Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


Mostrando postagens com marcador João Cavalcanti. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador João Cavalcanti. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Cavalcanti faz 'homenagem torta' à fauna carioca em música do segundo CD

A IMAGEM DO SOM - A foto de Cyntia C mostra o cantor e compositor carioca João Cavalcanti (à direita) com o pianista Marcelo Caldi em gravação estilo voz-e piano de Não sós, música de Cavalcanti que figura no repertório do segundo álbum solo do vocalista do grupo carioca Casuarina. Cavalcanti disponibilizou hoje - 20 de janeiro de 2016, dia de São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro (RJ) - no YouTube o registro da música (gravada para o disco com outro arranjo) através de clipe filmado com direção, fotografia e edição de Daniel Lôbo. Para Cavalcanti, Não sós faz homenagem torta à cidade natal e à fauna carioca. Eis, na íntegra, a letra da música Não sós:

Não Sós
(João Cavalcanti)


As gatas do Morro do Pasmado
Os pombos do Largo do Machado
Cotias do Campo de Santana
Rebanhos fiéis na Suburbana
Às vezes baleias no Pontal
Pra sempre baratas na Central

Eu vi capivaras na Lagoa
Colônias de ratos na Gamboa
Sabiás fazem ninho na Cancela
Pardais pela Linha Amarela
As pulgas dos cães de Paquetá
As rugas das vacas do Irajá

Definitivamente nós
Intimamente tão não sós

Voei com urubus no aeroporto
Avistei tucanos pelo Horto
Pintinhos raivosos da Triagem
Peruas molhadas da Varnhagem
Pinguins de passeio no Joá
Jacarés em Jacarepaguá

Enguias bivolt de Benfica
Cobaias de molho em Curicica
Piranhas da Praça da Bandeira
Aranhas sedentas da Mangueira
Os peixes mutantes do Guandu
As larvas gigantes do Caju

Definitivamente nós
Intimamente tão não sós

Morcego feroz na Catacumba
Galinhas d'Angola na Macumba
Formigas sem prata na Saara
E latas de atum na Guanabara
Pavões coloridos do Borel
Castor bicho de Padre Miguel

Lacraias cortantes pela Lapa
Alguns sanguessugas no Maraca
Moscas feiticeiras no Encantado
Macaco que voa em São Conrado
Tatus atrasados no Leblon
Múmias de tatuís no Sheraton

Definitivamente nós
Intimamente tão não sós

Alguns jabutis em Paciência
Cupins tão viris da Providência
Milhares de pragas na Rocinha
E um leão no Engenho da Rainha
Corujas atentas no Alemão
Preguiças marrentas no Fundão

Os orangotangos de Pilares
E os ornitorrincos do Antares
Alguns dinossauros na Usina
E vários gambás em Brás de Pina
O escalpo da cabra em Cordovil
O berro das vespas da Brasil

Definitivamente nós
Intimamente tão não sós

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Segundo CD solo de João Cavalcanti sai em 2016 com voz de Jorge Drexler

A IMAGEM DO SOM - A foto casual de Alice Venturi flagra João Cavalcanti (à esquerda), Tó Brandileone (ao centro) e Jorge Drexler no MiniStereo Studio, no Rio de Janeiro (RJ), durante a gravação de Consumido, música que figura no repertório autoral do segundo álbum solo de Cavalcanti - cantor e compositor carioca que desenvolve carreira solo paralelamente à atuação como integrante do grupo carioca Casuarina. Cantor e compositor uruguaio que tem feito conexões com artistas da música brasileira, Drexler pôs voz em Consumido, primeira parceria do artista com Cavalcanti. "No hay artista consumado que no haya sido consumido", sentencia o refrão em espanhol da composição. Cantor e compositor paulistano, integrante do grupo 5 a Seco, Tó Brandileone assina a produção da faixa. No disco, previsto de início para ter sido lançado neste ano de 2015 mas reprogramado para o primeiro semestre de 2016, Cavalcanti abre parceria com nomes como Cláudio Jorge (coautor de Pêndulo) e o próprio Drexler. O repertório inédito e autoral do disco inclui músicas como Não sós, Plágio e What about - feitas por João Cavalcanti sem parceiros.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Cavalcanti apresenta sua primeira música em inglês no segundo álbum solo

