Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 30 de março de 2011

CD 'Arco do Tempo' mostra que a voz de Soraya brilha sem jogo de cena

Resenha de CD
Título: Arco do Tempo
Artista: Soraya Ravenle
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Já nas lojas com distribuição da gravadora Biscoito Fino, o álbum Arco do Tempo - dedicado à obra de Paulo César Pinheiro - mostra que o canto de Soraya Ravenle também brilha sem jogo de cena. Não há no disco a sedutora teatralidade que envolve o belíssimo show homônimo em cartaz às terças e quartas-feiras no Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), até 6 de abril de 2011. Em contrapartida, o disco tem encantos próprios como o coro luxuoso que encorpa a ciranda Lua Candeia (Paulo César Pinheiro e Lenine),  a voz de Pedro Luís no tema de capoeira Jogo de Fora - composto para trilha sonora do musical carioca Besouro Cordão de Ouro (2006) - e as cordas magistrais do Quarteto Maogani que embalam o percurso poético de Viagem (Paulo César Pinheiro e João de Aquino). Mas o encanto maior de Arco do Tempo é a voz límpida de Soraya Ravenle. Por ser também atriz, a cantora encontra o tom exato de versos como os da inédita Serenata Antiga - parceria de Pinheiro com Sérgio Santos, envolvida em apropriado seresteiro pelo arranjo de Alfredo Del-Penho e João Callado - e os da também inédita Toada do Sol e da Lua (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim). A propósito, a alta dosagem de inéditas entre as 14 faixas do disco confere valor adicional a Arco do Tempo. Até porque quase todas as músicas inéditas são de excelente qualidade. E, da safra até então nunca registrada em disco, o samba Carta Branca vem merecendo especial atenção por ser título da parceria de Pinheiro com Baden Powell (1937 - 2000). Soraya deita e rola nas quebradas desse samba que segue a linha de Vou Deitar e Rolar (Quaquaraquaquá) e Aviso aos Navegantes, entre outros temas em que a dupla narra com verve os dribles e passes do jogo amoroso. Já Cristal Lilás (Paulo César Pinheiro e Maurício Carrilho) - originalmente um samba - ganha seu primeiro registro fonográfico no compasso do tango para que fique realçada a dramaticidade dos versos que a cantora saboreia com a naturalidade das atrizes. Aberto e fechado com o tema inédito que lhe dá nome, composto por Pinheiro especialmente para Soraya, o disco Arco do Tempo circula por ritmos tão díspares como samba de roda (Senhorá, parceria com Roque Ferreira) e valsa (Serena, de Pinheiro com Pedro Amorim). Mas o que dá unidade ao giro poético pela vasta obra do compositor é a voz de Soraya Ravenle, de emissão e afinação tão exemplares que dispensa qualquer jogo de cena. A atriz é uma excelente cantora.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Já nas lojas com distribuição da gravadora Biscoito Fino, o álbum Arco do Tempo - dedicado à obra de Paulo César Pinheiro - mostra que o canto de Soraya Ravenle também brilha sem jogo de cena. Não há no disco a sedutora teatralidade que envolve o belíssimo show homônimo em cartaz às terças e quartas-feiras no Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), até 6 de abril de 2011. Em contrapartida, o disco tem encantos próprios como o coro luxuoso que encorpa a ciranda Lua Candeia (Paulo César Pinheiro e Lenine), a voz de Pedro Luís no tema de capoeira Jogo de Fora - composto para trilha sonora do musical carioca Besouro Cordão de Ouro (2006) - e as cordas magistrais do Quarteto Maogani que embalam o percurso poético de Viagem (Paulo César Pinheiro e João de Aquino). Mas o encanto maior de Arco do Tempo é a voz límpida de Soraya Ravenle. Por ser também atriz, a cantora encontra o tom exato de versos como os da inédita Serenata Antiga - parceria de Pinheiro com Sérgio Santos, envolvida em apropriado seresteiro pelo arranjo de Alfredo Del-Penho e João Callado - e os da também inédita Toada do Sol e da Lua (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim). A propósito, a alta dosagem de inéditas entre as 14 faixas do disco confere valor adicional a Arco do Tempo. Até porque quase todas as músicas inéditas são de excelente qualidade. E, da safra até então nunca registrada em disco, o samba Carta Branca vem merecendo especial atenção por ser título da parceria de Pinheiro com Baden Powell (1937 - 2000). Soraya deita e rola nas quebradas desse samba que segue a linha de Vou Deitar e Rolar (Quaquaraquaquá) e Aviso aos Navegantes, entre outros temas em que a dupla narra com verve os dribles e passes do jogo amoroso. Já Cristal Lilás (Paulo César Pinheiro e Maurício Carrilho) - originalmente um samba - ganha seu primeiro registro fonográfico no compasso do tango para que fique realçada a dramaticidade dos versos que a cantora saboreia com a naturalidade das atrizes. Aberto e fechado com o tema inédito que lhe dá nome, composto por Pinheiro especialmente para Soraya, o disco Arco do Tempo circula por ritmos tão díspares como samba de roda (Senhorá, parceria com Roque Ferreira) e valsa (Serena, de Pinheiro com Pedro Amorim). Mas o que dá unidade ao giro poético pela vasta obra do compositor é a voz de Soraya Ravenle, de emissão e afinação tão exemplares que dispensa qualquer jogo de cena. A atriz é uma excelente cantora.

Luis disse...

Se o disco for tão bonito quanto a capa (que foto é essa, rapaz?!), já vou garantir o meu. =)