2012.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Tom jovial com que Mata canta Jobim em disco dilui a inadequação da artista

Resenha de CD
Título: Vanessa da Mata canta Tom Jobim
Artista: Vanessa da Mata
Gravadora: Jabuticaba / Sony Music
Cotação: * * *

 Se você disser que Vanessa da Mata desafina ao cantar as 16 músicas de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) reunidas no CD que a Sony Music põe nas lojas a partir desta quinta-feira, 4 de julho, saiba que isso é mentira. Blindada pelas modernas tecnologias de gravação, a cantora apresenta disco levemente superior ao controvertido espetáculo que o originou. Produzido por Kassin, o registro de estúdio do show idealizado para o projeto Nívea viva Tom Jobim - ao qual a cantora dá continuidade em turnê que segue pelo Brasil neste segundo semestre de 2013 -  atenua quase sempre as eventuais inadequações da artista ao cancioneiro de Jobim por conta do tom jovial que pontua e valoriza o disco. A inusitada interação do maestro e pianista Eumir Deodato - arregimentado para fazer os arranjos - com a turma de músicos convocada por Kassin (o baixista Alberto Continentino, o tecladista Danilo Andrade, o guitarrista Gustavo Ruiz e o baterista Stéphane San Juan, entre outros) deu à abordagem de Jobim pela cantora um frescor que, sim, pode aproximar a obra soberana de Tom de um público mais jovem e mais distante desse cancioneiro. Já que o disco apresenta somente 16 das 24 músicas do roteiro original do show, Vanessa poderia ter ignorado músicas de maior carga emocional para a qual não tem voz e vocação, sobretudo Por causa de você (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1957), pior momento do álbum. A cantora também poderia ter baixado o tom de Dindi (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959) em algumas passagens da canção conduzida pelo piano de Danilo Andrade. Até porque o grande trunfo do disco é a leveza imprimida nas interpretações e nos arranjos de músicas como Só danço samba (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962), Este seu olhar (Antonio Carlos Jobim, 1959), Wave (Antonio Carlos Jobim, 1967) - numa onda bem próxima do som que se convencionou rotular como bossa nova - e Caminhos Cruzados (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1958). Inseridas no universo bucólico que remete às origens da artista nascida e criada em cidade do interior de Mato Grosso, Chovendo na roseira (Antonio Carlos Jobim, 1971) e Correnteza (Antonio Carlos Jobim e Luiz Bonfá, 1973) também se ajustam bem ao tom de Vanessa. Já Sabiá (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968) voa baixo porque, no canto de Mata, se perde todo o sentido político dos versos de Chico. Em contrapartida, Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959) é ambientada em clima de bolero em ousadia estilística que preserva o tom apaixonado da canção. Aliás, a produção de Kassin jamais inventa moda a ponto de desconfigurar o cancioneiro perfeito de Jobim. Há até um diálogo sutil com a linguagem musical da Banda Nova - o grupo que dividiu o palco com Jobim a partir de 1984 - em faixas como Só tinha de ser com você (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1964). Ao executar os arranjos de Deodato com os músicos recrutados para a gravação (feita de 5 a 8 de abril de 2013, dias antes da estreia nacional do show no Rio de Janeiro), Kassin se limita a criar sonoridade mais atual para uma obra que em si já soa eternamente nova por conta de sua perene modernidade. Enfim, Vanessa da Mata canta Tom Jobim resulta digno. Está longe de ser um registro antológico do cancioneiro de Jobim - até porque músicas como Samba de uma nota só (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1959) já mereceram dezenas de registros superiores de intérpretes mais identificados com a obra do maestro - mas tampouco depõe contra a discografia de Vanessa da Mata. De todo modo, que venha logo o álbum de inéditas autorais gravado em 2012 pela cantora e compositora (cada vez melhor, a julgar por seu álbum anterior) com produção de Kassin e Liminha.