Em fase de pré-produção, feita entre Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) pelos produtores Bruno Giorgi e Tó Brandileone, o segundo disco solo de João Cavalcanti vai apresentar a primeira música em inglês do cantor e compositor carioca (em foto de Alice Venturi). What about é o nome da composição em inglês desse artista projetado como músico e vocalista do grupo carioca Casuarina. O repertório inteiramente autoral do disco também inclui Consumido (primeira parceria de Cavalcanti com o compositor uruguaio Jorge Drexler), Não sós (tema de pegada afro-cubana composta somente por Cavalcanti) e Plágio (música também assinada somente por João Cavalcanti que discute os conceitos de autenticidade e cópia no universo da canção popular). O álbum tem lançamento previsto para 2015.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

MPB-4 inclui 'Valsa do baque virado', de Adnet e João, em CD de inéditas

Parceria de Mario Adnet com João Cavalcanti ainda inédita em disco, embora já gravada por Adnet em vídeo posto em rotação no YouTube em agosto de 2013, Valsa do baque virado vai ganhar seu primeiro registro fonográfico nas vozes do resistente grupo MPB-4. A composição integra o repertório do disco de inéditas que o quarteto vai lançar neste ano de 2015. O repertório do álbum também inclui Notícia de jornal, a (inédita) parceria de Joyce Moreno com Sergio Santos.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Segundo álbum solo de João Cavalcanti tem música feita com Jorge Drexler

O segundo álbum solo do cantor e compositor carioca João Cavalcanti já está em fase de pré-produção, entre Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Inteiramente autoral, o repertório do sucessor de Placebo (Warner Music, 2012) vai apresentar a primeira parceria de Cavalcanti com o compositor uruguaio Jorge Drexler, intitulada Consumido. Previsto para ser lançado neste ano de 2015, o disco vai ter produção assinada por Tó Brandileone (do grupo paulistano 5 a Seco) e Bruno Giorgi. Cavalcanti - visto em foto de Alice Venturi - também abriu parceria com a cantora e compositora carioca Joyce Moreno, com quem compôs Dia lindo, mas esta música, em princípio, fica fora do repertório do disco. Com o compositor carioca Claudio Jorge (outro novo parceiro de Cavalcanti), o artista assina Pêndulo.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Joyce inaugura parceria com João Cavalcanti, Moacyr Luz e Zélia Duncan

Joyce Moreno continua em fase de grande produtividade como cantora e compositora. A artista carioca - em foto de Leo Aversa - está abrindo parcerias simultâneas com João Cavalcanti (cantor e compositor projetado no grupo carioca Casuarina), com Moacyr Luz e com Zélia Duncan.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Adnet expõe gravação de música inédita composta com João Cavalcanti

O compositor e arranjador carioca Mario Adnet lança nesta quarta-feira, 28 de agosto de 2013, a primeira de uma série de quatro gravações feitas em estúdio com músicas de sua nova safra autoral. As gravações serão apresentadas em vídeos. O primeiro mostra o registro da inédita Valsa do baque virado, composição que desenvolve a parceria de Adnet com o cantor e compositor carioca João Cavalcanti - iniciada com Sem tirar nem por, música gravada por Adnet no CD O samba vai (2010). O parceiro - na foto com Adnet - participa da gravação, feita com banda formada por virtuoses como Jorge Helder (baixo), Jurim Moreira (bateria) e Marcos Nimrichtero (piano), Marcelo Martins (sax tenor), Everson Moraes (trombone) e Aquiles Moraes (flugelhorn). O vídeo com a gravação da Valsa do baque virado já está disponível no canal oficial de Adnet no YouTube. Os demais vídeos serão lançados pelo músico até outubro.

domingo, 25 de novembro de 2012

Solo, João Cavalcanti concilia referências no tom indie do show 'Placebo'

Resenha de show
Projeto: Ouve.Aí
Título: Placebo
Artista: João Cavalcanti (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Oi Futuro Ipanema (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 20 de novembro de 2012
Cotação: * * * 1/2

