♪ Jorge Mautner completa 75 anos neste domingo, 17 de janeiro de 2016. Para festejar a data, o cantor, compositor e escritor carioca lança na próxima quarta-feira, 20 de janeiro, o 14º título da obra literária iniciada no começo da década de 1960. Kaos total chega às livrarias em edição da Companhia das Letras. O título Kaos total alude ao nome do segundo livro do artista multimídia, Kaos (Martins Editora, 1963), lançado há 53 anos, e sobretudo ao Partido do Kaos, criado por Mautner em 1956. Kaos total reúne o texto-manifesto sobre a criação do partido e todas as letras de músicas que Mautner compôs com parceiros como Nelson Jacobina (1953 - 2012), inclusive a de músicas que nunca ganharam registro fonográfico. Há também poemas e textos inéditos, além de pinturas. Com o fiel parceiro Jacobina, Mautner compôs músicas como Maracatu atômico - lançada por Gilberto Gil em compacto de 1973 - e Lágrimas negras, lançada em 1974 na voz de Gal Costa.
Guia jornalístico do mercado fonográfico brasileiro com resenhas de discos, críticas de shows e notícias diárias sobre futuros lançamentos de CDs e DVDs. Do pop à MPB. Do rock ao funk. Do axé ao jazz. Passando por samba, choro, sertanejo, soul, rap, blues, baião, música eletrônica e música erudita. Atualizado diariamente. É proibida a reprodução de qualquer texto ou foto deste site em veículo impresso ou digital - inclusive em redes sociais - sem a prévia autorização do editor Mauro Ferreira.
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domingo, 17 de janeiro de 2016
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
Mautner e Gil fazem políticos gestos de amor em inédito registro de 1987
Resenha de CD
Título: O poeta e o esfomeado
Artista: Jorge Mautner & Gilberto Gil
Gravadora: Discobertas
Cotação: * * * *
♪ Disco por enquanto disponível somente na caixa Jorge Mautner Anos 80 - Zona fantasma
Título: O poeta e o esfomeado
Artista: Jorge Mautner & Gilberto Gil
Gravadora: Discobertas
Cotação: * * * *
♪ Disco por enquanto disponível somente na caixa Jorge Mautner Anos 80 - Zona fantasma
♪ "O meu gesto político, figa / Este é meu gesto, meu gesto de amor / Ele não faz parte de nenhuma doutrina / Ele não pertence a nenhum senhor". Os versos do Hino da Figa (Gilberto Gil) dão pista certa do espírito humanitário do show que uniu o cantor, compositor e músico carioca Jorge Mautner com o cantor, compositor e músico baiano Gilberto Gil em 1987. Composto por Gil para o show e para ser espécie de manifesto musical do Figa Brasil, movimento de cunho filosófico e político arquitetado por Mautner e Gil naquele ano de 1987, o Hino da Figa ganha seu primeiro registro fonográfico em O poeta e o esfomeado, inédito CD incluído na caixa Jorge Mautner Anos 80 - Zona fantasma, lançada pelo selo Discobertas neste mês de fevereiro de 2015. Ao lado do percussionista Reppolho, Mautner (com seu violino) e Gil (com seu violão pleno de musicalidade) fazem e trocam políticos gestos de amor com o público nesta inédita gravação ao vivo captada em 13 de março de 1987 em apresentação do show no Palácio das Convenções Anhembi, em São Paulo (SP). O poeta e o esfomeado foi um show que usou a música para fazer política. O que justifica os discursos de Mautner e as inclusões no roteiro de músicas como Você me chamou de nego (Gasolina) - samba cheio de orgulho negro que levantou a voz contra o preconceito racial - e a Oração pela libertação da África do Sul (1985), pioneiro libelo musical brasileiro contra o Apartheid em voga naqueles anos 1980. Contudo, O poeta e o esfomeado transcende seus propósitos originais na perspectiva do tempo - até porque o movimento Figa Brasil foi abortado em 1988 com a eleição de Gil para cargo de vereador em Salvador (BA) - e resiste neste inédito disco ao vivo como o afinado encontro entre duas almas musicais afins. Tal afinidade veio a público em escala nacional quando Gil deu voz ao Maracatu atômico - o maior sucesso da parceria de Mautner com seu parceiro Nelson Jacobina (1935 - 2012) - em gravação editada em compacto simples de 1973. Maracatu atômico, claro, figurava no roteiro desse show que ampliou a parceria de Gil e Mautner nos palcos após recital feito por Gil em 1986, com intervenções literárias de Mautner, no projeto Luz do Solo - como bem lembra o jornalista mineiro Renato Vieira em texto escrito para o encarte deste disco de qualidade técnica satisfatória e de alto valor