Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


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sábado, 9 de abril de 2016

Iara Rennó dispara 'Arco' e 'Flecha', (dois) álbuns gêmeos e complementares

Iara Rennó dispara na plataforma Kickante a campanha de financiamento coletivo para a edição dos dois álbuns gêmeos e complementares, Arco e Flecha, preparados pela artista paulistana para serem lançados através do selo YB Music neste ano de 2016. Cada álbum alinha nove músicas, gravadas com bandas diferentes. Os repertório são essencialmente autorais e incluem músicas compostas por Rennó com parceiros como Alice Ruiz, Alzira E, Gustavo Galo e Paulo Leminski. Disco conceituado pela artista com adjetivos como escuro, flexível e misterioso, Arco tem músicas formatadas por grupo feminino formado por Mariá Portugal (bateria), Maria Beraldo Bastos (clarone) e a própria Iara Rennó (guitarra, voz e produção musical). Álbum caracterizado como objetivo e solar, Flecha reúne banda masculina integrada por Curumin (bateria, teclado, mpc e produção musical), Maurício Badé (percussão), Lucas Martins (baixo e violão), Gustavo Cabelo (guitarra), Maurício Fleury (teclados), Daniel Gralha (trompete e fluguelhorn) e Cuca Ferreira (saxofone barítono). Arco tem discurso pontuado pelos versos dos poemas eróticos do livro Língua Brasa Carne Flor (Editora Patuá, 2015), estreia de Iara no universo literário. Já Flecha traz músicas como Ritmo da moçada (Negro Leo) e Quebra (Domenico Lancellotti e Bruno di Lullo). As cantoras cariocas Ana Cláudia Lomelino e Ava Rocha unem as vozes no coro da  Ciranda das Yabás.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Iara se suja com sangue das canções ao interpretar 'Drama' de Bethânia

Resenha de show
Título: Iara Rennó interpreta Drama - Anjo exterminado
Artista: Iara Rennó (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Arena do Espaço Sesc Copacabana (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 4 de novembro de 2014
Cotação: * * * *

É difícil encarar em cena um álbum gravado por Maria Bethânia, cantora dona do dom de dominar palcos e mentes. Mesmo sem cacife para ambicionar o trono da rainha dos raios e trovoadas, Iara Rennó se saiu muito bem na proposta de interpretar em cena Drama - Anjo exterminado (Philips, 1972), primeiro disco de estúdio feito por Bethânia após o registro ao vivo do definidor show Rosa dos ventos (1971). Na introdução do show que estreou no Rio de Janeiro (RJ) na noite de ontem, 4 de novembro de 2014, Iara pareceu baixar com força no terreiro de Bethânia quando, munida de chocalho, de costas para a plateia que se acomodava nas cadeiras da arena do Espaço Sesc Copacabana, cantou o ponto afro-brasileiro que abre o álbum. Na sequência, abordagem insossa de Esse cara (Caetano Veloso, 1972), sem drama e também sem sensualidade, diluiu a força desse início promissor. Só que o santo de Iara Rennó é forte como sua personalidade artística. À medida que a apresentação foi evoluindo, a cantora e compositora paulistana foi encontrando o tom indie da interpretação de Drama. Segura, Rennó emendou a capella o samba-canção Bom dia, tristeza (Adoniran Barbosa e Vinicius de Moraes, 1957) - ausente do disco, mas presente na discografia de Bethânia - em outro samba-canção, Bom dia (Herivelto Martins e Aldo Cabral). Natural, tal licença poética exemplifica a intenção da artista de desconstruir o Drama de Bethânia para fazê-lo à sua moda - no toque contemporâneo do power trio formado por Bruno Di Lullo (baixo e pocket piano), Felipe Fernandes (guitarra e pocket piano) e Leo Monteiro (bateria) - sem demolir os alicerces que sustentam o repertório e sem deixar de sujar as mãos no sangue que escorre de canções como Anjo exterminado (Jards Macalé e Waly Salomão, 1972) e o fado Maldição (Alfredo Duarte e Armando Vieira Pinto, 1950), reavivado por Rennó entre dissonâncias, ruídos e distorções em ponto alto do show. A inserção no roteiro de duas músicas lançadas por Rennó em seu álbum Iara (Joia Moderna, 2013) - Arroz sem feijão e Miligramas, ambas de autoria da artista - se ajustaram perfeitamente ao clima quente do cancioneiro de Drama, sendo que Miligramas funcionou, ao fim do show, como comentário irônico a respeito desse fogo que molda os atos de Bethânia. Com Iara, o samba Volta por cima (Paulo Vanzolini, 1962) virou rock sem perda das ênfases e da atitude. Já a orquestração de O circo (Batatinha, 1972) se equilibrou na marcação firme e quase fanfarrona da bateria de Leo Monteiro enquanto Iansã (Gilberto Gil e Caetano Veloso, 1972) ganhou arranjo que pareceu incorporar forças ocultas, embora a interpretação arrebatadora e recente de Alice Caymmi baixe na memória. Sem drama, mas com fraca mise-en-scène, Iara sentou numa cadeira para cantar, ao lado dos espectadores, Estácio, Holly Estácio (Luiz Melodia, 1972), samba atualmente nem tão associado a Bethânia, embora tenha sido lançado pela intérprete em Drama. Sucesso da cantora carioca Linda Rodrigues (1919 - 1997), o samba-canção Lama (Paulo Marques e Alice Chaves, 1952) foi outra prova de que Iara teve perfeito entendimento do Drama de Bethânia a ponto de inserir músicas inexistentes no disco sem jamais sair do tom. No fim, quando deita na arena do Sesc Copacabana ao longo da interpretação de Drama (Caetano Veloso, 1972), a cantora preparou o encerramento de seu ato - fechado com a ironia de Miligramas (Iara Rennó, 2013) - com gestos que elevaram o poder de sedução do show. Suja com o sangue das canções, a voz de Iara Rennó nunca mentiu...

