Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

China apresenta álbum 'Telemática', quarto título de (autoral) discografia solo

Cantor e compositor pernambucano, projetado nos anos 1990 como vocalista do grupo Sheik Tosado, China - em foto de Leco de Souza - está lançando o álbum Telemática, quarto título de sua discografia solo (capa à direita). Três das 13 faixas do disco - Arquitetura de vertigem (música composta em 2010 e já apresentada em formato de clipe), Frevo morgado (música feita por China com André Édipo para disputar concurso de frevos e lançada em recente coletânea do gênero) e Panorama (já lançada como single) - já eram conhecidas. Uma quarta música - Realinhar, parceria de China com os músicos do Jota Quest - já tinha sido lançada no mais recente álbum do grupo mineiro, Funky funky boom boom (Sony Music, 2013). As outras nove são inteiramente inéditas. Quem escreve o detalhado texto de apresentação de Telemática é o próprio China. Com a palavra, o mentor do disco lançado neste mês de dezembro de 2014, mas por ora somente em edição digital (o CD será editado em 2015):

Telemática por China
"Acho que não é muito normal escrever o release do próprio disco, né?
O natural é que essa apresentação seja feita por um crítico musical, um músico ou um escritor. Mas, dessa vez, eu mesmo queria contar as histórias por trás das canções de Telemática, o quarto disco que lanço na carreira solo, que começou com o EP Um só (2004), e seguiu com os álbuns Simulacro (2007) e Moto contínuo (2011).
Em geral, primeiro escrevo a letra em forma de poema, depois vem a música. E como sou péssimo instrumentista, já com a memória um pouco avariada, vou compondo e gravando tudo no computador.
Na pré-produção desse disco, gravei todos os instrumentos, contando claro, com a ajuda da tecnologia para deixar as coisas mais claras para quem veio depois. E quem veio depois? Os meus amigos músicos. Esses caras foram dando ideias, gravando novos arranjos para as músicas e até me incentivando a aproveitar minhas gravações toscas. Por isso, nas músicas de Telemática sempre tem algum instrumento tocado por mim. Gravei a maior parte desse disco na minha casa, e o que tenho é um quartinho minúsculo, com um equipamento de som modesto, mas que quebra um galho danado.
Gosto de trabalhar desse jeito e só fui para um estúdio profissional quando precisei de uma turma com mais preparo e equipamentos do que eu. O resultado dessa bem-vinda colaboração coletiva você confere neste álbum.
Agora, vamos às músicas de Telemática:
Arquitetura de vertigem foi composta em 2010. A frase "Recife alcança um céu de concreto armado…" me veio à mente quando percebi que, do prédio para onde eu tinha acabado de me mudar, dava para ver construções semelhantes brotando em outros bairros. Depois, Rodrigo Sanches e Felipe S. (Mombojó) gravaram bateria e guitarra solo. O texto que abre a faixa é do jornalista e escritor Otto Lara Resende e foi extraído de uma entrevista que ele deu nos anos 70, quando já se falava da verticalização das cidades. O clipe, que recebeu ótimas críticas, foi selecionado para o Festival Internacional de Videoclipes de Paris, em 2014.
Choque pesadelo nasceu de um papo com o blogueiro e parceiro dos tempos de MTV, PC Siqueira, que é um fenômeno de views e likes nas redes sociais com seus vídeos. Fiquei pensando em como a vida dele se dividia entre o real e o virtual. Chiquinho (Mombojó) gravou um solo de teclado arrasador. Quando eu soube que Ilhan Ersain (Wax Poetics) estava em turnê pelo Brasil, arrastei o cara pro estúdio e ele gravou o sax que você ouve no fim da música.
Quando comecei a trabalhar em Panorama, eu tinha apenas o refrão, que lembra uma pegada, vamos dizer assim, mais Jovem Guarda. Deixei de lado e comecei a compor outra coisa, que acabou virando a primeira parte da música. A letra veio depois, inspirada nas canções de Erasmo Carlos. Panorama foi lançada como single e ganhou um clipe em formato vídeo-letra colaborativo, aberto na internet, com participação dos fãs.
O que eu mais curto em Memória celeste é o beat eletrônico. Parece que foi tocada por um baterista mesmo e não programada no computador. Jorge Du Peixe (Nação Zumbi) já apareceu no estúdio com a letra pronta e sua voz de trovão. O cara ainda deu ideias para o arranjo geral e gravou uma escaleta. Marcelo Machado (Mombojó) gravou a guitarra e Yuri Queiroga contribuiu com o baixo.