documental. Em O poeta e o esfomeado, CD por ora disponível somente na caixa que reedita os três álbuns lançados por Mautner ao longo dos anos 1980, Gil e Mautner mostram toda a delicadeza oriental que há na sua parceria O rouxinol (1975), caem no samba carioca de outrora - com Mautner dando voz no roteiro a Teu olhar, título pouco ouvido do cancioneiro do pioneiro compositor carioca Ismael Silva (1905 - 1978) - e abrilhantam os tons de Cores vivas (Gilberto Gil, 1981), música alocada ao lado da marchinha A.E.I.O.U. (Noel Rosa e Lamartine Babo, 1931) no único medley do roteiro. Noel Rosa (1910 - 1937), aliás, figura duplamente no disco, já que O poeta e o esfomeado abre com Positivismo (1933), samba assinado pelo Poeta da Vila com Orestes Barbosa (1893-1966) e cantado por Mautner. Zen, Gil louva um sertão romantizado em Casinha feliz, canção que lançara dois anos antes em Dia dorim noite neon (Warner Music, 1985), um dos melhores álbuns da fase pop de sua discografia. Há harmonia na união dos artistas. Com fome insaciável de música, sem mágoas, desprezos e temores, os poetas cantam a vida e a liberdade, trocando gestos de amor e transmutando a dor em alegria, como forma de fazer política.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Mautner conceitua os quatro discos embalados na caixa 'Zona fantasma'
♪ Lançada no mercado fonográfico brasileiro neste mês de fevereiro de 2015, em edição do selo Discobertas, a caixa Jorge Mautner Anos 80 - Zona fantasma embala, em quatro CDs, reedições dos três álbuns lançados pelo cantor e compositor carioca ao longo dos anos 1980. Bomba de estrelas (Warner Music, 1981), Antimaldito (Nova República / Polygram, 1985) e Árvore da vida (Geléia Geral / Warner Music, 1988) - disco assinado por Mautner com o parceiro Nelson Jacobina (1953 - 2012) - são os álbuns encaixotados. O quarto disco é um título até então inédito na discografia deste artista multimídia. O poeta e o esfomeado é o inédito registro ao vivo de show-manifesto feito por Mautner com o cantor e compositor baiano Gilberto Gil em março de 1987, em São Paulo (SP), para propagar o movimento político Figa Brasil. Para promover a edição da caixa, produzida pelo pesquisador musical Marcelo Fróes com textos em que o jornalista mineiro Renato Vieira contextualiza cada álbum na seleta discografia do artista, o próprio Mautner escreveu um texto em que discorre sobre os discos ora reeditados. Com a palavra, Jorge Mautner:
"Estes quatro discos têm 49 músicas. Não daria para comentar todas, por isso vou pinçar algumas, mas isso não quer dizer que estas sejam mais importantes do que as outras não pinçadas. O primeiro disco é Bomba de estrelas. Neste disco, eu canto com muitos amigos e muitas amigas artistas. A força secreta daquela alegria, parceria com Gil, é uma conversa com as plantas. Elas também sentem e pensam. Namoro astral, com Moraes Moreira, é um comentário kaótico sobre a Astrologia. Cidadão-cidadã é um manifesto do direitos humanos incluindo com ênfase os portadores de necessidades especiais, a diversidade sexual, a busca da felicidade na democracia. Namoro de bicicleta, com Pepeu Gomes, é um devaneio da infância permanente na cabeça dos artistas. Samba japonês é uma saudação da Amálgama em direção ao povo nipônico que, quando chegou na década de 70 a São Paulo, no bairro da Liberdade, a Umbanda de São Paulo imediatamente criou um orixá samurai. Encantador de serpentes, com Robertinho do Recife, participou do festival da Globo e é um frevo avançado com influência da Índia e, segundo Gilberto Freyre em seu livro China tropical, os séculos XVII e XVI no Brasil foram séculos hindus. Vida cotidiana, com Caetano Veloso, é uma música onde o humor resplandece no vários instantes de um dia. Negros blues, com Zé Ramalho, é a afirmação sempre renovada da importância da negritude, da cultura negra, homenageando especificamente Gilberto Gil e estes negros blues. Bomba de estrelas, parceria com Zé Ramalho e cantada por Amelinha, dá o nome ao disco e portanto se irradia em todas as outras músicas. Duas faixas-bônus: Filho predileto de Xangô, novamente a afirmação da plenitude da presença da negritude. Depois, O boi, minha em parceria com Nelson Jacobina que comigo trabalhou durante 40 anos e que está em todos meus discos e meu coração. O boi, é claro, vai para o matadouro: esta música também é extremamente histórica e política, abrangente.
