Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


Mostrando postagens com marcador Inezita Barroso. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Inezita Barroso. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 9 de março de 2015

Cantora que deu voz às coisas do (seu) Brasil, Inezita sai de cena aos 90

Ignez Magdalena Aranha de Lima (4 de março de 1925 - 8 de março de 2015) tinha tudo para viver dentro da redoma urbana na qual foi criada por sua rica família, pertencente à tradicional sociedade da cidade de São Paulo. Mas Ignez escapou dessa redoma e virou Inezita Barroso, a cantora que deu voz às coisas de seu Brasil, como já deixou claro o título do álbum lançado pela artista em 1956 na gravadora RCA-Victor. Brasil que deixou na noite de ontem ao sair de cena, aos recém-completados 90 anos, em hospital de São Paulo (SP). Referência dos ritmos regionais de um Brasil interiorano, Inezita construiu carreira - iniciada no rádio nos anos 1940 - que a associou à música caipira levada na viola que deu nome ao programa que apresentou na TV Cultura nos seus últimos 35 anos de vida. Mas o fato é que a discografia da cantora - iniciada em 1951 com a edição de disco de 78 rotações por minuto que trazia as músicas Funeral dum Rei Nagô (Hekel Tavares e Murilo Araújo) e Curupira (tema popular recolhido e adaptado por Waldemar Henrique) - extrapola o universo da genuína música sertaneja. Inezita - em foto de Jair Magri - gravou temas do folclore gaúcho, sambas cariocas, canções do folclore mineiro, ritmos nordestinos e modinhas. Mas foi com as modas de viola que alcançou maior projeção. Um de seus grandes sucessos, a Moda da pinga (Laureano), surgiu logo no começo da carreira, em 1953. Inezita - cujo último álbum, Sonho de caboclo, foi lançado por vias independentes em 2009 - foi mais Brasil e foi mais do que uma cantora, atuando também como instrumentista, arranjadora e folclorista. Sem nunca abandonar as coisas de seu Brasil orgulhosamente caipira, da qual foi voz imune às maravilhas contemporâneas.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Voz ativa do Brasil orgulhosamente caipira, Inezita Barroso chega aos 90

EDITORIAL - Inezita Barroso tem voz ativa no universo sertanejo tradicional. Nascida em 4 de março de 1925 na cidade de São Paulo (SP), Ignez Madalena Aranha de Lima completa hoje 90 anos. Ignorada pela mídia cultura impressa, a data é motivo de festa no Brasil que ainda cultiva orgulhosamente suas raízes caipiras. A cantora paulistana, afinal, é uma rara e legítima representante musical desse Brasil caboclo que ecoa na discografia recente de Maria Bethânia, para citar somente um exemplo da importância capital de Inezita na cena musical nativa. Iniciada em 1951, a discografia da cantora alcança os anos 2000, embora obviamente sem a regularidade das áureas décadas de 1950 e 1960. Nascida em abastada família, Inezita não se contentou com o piano que estudou ainda adolescente e logo passou para o violão e para a viola à qual é associada na música e no seu programa de TV. A artista é a voz resistente de um Brasil interiorano que tem tido suas raízes musicais tragadas pelo som massivo propagado pelas emissoras urbanas de rádio e TV. Inezita jamais se curvou a esses sons industriais e aos padrões. Radicalmente contra os caminhos seguidos pela música sertaneja, Inezita Barroso - vista em foto de Jair Magri - é hoje uma cantora do tempo do onça. Mas é esse seu apego aos valores antigos que a tornam relevante nas veredas do grande sertão brasileiro. Embora identificada com a genuína música sertaneja, a cantora registrou repertório que extrapola o universo das modas de viola, das toadas e das canções caipiras. Sem bairrismos ou fronteiras geográficas, Inezita deu voz a temas do folclore nacional e a músicas identificadas com culturas regionais específicas. Por tudo isso, dá para dizer hoje, no dia de seus 90 anos, que Inezita Barroso é uma das (grandes)  vozes do Brasil.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Caixa mostra que canto nacionalista de Inezita extrapolou a moda caipira

Resenha de caixa de CDs
Título: O Brasil de Inezita Barroso
Artista: Inezita Barroso
Gravadora: Microservice (sob licença da EMI Music)
Cotação: * * * * 1/2

