Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


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sábado, 15 de março de 2014

Mart'nália vai de Adoniran a Vanzolini no ensaio aberto de seu show 'Samba!'

 Com direito à bela homenagem ao cantor carioca Emílio Santiago (1946 - 2013), lembrado pela conterrânea Mart'nália com Um dia desses, parceria de Carlinhos Brown e João Donato lançada por Emílio no álbum De um jeito diferente (Indie Records, 2007), a filha de Martinho da Vila fez no Rio de Janeiro (RJ) o ensaio aberto de seu show Samba! em apresentações agendadas no Teatro Rival para 14 e 15 de março de 2014. Neste show, cuja estreia oficial está prevista para maio, Mart'nália volta ao samba após belo disco, Não tente compreender (Biscoito Fino, 2012), marcado pelo balanço de seu produtor Djavan. Sob a direção do pai Martinho da Vila, compositor recorrente no roteiro deste show que vai dar origem a CD e DVD, Mart'nália dá voz a um repertório que inclui sambas de Adoniran Barbosa (1910 - 1982), Chico Buarque, Dedé da Portela (1939 - 2003), Ivone Lara, Jovelina Pérola Negra (1944 - 1998) e Paulo Vanzolini (1924 - 2013), entre vários outros compositores associados ao gênero. Eis o roteiro seguido por Mart'nália - em foto de Rodrigo Goffredo - em 14 de março de 2014 no (azeitado) ensaio aberto do show  Samba! no Teatro Rival:

1. Canta canta, minha gente (Martinho da Vila, 1974)
2. Pra Mart’nália (Fred Camacho e Jorge Agrião, 2006)
3. Pé do meu samba (Caetano Veloso, 2002)
4. Ela é a minha cara (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, 2008)
5. Cabide (Ana Carolina, 2006)
6. Boto meu povo na rua (Arlindo Cruz, Acyr Marques e Ronaldinho, 2006)
7. Mas quem disse que eu te esqueço? (Ivone Lara e Hermínio Bello de Carvalho, 1981) /
8. Acreditar (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1976) /

9. Sorriso negro (Adilson Barbado, Jair Carvalho e Jorge Portella, 1981)
10. Coração em desalinho (Monarco e Ratinho, 1986)
11. Casa um da vila (Monsueto Menezes e Flora Mattos, 1973)
12. Volta por cima (Paulo Vanzolini, 1962)
13. Trem das onze (Adoniran Barbosa, 1964)
14. Saudosa maloca (Adoniran Barbosa, 1955)
15. Pra que chorar? (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1964)
16. Chiclete com banana (Gordurinha e Almira Castilho, 1959)
17. Feitiço da Vila (Noel Rosa e Vadico, 1934)
18. Sem compromisso (Geraldo Pereira e Nelson Trigueiro, 1944)
19. Deixa a menina (Chico Buarque, 1980)
20. Quem te viu, quem te vê (Chico Buarque, 1966)
21. Carol ou Clarisse (Rodrigo Lampreia e Beto Landau, 2012)
22. Um dia desses (Carlinhos Brown e João Donato, 2007)
23. Saigon (Cláudio Cartier, Carlão e Paulo César Feital, 1985)
24. Itinerário (Max Viana, 2011)
25. Fato consumado (Djavan, 1975)
26. Beija, me beija, me beija (Martinho da Vila e Zé Catimba, 1989)
27. Samba a dois (Marcelo Camelo, 2003)
28. Casa de bamba (Martinho da Vila, 1969)
29. Segure tudo (Martinho da Vila, 1971)
30. Ciranda de roda (Martinho da Vila, 1984)
31. Madalena do Jucú (Martinho da Vila a partir de temas do folclore do Espírito Santo, 1989)
Bis:
32. Entretanto (Mart’nália e Mombaça, 1997)
33. Chega (Mart’nália e Mombaça, 2002)
34. Águas de cachoeira (Jovelina Pérola Negra, Carlito Cavalcanti e Labre, 1993)
35. Peço a Deus (Dedé da Portela e Dida, 1985)

domingo, 29 de dezembro de 2013

Mesmo com moral, Vergueiro faz ronda insossa por sambas de Vanzolini

Resenha de CD
Título: Carlinhos Vergueiro interpreta Paulo poeta compositor cientista boêmio Vanzolini
Artista: Carlinhos Vergueiro
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * *

Carlinhos Vergueiro é homem com moral para fazer disco dedicado à obra do compositor paulistano Paulo Emílio Vanzolini (25 de abril de 1924 - 28 de abril de 2013). Essa moral vem tanto de sua origem também paulistana e do apego ao samba (ritmo predominante no cancioneiro de Paulo Vanzolini) como também - e sobretudo - da grande e real intimidade de Vergueiro com a obra de Vanzolini, de quem foi amigo, tendo dividido palcos e impressões sobre a música e a vida. Contudo, tal intimidade não impede que o CD Carlinhos Vergueiro interpreta Paulo poeta compositor cientista boêmio Vanzolini - tributo do cantor e compositor à memória do amigo zoólogo, morto aos 89 anos em abril deste ano de 2013 - soe insosso. A despeito de já contabilizar 40 anos de carreira fonográfica, iniciada em 1973 com a gravação de dois compactos pela extinta gravadora Chantecler, Vergueiro é intérprete apenas eventualmente expressivo. Neste seu 21º álbum, Vergueiro consegue um ou outro bom momento como cantor, em especial em Boca da noite - bissexta parceria de Toquinho com Vanzolini que foi lançada em festival de 1967 e que deu título ao LP lançado por Toquinho em 1974 - e Juízo final (Paulo Vanzolini, 1967), samba na primeira pessoa em que o compositor faz autoindulgente acerto de contas no último dia de sua vida. Entretanto, no todo, sua ronda pelos sambas de Vanzolini evidencia seus limites como intérprete. Samba popularizado em 1978 na voz da cantora mineira Clara Nunes (1942 - 1983), Mente - parceria de Vanzolini com seu conterrâneo Eduardo Gudin - ressurge em registro pouco luminoso, por exemplo, embora valorizado pelo arranjo de Italo Peron, diretor musical do disco produzido pelo próprio Carlinhos Vergueiro. Assim como a gravação de Volta por cima, samba lançado em 1962 pelo cantor paulista Noite Ilustrada (1928 - 2003) com sucesso que se estendeu pelo ano de 1963, o registro de Mente foi formatado com metais que transportam os dois sambas para um salão de gafieira. Já em José (Paulo Vanzolini, 1966) - samba triste que exemplifica a habilidade do compositor-cronista para perfilar personagens embrutecidas na selva da cidade de São Paulo (SP) - sobressaem o bandolim e o cavaquinho tocados por Henrique Araújo. José foi lançado em disco pela cantora paulista Inezita Barroso, também intérprete original do maior sucesso de Vanzolini, Ronda, samba-canção composto em 1945, mas gravado somente em 1953 (sem repercussão) por Inezita. Mesmo sem reeditar o apuro das melhores gravações do samba-canção (as feitas por Márcia e Maria Bethânia), Vergueiro acerta o tom melancólico de Ronda. Em contrapartida, sambas como Cara limpa e Mulher que não dá samba - ambos gravados em 1974 pelos cantores Carmen Costa (1920 - 2007) e Paulo Marquez no álbum que dedicaram à música de Vanzolini - passam batidos ao longo das 10 músicas reunidas por Vergueiro em repertório formado por nove sambas e uma bonita toada de poesia popular, a Toada de Luiz, exemplo da vertente interiorana da obra de Paulo Vanzolini, compositor que teve quase todo seu cancioneiro inventariado de forma definitiva na caixa de quatro CDs Acerto de contas, editada em 2002 pela mesma gravadora Biscoito Fino que ora põe no mercado esta ronda mais modesta de Vergueiro pelo repertório deste homem de moral no universo do samba paulistano.