Ao fechar o bis da segunda apresentação de seu show solo Placebo no Rio de Janeiro (RJ), feita dentro do projeto Ouve.Ai do Oi Futuro Ipanema, João Cavalcanti avisou ao público que iria tocar música de artista que o influencia desde o início de sua formação musical, "desde a mais tenra idade". Na sequência, a banda esboçou riff de música de Lenine, pai do cantor e compositor carioca, mas era pegadinha. Cavalcanti encerrou então o show com o rock Smells Like Teen Spirit (Kurt Cobain, Dave Grohl e Krist Novoselic, 1991), o hino do Nirvana, pedra fundamental da era grunge. Enfim com disco solo, efeito de seu crescente destaque como compositor no grupo carioca de samba Casuarina, Cavalcanti concilia referências e influências no tom indie do show Placebo. O samba está presente no roteiro, evocado no ritmo da música-título Placebo (João Cavalcanti, 2012), na abordagem nervosa d'O Ronco da Cuíca (João Bosco e Aldir Blanc, 1976) e na negritude de Mulato (João Cavalcanti, 2012). Mas não está no centro da roda. Tal como o disco Placebo, recém-lançado pela Warner Music, o show homônimo extrapola ritmos ao firmar a assinatura de Cavalcanti como compositor. Em cena, Cavalcanti processa a (ótima) influência natural de Lenine - perceptível tanto no pancadão funkeado Inemurchecível (João Cavalcanti, 2012) como no batuque da inédita Valsa do Baque Virado, parceria de Cavalcanti com Mario Adnet - sem se prender a ela. A rigor, o mais forte traço familiar do show é o do hypado mano Bruno Giorgi, piloto do P.A. e dos samplers que turbinam o repertório com efeitos eletrônicos, mote da cibernética Binário (João Cavalcanti e Diego Zangado, 2012). Fora da roda do samba, o artista surpreende ao se revelar mais seguro como cantor e ao se permitir ousadias estilísticas como diluir a aura roqueira de Me Adora (Pitty, 2009) para deixar (ainda mais) evidente a irresistível melodia pop de Pitty que rendeu à roqueira baiana o seu maior sucesso popular. A afiada banda - formada por Diego Zangado (bateria e percussão), Nelson Freitas (acordeom e - arrasadores - teclados), Pedro Costa (viola, violões e guitarra) e Yuri Pimentel (baixo) - executa bem os arranjos que valorizam músicas como o tango Demônios (João Cavalcanti e Marcelo Caldi, 2012) e o rock Síndrome (João Cavalcanti, 2012). Climática, Luna (João Cavalcanti, 2012) - a canção em tese mais pop do repertório autoral do artista, não por acaso repetida no início do bis - alinha versos poliglotas que expõem a poesia contemporânea que também ilumina a valsa Em Tempo (João Cavalcanti, 2012). Se Morena (Tom Zé, 1978) tem tempero nordestino que se afina com o Frevo do Contra-Êxodo (João Cavalcanti, 2012), reminiscência da vivência do artista no Recife (PE), Eco (Jorge Drexler, 2004) ressoa com algo de latin jazz no toque dos teclados de Nelson Freitas. Enfim, o show Placebo firma João Cavalcanti como artista solo. No centro do palco e da cena, o cantor ainda deixa entrever nas falas e nos gestos certa insegurança típica de quem ainda não está acostumado a ficar sozinho sob os holofotes. Contudo, musicalmente, o show já se mostra azeitado. Aliadas ao bom repertório autoral do CD Placebo, as complementações poéticas - termo usado por Cavalcanti em cena - do roteiro ajudam a montar painel de múltiplas referências que clareia a identidade do artista e o ajuda a pavimentar seu caminho individual fora do samba, mas (também) com o samba. O efeito vai ser sentido a médio prazo.

Em cena, João complementa poeticamente 'Placebo' com Drexler e Pitty

Já em circuito com seu primeiro show solo, João Cavalcanti - cantor e compositor carioca projetado no grupo de samba Casuarina - adiciona ao repertório de seu disco solo Placebo o que chama em cena de "complementações poéticas", inseridas no roteiro para que o álbum surta mais efeito no palco. São músicas de João Bosco & Aldir Blanc (o samba O Ronco da Cuíca, lançado por Bosco em 1976), Jorge Drexler (Eco, faixa-título do álbum editado pelo cantor e compositor uruguaio em 2004), Pitty (Me Adora, hit pop do terceiro álbum de estúdio da roqueira baiana, Chiaroscuro, de 2009) e Tom Zé (Morena, tema criado pelo compositor baiano em 1978 a partir de motivo de domínio público). Todas essas boas "complementações poéticas" incrementaram o roteiro do show feito pelo artista no teatro do Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ), dentro da série Ouve.Aí, em 20 de novembro de 2012. De quebra, João Cavalcanti - visto em foto de Rodrigo Amaral - ainda apresentou a inédita Valsa do Baque Virado, composta com Mario Adnet. Eis o roteiro do show Placebo nessa apresentação carioca:

1. Cada Lugar na Sua Coisa (Sergio Sampaio, 1976) - citação
2. Luna (João Cavalcanti, 2012)
3. Você Alterego de Mim (João Cavalcanti e Diego Zangado, 2012)
4. Me Adora (Pitty, 2009)
5. Demônios (João Cavalcanti e Marcelo Caldi, 2012)
6. Em Tempo (João Cavalcanti, 2012)
7. Morena (Tom Zé sobre motivo de domínio público, 1978)
8. Binário (João Cavalcanti e Diego Zangado, 2012)
9. Criança (João Cavalcanti e Sílvia Nicolatto, 2012)
10. Eco (Jorge Drexler, 2004)
11. O Ronco da Cuíca (João Bosco e Aldir Blanc, 1976)
12. Placebo (João Cavalcanti, 2012)
13. Síndrome (João Cavalcanti, 2012)
14. Mulato (João Cavalcanti, 2012)
15. Frevo do Contra-Êxodo (João Cavalcanti, 2012)
16. Valsa do Baque Virado (João Cavalcanti e Mario Adnet, 2012) - música inédita
17. Inemurchecível (João Cavalcanti, 2012)
Bis:
18. Luna (João Cavalcanti, 2012)
19. Smells Like Teen Spirit (Kurt Cobain, Dave Grohl e Krist Novoselic, 1991)

sábado, 6 de outubro de 2012

'Placebo' surte efeito ao reforçar a assinatura autoral de João Cavalcanti

Resenha de CD
Título: Placebo
Artista: João Cavalcanti
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * 1/2

O melhor efeito de Placebo - primeiro disco solo de João Cavalcanti - é reforçar a assinatura autoral do compositor carioca, projetado como cantor e percussionista do Casuarina, grupo carioca que revolveu as boas raízes do samba no circuito da revitalizada Lapa antes de construir identidade autoral. Tal assinatura já vinha ficando mais nítida desde 2011. Os sambas Dissimulata e O Nego e Eu - gravados pelo Casuarina e pela cantora Roberta Sá em seus respectivos últimos álbuns -  já atestaram o crescimento e o aparecimento do artista como compositor. Produzido por Plínio Profeta, Placebo reconhece a firma. Não é um disco de sambas, mas também tem sambas. Gravado em dueto com o cantor Pedro Miranda, Mulato (João Cavalcanti) não nega a mistura da raça ao pôr o samba dentro da roda do Recôncavo Baiano, terra de ritmos como a chula. Com letra-poema formada por quatro estrofes escritas com precisão buarquiana, o resignado samba-título Placebo (João Cavalcanti) também bebe na fonte, harmonizando a trama dos violões de Rogério Caetano com os saxes orquestrados por Alexandre Caldi longe do salão das gafieiras. Contudo, como sentencia o admirador Pedro Luís no texto escrito para apresentar o álbum, Placebo e João Cavalcanti extrapolam clichês e classificações. Se Demônios (João Cavalcanti e Marcelo Caldi) é tema levado para o território passional do tango pelo acordeom de Marcelo Caldi, mote do arranjo, Em Tempo (João Cavalcanti) é breve valsa conduzida pelo toque desse mesmo acordeom enquanto Luna (João Cavalcanti) é canção de amor que evidencia em primeiro plano o canto de Cavalcanti - ainda em processo de maturação - e que parece vinda de algum lugar do passado, em que pese a moldura contemporânea do tema, valorizado por estrofe que rima quatro versos em quatro idiomas distintos (Fruta de Enfeitiçar / Luna, te voy a buscar / Moonlight, please, take me there / Je suis ton voyeur). Pelo amplo recorte estilístico do repertório autoral, Placebo por vezes peca pela falta de unidade. Criança (João Cavalcanti e Sílvia Nicolatto), por exemplo, é melodiosa canção que evoca algum reino encantado onde não cabem as urgências de Síndrome (João Cavalcanti), faixa de nervosa batida pop urdida com guitarra, programações (feitas por Plínio Profeta, também piloto do baixo da faixa), teclados e o trompete inconfundível de Guizado. Com letra que resiste (bem) sem música e que evoca (novamente!) a maestria da arquitetura dos versos buarquianos, Síndrome ecoa também o universo sonoro de Lenine, pai do artista. A força do d.n.a. também se faz presente - talvez de forma inconsciente - em Você Alterego de Mim, parceria de Cavalcanti com Diego Zangado, coautor também de Binário, faixa urdida com beats eletrônicos e a guitarra/baixo pilotados por Bruno Giorgi, irmão de João Cavalcanti. Letra e arranjo dialogam com a linguagem digital entre ruídos e dissonâncias em momento inventivo de Placebo. O mesmo Diego Zangado percute o reco-reco que faz Inemurchecível (João Cavalcanti) cair num suingue todo próprio. Por fim, Placebo desafia a receita ao apresentar frevo de boa cepa, Frevo do Contra-Êxodo (João Cavalcanti), gravado com um grupo de samba, o mesmo Casuarina que deu projeção a João Cavalcanti. É o folião voltando para casa e o colo paterno, transformado, após experimentar sem moderação algumas possibilidades oferecidas pelo vasto universo da música. Coisas do mundo, meu nego...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Pedro Luís apresenta 'Placebo', o primeiro disco solo de João Cavalcanti