O segundo disco, Antimaldito. A direção deste disco é de Caetano Veloso, e a sua produção foi feita por Roberto Santana e o filho de Leonel Brizola, já falecido. Registra novamente a intensidade da presença da política e da história em direção à democracia do Kaos com K e da Amálgama que é o meu tema fundamental, literário, em entrevistas, na minha vida, etc. Cinco bombas atômicas, composta no início dos anos 1970, minha com Nelson Jacobina, retrata novamente a bomba atômica mas agora como força maior do ser humano e do amor. Relâmpago dourado, de minha autoria, homenageia a importância das histórias em quadrinho e humaniza também os chamados monstros. Zona fantasma, minha com Nelson Jacobina, é uma queixa amarga e simbólica-histórica de quem está preso na Zona Fantasma, perto da Criptonita. Rock comendo cereja, minha com Nelson Jacobina, é uma celebração da vida. Na realidade, é um spiritual. Fado do gatinho, de minha autoria, retrata meu amor absoluto pelos felinos numa letra cheia de humor e provocações. Índios Tupi Guarani, de minha autoria, é uma música fundamental a meu ver por conta das culturas indígenas do chamado Brasil, e onde afirmo: isso aqui já era um lugar sagrado muito antes do Cristo do Corcovado. Tataraneto do inseto, minha com Nelson Jacobina, é uma música de protesto revolucionário democrático com metáforas de diplomacia chinesa mas que transborda no grito "Canalhas! Arrependei-vos!" e também ao retratar cientificamente em termos poéticos a capacidade de adaptação dos insetos em reação aos inseticidas. Quando a canto nos shows, tenho a oportunidade de afirmar expressões fundamentais: "Deixa como está para ver como fica" e de Benedito Valadares: "na prática, a teoria é outra." Corações, corações, corações, minha com Nelson Jacobina, são três vezes corações. Iluminação foi composta em 1958 e é uma das facetas do Kaos com K em que a iluminação vem como afirma Soren Kierkegaard: "o verdadeiro cristão vive no escândalo e não tem medo do ridículo". A bandeira do meu partido, de 1958, foi aqui pela primeira vez gravada em disco. É bom lembrar que: "a bandeira do meu partido vem entrelaçada com outra bandeira, verde e amarela, a bandeira brasileira." Faixa-bônus: Flesh by flesh, Carne por carne, composta em 1967 durante meus sete anos de exílio nos USA. E, novamente, o Vampiro.
Árvore da vida. A primeira música, Yeshua Ben Joseph, é sobre Jesus de Nazaré e é de uma atualidade eterna. Jesus de Nazaré inventou e criou o Romantismo, os Direitos Humanos inclusive a desobediência civil pacífica e pacificante, através do Livre Arbítrio criou todo o liberalismo e no Sermão da Montanha criou o Socialismo. Quando digo que sou da religião dos humilhados e ofendidos é novamente a marca profunda de Dostoiévski nos meus neurônios. A segunda música, Zum-zum, é minha com Nelson Jacobina, um devaneio
bem-humorado com situação perto da monotonia da loucura. Hiroshima Brasil, de minha autoria e composta em 1958, fala dos terrores da Bomba Atômica e suas repercussões história afora até agora e muito depois. Menino carnavalesco, de minha autoria em 1958, é uma música de amor com leves incursões de ironia amarga. Perspectiva, minha autoria e composta na época da Perestroika de Gorbachev: novamente Maiakóvski e toda a Revolução Soviética que esmagou Adolfo Hitler, e nela eu afirmo brincando, traduzindo a palavra perspectiva que em russo quer dizer Avenida. Maracatu atômico: minha e de Nelson Jacobina, é um hino das simultaneidades e da exuberância do Brasil, lembra da fundamental importância da nação que foi construída pelos heróis africanos que se tornaram escravos. A força atômica aqui é o coração do povo brasileiro e da natureza deste país-continente. Vampiro, já composta em 1958, foi gravada pela primeira vez em 1979 por Caetano Veloso no disco Cinema transcendental. Lágrimas negras, que está com o nome de Lágrimas secas, minha e de Nelson Jacobina, foi gravada pela primeira vez por Gal Costa e alguns anos atrás pelo Otto. Novamente, a força da negritude e sua capacidade de arrancar do terror o seu oposto que é a felicidade do impossível. Samba jambo, novamente minha com Nelson Jacobina, novamente o fascínio do nosso entrelaçamento com todos os batuques das Américas. O teu olhar, de Ismael Silva. Minha admiração por Ismael é infinita. Tanto é que este O teu Olhar também está gravada em outro disco. Lembrar que Ismael Silva fundou a primeira escola de samba no Rio e que se chamava Deixa Falar, depois transformada em Estácio de Sá. Ismael Silva = Wolfgang Amadeus Mozart. Árvore da vida, minha com Nelson Jacobina, inspirada em um verso de Goethe que diz "Cinza é toda teoria, mas verde, meu amigo, é a cor da árvore da vida!".