terça-feira, 11 de junho de 2013

'Fotografia' é o 'single' que promove álbum em que Vanessa canta Jobim

Música de 1959 que abre o roteiro do show em que Vanessa da Mata dá voz ao cancioneiro de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), Fotografia foi eleita o primeiro single do disco de estúdio produzido por Kassin com fidelidade ao espetáculo idealizado para o projeto Nívea Viva Tom Jobim. A gravação de Fotografia já pode ser ouvida no portal Deezer. O CD vai ser posto nas lojas pela gravadora Sony Music entre o fim deste mês de junho e o começo de julho de 2013.

domingo, 9 de junho de 2013

Além de CD de estúdio, Vanessa perpetua seu tributo a Jobim em DVD

O envolvimento de Vanessa da Mata com o projeto Nivea Viva Tom Jobim não termina neste domingo, 9 de junho de 2013, data da última das seis apresentações gratuitas previstas no calendário oficial do show em que a cantora dá voz a Tom Jobim (1917 - 1994). Além do CD de estúdio, produzido por Kassin e com lançamento agendado para o fim do mês pela Sony Music, a cantora vai lançar também o registro ao vivo do show em DVD. Gravada para exibição ao vivo pelo Canal Multishow, a apresentação de hoje na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ), teve repetições de músicas após o término do show - como é praxe em registros ao vivo.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Controvertido show em que Vanessa canta Jobim ganha registro em CD

Indiferente à controvertida recepção do show em que canta músicas de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), Vanessa da Mata decidiu lançar CD com o registro do espetáculo idealizado para o projeto Nívea Viva Tom Jobim. Produzido por Kassin e mixado por Edu Costa, o CD já sendo masterizado por Ricardo Garcia no Rio de Janeiro (RJ), cidade onde o show estreou em 9 de abril de 2013 em apresentação para convidados. Mata - vista em foto de Rodrigo Amaral - tem gravado um álbum de inéditas (feito em 2012 sob produção de Kassin e Liminha), mas decidiu adiar a edição deste disco para se dedicar totalmente ao projeto em que canta Jobim.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Mata oscila nos tons de Jobim entre o embate (calado) de Eumir com Kassin

Resenha de show
Projeto: Nívea Viva Tom Jobim
Título: Vanessa da Mata canta Tom Jobim
Artista: Vanessa da Mata (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 9 de abril de 2013
Cotação: * * 1/2
Agenda da turnê do show do projeto Nívea Viva Tom Jobim:
21 de abril de 2013 - Farol da Barra - Salvador (BA)
28 de abril de 2013 - Parque Dona Lindu - Recife (PE)
5 de maio de 2013 - Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek - Brasília (DF)
19 de maio de 2013 - Anfiteatro Pôr do Sol - Porto Alegre (RS)
26 de maio de 2013 - Parque da Juventude - São Paulo (SP)