O céu de Brasília tem o baixo de Felipe S., que amarra e dá todo o balanço da canção. Fui fazer um show por lá, acordei cedo e saí para andar pelo jardim do hotel. Olhei para cima e constatei que aquele era o céu mais bonito que eu já tinha visto.
Cores novas é uma parceria com a cantora Cyz e o guitarrista André Édipo. Ele chegou com a música, eu tinha a letra, e ela colocou a melodia. Criamos uma espécie de bolero combinando com o poema. Essa faixa tem a participação de Luzia Lucena e Sofia Freire, duas jovens cantoras do Recife.
Um dia a cantora e atriz Karine Carvalho me mostrou um pedaço de letra e pediu que eu completasse. Acabei compondo a música também. Outra coisa só não tinha nome ainda. Eu mandava as várias versões e Karine sempre dizia: "se liga que isso é outra coisa", e assim a canção foi batizada. Quando fomos gravar para valer, achei que a "voz guia", que eu havia registrado em casa há anos, tinha ficado com muito mais emoção, e decidi deixá-la. Mais vale uma boa interpretação do que todos os recursos tecnológicos disponíveis.
QTK 63 Kaiowa é uma música instrumental que foi composta por mim e meu irmão, Bruno Ximarú. Apesar da insistência dele, nunca achei que devia colocar letra, soava mais como trilha de filme. Convidei Rodrigo Lemos e Diego Plaça (A Banda Mais Bonita da Cidade) para fazerem um coro como se fosse um canto meio indígena, meio gregoriano, e Lucas dos Prazeres gravou as percussões, que segundo ele, remetem aos barulhos da mata e à forma mais tribal de composição musical.
Telemática é a faixa que dá nome ao disco e surgiu do texto A fábrica, do filósofo tcheco Vilém Flusser. Fala da relação do homem com a máquina, das fábricas com o homem. Lembro que tinha comentado sobre o disco novo com HD Mabuse, um dos mentores de Chico Science, e o cara me mandou esse texto, que acabou me ajudando um bocado na concepção do álbum inteiro. Outro que colaborou com essa faixa, e também com o disco, foi o pesquisador de engenharia de software e referência brasileira no assunto Sílvio Meira.
Em Subintenções, criei a base rítmica da canção, usando a bateria de um jeito diferente, inspirado na performance do cara do Can - banda de rock experimental alemã dos anos 70. Pedi a Homero Basílio, da Orquestra Sinfônica de Pernambuco, para tocar usando apenas os tons e a caixa. Surgiu um beat pesado e contínuo, combinando com a guitarra mais balançada, na proposta do refrão: "Por que você não vem dançar comigo…". PJ, do Jota Quest, mandou muito bem no slap (um estilo de tocar baixo).
Realinhar foi lançada primeiro no mais recente disco do Jota Quest, Funky Funky Boom Boom, e é uma parceria minha com os caras. Resolvi lançar também a minha versão por lembrar que, na época da Tropicália, era natural existirem várias interpretações para uma mesma música, como aconteceu com a clássica Baby.
Olho de Thundera é a música que foi composta de forma mais rápida e também mais demorada. Explico: a música ficou pronta em meia hora, mas levou seis anos para ser, de fato, terminada. Numa jam session com minha banda, Yuri Queiroga puxou o riff de guitarra e logo vieram a letra e a melodia. Talvez por ter nascido prematuramente, ela ficou guardada por todos esses anos. Na gravação das bases desse disco, Yuri iniciou o mesmo riff, demos um tempo na faixa que estávamos gravando, e, como antes, em 30 minutos a música estava pronta.
A faixa mais curiosa desse disco é Frevo morgado, feita por mim e André Édipo para disputar um concurso de frevo. Encontrei, depois de um tempo, um dos organizadores e comentei que a composição era boa, mas não tinha ficado entre as finalistas. Quando falei o nome da música, fui interrompido de imediato: "China, como é que tu inscreves uma música com esse nome num concurso de frevo? A galera quer frevos pra cima e não frevos morgados". Se para um concurso não era um título adequado, para um disco ficou ideal. As participações de Vitor Araújo, Vinícius Sarmento, Públius e Deco Trombone só deixaram esse frevo mais bonito.
E chegamos ao final das 13 faixas que compõem Telemática, meu quarto disco solo, feito com recursos próprios e muito esforço. Ser artista independente no Brasil só tem graça se for assim, com suor, perseverança e paciência para aproveitar tudo no tempo certo". China