O poeta e o esfomeado, o quarto disco, foi gravado de um show importantíssimo que precedeu as atividades políticas de Gilberto Gil como vereador em Salvador, do qual fui chefe de gabinete durante um ano e meio e também sua magnífica gestão como Ministro da Cultura. Positivismo, de Noel Rosa e Orestes Barbosa, foi escolhida porque é um show político e nem Borges de Medeiros nem Júlio de Castilho podiam estar de fora, e claro a presença de Getúlio Dornelles Vargas. Marcha turca: foi Gil o diretor musical e executivo deste show e me fez tocar minha versão de Marcha turca dada minha eterna afirmação de que arte erudita e popular são uma coisa só. Ou como dizia Villa Lobos: "estude harmonia e contraponto a fundo, depois esqueça tudo." E também, por que não?, Marcha turca se refere à Turquia que é produto da grande e luminosa cultura e civilização do Califado de Bagdá. Novamente, O teu Olhar de Ismael Silva. Casinha feliz, de Gilberto Gil: o nome já diz tudo. Gil, mesmo quando preso, compôs três músicas na cela. Você me chamou de nêgo, Gasolina: é uma música muito ousada por atacar o racismo em tons escandalosos de comparações. A Oração pela libertação da África do Sul, de Gilberto Gil, foi uma das primeiras manifestações contra o Apartheid quando Nelson Mandela estava preso. Foi um pedido do professor Mário Schenberg para que Gil a fizesse. Novamente, o Vampiro, pois o Vampiro sempre está aí. O rouxinol, minha com GG, é uma das minhas canções mais lindas e trata novamente sobre a ternura da sobrevivência de todos nós animais incluindo o rouxinol os gatos os cães e é uma canção sinobrasileira. Hesíodo, autor da Teogonia dos deuses, também escreveu um trabalho chamado O trabalho e os dias, no qual ele conta: "No final do dia, todos os animais se reúnem bem alimentados e o rouxinol então quer saudar a beleza desse dia cantando. Ele canta e depois o gavião diz: coisa mais linda do mundo, mas mesmo sem fome vou matar o rouxinol." O filho predileto de Xangô, em nova versão, e Mama de Gilberto Gil, imortal e universal, Maracatu atômico e finalmente o Hino da Figa. Composto por Gilberto Gil, nestes mais de 40 shows que tinham já listas de inscrições para o Movimento da Figa Brasil, show em que é comemorado o poeta Jorge de Lima e todas as noções e intenções da Amálgama de José Bonifácio de Andrada e Silva, da eterna segunda abolição de Joaquim Nabuco, proclamando nossa união e igualdade dentro das diferenças como símbolo da Figa como metáfora de tudo isso. Destaque também para o genial percussionista Reppolho.
Todos estes quatro discos se enfeixam, fazem parte das minhas ideias, dos meus livros, entrevistas, minha vida, com duas motivações simultâneas: nunca mais novamente o Holocausto e que a ressureição da humanidade é o Brasil. Recomendo duas leituras: China tropical e o último livro de Domenico de Masi, O futuro chegou.
Aquele abraço!