Em cena, Iara expande 'Drama' de Bethânia com Adoniran e 'Miligramas'

"Ó, por favor / Não me venha / Com esses dramas / Mini-dramas / Miligramas / De lágrimas", pediu Iara Rennó através dos versos de sua música Miligramas (Iara Rennó, 2013). A súplica desses versos cantados na arena do Espaço Sesc Copacabana soou como fina ironia ao fim do show em que a cantora e compositora paulista recriou, à sua moda, as 13 músicas do álbum Drama - Anjo exterminado (Philips, 1972), um dos clássicos da discografia de Maria Bethânia nos anos 1970. Na companhia de power trio formado por Bruno Di Lullo (baixo e pocket piano), Felipe Fernandes (guitarra e pocket piano) e Leo Monteiro (bateria), Rennó estreou no Rio de Janeiro (RJ) na noite de ontem, 4 de novembro de 2014, o show em que expande o repertório do Drama da intérprete baiana com a adição de músicas como Baioque (Chico Buarque, 1972) - o mix de baião com rock que Bethânia incluiu no roteiro do show inspirado no álbum - e o samba-canção Bom dia, tristeza (Adoniran Barbosa e Vinicius de Moraes, 1957), acoplado com astúcia e propriedade a outro melancólico samba-canção, Bom dia (Herivelto Martins e Aldo Cabral, 1942), gravado por Bethânia no disco em que lançou Esse cara (Caetano Veloso, 1972) e Estácio, Holly Estácio (Luiz Melodia, 1972). Eis o roteiro seguido em 4 de novembro de 2014 por Iara Rennó - em foto de Rodrigo Goffredo - na arena do Espaço Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), na estreia nacional do ótimo show em que reinterpreta o cultuado álbum Drama - Anjo exterminado:

1. Ponto (tema afro-brasileiro de domínio público)
2. Esse cara (Caetano Veloso, 1972) /
3. Bodas de prata (Roberto Martins e Mário Rossi, 1945)
4. Bom dia (Herivelto Martins e Aldo Cabral, 1942) /
5. Bom dia, tristeza (Adoniran Barbosa e Vinicius de Moraes, 1957)
6. Anjo exterminado (Jards Macalé e Waly Salomão, 1972)
7. Volta por cima (Paulo Vanzolini, 1962)
8. Maldição (Alfredo Duarte e Armando Vieira Pinto, 1950)
9. Arroz sem feijão (Iara Rennó, 2013)
10. Negror dos tempos (Caetano Veloso, 1972)
11. Iansã (Gilberto Gil e Caetano Veloso, 1972)
12. Trampolim (Caetano Veloso e Maria Bethânia, 1972)
13. O circo (Batatinha, 1972)
14. Estácio, Holly Estácio (Luiz Melodia, 1972)
15. Lama (Paulo Marques e Alice Chaves, 1952)
16. Baioque (Chico Buarque, 1972)
17. Drama (Caetano Veloso, 1972)
18. Miligramas (Iara Rennó, 2013)
Bis:
19. Volta por cima (Paulo Vanzolini, 1962)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Iara divulga 'Tara' enquanto se prepara para interpretar disco de Bethânia