domingo, 28 de abril de 2013

Sai de cena Paulo Vanzolini, um homem de moral no samba de São Paulo

É clichê se referir a Paulo Vanzolini (25 de abril de 1924 - 28 de abril de 2013) como um cronista musical da cidade de São Paulo (SP). Contudo, tal traço é mesmo marcante na arquitetura da obra deste compositor paulista que sai de cena na noite deste domingo, aos 89 anos, e fica na história da música popular do Brasil com seus sambas que retratam a alma e o cotidiano efervescente de Sampa. Para o grande público, Vanzolini - morto em consequência de pneumomia que o levou a ser internado no hospital Albert Einstein na última quinta-feira, 25 de abril, data em que completou 89 anos - vai ser sempre lembrado, se for lembrado, pela autoria do samba Volta por cima (lançado pelo cantor Noite Ilustrada em 1962 com sucesso que se estendeu pelo ano de 1963) e do samba-canção Ronda (composto em 1945, lançado sem repercussão em 1953 pela cantora Inezita Barroso e propagado com força a partir de 1967 nas vozes de cantoras como Cláudia Morena, Márcia e Maria Bethânia), as duas composições mais conhecidas deste mestre na música e na zoologia (ciência no qual se doutorou em Harvard). O samba teve o poder de incluir no dicionário a expressão volta por cima para designar um renascer das cinzas. Já o samba-canção ajudou a associar a obra de Vanzolini a São Paulo por conta dos versos cinematográficos que retratam a saga de mulher enciumada à caça do amante boêmio pelos bares de Sampa. Circuito boêmio também frequentado pelo compositor de Praça Clóvis, samba que ganhou a voz de Chico Buarque no registro feito para o primeiro disco de Vanzolini, Onze sambas e uma capoeira, editado em 1967 pela gravadora Marcus Pereira. Na ciência ou na música, Paulo Vanzolini não foi de homem fazer fita. Falou o que pensava, fiel aos seus princípios ideológicos e musicais - como ficou nítido nas cenas do documentário sobre sua vida e obra, Um homem de moral, dirigido por Ricardo Dias e exibido nos cinemas brasileiros em 2009. Tanto que o compositor criticou publicamente a gravação de Ronda feita por Maria Bethânia em 1978 para o álbum Álibi. Preferia a de Márcia. Como não se considerava um cantor, Vanzolini deixa discografia reduzida, cabendo destacar os álbuns A música de Paulo Vanzolini (Marcus Pereira, 1974) - em que Carmen Costa e Paulo Marquez cantam temas do compositor - e Paulo Vanzolini por ele mesmo (Eldorado, 1981). Em 2003, a boa caixa Acerto de contas (Biscoito Fino) resumiu em quatro CDs - com gravações inéditas - a obra singular deste artista sincero, um homem de moral no universo do samba de São Paulo.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Reedição (re)põe em cena 'Onze Sambas e Uma Capoeira' de Vanzolini

Embrião da gravadora Discos Marcus Pereira, formatado em outubro de 1967, o álbum Onze Sambas e Uma Capoeira ganha reedição neste mês de novembro de 2011, produzida pela Microservice dentro do projeto de revitalização do acervo da gravadora Copacabana (à qual os títulos do selo Marcus Pereira foram incorporados antes de serem vendidos para a distribuidora ABW e, posteriormente, adquiridos pela EMI Music). Como explicita o título, o álbum traz no repertório onze sambas e uma capoeira - A Capoeira do Arnaldo - da lavra do compositor paulista Paulo Vanzolini. Hábil cronista da cidade de São Paulo (SP) através de suas músicas, Vanzolini já havia emplacado dois grandes sucessos na cena brasileira - Ronda (lançado por Bola 7 em 1953) e Volta por Cima (popularizado na voz do sambista Noite Ilustrada em 1963, uma década após a gravação original de Ronda) - na época em que o LP foi idealizado pelo então publicitário Marcus Pereira. Contudo, Vanzolini nunca tinha assinado um disco. Mas vivia cantando seus sambas no Jogral, bar situado no Centro de São Paulo. Foi no Jogral que nasceu a ideia da gravação deste songbook de Vanzolini. O disco marcou a estreia fonográfica de Cristina Buarque, intérprete do samba Chorava no Meio da Rua. O irmão de Cristina - um certo Chico Buarque, já unanimidade na época - também admirava a obra de Vanzolini (de quem já era amigo) e pôs voz em dois dos onze sambas do disco, Praça do Clóvis e Samba Erudito. Com arranjos divididos entre Toquinho e Antônio Porto Filho (vulgo Portinho), Onze Sambas e um Capoeira volta ao catálogo em CD, em reedição coordenada por Adriana Ramos. Consultor do projeto idealizado por Ricardo Moreira, o jornalista Eduardo Magossi contextualiza a gestação do álbum em texto escrito para a contracapa. O encarte reproduz as letras dos onze sambas e da Capoeira do Arnaldo, defendida por Luiz Carlos Paraná, dono do Jogral, semente deste álbum que deu voz a Vanzolini - hoje com 87 anos - por meio de outras vozes.