Jorge Mautner
Fevereiro, 2015
Em tempo: gostaria de lembrar e comemorar o trabalho impecável de Marcelo Fróes e Renato Vieira com esta caixa. Para mais e variadas informações e ligações com minha obra e outras, consultem meu portal Panfletos da Nova Era."
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
Ney vai dar voz em CD às 'maldições' de Itamar, Macalé, Mautner e Capucho
♪ O próximo álbum de Ney Matogrosso vai juntar os cancioneiros de quatro compositores rotulados como malditos na cena musical brasileira. O cantor - em foto de Marcelo Faustini - arquiteta CD com músicas dos malditos Itamar Assumpção (1949 - 2003), Jards Macalé, Jorge Mautner e Luís Capucho.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
Caixa com álbuns de Mautner nos anos 1980 traz inédita gravação ao vivo
♪ Um CD com o inédito registro do show O poeta e o esfomeado - feito pelo cantor e compositor carioca Jorge Mautner em 1987 com Gilberto Gil e o percussionista Repolho - é a isca para fisgar compradores para a caixa Zona fantasma. Produzido pelo pesquisador musical Marcelo Fróes para seu selo Discobertas, o box embala reedições dos álbuns feitos por Mautner nos anos 1980. Bomba de estrelas (Warner Music, 1981), Antimaldito (Nova República / Polygram, 1985) e Árvore da vida (Geléia Geral / Warner Music, 1988) - disco assinado por Mautner com o parceiro Nelson Jacobina (1953 - 2012) - são os álbuns encaixotados com a gravação inédita do show de 1987. Textos do jornalista Renato Vieira contextualizam os discos na obra fonográfica de Mautner.
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Mautner grava CD de inéditas em julho sob produção de Berna e Kassin
♪ Aos 73 anos, o cantor, compositor e músico carioca Jorge Mautner - em foto de Daryan Dornelles - se prepara para entrar em estúdio em julho de 2014 para começar a gravar álbum de inéditas sob a produção de Alexandre Kassin e Berna Ceppas. Trata-se do primeiro disco de Mautner após a saída de cena do parceiro Nelson Jacobina (1953 - 2012), morto há dois anos.
terça-feira, 6 de maio de 2014
Seis inéditas de Mautner emergem em álbum que registra show de 1972
O selo carioca Discobertas honra seu nome ao apresentar Jorge Mautner ao vivo - Para detonar a cidade, álbum duplo que traz mesmo um registro histórico, como alardeado na capa do disco. Trata-se do registro do show Tira o cavalo da chuva, feito pelo cantor e compositor carioca no Rio de Janeiro (RJ) no verão de 1972, sob a direção de Lula da Silva. A data exata do show - perpetuado em gravação caseira que, ao ser encontrada pelo pesquisador carioca Marcelo Fróes, possibilitou a produção de Para detonar a cidade - é ignorada por Mautner, mas sabe-se que a apresentação precede a temporada de abril de 1972 de um show similar, mas de roteiro distinto, que gerou o disco ao vivo Para iluminar a cidade (Philips, 1972), primeiro álbum do artista (cuja discografia tinha sido iniciada de forma discreta com compacto gravado em 1965). Tanto existem diferenças entre um show e outro que o CD Para detonar a cidade traz à tona seis músicas inéditas de Mautner - Chave de um perdido paraíso, Louca curtição, Magic hill, Medonho quilombo, Roses from Baghdad e Salve salve a Bahia - que permaneciam perdidas e esquecidas até pelo compositor. Disco histórico, de fato.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Machete dá voz a Dussek, Mautner, Moraes e Ro Ro no álbum 'Souvenir'
Parceria de Jorge Mautner com Rubinho Jacobina, Ba be bi bo bu é uma das músicas do quinto CD de Silvia Machete, Souvenir, cujo lançamento está programado para abril de 2014 pela gravadora Coqueiro Verde Records. Terceiro álbum gravado em estúdio pela ótima cantora e compositora carioca, Souvenir foi formatado entre Rio de Janeiro (RJ) e Nova York (EUA) com a adesão de músicos convidados como Alberto Continentino (no baixo), Pedro Sá (no violão), Moraes Moreira (no violão) e Davi Moraes (na guitarra). Moraes forneceu a inédita Nada para o repertório, que inclui regravação do Tango da bronquite (Ângela Ro Ro, 1980). Entre as inéditas, há Totalmente tcha tcha tcha (da lavra do cantor e compositor carioca Eduardo Dussek) e Dois cachorros (música de autoria da própria Silvia Machete). Já a versão subversiva de Tatuagem (Chico Buarque e Ruy Guerra, 1973) - apresentada em vídeo posto em rotação na internet neste mês de fevereiro - (ainda) não tem sua inclusão confirmada no disco.