Enquanto divulga o single digital Tara, editado via Joia Moderna com sua gravação da homônima música de autoria de Negro Leo (lançada pelo compositor maranhense em EP de 2013), a cantora e compositora paulistana Iara Rennó ja´se prepara para interpretar o álbum Drama - Anjo exterminado (Philips, 1972), lançado por Maria Bethânia em 42 anos. O single foi gravado e mixado por Martin Scian em São Paulo (SP). Iara canta Tara com o toque da bateria de Leo Monteiro e do piano de Ricardo Dias Gomes. A releitura do disco - no qual a intérprete lançou músicas como Esse cara (Caetano Veloso), Estácio, Holly Estácio (Luiz Melodia) e Iansã (Caetano Veloso e Gilberto Gil) sob a produção de Caetano Veloso - será feita em show agendado para 4 de novembro de 2014, no Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ). 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Índia cibernética, Rennó ritualiza repertório do CD I A R A em show teatral

Resenha de show
Título: I A R A
Artista: Iara Rennó (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Arena do Sesc Copacabana (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 26 de setembro de 2013
Cotação: * * * *

Terra de origem indígena desbravada por colonizadores a partir do século XVII, o bairro carioca de Copacabana - célebre cartão postal do Rio de Janeiro (RJ) - foi cenário na noite de ontem, 26 de novembro de 2013, da apoteose modernista de espécie (rara) de índia cibernética que habitou a pele da cantora e compositora paulista Iara Rennó na estreia do ótimo show I A R A. Na arena circular do Sesc Copacabana, Rennó ritualizou o repertório do CD I A R A - recém-lançado pela gravadora paulista Joia Moderna, do DJ Zé Pedro - e deglutiu antropofagicamente influências e referências de samba, rock e outros elementos da geleia geral tropicalista. Ao redor de Rennó, hábil no toque performático de sua guitarra, o baterista e percussionista Leo Monteiro e o tecladista Ricardo Gomes (habitualmente no baixo da Banda Cê) prepararam os climas para a ambientação musical de show indie e teatral, calcado na cena armada com impacto pela diretora Ava Rocha. A belíssima luz de Alessandro Boschini preencheu a arena com efeitos que realçaram os climas do espetáculo. A video-instalação de Cristina Amazonas completou a cena, prejudicada de início por som deficiente que abafou as interpretações de Já era (Iara Rennó, 2013) - refeita no encerramento do bis - e do transamba Seu José (Iara Rennó, Thor Madsen e Anders Hentze, 2013), cuja narrativa do voo existencial da personagem-título se fragmentou nesse início de show feito na penumbra. O show se iluminou - em todos os sentidos - a partir do terceiro número, Outros tantos (Iara Rennó, 2013), e a partir daí jamais perdeu a pegada. Sob efeito macunaímico, a cyber índia tupi preparou o samba-canção Arroz sem feijão (Iara Rennó, 2013) à moda crua do grupo alemão Kraftwerk, experimentou texturas em Amor imenso (Iara Rennó e Thalma de Freitas, 2013) e em Estribilho (Iara Rennó, 2013), misturou inglês com português em The love (Iara Rennó, Tony Gordyn e Thalma de Freitas, 2013) e abriu a roda para receber Moreno Veloso e cair no samba com o produtor de I A R A, CD arranjado por Leo Monteiro e Ricardo Dias Gomes com a própria Rennó. O samba Nenhuma (Moreno Veloso, 2000) foi o aperitivo para o momento mais saboroso do banquete macunaímico, Um passo à frente (Moreno Veloso e Quito Ribeiro, 2005), degustado pela dupla com prato, faca e uma cadência tão envolvente que o samba de roda ganhou colorido inexistente na (boa) gravação feita pela cantora baiana Gal Costa no revigorante álbum Hoje (Trama, 2005). Antes de abrir a roda para a entrada de Moreno, Rennó já havia dado provas de sua habilidade como intérprete quando, munida de dois chocalhos, deu novo sentido a Outro (Caetano Veloso, 2006), música do disco , tempero jogado no caldeirão modernista do CD I A R A. A dança ritualística de Miligramas (Iara Rennó) - música que lembra que Rennó descende da tribo do vanguardista Itamar Assumpção (1949 - 2003) - enfatizou o caráter performático do show, cuja temperatura foi elevada com a exposição de Tara (Negro Leo, 2013), tema de alto teor sexual, gozado por Rennó em pas de deux com o quente Negro Leo, que permaneceu em cena em Arte bruta (Negro Leo e Ricardo Pitta, 2012). No fim, outro transamba - Roendo as unhas (1973), criativa apropriação do tema tenso de Paulinho da Viola - se harmonizou com o ritual afro da dançante Elegbara (Iara Rennó, 2013). No bis, Macunaíma (Iara Rennó, 2008) - música da ópera tupi registrada pela artista em 2008 em um primeiro disco solo inspirado na obra modernista do escritor paulista Mário de Andrade (1893 - 1945) - mostrou que, mesmo com todas as deglutições e influências absorvidas pelo CD I A R A, a tribo de Rennó continua sendo a própria Iara Rennó, índia indie nestes tempos cibernéticos. 

