Mauro Ferreira no G1

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domingo, 10 de outubro de 2010

DVD 'Em Boa Companhia' capta prazer de Simone na cena de show feliz

Resenha de CD / DVD
Título: Simone em Boa Companhia

Artista: Simone
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

"Vocês não podem imaginar o prazer que  sentindo de estar aqui cantando...", disse Simone ao público de fãs que testemunhava a gravação ao vivo do show Em Boa Companhia, antes de cantar Fullgás (Marina Lima e Antônio Cícero), sucesso de Marina Lima em 1984. "Aqui" era o Teatro Guararapes, em Pernambuco, onde a cantora filmou em abril deste ano de 2010 o espetáculo dirigido por José Possi Neto com base no repertório e na atmosfera de sensualidade e felicidade do disco Na Veia (2009), o último álbum de inéditas da artista. Ora editado nos formatos de DVD e CD duplo, o registro ao vivo de Em Boa Companhia capta boa parte da alegria desse momento feliz de Simone. Aos 60 anos, a cantora soa jovial em cena. A voz já não tem o alcance de tempos áureos, mas está perfeitamente ajustada a esse momento de tons suaves - assim como o coerente repertório, que celebra o amor, o desejo e a mulher sem os arroubos dramáticos de outrora. Ao ampliar a atmosfera feliz do disco Na Veia, o show incorpora músicas que Simone já não cantava há um bom tempo, caso de Tô que Tô (Kleiton & Kledir), um dos hits do clássico álbum Corpo e Alma (1982). Entre doses altas de sensualidade, aplicadas na veia de seu público fiel em números como Hóstia (Erasmo Carlos e Marcos Valle) e Deixa Eu te Amar ((Agepê, Ismael Camillo e Mauro Silva), a cantora aborda Jorge Ben Jor (Ive Brussel) sem (todo) o suingue exigido pelos temas do compositor, faz um belo lance ao jogar molho cubano no samba Geraldinos e Arquibaldos (Gonzaguinha),  realça os silêncios de Certas Coisas (Lulu Santos e Nelson Motta), romantiza o samba elegante de Paulinho da Viola (Ame, parceria com Elton Medeiros) e se permite brincar com o rock Perigosa (Nelson Motta, Roberto de Carvalho e Rita Lee), embebido em inusitada atmosfera bluesy introduzida em cena pelo número anterior, Pagando pra Ver (Nonato Luís e Abel Silva). No fim, a abordagem melodiosa da carnavalesca Chuva, Suor e Cerveja (Caetano Veloso) adquire significado especial por estar sendo feita na terra do frevo. Enfim, por mais que a gravação ao vivo de Em Boa Companhia nem sempre transmita pelo DVD toda a felicidade do show (e quem viu uma apresentação da turnê nacional - ora retomada - sabe que se trata de um dos melhores shows da cantora nos últimos tempos), o registro do espetáculo reitera a impressão de que Simone reencontrou seu caminho musical. Favorecida pela liberdade artística concedida pela gravadora Biscoito Fino, a brava Cigarra tem tudo para não deixar mais sua irregular carreira fonográfica sair dos trilhos.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

"Vocês não podem imaginar o prazer que tô sentindo de estar aqui cantando...", disse Simone ao público de fãs que testemunhava a gravação ao vivo do show Em Boa Companhia, antes de cantar Fullgás (Marina Lima e Antônio Cícero), sucesso de Marina Lima em 1984. "Aqui" era o Teatro Guararapes, em Pernambuco, onde a cantora filmou em abril deste ano de 2010 o espetáculo dirigido por José Possi Neto com base no repertório e na atmosfera de sensualidade e felicidade do disco Na Veia (2009), o último álbum de inéditas da artista. Ora editado nos formatos de DVD e CD duplo, o registro ao vivo de Em Boa Companhia capta boa parte da alegria desse momento feliz de Simone. Aos 60 anos, a cantora soa jovial em cena. A voz já não tem o alcance de tempos áureos, mas está perfeitamente ajustada a esse momento de tons suaves - assim como o coerente repertório, que celebra o amor, o desejo e a mulher sem os arroubos dramáticos de outrora. Ao ampliar a atmosfera feliz do disco Na Veia, o show incorpora músicas que Simone já não cantava há um bom tempo, caso de Tô que Tô (Kleiton & Kledir), um dos hits do clássico álbum Corpo e Alma (1982). Entre doses altas de sensualidade, aplicadas na veia de seu público fiel em números como Hóstia (Erasmo Carlos e Marcos Valle) e Deixa Eu te Amar ((Agepê, Ismael Camillo e Mauro Silva), a cantora aborda Jorge Ben Jor (Ive Brussel) sem (todo) o suingue exigido pelos temas do compositor, faz um belo lance ao jogar molho cubano no samba Geraldinos e Arquibaldos (Gonzaguinha), realça os silêncios de Certas Coisas (Lulu Santos e Nelson Motta), romantiza o samba elegante de Paulinho da Viola (Ame, parceria com Elton Medeiros) e se permite brincar com o rock Perigosa (Nelson Motta, Roberto de Carvalho e Rita Lee), embebido em inusitada atmosfera bluesy introduzida em cena pelo número anterior, Pagando pra Ver (Nonato Luís e Abel Silva). No fim, a abordagem melodiosa da carnavalesca Chuva, Suor e Cerveja (Caetano Veloso) adquire significado especial por estar sendo feita na terra do frevo. Enfim, por mais que a gravação ao vivo de Em Boa Companhia nem sempre transmita via DVD toda a felicidade do show (e quem viu uma apresentação da turnê nacional - ora retomada - sabe que se trata de um dos melhores shows da cantora nos últimos tempos), o registro do espetáculo reitera a impressão de que Simone reencontrou seu caminho musical. Favorecida pela liberdade artística concedida pela gravadora Biscoito Fino, a brava Cigarra tem tudo para não deixar mais sua irregular carreira fonográfica sair dos trilhos.