domingo, 9 de fevereiro de 2014
Caixa da série 'Tons' embala três (bons) álbuns da fase áurea de Mautner
Resenha de caixa de CDs
Título: Três tons de Jorge Mautner
Artista: Jorge Mautner
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * (Para iluminar a cidade), * * * * 1/2 (Jorge Mautner) e * * * (Mil e uma
noites de Bagdá)
Título: Três tons de Jorge Mautner
Artista: Jorge Mautner
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * (Para iluminar a cidade), * * * * 1/2 (Jorge Mautner) e * * * (Mil e uma
noites de Bagdá)
Iniciada no fim dos anos 1950, a obra musical do cantor e compositor carioca Jorge Mautner - artista de farta produção multimídia - tem sido contínua ao longo dessas quase seis décadas. Contudo, no que diz respeito à carreira fonográfica (iniciada em 1966 com a edição de compacto pela RCA), a obra de Mautner teve seu auge produtivo de 1972 a 1976, período em que gravou e lançou pela gravadora Philips os três bons álbuns embalados, em reedições remasterizadas, na caixa Três tons de Jorge Mautner, posta nas lojas pela gravadora Universal Music neste ano de 2014, em mais um acerto da série gerenciada pela executiva Alice Soares. São os discos que concentram as músicas mais conhecidas do compositor, embora o álbum Eu não peço desculpas (2002) - gravado e assinado por Mautner com o cantor e compositor baiano Caetano Veloso - tenha revitalizado essa obra e até ampliado o público do artista. Com textos elucidativos sobre os discos, escritos pelo jornalista mineiro Renato Vieira, a caixa Três tons de Jorge Mautner oferece ganhos significativos em relação às edições anteriores dos álbuns. Sobretudo nos casos de Jorge Mautner (1974) e Mil e uma noites de Bagdá (1976), relançados de forma heroica, mas precária, pelo selo indie carioca Rock Company nos anos 1990. Estes dois títulos voltam ao catálogo com som à altura de sua importância e toda a arte gráfica dos LPs originais. Já em relação a Para iluminar a cidade (1972) o ganho é irrelevante. Este primeiro álbum de Mautner - lançado com anos de atraso, como observa Caetano Veloso com ironia no texto que escreveu para a contracapa do LP (texto devidamente reproduzido no encarte do CD) - já tinha sido relançado em 2002 pela Universal Music em edição remasterizada produzida pelo pesquisador carioca Marcelo Fróes com zelo na parte gráfica e as mesmas três faixas-bônus. Relaxa, meu bem, relaxa (Jorge Mautner e Nelson Jacobina) e Planeta dos macacos (Jorge Mautner e Jards Macalé) são fonogramas de já raríssimo compacto de Mautner editado pela Philips em 1973. Já Rock da barata (Jorge Mautner) é faixa do coletivo álbum ao vivo que registra o evento Phono 73 - O canto de um povo (Philips, 1973). A propósito, o primeiro álbum de Mautner também foi gravado ao vivo. Para iluminar a cidade registra show captado em apresentações feitas por Mautner no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro (RJ), em 27 e em 30 de abril de 1972. Por se tratar de seu (tardio) primeiro álbum, o artista apresentou um resumo de obra que já tinha mais de dez anos e que atingiria seu ápice criativo no disco seguinte, Jorge Mautner, que trouxe a versão do autor para o popular Maracatu atômico (Jorge Mautner e Nelson Jacobina), sucesso na voz de Gilberto Gil em gravação editada em compacto de 1973. Jorge Mautner é o disco de Samba dos animais, de Guzzy muzzy (que recentemente ganhou a voz da cantora carioca Silvia Machete), de Ginga da mandinga (parceria de Mautner com Rodolfo Grani Júnior gravada pela cantora mineira Wanderléa) e de O relógio quebrou (tema também ouvido naquele ano na voz de Gilberto Gil). O terceiro álbum da caixa, Mil e uma noites de Bagdá, é o título menos inspirado da trilogia. Neste disco, Mautner buscou tom pop radiofônico que contraria a criação livre e espontânea de sua música. Atualmente com 73 anos, esse filho do Holocausto segue a sua trajetória artística com a mesma integridade e liberdade observada nestes três bons álbuns oportunamente reeditados na série Tons da gravadora Universal Music.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Mautner vai ter reeditados discos da década de 70 na série Tons em 2014