Referência de um Brasil interiorano que ainda resiste cambaleante, embora já não tão imune às padronizações e pasteurizações da cultura da globalização, o canto de Inezita Barroso começou a ecoar em 1951, ano em que a intérprete paulista gravou um disco de 78 rotações por minuto na exinta gravadora Sinter. Decorridos 60 anos, o canto de Inezita - símbolo desse seminal Brasil rural - é celebrado e embalado em primorosa caixa produzida por Rodrigo Faour para a Microservice, empresa que vem revitalizando o catálogo de extinta gravadora carioca Copacabana sob licença da EMI Music. Inezita gravou na Copacabana entre 1955 e 1980. Em vez de compilar a produção fonográfica da cantora na companhia, Faour optou acertadamente por reeditar sete álbuns lançados pela artista na Copacabana entre 1955 e 1961. Alvos de exemplar remasterização feita por Carlos Savalla e Luigi Hoffer, os títulos reeditados são Inezita Barroso (1955), Lá Vem o Brasil (1956), Vamos Falar de Brasil (1958), Inezita Apresenta (1958), Canto da Saudade (1959),  Eu me Agarro na Viola... - Inezita sua Viola e seu Violão (1960) e Inezita Barroso Interpreta Danças Gaúchas (1961). Os dois primeiros são discos de 10 polegadas, reunidos no primeiro dos seis CDs da caixa, no qual há texto biográfico de Faour sobre a trajetória musical de Inezita. Os outros cinco são LPs de doze polegadas reeditados com faixas-bônus (com exceção de Inezita Barroso Apresenta). Ao todo, a caixa embala 89 fonogramas remasterizados que montam painel abrangente do  Brasil rural através do canto grave de Inezita Barroso. Embora identificada com a genuína música sertaneja, a cantora registrou repertório que extrapola o universo das modas de viola, das toadas e das canções caipiras. Sem bairrismos ou fronteiras geográficas, Inezita deu voz a temas do folclore nacional e a músicas identificadas com culturas regionais específicas. Não por acaso, o último dos seis CDs da caixa traz o álbum Inezita Barroso Interpreta Danças Gaúchas, na versão de 1961 (a original é de 1955). Alocado no imaginário brasileiro por conta de sucessos como Marvada Pinga (ouvido na caixa na regravação do LP Vamos Falar de Brasil), o repertório nacionalista de Inezita podia abranger - na época desse discos - tanto um canto de escravos (Cantilena, tema tradicional adaptado por Sodré Viana e recolhido por Heitor Villa-Lobos) como uma peça do folclore de Minas Gerais (Minero Tá me Chamano, adaptado por Zé do Norte). Com versatilidade, a cantora pôs voz em músicas de ritmos como congada, galope e boi-bumbá. Mas é inegável que seu canto ruralista - símbolo do Brasil interiorano que ainda reside no imaginário do povo sertanejo - está identificado com a viola e, nesse sentido, o disco Eu me Agarro na Viola... - em que Inezita se acompanha sozinha, se alternando entre a viola e o violão - seja um dos mais representativos da caixa ao lado de Canto da Saudade, disco de irretocável repertório que inclui Sussuarana (Hekel Tavares e Luiz Peixoto, 1928), De Papo pro Ar (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano, 1931), Maringá (Joubert de Carvalho, 1932) e até Meu Limão, Meu Limoeiro (em abordagem tradicional, sem o sabor pop da gravação feita por Wilson Simonal na segunda metade dos anos 60, no auge da Pilantragem). Enfim, vale mergulhar no Brasil de Inezita. Até porque a caixa foi produzida com zelo. Cada CD reproduz letras e textos dos álbuns originais, além de trazer comentários da cantora - ainda lúcida e em atividade, aos 86 anos - sobre as faixas. Por nunca ter sido propriamente a moda da vez, o canto nacionalista de Inezita Barroso nunca vai sair de moda.

sábado, 23 de abril de 2011

Microservice vai encaixotar gravações de Inezita Barroso na Copacabana

Dentro da série de lançamentos criados a partir da exploração do rico catálogo da Copacabana, a empresa Microservice vai pôr nas lojas, em junho de 2011, caixa com gravações feitas pela cantora sertaneja Inezita Barroso na extinta gravadora brasileira entre 1955 e 1980. Produzida por Rodrigo Faour, a caixa se chama O Brasil de Inezita Barroso. O acervo da Copacabana pertence atualmente à inglesa EMI Music, mas foi licenciado por três anos para a Microservice.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Aos 85 anos, Inezita Barroso grava primeiro DVD em show feito em ONG

Aos 85 anos, fiel às tradições da música sertaneja, a cantora Inezita Barroso - vista no post no traço de Manga - grava seu primeiro DVD em apresentação que vai ser feita nesta sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011, na Casa de Apoio Esperança e Vida, ONG sediada em Campinas (SP). Boiadeiro Errante e Flor do Cafezal figuram entre as 22 músicas previstas no roteiro do show.