Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 28 de março de 2011

Alaíde ilumina (raros) temas nublados de Alf no CD 'Em Tom de Canção'

Resenha de CD
Título: Alaíde Canta Johnny - Em Tom de Canção
Artista: Alaíde Costa
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * 1/2

"Nesta noite tão fria / Em que a chuva castiga / O meu corpo tão só / Nem o tempo e o vento / Procuram ao menos de mim ter dó", amargam os versos de O Tempo e o Vento, cantados por Alaíde Costa em refinado diálogo com o baixo de Marinho Andreotti. O Tempo e o Vento é um dos dez raros temas de Johnny Alf  (1929 - 2010) gravados pela cantora no CD Alaíde Canta Johnny - Em Tempo de Canção. Segundo dos três títulos da caixa Johnny Alf entre Amigos, recém-lançada pela Lua Music, o disco joga luz sobre temas nublados da lavra invariavelmente sofisticada do compositor. Sob apropriada direção musical de Giba Estevez, que envolve as músicas em moldura acústica, Alaíde aborda sem esforço  esse repertório difícil que ela já havia apresentado ao vivo em dezembro de 2009, em show que fez em homenagem a Alf  ao lado de Leny Andrade. Nenhuma das dez músicas têm cacife para fazer sombra ao cancioneiro já conhecido do compositor de Eu e a Brisa e Ilusão à Toa. Mas todas reiteram a sofisticação da obra de Alf, influenciada pela formação de início erudita de seu criador. Quem Sou Eu - "triste prelúdio" na definição inserida na letra da música aberta pela voz de Zé Luiz Mazziotti - exemplifica bem o tom soturno do CD. Os títulos de algumas músicas - em especial, Foi o Tempo de Verão, Estou Só e Tema da Cidade Longe - já traduzem o clima invernal do repertório reunido no disco produzido por Thiago Marques Luiz. Já na faixa de abertura, a suplicante Escuta, percebe-se o sofrimento de amor em que está embebida a obscura safra de composições que inclui até uma inédita, Em Tom de Canção. Há todo um peso existencial nos versos de temas como Plenilúneo e Meu Sonho - aos quais se ajustam bem a voz noturna de Alaíde, cantora que já contabiliza 75 anos de vida e mais de 50 de carreira. E o fato é que Alaíde Costa e Johnny Alf sempre se entenderam musicalmente. Em Tom de Canção, o disco, é a celebração póstuma dessa afinidade que extrapola a Bossa Nova.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"Nesta noite tão fria / Em que a chuva castiga / O meu corpo tão só / Nem o tempo e o vento / Procuram ao menos de mim ter dó", amargam os versos de O Tempo e o Vento, cantados por Alaíde Costa em refinado diálogo com o baixo de Marinho Andreotti. O Tempo e o Vento é um dos dez raros temas de Johnny Alf (1929 - 2010) gravados pela cantora no CD Alaíde Canta Johnny - Em Tempo de Canção. Segundo dos três títulos da caixa Johnny Alf entre Amigos, recém-lançada pela Lua Music, o disco joga luz sobre temas nublados da lavra invariavelmente sofisticada do compositor. Sob apropriada direção musical de Giba Estevez, que envolve as músicas em moldura acústica, Alaíde aborda sem esforço esse repertório difícil que ela já havia apresentado ao vivo em dezembro de 2009, em show que fez em homenagem a Alf ao lado de Leny Andrade. Nenhuma das dez músicas têm cacife para fazer sombra ao cancioneiro já conhecido do compositor de Eu e a Brisa e Ilusão à Toa. Mas todas reiteram a sofisticação da obra de Alf, influenciada pela formação de início erudita de seu criador. Quem Sou Eu - "triste prelúdio" na definição inserida na letra da música aberta pela voz de Zé Luiz Mazziotti - exemplifica bem o tom soturno do CD. Os títulos de algumas músicas - em especial, Foi o Tempo de Verão, Estou Só e Tema da Cidade Longe - já traduzem o clima invernal do repertório reunido no disco produzido por Thiago Marques Luiz. Já na faixa de abertura, a suplicante Escuta, percebe-se o sofrimento de amor em que está embebida a obscura safra de composições que inclui até uma inédita, Em Tom de Canção. Há todo um peso existencial nos versos de temas como Plenilúneo e Meu Sonho - aos quais se ajustam bem a voz noturna de Alaíde, cantora que já contabiliza 75 anos de vida e mais de 50 de carreira. E o fato é que Alaíde Costa e Johnny Alf sempre se entenderam musicalmente. Em Tom de Canção, o disco, é a celebração póstuma dessa afinidade que extrapola a Bossa Nova.

Eu disse...

Bela capa, bela cantora, belo compositor, nossa música quando acontece em seu devido valor é sublime!

Zerfas disse...

Olá Mauro!
eu gostaria de publicar uma letra de uma musica deste album no meu blog, porem não estou conseguindo encontrar a mesma em nenhum site de musica e nem mesmo da gravadora. A letra em questão é a Meu sonho - a musica que a Alaíde musicou com o Johnny. Eu a ouvi cantar no show do BNDES e fiquei encantanda com a canção e queria dividi-la com as pessoas e também quem sabe assim conhecer um pouco mais sobre música e sobre estes artistas incriveis!
Tem como me ajudar?
Muito obrigada desde já!!!!

Zeca disse...

É uma lástima, que um disco tão belo, seja tão difícil de encontrar nas lojas especializadas. Mas, vale a pena, garimpar, até conseguir, pois, Alaíde Costa, está cantando o Fino.
E,o que dizer das composições do saudoso Johhnny Alf ...Maravilha pura!
Atenciosamente,
Zeca Pinheiro (RJ)