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Documentário sobre Mautner é editado em DVD na 'Coleção Canal Brasil'
Lançado em 2012 na rota de festivais e posteriormente no circuito convencional de cinemas, o documentário Jorge Mautner - O filho do holocausto está sendo editado em DVD dentro da Coleção Canal Brasil. Os diretores Pedro Bial e Heitor D'Allincourt focam a vida e a obra do artista multimídia em filme que ganha relevância musical por conta do show idealizado e gravado para a produção. No show, Mautner rebobina sua obra musical em números que o conectam a músicos da atual geração como Berna Ceppas, Domenico Lancellotti, Kassin e Pedro Sá. Clique aqui para (re)ler a resenha do filme Jorge Mautner - O filho do holocausto.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Estreia de documentário sobre Mautner motiva a edição da trilha em CD
Exibido esporadicamente em festivais ao longo de 2012, o documentário Jorge Mautner - O filho do Holocausto tem estreia prevista nos cinemas do Brasil para este mês de janeiro de 2013. No embalo da entrada em circuito do filme dirigido e roteirizado por Pedro Bial e Heitor D'Allincourt (clique aqui para ler a resenha do filme), a trilha sonora do documentário sobre Mautner ganha edição em CD da Coleção Canal Brasil. No filme, Mautner revive os maiores sucessos de seu cancioneiro no toque de músicos como Kassin. Os parceiros Caetano Veloso e Gilberto Gil figuram na trilha sonora em Todo errado e em O rouxinol, respectivamente. Eis as 14 músicas do CD Jorge Mautner - O filho do Holocausto, disco distribuído pela Microservice:
1. Lágrimas negras (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
2. Maracatu atômico (Nelson Jacobina e Jorge Mautner )
3. Cinco bombas atômicas (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
4. Manjar de reis (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
5. O relógio quebrou (Jorge Mautner)
6. Todo errado (Jorge Mautner) - com Caetano Veloso
7. O rouxinol (Jorge Mautner e Gilberto Gil) - com Gilberto Gil e Bem Gil
8. Morre-se assim (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
9. Ressurreições (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
10. O vampiro (Jorge Mautner)
11. Herói das estrelas (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
12. Estilhaços de paixão (Jorge Mautner)
13. Tarado (Jorge Mautner e Caetano Veloso)
14. Encantador de serpentes (Jorge Mautner e Robertinho de Recife)
2. Maracatu atômico (Nelson Jacobina e Jorge Mautner )
3. Cinco bombas atômicas (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
4. Manjar de reis (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
5. O relógio quebrou (Jorge Mautner)
6. Todo errado (Jorge Mautner) - com Caetano Veloso
7. O rouxinol (Jorge Mautner e Gilberto Gil) - com Gilberto Gil e Bem Gil
8. Morre-se assim (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
9. Ressurreições (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
10. O vampiro (Jorge Mautner)
11. Herói das estrelas (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
12. Estilhaços de paixão (Jorge Mautner)
13. Tarado (Jorge Mautner e Caetano Veloso)
14. Encantador de serpentes (Jorge Mautner e Robertinho de Recife)
domingo, 24 de junho de 2012
Conservador na forma, filme que tributa Mautner tem relevância musical
Título: Jorge Mautner - O Filho do Holocausto
Direção e roteiro: Pedro Bial e Heitor D'Allincourt
Fotografia: Gustavo Habda
Cotação: * * *
Filme já em rotação em festivais, mas ainda sem data de estreia no circuito convencional
A vida de Jorge Mautner daria um filme tão fora do foco tradicional como O Demiurgo (1970), produção dirigida em Londres por este multimídia artista carioca que - além de cineasta bissexto - é cantor, compositor, violinista, escritor, poeta, cartunista e artista plástico. Sob a direção de Pedro Bial e Heitor D'Allincourt, a vida de Jorge Mautner deu um filme conservador que não capta toda a efervescência da alma da personagem, embora cumpra o papel de ressaltar a importância da obra do artista na cultura nacional. Já em rotação em festivais como É Tudo É Verdade e In-Edit Brasil, mas ainda sem data para entrar em circuito tradicional, o documentário Jorge Mautner - O Filho do Holocausto alterna sempre