Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


Mostrando postagens com marcador Carol Saboya. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Carol Saboya. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 24 de maio de 2016

Carol Saboya evolui bem na dança da voz da MPB 'jazzy' que pauta 'Carolina'

Resenha de álbum
Título: Carolina
Artista: Carol Saboya
Gravadora: AAM / Rob Digital (distribuição no Brasil)
Cotação: * * * 1/2

Cantora carioca que debutou no mercado fonográfico em 1997 quando a MPB já estava jogada à margem do mercado fonográfico brasileiro, Carol Saboya é do tipo de intérprete brasileira mais valorizada no exterior - sobretudo em nichos mercadológicos dos Estados Unidos e do Japão - do que no próprio Brasil. Admiradores estrangeiros da MPB saúdam e consomem com gosto a música refinada cantada por Carolina Job Saboya, filha do pianista e arranjador carioca Antonio Adolfo. É para esses nichos que Carolina - o 12º título da discografia da cantora - se dirige primordialmente, embora o álbum também esteja sendo lançado no Brasil em edição física em CD distribuída via Rob Digital. Carolina reitera atributos de Carol como cantora ao longo de dez gravações que transitam pela MPB com o toque jazzy da banda virtuosa formada pelos músicos André Siqueira (percussão), Jorge Helder (baixo), Leo Amuedo (guitarra), Marcelo Martins (saxofone e flauta), Rafael Barata (bateria e percussão) sob a liderança do pianista Antonio Adolfo, produtor de Carolina. Sobretudo a afinação e emissão exemplares, expostas no canto límpido do samba A felicidade (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959), por exemplo. Passarim (Antonio Carlos Jobim, 1985) voa em harmonia nessa fina mistura de música brasileira com a tal influência do jazz. É o mesmo voo feito em segurança por Avião (1989), samba de Djavan, compositor cultuado nesses nichos jazzísticos dos EUA pelas harmonias inusitadas da singular obra autoral. A voz de Carol evolui bem nessa dança entre a MPB e o jazz posto como o tempero sutil das dez gravações de Carolina, jamais como o gênero-guia dos fonogramas. É fato que Carol Saboya não é cantora que chama especial atenção pelo sentimento posto na interpretação - o que fica evidente na abordagem de outra composição de Djavan, Faltando um pedaço (1981), na lembrança de Olha, Maria (Antonio Carlos Jobim, Chico Buarque e Vinicius de Moraes, 1970) e no canto de Fragile (1987), sucesso da discografia solo do cantor e compositor inglês Sting. Mesmo que falte a densidade sugerida pelos versos que abrem fendas emocionais na canção de Djavan, Faltando um pedaço é mais um exemplo da afinação e emissão perfeitas da cantora. O trunfo de Carol Saboya é a musicalidade apurada do canto - cujo senso rítmico a capacita para o gol feito em 1 x 0 (Pixinguinha e Benedito Lacerda, 1946), o choro que Carol segura bem com a letra escrita em 1993 pelo compositor mineiro Nelson Angelo. Com joias raras como Senhoras do Amazonas (1984), única parceria de João Bosco com o atualmente arisco Belchior, Carolina é disco pautado pela sofisticação, apto a encantar admiradores da música brasileira mundo afora. Como ressalta Zanzibar (Edu Lobo, 1970), tema instrumental levado por Carol nos vocalises, a voz de Carolina Job Saboya por vezes funciona como um instrumento na dança em que cantora e músicos se afinam em registros que evidenciam musicalidade refinada, biscoito finíssimo para quem tem apurado paladar musical. Carolina é disco para poucos e bons...

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Carol Saboya dá voz a Bosco, Djavan, Edu, Jobim e Sting no álbum 'Carolina'

Quatro anos após entrelaçar as obras dos compositores cariocas Ivan Lins e Milton Nascimento no jazzístico álbum Belezas (AAM, 2012), Carol Saboya volta ao mercado fonográfico com a edição pelo selo AAM do 12º título de discografia iniciada em 1997. A cantora carioca lança nos Estados Unidos hoje - 2 de maio de 2016 - o álbum Carolina, previsto para ser editado no Brasil em julho. O título reproduz o nome de batismo de Carolina Job Saboya, filha do pianista Antonio Adolfo, produtor e arranjador do disco. Ao piano, Adolfo integra a banda que toca com Saboya nas dez músicas de Carolina e que também inclui André Siqueira (percussão), Jorge Helder (baixo), Leo Amuedo (guitarra), Marcelo Martins (saxofone e flauta), Rafael Barata (bateria e percussão). Cláudio Spiewak mixou o disco e tocou violão em Faltando um pedaço (1981), uma das duas músicas de Djavan gravadas por Saboya em Carolina (a outra é o samba Avião, de 1989). Sem inéditas, o repertório de Carolina inclui três títulos do soberano cancioneiro de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) - A felicidade (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959), Olha, Maria (Antonio Carlos Jobim, Chico Buarque e Vinicius de Moraes, 1970) e Passarim (1985) - e a única parceria de João Bosco com Belchior, Senhoras do Amazonas (1984). Em Carolina, Saboya também dá voz a Zanzibar (Edu Lobo, 1970) e ao choro Um a zero (Pixinguinha e Benedito Lacerda, 1946) com a letra escrita e lançada por Nelson Ângelo em 1993. Fora da inesgotável seara brasileira, a cantora interpreta Fragile (Sting, 1987) e  Hello, goodybye (John Lennon e Paul McCartney, 1967).