Gravado no Rio de Janeiro (RJ), com produção de Plínio Profeta, o primeiro disco solo de João Cavalcanti, Placebo, vai ser lançado neste mês de setembro de 2012 - em edição da Warner Music - com 11 faixas que enfatizam a produção autoral do cantor e compositor carioca, projetado como vocalista do grupo Casuarina. O quinteto carioca, a propósito, participa do Frevo do Contra-Êxodo, música que encerra Placebo, cuja faixa-título é um samba composto em tributo a Chico Buarque, a Paulinho da Viola e a Paulo César Pinheiro. Cavalcanti criou um site para disponibilizar a cada dia uma faixa do disco e seu correspondente vídeo. Luna é a primeira música a ser divulgada e já pode ser ouvida através de parceria do hotsite com OiRdio. O texto de apresentação do álbum é de Pedro Luís. Eis Placebo nas palavras de Pedro:

                                                     O Cinema de João
        "Estreias são sempre momentos especiais, cercados de expectativa – de quem estreia e de quem assiste, aguarda, observa.
            João Cavalcanti, convenhamos, não é um estreante qualquer: traz o emboço de quem já circula, no melhor estilo, pela noite do Rio e, por que não dizer?, de uma Lapa efervescente-contemporânea, Lapa essa que não é jamais resgate daquela de outrora, mas uma autêntica e múltipla, não mais nem menos que a outra, mas tão! Um e outra, João e Lapa, extrapolam os clichês e classificações: não são do samba (o que já não seria pouco!); fazem samba, e  muito bem, mas podem muito, talvez tudo.
            João já tem me impressionado demais, pelo excelente compositor que se revela a todo momento e pelo intérprete que é, ora delicado, ora vigoroso, mas sempre extremamente musical. Sua voz traz harmonia implícita – às vezes explícita, como veremos aqui em seu álbum de estreia, esse Placebo do qual nos faz e se faz cobaia (agradeço!). E talvez por trazer voz tão rica harmonicamente tenha nos dado o luxo de ainda se tornar autoacompanhado pela percussão de seu tantan em seu coletivo Casuarina, com quem vem escrevendo uma história já de década no universo do samba e seus gêneros parentes. Cabe aqui uma observação especial, onde se registre que eles fazem uma roda de samba cada vez mais autoral, o que é ouro! E nesse ouro autoral João vem exercitando uma maestria ímpar, já revelada em composições brilhantes, ouvidas em trabalhos alheios, que não esse seu de estreia, tais como O Nego e Eu, gravada por Roberta Sá; Discreta, em parceria e gravada por Antonia Adnet; ou Dissimulata – genial!, gravada pelo Casuarina. Talvez pudesse dizer que está escrevendo, intuitivamente, uma nova gafieira, um novo samba ou choro, ouvindo, além das citadas, a faixa-título desse disco ou a faixa de número 9, Mulato. Mas assim classificá-lo seria reduzi-lo. Ele é mais e aqui circula livremente pelos gêneros, com propriedade, seja nas canções só suas ou naquelas em que exercita parceria (e que parceiros!). Ainda nos surpreende com acentos e temperos de pop, rock e tudo o mais, que ele liquidifica com categoria. E ele sabe ser lírico, mesmo no vigor.
            Nesse filme que João Cavalcanti nos entrega – digo filme pois o disco-obra nos oferece inúmeras imagens e envolve nossos sentidos – ele efetiva parceria com o produtor Plínio Profeta, aliás especialista na matéria “trilha pra cinema”, e juntos montam um time de músicos e sonoridades de primeira, para dar conta da diversidade do conjunto de canções. Ousam, surpreendem e fazem bonito.
            João traz nesse Placebo o “placere” do original latino, misturado ao ordinário e vadio da cidade grande que lhe serve de berço, sempre muito lírico, e pega o ebó, contido na parte final da palavra título, e despacha pro Universo que, contemplado, agradece".
            Pedro Luís, poeta e compositor / setembro de 2012