de forma convencional números musicais, depoimentos inéditos e imagens de arquivo. O título O Filho do Holocausto se refere ao fato de Henrique George Mautner ter vindo ao mundo em 1941 como fruto da união de um judeu austríaco com uma católica iugoslava que desembacaram no Brasil para fugir do regime nazista. É por isso que o filme abre com cenas do holocausto ao som de Lágrimas Negras, um dos títulos mais conhecidos da obra musical de Mautner. Nessa primeira parte, de ritmo lento, depoimentos dão a pista da formação do artista, cujo talento para as letras se revelou precocemente na cena literária. Em 1956, aos 15 anos, Mautner começou a escrever Deus da Chuva e da Morte, livro que lhe renderia em 1962 um Prêmio Jabuti. Já a obra musical somente iria ter visibilidade na década de 70 a partir das conexões feitas com Caetano Veloso e Gilberto Gil na Inglaterra, durante o período em que Mautner - membro do Partido Comunista desde 1962 - se exilou em Londres para fugir das perseguições do regime militar que, a partir de 1964, tolheu progressivamente as liberdades democráticas no Brasil. É quando surgiu o filme O Demiurgo, que tem cenas exibidas no documentário. É quando surgiram músicas como Maracatu Atômico (Jorge Mautner e Nelson Jacobina), lançada por Gil em 1973 e revisitada pelo cantor baiano em registro feito especialmente para o filme. Musicalmente, a propósito, o documentário é relevante. Em show captado especialmente para o filme, Mautner rebobina parte expressiva de sua obra musical em números feitos com músicos como Berna Ceppas, Domenico Lancellotti, Kassin e Pedro Sá - além do parceiro e amigo Nelson Jacobina, falecido em maio deste ano de 2012. A conexão de Mautner com músicos que dão o tom da música contemporânea produzida no Brasil a partir dos anos 2000 valoriza o documentário - assim como os depoimentos de Gil e Caetano (captados na presença de Mautner) e assim como a beleza plástica das imagens. O requinte da fotografia de Gustavo Habda é perceptível em cada depoimento ou número musical. Mas paira sempre a sensação de que Bial e D'Allincourt poderiam ter ousado mais ao documentar com reverência o legado de Mautner. No confronto afetivo do homenageado com sua filha Amora Mautner (diretora de novelas da TV Globo), fica claro que, também como pai, Mautner fugiu dos padrões convencionais. Jorge Mautner - O Filho do Holocausto respeita demais os padrões e as convenções do gênero documentário. Um pouco mais de ousadia - nem que fosse na edição - teria rendido um filme mais condizente com o espírito da vida (e da obra) de Jorge Mautner.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Vercillo responde com samba as vaias que tomou no show de Mautner
Em 17 de janeiro de 2011, Jorge Vercillo foi hostilizado pelo público que assistia no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ), ao show comemorativo dos 70 anos de Jorge Mautner. Vercillo chegou a ser vaiado quando subiu ao palco para cantar com Mautner, parceiro do compositor de Que Nem Maré. A resposta de Vercillo vai ser dada dez meses após as vaias, em outubro, mês em que vai chegar às lojas o nono álbum de estúdio do cantor, Como Diria Blavatsky. No samba Faixa de Gaza, o artista - visto em foto inédita, feita por Leonardo Aversa para a promoção do disco - manda recado aos que o vaiaram. Eis a letra do samba Faixa de Gaza:
Faixa de Gaza
(Jorge Vercillo)
Fui cantar na festa de um amigo
mas disseram que eu era de outra tribo
Hoje sei, eu sou o mais ingrato,
sou eu o tal bastardo
filho do samba abandonado ...
Quem mandou cruzar fronteiras
na Faixa de Gaza, ali na Lapa ?
Quem mandou sonhar unir jazzistas
com roqueiros-sambistas ?
Pra quem vê de cima, é uma só tribo.
Se você olhar por dentro,
nosso medo cria o inimigo.
No amor, é tão duro o desapego !
Eu bem sei que traz sossego
se imaginar dono de alguém ...
Mas até Monarco e Velha Guarda,
mesmo Dona Ivone Lara
sabe que o samba está além ...
O samba não é de ninguém ...
O samba é de quem lhe quer bem ...
O Amor não tem dono também !
O samba não é de ninguém
O samba vai com quem lhe quer bem ...
O amor não tem dono também, não tem !
O samba não e de ninguém ...
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