sábado, 25 de agosto de 2012

Carol Saboya harmoniza Ivan com Milton em 'Belezas' com influência do jazz

Resenha de álbum
Título: Belezas - The music of Ivan Lins and Milton Nascimento
Artista: Carol Saboya
Gravadora: AAM
Cotação: * * * *
 Disco lançado nos Estados Unidos, ainda à espera de edição no Brasil

 A música de Ivan Lins nunca soou tão próxima da obra de Milton Nascimento. E vice-versa. Sob a produção e os arranjos do pianista Antonio Adolfo, a cantora Carol Saboya harmoniza 12 temas dos compositores cariocas - com ênfase na tal influência do jazz - em Belezas - The music of Ivan Lins and Milton Nascimento, álbum lançado nos Estados Unidos em julho de 2012. As obras de Ivan e Milton são irmanadas com maestria e requinte harmônico neste disco que ressalta as afinidades jazzísticas entre os cancioneiros destes dois compositores projetados na era dos festivais. Ambos são cultuados no universo jazzístico norte-americano. E é para esse mundo que Belezas acena. Cantora de técnica perfeita, Saboya já mostra apurado senso rítmico na faixa que abre o disco. O arranjo de Adolfo joga Bola de meia, bola de gude (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1980) na batida do baião. Na sequência, a balada Who is in love here - versão em inglês de Brenda Russell para A noite (Ivan Lins e Vítor Martins, 1979) - enfatiza o tom jazzístico do disco nas passagens instrumentais recorrentes em todas as 12 faixas. É como se a voz afinada e límpida de Carol fosse mais um instrumento na banda liderada por Adolfo e formada por músicos como o violonista Claudio Spiewak, o baixista Jorge Helder - responsável pela linha suingante de Beleza e canção (Milton Nascimento e Fernando Brant, 2003) - e o baterista Rafael Barata. Além de Beleza e canção, o último real grande álbum de Milton, Pietá (Warner Music, 2003), fornece para o repertório a canção Tristesse (Milton Nascimento e Telo Borges, 2003), faixa valorizada em Belezas pelo solo do saxofone de Dave Liebman, convidado deste disco que vai ser apreciado mais por jazzófilos do que pelo público dos compositores celebrados por Saboya - ainda que as arquiteturas originais das melodias estejam preservadas no álbum, como atesta o registro meio etéreo experimentado pela cantora em Ânima (Milton Nascimento e Zé Renato, 1982). Alguns temas de Ivan Lins ganham abordagens bilíngues, casos de Soberana Rosa (Ivan Lins e Vítor Martins,1995) - ouvida também na letra em inglês escrita por Brenda Russells para a versão intitulada She walks this earth - e da balada Doce presença (Ivan Lins e Vítor Martins, 1983). Nesta canção, revisitada em Belezas com a gaita de Hendrik Meurkens, a letra predominante é a feita em inglês por Jane Monheit e intitulada Sweetest presence, mas Saboya entoa alguns em versos em português - talvez por ter ciência de que o idioma do disco é a rigor somente um: o do latin jazz, dominado pelos músicos, que simulam em Três Pontas (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1967) a batida do trem que percorre toda a obra de Milton Nascimento, cantor de voz divina, celebrada por Ivan Lins e Vítor Martins em Estrela guia (1995), música ouvida em português e também na inédita versão em inglês, Oh, shining star. É o tema mais apropriado para fechar este disco brilhante em que Carol Saboya aproxima e entrelaça estes dois cantadores da liberdade, trovadores da esperança, donos de obras e vozes movidas pela fé e pela paixão. Belezas da face mais nobre da plural música do Brasil.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Carol Saboya lança em julho CD com belezas das obras de Ivan e Milton

♪ Carol Saboya volta ao mercado fonográfico com Belezas, disco em que - como já está anunciado na linda capa do CD - a cantora carioca entrelaça as obras de Ivan Lins e Milton Nascimento, dois compositores (também cariocas) prestigiados na cena jazzística internacional, sobretudo na dos Estados Unidos. Belezas vai estar disponível para venda em julho de 2012, quatro anos após Carol ter feito CD com músicas do compositor e saxofonista carioca Mário Sève (Chão aberto, 2008) e dois anos após ter dividido disco com o pai, o pianista Antonio Adolfo (Lá e cá, Sala de Som, 2010).