Rennó põe temas de Caetano, Moreno e Romulo na roda do show I A R A

Senhora da cena na arena circular do Sesc Copacabana, palco da estreia nacional do excelente show I A R A na noite de 26 de novembro de 2013, a cantora e compositora paulista Iara Rennó pôs Moreno Veloso na roda. Produtor do homônimo disco I A R A, recém-lançado pela gravadora Joia Moderna, Moreno foi um dos convidados do show que atraiu antenada plateia do Rio de Janeiro (RJ). Com o baiano Moreno, Rennó protagonizou um dos grandes momentos do performático show dirigido por Ava Rocha. Foi quando Rennó caiu no samba de roda Um passo à frente (Moreno Veloso e Quito Ribeiro, 2005) - em abordagem que revitalizou a composição, superando o registro feito por Gal Costa no álbum Hoje (Trama, 2005) - após ter recebido Moreno para cantar o samba Nenhuma (Moreno Veloso, 2000), composição lançada pelo autor no CD Máquina de escrever música (Rock It!, 2000), assinado pelo trio Moreno + 2. Três números depois, o maranhense Negro Leo - nome artístico do cantor e compositor Leonardo Campelo Gonçalves, nome em ascensão na cena indie carioca - entrou na roda para cantar com Rennó suas músicas Tara (tema de alto teor erótico que batiza EP digital lançado por Leo em março de 2013) e Arte bruta (parceria de Leo com Ricardo Pitta lançada em 2012). Sozinha, com forte presença cênica, Rennó cantou as onze músicas do CD I A R A e investiu no repertório autoral de Caetano Veloso - dando voz e vida a Outro, música do álbum (Universal Music, 2006), munida de dois chocalhos - e na obra do grupo paulista Passo Torto, do qual abordou  com propriedade A não ser que me ame (Romulo Fróes e Rodrigo Campos), música lançada no segundo álbum do quarteto, Passo elétrico (YB Music, 2013). Eis o roteiro seguido por Iara Rennó - em foto de Rodrigo Amaral - na estreia nacional do teatral show I A R A, na arena do Sesc Copacabana - Rio de Janeiro (RJ), em 26 de novembro de 2013:

1. Já era (Iara Rennó, 2013)
2. Seu José (Iara Rennó, Thor Madsen e Anders Hentze, 2013)
3. Outros tantos (Iara Rennó, 2013)
4. Arroz sem feijão (Iara Rennó, 2013)
5. Amor imenso (Iara Rennó e Thalma de Freitas, 2013)
6. Ma voix  (Iara Rennó, 2013)
7. The love (Iara Rennó, Tony Gordyn e Thalma de Freitas, 2013)
8. Estribilho (Iara Rennó, 2013)
9. Outro (Caetano Veloso, 2006)
10. Nenhuma (Moreno Veloso, 2000) - com Moreno Veloso
11. Um passo à frente (Moreno Veloso e Quito Ribeiro, 2005) - com Moreno Veloso
12. A não ser que me ame (Romulo Fróes e Rodrigo Campos, 2013)
13. Miligramas (Iara Rennó, 2013)
14. Tara (Negro Leo, 2013) - com Negro Leo
15. Arte bruta (Negro Leo e Ricardo Pitta, 2012) - com Negro Leo
16. Roendo as unhas (Paulinho da Viola, 1973)
17. Elegbara (Iara Rennó, 2013)
Bis:
18. Macunaíma (Iara Rennó a partir da obra de Mário de Andrade, 2008)
19. Já era (Iara Rennó, 2013)

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Rennó se impõe em I A R A entre ruídos e ecos do modernista mundo Cê

Resenha de CD
Título: I A R A
Artista: Iara Rennó
Gravadora: Joia Moderna
Cotação: * * * *

