Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 28 de março de 2011

À vontade com convidados e piano, Alf brilha em póstumo disco ao vivo

Resenha de CD
Título: Johnny Alf ao Vivo e à Vontade com seus Convidados
Artista: Johnny Alf
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * * 1/2

Foi no escurinho das boates que Johnny Alf (1929 - 2010) percorreu pioneiramente na primeira metade dos anos 50 os caminhos harmônicos que desembocariam na música rotulada de Bossa Nova. Foi no escurinho das boates que Alf, ao vivo e à vontade, exercitou a arte de cantar e tocar piano com sua elegância discreta. É por isso que o disco Johnny Alf ao Vivo e à Vontade com seus Convidados é o melhor dos três títulos reunidos na caixa Johnny Alf entre Amigos, recém-lançada pela gravadora Lua Music. Trata-se de  uma compilação produzida por Thiago Marques Luiz com 14 inéditos registros ao vivo do acervo pessoal de Nelson Valencia, amigo de Alf nos últimos 20 anos de vida do compositor. Alf brilha neste disco em que ele se mostra realmente à vontade com seus convidados, seu piano e músicos como o baterista Celso de Almeida e o baixista Marcos Souza. "Canta um negócio aí... Mas que a gente conheça, né?", diz Alf para Ed Motta, que voa então com o compositor em abordagem jazzy de Fly me to the Moon (Bart Howard) antes de cantar um tema pouco conhecido de Alf, Que Volte a Tristeza. Dos clássicos do cancioneiro do autor, Nós ganha arrebatadora interpretação de Leny Andrade. Mas o principal mérito de Johnny Alf ao Vivo e à Vontade com seus Convidados é mostrar Alf se exercitando em repertório alheio. Logo na primeira faixa, Alf e Cida Moreira - à sós com suas vozes e pianos - saboreiam os versos de A Noite do meu Bem (Dolores Duran, de quem o compositor também revive Castigo). Com sua divisão particularíssima, Alf também aborda o samba Palpite Infeliz (Noel Rosa), o samba-canção Se Queres Saber (Peter Pan) e o standard norte-americano Over the Rainbow (Harold Arlen e E.Y. Harburg) - apresentado pelo artista como música de seus "tempos de criança". Mais para o fim do disco, Cauby Peixoto entra em cena para cantar com "seu querido amigo Johnny" Se Todos Fossem Iguais a Você (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Ilusão à Toa - com Alf fazendo a obscura primeira parte do tema, emendado por Cauby em dueto que ganha intensidade à medida em que o cantor de Conceição se sente mais à vontade para impor seu exacerbado estilo vocal - e Gesto Final. Alf é luxo só!

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Foi no escurinho das boates que Johnny Alf (1929 - 2010) percorreu pioneiramente na primeira metade dos anos 50 os caminhos harmônicos que desembocariam na música rotulada de Bossa Nova. Foi no escurinho das boates que Alf, ao vivo e à vontade, exercitou a arte de cantar e tocar piano com sua elegância discreta. É por isso que o disco Johnny Alf ao Vivo e à Vontade com seus Convidados é o melhor dos três títulos reunidos na caixa Johnny Alf entre Amigos, recém-lançada pela gravadora Lua Music. Trata-se de uma compilação produzida por Thiago Marques Luiz com 14 inéditos registros ao vivo do acervo pessoal de Nelson Valencia, amigo de Alf nos últimos 20 anos de vida do compositor. Alf brilha neste disco em que ele se mostra realmente à vontade com seus convidados, seu piano e músicos como o baterista Celso de Almeida e o baixista Marcos Souza. "Canta um negócio aí... Mas que a gente conheça, né?", diz Alf para Ed Motta, que voa então com o compositor em abordagem jazzy de Fly me to the Moon (Bart Howard) antes de cantar um tema pouco conhecido de Alf, Que Volte a Tristeza. Dos clássicos do cancioneiro do autor, Nós ganha arrebatadora interpretação de Leny Andrade. Mas o principal mérito de Johnny Alf ao Vivo e à Vontade com seus Convidados é mostrar Alf se exercitando em repertório alheio. Logo na primeira faixa, Alf e Cida Moreira - à sós com suas vozes e pianos - saboreiam os versos de A Noite do meu Bem (Dolores Duran, de quem o compositor também revive Castigo). Com sua divisão particularíssima, Alf também aborda o samba Palpite Infeliz (Noel Rosa), o samba-canção Se Queres Saber (Peter Pan) e o standard norte-americano Over the Rainbow (Harold Arlen e E.Y. Harburg) - apresentado pelo artista como música de seus "tempos de criança". Mais para o fim do disco, Cauby Peixoto entra em cena para cantar com "seu querido amigo Johnny" Se Todos Fossem Iguais a Você (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Ilusão à Toa - com Alf fazendo a obscura primeira parte do tema, emendado por Cauby em dueto que ganha intensidade à medida em que o cantor de Conceição se sente mais à vontade para impor seu exacerbado estilo vocal - e Gesto Final. Alf é luxo só!