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Coletânea de frevos inclui música do (ainda inédito) quarto CD solo de China

Programada para ser lançada em novembro de 2014, a coletânea dupla Pernambuco frevando para o mundo 2 - produzida pela Passa Disco, loja de discos do Recife (PE) - inclui, em seus 36 fonogramas, três gravações inéditas. Uma delas é Frevo morgado. Parceria de China com André Édipo,o frevo foi gravado pelo cantor e compositor pernambucano China para seu ainda inédito quatro álbum solo, Telemática, do qual o artista - projetado nos anos 1990 como vocalista do grupo Sheik Tosado - já revelou as músicas Panorama e Arquitetura de vertigem. Outras faixa inédita da compilação é Capibaribe em chamas (Jáder Cabral de Mello), frevo ouvido em gravação feita por Projeto Sal com Herbert Lucena. Por fim, Pernambuco frevando para o mundo 2 apresenta Ritual encantado (Tális Ribeiro e Paulo Carvalho) nas vozes das cantoras Cláudia Beija, Cristiane Quintas e Nívea Amorim. Eis, na ordem dos CDs, os 36 fonogramas da compilação dupla que enfileira gravações de artistas como Alceu Valença, DJ Dolores, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, João Cavalcanti, Moraes Moreira, Mundo Livre S/A, Quinteto Violado, Silvério Pessoa e Spok Frevo Orquestra, entre nomes de projeção restrita ao Recife (PE) e/ou ao Nordeste do Brasil:

CD 1:
1. Frevo dengoso (Don Tronxo) – Alceu Valença
2. Chuva de sombrinhas (Nena Queiroga, André Rio e Beto Leal) – Nena Queiroga
3. Frevo morgado (China e André Édipo) – China  
4. Frevo de bolso (Maestro Forró) – Orquestra Popular da Bomba do Hemetério
5. Frevo Ariano (Don Tronxo e Marcondes Sávio) – Don Tronxo
6. Flabelo das ilusões (Heleno Ramalho) – Claudionor Germano + Miúcha
7. Hino da Troça (Milton Bezerra) – André Rio
8. Capibaribe em chamas (Jáder Cabral de Mello) – Projeto Sal + Herbert Lucena
9. João Alexandre no frevo (Ivan do Espírito Santo) – Ecology Trio
10. Olinda, oração do folião (Sérgio de Andrade) – Sérgio de Andrade + Geraldo Maia
11. Dionísio, Deus do vinho e do prazer (Péricles Cavalcanti) – Maria Alcina
12. Bom é Batuta (Carlos Fernando) – Gonzaga Leal + Orquestra Popular do Recife
13. Ritual encantado (Tális Ribeiro e Paulo Carvalho) – Cláudia Beija, Cristiane Quintas e Nívea Amorim 
14. Menino do pirulito (Toinho Alves e Luciano Pimentel) – Quinteto Violado
15. Frevoltando (Elton Ribeiro e Tavinho Limma) – Tavinho Limma
16. Ensolarada (Felipe Soares) – Cabugá + Fábio Trummer
17. Nóis sofre, mas nóis goza (Bráulio de Castro e Genival Lacerda) – Genival Lacerda
18. Transcendental (Cláudio Almeida) – Orquestra do Maestro Duda
CD 2:
1. Ponta da pata (J. Michiles) – Geraldo Azevedo
2. Roda e avisa (Edson Rodrigues e J. Michiles) – Elba Ramalho
3. Frevo da mistura (DJ Dolores) – DJ Dolores (com Maciel Salú & Isaar)
4. Moraes é frevo (Spok) - Spok Frevo Orquestra
5. Me segura senão eu caio (J. Michiles) – Lula Queiroga
6. A dor de uma saudade / Alegre bando / Valores do passado (Edgar Moraes) – Coral Edgar Moraes & Bloco da Saudade
7. O bom Sebastião (Getúlio Cavalcanti) – Moraes Moreira
8. O velho James Browse já dizia (Fred Zeroquatro, Areia, Joe e Tom Rocha) – Mundo Livre S/A
9. Esse é o tom (César Michiles) – César Michiles
10. De onde se avista Olinda (Leninho de Bodocó e Zé Maria) – Leninho de Bodocó + Silvério Pessoa
11. A melodia de fevereiro (Walter Areia e Mônica Feijó) – Mônica Feijó
12. Frevo do contra-éxodo (João Cavalcanti) – João Cavalcanti + Casuarina
13. Frevo das rosas (Josias Lima e Kléber Araújo) – Josildo Sá
14. 8 baixos no frevo (Zé Calixto em adaptação de Arlindo dos 8 Baixos) – Arlindo dos 8 Baixos
15. Folia geral (Maurício Cavalcanti e Marcelo Varella) – Maurício Cavalcanti
16. Recifoliando (Beto Hortis) – Arabiando + Beto Hortis
17. Canoa furada (Siba) - Siba e A Fuloresta
18. Despedida (DP / Wilson Freire) – Antonio Nóbrega