Iara Rennó continua inserida em mundo modernista cinco anos após lançar ambicioso primeiro álbum solo, Macunaíma Ópera Tupi (2008), enraizado nos conceitos da obra-prima do escritor paulista Mário de Andrade (1893 - 1945). Em I A R A, arejado disco que a gravadora Joia Moderna vai disponibilizar no iTunes a partir de 1º de novembro de 2013, a cantora e compositora paulista se permite absorver influências do modernista universo Cê sem diluir a personalidade de sua obra autoral. A produção de Moreno Veloso - provável arregimentador de músicos como o habitual baixista Ricardo Dias Gomes, recrutado para pilotar mini-sintetizador eletrônico em I A R A - faz ressoar ecos da estética Cê em alguns momentos do disco, como fica evidente na batida de Outros tantos (Iara Rennó), música também apresentada no álbum em versão mais crua e mais melódica, gravada somente com a guitarra tocada por Rennó. Só que a direção artística da própria Rennó - bem como o fato de a artista pilotar as guitarras e de assinar os arranjos ao lado de Leo Monteiro e de Ricardo Dias Gomes - conduz I A R A a um caminho próprio, impedindo que sua música seja meramente deglutida pelo universo musical de Moreno Veloso, o que anularia a individualidade da cantora. Se Seu José (Iara Rennó, Thor Madsen e Anders Hentze) soa como transamba ao narrar poeticamente o voo existencial da personagem-título que "sentiu coçar o calcanhar / Descolou do chão / Do asfalto se jogou no ar", Miligramas (Iara Rennó) - composição introduzida por batida tribal - mostra que a artista descende da nobre e transgressora linhagem de Itamar Assumpção (1949 - 2003), artista inquieto que certamente entenderia os códigos das experimentações, ruídos e dissonâncias que pautam Amor imenso (Iara Rennó e Thalma de Freitas) e Estribilho (Iara Rennó), faixas mais herméticas deste disco que dialoga bem com o indie rock, com a poesia concreta - conversa evidente já nos versos de Já era (Iara Rennó), a primeira das 12 faixas do disco - e com as emoções intensas da canção sentimental brasileira tachada de cafona pela elite intelectual à qual I A R A se direciona. Como bem conceitua o compositor paulista Romulo Fróes em texto escrito para apresentar o disco, tais emoções estão embutidas no samba-canção Arroz sem feijão (Iara Rennó), só que liquidificadas pela razão que rege o arranjo que evoca o som robótico do grupo alemão Kraftwerk, um dos pioneiros da música eletrônica. O silêncio que ecoa nos cantos do saboroso Arroz sem feijão desemboca, duas faixas depois, na melancolia ansiosa de Roendo as unhas (Paulinho da Viola, 1973), um outro ponto alto de I A R A por desconstruir sem pudor a elegância do samba torto de Paulinho da Viola para realçar as tensões do tema em clima de pós-punk. Na sequência, Ma voix (Iara Rennó) - música cantada em francês, como sugere seu título - evidencia os personalíssimos caminhos melódicos da obra de Rennó, cuja carreira fonográfica foi iniciada há dez anos com a edição de Composição (2003), primeiro dos dois álbuns do grupo paulistano DonaZica. Já The love (Iara Rennó, Tony Gordyn e Thalma de Freitas) - faixa bilíngue, cantada em inglês e em português, que representa quase um instante de luminosidade pop no disco - remete tanto às transas moderníssimas de Caetano Veloso nos anos 70 quanto às obras de Anelis Assumpção, Céu, Cibelle e outras companheiras de Rennó nessa geração pop contemporânea que tem atravessado fronteiras a partir da cidade de São Paulo. Fechando o álbum, Elegbara (Iara Rennó) desencava a raiz afro embutida nessa macunaímica ópera tupiniquim que ora rege I A R A sob a batuta modernista de Moreno Veloso.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Iará Rennó regrava Paulinho da Viola no seu segundo disco solo, 'I A R A'

Nas lojas neste último trimestre de 2013, em edição da gravadora Joia Moderna, o segundo disco solo da cantora e compositora paulista Iara Rennó, I A R A, apresenta no repertório - essencialmente inédito e autoral - uma regravação do samba Roendo as unhas, composição de Paulinho da Viola, lançada pelo autor no álbum Nervos de aço (1973). Moreno Veloso produziu o CD. Rennó - em foto extraída de seu site oficial - dá voz em I A R A a músicas autorais como Arroz sem feijão, Já era Outro tantos, entre outros temas da lavra solitária da artista.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Thalma saúda Yemanjá no show 'Asé' ao lado de Cibelle e de Iara Rennó

Presença bissexta em palcos cariocas, a cantora paulista Cibelle fez inusitada participação no inédito show Asé, criado por Thalma de Freitas para saudar Yemanjá no dia da Rainha do Mar, 2 de fevereiro. Além de Cibelle, Thalma recebeu no palco do Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), a também paulista Iara Rennó. O trio - visto em foto de Mauro Ferreira - cantou músicas como Salve (tema de autoria de Iara) e Amor Imenso (parceria de Iara com Thalma).