 Dentro do peito de Vanessa da Mata bate um coração destemido. A ponto de a cantora ter interpretado a capella a fatalista O que tinha de ser (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959), número surpreendentemente bom do show em que a artista de Mato Grosso dá voz ao cancioneiro de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (1927 - 1994). A valentia vem do fato de o canto de Vanessa da Mata ser considerado - antes com razão, atualmente já com certa injustiça - desafinado quando a compositora vira somente cantora e dá voz a temas alheios. Entre altos e baixos, o show Vanessa da Mata canta Tom Jobim reitera a evolução da intérprete, ainda que Mata oscile nos tons soberanos de Jobim entre o embate silencioso travado entre Kassin - o diretor musical do show feito com banda que inclui músicos afinados com a linguagem moderna do músico, caso do guitarrista Gustavo Ruiz - e o pianista Eumir Deodato, autor dos refinados arranjos que embalam o cancioneiro de Jobim com cordas e um classicismo que se ajusta ao tom de músicas como Fotografia (Antonio Carlos Jobim, 1959), titubeante número inicial do show que vai percorrer seis Capitais do Brasil a partir de 28 de abril de 2013. O cruzamento entre universos musicais tão distintos tendeu a valorizar a maestria de Eumir na condução dos arranjos e do piano, embora tenha saltado aos ouvidos o frescor dos timbres que revestiram Este seu olhar (Antonio Carlos Jobim, 1959), Caminhos cruzados (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1958) e, sobretudo, Só danço samba (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962) - prováveis efeitos das intervenções de Kassin na banda formada por nomes como Dustan Gallas. De todo modo, também houve ousadias estilísticas nos arranjos de Eumir, que transformou Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobi e Vinicius de Moraes, 1959) em bolero. No todo, o tributo resultou  jovial porque jovial é a obra sempre nova de Jobim. Eclipsada pela magnética intervenção de Maria Bethânia, com quem armou feminino jogo de sedução ao fim do samba Chega de saudade (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958), Vanessa alcançou alguns bons momentos quando seu canto soou naturalmente integrado ao universo jobiniano. Música que evoca as matas e os matos que fertilizaram a inspiração de Jobim, sobretudo a partir da década de 70, a bucólica Chovendo na roseira (Antonio Carlos Jobim, 1971) e a interiorana Correnteza (Tom Jobim e Luiz Bonfá, 1973) se ajustaram bem ao canto da artista nascida em 1976 na ruralista cidade de Alto das Garças (MT). Artista que abriu os braços e expandiu o canto - contido, nos dois números iniciais do show - ao dar voz ao samba Só tinha de ser com você (Antonio Carlos Jobim, 1964).  Neste número, a cantora tentou orquestrar um coro de assovios, procurando se comunicar com a plateia de convidados que permaneceu fria na maior parte da apresentação, ficando acalorada somente ao longo dos três números individuais feitos por Bethânia sob a regência e o piano de seu maestro Wagner Tiso. Se a convidada roubou a cena ao interpretar Dindi (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959), a lacrimejante Modinha (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958) e Se todos fossem iguais a você (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1956), número em que a cantora baiana dirigiu seu olhar à foto de Jobim exposta no telão ao fundo do palco em homenagem arrebatadora, a anfitriã por vezes deixou pairar no ar a sensação de que não era a intérprete ideal para capitanear o tributo. Faltou coração para aguentar a carga emocional de Por causa de você (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1957). Faltou vivência para fazer Sabiá (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968) alçar voo com todo seu significado político. Faltou bossa para surfar na onda de Wave (Antonio Carlos Jobim, 1967). Faltou estofo para carregar Piano na Mangueira (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1992) na cadência do samba tão bonito. Em contrapartida, o Samba de uma nota só (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1959) ganhou frescor. À vontade, Mata brincou com a letra metalinguística.  Assim como pôs certa ironia (talvez involuntária) no canto dos versos de Desafinado (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1958), tema apresentado com a introdução geralmente omitida nas interpretações deste clássico de Jobim. Os clássicos do compositor, aliás, predominaram no roteiro até certo ponto preguiçoso, já que a vasta obra de Jobim tem muitas joias guardadas em baú pouco vasculhado. No fim, as belas canções Falando de amor (Antonio Carlos Jobim, 1979) e Estrada do sol (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1958) - esta apresentada na abertura do bis - corroboraram a sensação de que, em que pese sua evolução como intérprete (já atestada em show anteriores como Lua cheia de baião, de 2012), Vanessa da Mata não era a cantora mais vocacionada para prestar essa (bem-vinda) homenagem a Tom Jobim.