sábado, 12 de julho de 2014

Beija dá voz a Donato - com Elba - em álbum em que vai de Noel a China

Cantora pernambucana, Claudia Beija programou para agosto de 2014 o lançamento de seu primeiro álbum solo, A.m.a.r.t.e. Produzido por Caca Barreto, o CD já está em pré-venda no site da principal loja indie do Recife (PE), Passadisco. No álbum, Beija regrava - em dueto com Elba Ramalho - Flor de maracujá, música de João Donato e Lysias Ênio lançada na voz de Gal Costa no álbum Cantar (Philips, 1974). Outras regravações do repertório de A.m.a.r.t.e são Só que deram zero pro Bedeu (Luis Vagner, 1973), Último desejo (Noel Rosa, 1937), O habitat da felicidade (Lula Queiroga e Lucky Luciano, 2001) - música lançada por Lula Queiroga no álbum Aboiando a vaca mecânica (Luni Áudio, 2001) - e Vivência (Roberto Andrade e Waltinho, 1973), música que abriu e deu título ao primeiro álbum da pernambucana Banda de Pau e Corda, formada no Recife (PE) em 1972. A propósito, Claudia Beija dá voz em A.m.a.r.t.e a músicas de compositores revelados na cena pernambucana, como China e Ylana Queiroga. Eis as 14 músicas (e seus respectivos compositores) de A.m.a.r.t.e, álbum de Beija:

1. Vamos a Marte (Henrique Macedo e Paulo Marcondes)
2. Engano seu (Diogo Andrade)
3. Nossa (Júlio Morais e Ylana Queiroga)
4. Nothing to lose (Henry Mancini e Donald Black)
5. Último desejo (Noel Rosa)
6. Terminei indo (China, Yuri Queiroga e Jr. Black)
7. Vivência (Roberto Andrade e Waltinho)
8. Um dia lindo de morrer (China)
9. Eu saio (Um dia) (Cláudia Beija e Caca Barreto)
10. Só que deram zero pro Bedeu (Luis Vagner)
11. O habitat da felicidade (Lula Queiroga e Lucky Luciano)
12. Samba tem (Zé Manoel e Guilliard Pereira)
13. Flor de maracujá (João Donato e Lysias Enio) - com Elba Ramalho
14. Fonte (Caca Barreto e Paulo Marcondes)

domingo, 29 de julho de 2012

'Baião' aborda em tons contemporâneos o gênero que projetou Gonzaga

Resenha de CD
Título: 100 Anos de Gonzagão - Baião
Artistas: Vários
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * 