Roteiro do show em que Vanessa canta Jobim prioriza clássicos de Tom

Curadora e diretora artística do projeto Nívea Viva Tom Jobim, Monique Gardenberg pré-selecionou 60 músicas da lavra soberana de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) para o show em que a cantora mato-grossense Vanessa da Mata dá voz ao cancioneiro do compositor carioca. Destas 60 músicas, 24 passaram na peneira e foram ouvidas na estreia nacional do show Vanessa da Mata canta Tom Jobim na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de ontem, 9 de abril de 2013. Alocadas no roteiro que concentra os clássicos da obra de Jobim, as 24 músicas da seleção final foram ouvidas nas vozes de Vanessa da Mata (vista em foto de Rodrigo Amaral), de Maria Bethânia - convidada da estreia fechada do show, que parte ainda neste mês de abril para seis Capitais do Brasil em apresentações gratuitas, realizadas em locais abertos - e do próprio Tom Jobim, cujo dueto com o cantor norte-americano Frank Sinatra (1915 - 1998) na versão em inglês de Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 1962) foi ouvido no show através de vídeo projetado no telão alocado ao fundo do palco. Eis o roteiro da estreia nacional, só para convidados, do show Vanessa da Mata canta Tom Jobim:

1. Fotografia (Antonio Carlos Jobim, 1959)
2. Este seu olhar (Antonio Carlos Jobim, 1959)
3. Só tinha de ser com você (Antonio Carlos Jobim, 1964)
4. Chovendo na roseira (Antonio Carlos Jobim, 1971)
5. Caminhos cruzados (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1958)
6. Por causa de você (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1957)
7. Desafinado (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1958)
8. Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959)
9. Samba de uma nota só (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1959)
10. Chega de saudade (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958) - com Maria Bethânia
11. Dindi (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959) - Solo de Maria Bethânia
12. Modinha (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958) - Solo de Maria Bethânia
13. Se todos fossem iguais a você (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1956)
      - Solo de Maria Bethânia
14. Garota de Ipanema (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962)
      - Frank Sinatra e Tom Jobim em vídeo
15. Wave (Antonio Carlos Jobim, 1967)
16. Correnteza (Antonio Carlos Jobim e Luiz Bonfá, 1973)
17. O que tinha de ser (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959)
18. Sabiá (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968)
19. Samba do avião (Antonio Carlos Jobim, 1962)
20. Só danço samba (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1962)
21. Piano na Mangueira (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1992)
22. Lamento no morro (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1956)
23. Falando de amor (Antonio Carlos Jobim, 1979)
Bis:
24. Estrada do sol (Antonio Carlos Jobim e Dolores Duran, 1958)
25. Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959)

Arrebatadora, Bethânia dá tom maior no jovial tributo de Vanessa a Jobim

Coube a Maria Bethânia dar o tom maior na estreia nacional do show em que Vanessa da Mata celebra a vida e a obra de Antonio Carlos Jobim. Anunciada participação da estreia para convidados do show Vanessa da Mata canta Tom Jobim, dirigido por Monique Gardenberg para projeto Nívea Viva Tom Jobim, a intérprete  - vista com Vanessa da Mata na foto de Rodrigo Amaral - ganhou os aplausos mais entusiásticos do público que compareceu à casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 9 de abril de 2013. Aplausos que ecoaram fortes na plateia assim que Bethânia entrou em cena, no meio de Chega de saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 1958), samba em que armou feminino jogo de sedução com a anfitriã. Na sequência, com Vanessa fora do palco, Bethânia convidou seu maestro Wagner Tiso para assumir o piano - até então tocado por Eumir Deodato, arranjador do espetáculo - e cantou Dindi (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, 1959) de forma sedutora, guiada pelo toque do piano de Tiso. Na sequência, Bethânia - a antítese da bossa nova pela própria natureza dramática de seu canto - entrou no tom  lacrimejante de Modinha (Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 1958) antes de encerrar majestosamente sua participação com arrebatadora interpretação de Se todos fossem iguais a você (Tom Jobim e Vinicius de Moraes, 1956) em número dedicado a Jobim, visto na juventude na foto projetada no telão alocado ao fundo do palco. Com presença magnética, Maria Bethânia roubou a cena no jovial tributo de Vanessa da Mata a Tom Jobim.