Terceiro CD do box 100 Anos de Gonzagão, tributo triplo produzido por Thiago Marques Luiz para celebrar o centenário de nascimento de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), Baião põe em evidência os timbres da guitarra e das programações de Rovilson Pascoal, diretor musical do projeto (em função dividida com o baixista André Bedurê). Mais do que as interpretações em si do elenco convidado, o que salta aos ouvidos são as tentativas de repaginar o baião - gênero que projetou e consagrou Gonzagão na virada dos anos 40 para os 50 - com arranjos de tom contemporâneo. Essa abordagem mais atual pauta os registros de Baião (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1949), Imbalança (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1952) e Paraíba (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950) - clássicos defendidos com correção por Wanderléa, Paulo Neto e Marcia Castro, respectivamente. Zeca Baleiro imprime sua personalidade musical no disco ao revitalizar Respeita Januário (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950) como balada de alma roqueira. Nem tudo é baião, a rigor, no repertório deste CD de conceito mais frouxo. Caracterizada como polca em sua gravação original de 1949, Lorota Boa (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) é o veículo ideal para a manifestação do espírito lúdico de Silvia Machete em ótima gravação valorizada pelo trompete de Sidmar Vieira e os efeitos de Tatá Aeroplano. Originalmente um coco, Siri Jogando Bola (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1956) faz China marcar golaço ao conectar (mais uma vez) Pernambuco com o mundo. Outro coco, Derramaro o Gai (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1950) faz explodir a influência de Lenine no som do grupo 5 a Seco. Título mais recente e desconhecido do cancioneiro de Gonzaga, Deixa a Tanga Voar (Luiz Gonzaga e João Silva, 1985) é ambientado em gostoso clima nortista na gravação de Ela. Presença emblemática no elenco por ter sido rotulada como a Princesinha do Baião nos anos 50 pelo próprio Luiz Gonzaga, Claudette Soares põe dengo e bossa em Baião de Dois (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1950) em gravação realçada pelo arranjo suingante do B3 Organ Trio, grupo que assina a faixa com Claudette. Silvia Maria reitera sua técnica primorosa em belo registro do xote Mangaratiba (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1956), dividido com DaLua. Escorado na pegada roqueira da Banda Monomotor, cujo som evoca a era do iê-iê-iê, Edy Star (se) diverte no pot-pourri que agrega Dezessete e Setecentos (Luiz Gonzaga e Miguel Lima, 1945), O Torrado (Luiz Gonzaga e Zé Dantas, 1950) e Calango da Lacraia (Luiz Gonzaga e Jeová Portella, 1946). Por fim, Nation Beat veste Madame Baião (Luiz Gonzaga e David Nasser, 1951) com roupa indie, deixando a sensação de que o maior mérito deste 100 Anos de Gonzagão é mostrar que a obra de Luiz Gonzaga é tão grande e tão universal - ainda que paradoxalmente enraizada no Nordeste do Brasil - que resiste bem a releituras mais ou menos inspiradas de intérpretes mais ou menos capacitados para encará-la. Gonzagão é pop!!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Ao cantar Lamartine em São Paulo, Nina refaz dueto de 1939 com China

São Paulo (SP) - Roqueiro de Pernambuco que lança em março seu terceiro CD solo, Moto Contínuo, China mostrou que sabe brincar Carnaval ao participar do show Nina Becker Canta Lamartine Babo, apresentado no teatro do Sesc Vila Mariana na noite de ontem, 24 de fevereiro de 2012. Com verve e harmonia, China e Nina - vistos em foto de Mauro Ferreira - reeditaram em Joujoux e Balangandãs (Lamartine Babo) o dueto feito por Mário Reis com a cantora Mariah em disco lançado em 1939. No gracioso número, a dupla chegou a descer para a plateia para incentivar alguns espectadores a cantar a marcha do compositor carioca. Na sequência, China valorizou título menos sedutor da obra de Lamartine Babo (1904 - 1963), Aí, Hein!, parceria do compositor com Paulo Valença, lançada em 1932. Neste número solado por China, Nina improvisou coreografias. No fim do show, o roqueiro folião ainda voltou à cena com Karina Buhr (que também participou da apresentação) para reforçar medley carnavalesco que uniu as marchinhas A.E.I.O.U. (Lamartine Babo e Noel Rosa, 1931), Grau 10 (Lamartine Babo e Ary Barroso, 1934) e 2 X 2 (Lamartine Babo, 1933). China animou o baile indie de Nina.