Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Em afinado solo, Claudia Netto reitera que é talentosa mulher de musical

Resenha de show
Título: Mulheres de Musical
Artista: Claudia Netto (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Theatro Net Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 19 de setembro de 2012
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz às quartas e quintas-feiras, no Rio de Janeiro (RJ), até 11 de outubro de 2012

Mulheres de Musical é o primeiro espetáculo solo de Claudia Netto, atriz e cantora conhecida no meio teatral do eixo Rio-São Paulo por conta de suas atuações em encenações brasileiras de musicais como Avenida Q e O Rei e Eu. Não é um show propriamente dito e tampouco é um musical com trama original. Mulheres de Musical é, em essência, um espetáculo teatralizado em que - sob a direção de Paulo Afonso de Lima - a artista fluminense revisita músicas e momentos importantes de sua trajetória nos palcos nacionais, recorrendo a textos (pincelados com humor nem sempre eficaz) e a caracterizações de algumas personagens já encarnadas por Netto nessas montagens brasileiras. A Japaneusa de Avenida Q, por exemplo, entra em cena quando a atriz  interpreta The More You Ruv Someone (Robert Lopez e Jeff Marx, 2003), um dos temas mais conhecidos desse musical politicamente incorreto. Jogos de cena à parte, o que fica explícito ao longo dos 19 números desse bem-vindo solo de Netto é o amor da artista pelo teatro musical e pela música composta para o gênero. Terreno difícil em que a atriz-cantora pisa com firmeza e intimidade pelo natural talento vocal. A voz potente, afinada, de emissão clara e precisão rítmica, credencia Netto para a interpretação de temas de musicais como Homework (Irving Berlin), pérola do libreto de Miss Liberty (1949), pescada pela cantora para seu solo na versão em português de Claudio Botelho. Cabe lembrar que, na montagem brasileira do musical Company, a abordagem de Netto para Getting Married Today - difícil tema do espetáculo que exige técnica e senso rítmico extraordinário de suas intérpretes pela alta velocidade com que os versos precisam ser cantados em cena - foi aclamada pelo autor do tema, o compositor norte-americano Stephen Sondheim,  um dos papas do teatro musical (ainda em atividade, aos 82 anos). Claro que Getting Married Today figura no roteiro de Mulheres de Musical em número que requisita os dotes vocais do tecladista Marcelo Farias. O músico integra o afinado quarteto que divide com Netto o palco do Theatro Net Rio. Aliado ao baixo de Omar Cavalheiro e ao toque preciso da bateria de Marcio Romano, o canto da atriz expõe o suingue de I Got Rhythm (George Gershwin e Ira Gershwin, 1930) com a naturalidade com que, dois números antes, a artista esboça clima mais íntimo quando, sentada, entoa Someone To Watch Over me (George Gershwin e Ira Gerswhin, 1926), tema do musical Oh, Kay!, encenado na Broadway em 1926. Dominado por canções projetadas em musicais e / ou filmes produzidos nos Estados Unidos dos anos 20 aos 70, o roteiro de Mulheres de Musical abre espaço para algumas músicas de lavra nacional. No bloco inicial em que se caracteriza com algumas das personagens que já viveu em cena, a atriz lança mão de sotaque nordestino para cantar Não Sonho Mais (1979), música do mesmo Chico Buarque de Olhos nos Olhos (1976), lembrança da atuação da artista no gracioso espetáculo Na Bagunça do Teu Coração. Já o fato de Netto ter interpretado a cantora paulista Dircinha Batista (1922 - 1999) no dramático musical Somos Irmãs é pretexto para que a artista cante os sambas-canção Nunca (Lupicínio Rodrigues, 1952) - em número de voz e baixo (o de Omar Cavalheiro) - e Bom Dia (Herivelto Martins e Aldo Cabral, 1942). Mas Claudia Netto é, sobretudo, uma cantora destinada a expor o brilho de  joias da canção norte-americana. Dedicada ao repertório de Judy Garland (1922 - 1969), atriz e cantora norte-americana encarnada pela artista brasileira no musical Judy - O Fim do Arco-Íris, a parte final do espetáculo reitera que Claudia Netto domina a linguagem teatral de standards como Just in Time (Jule Styne, Betty Comden e Adolph Green, 1956) e Get Happy (Harold Arlen e Ted Koheler, 1930). É uma mulher - e ótima cantora - de musical! E não há demérito na sentença.

Claudia Netto vai de Porter a Chico no roteiro de 'Mulheres de Musical'

Cantora de voz potente que ganhou projeção no meio teatral carioca e paulista como atriz de musicais, Claudia Netto resume sua trajetória nos palcos em seu primeiro espetáculo solo, Mulheres de Musical. Em cartaz até 11 de outubro de 2012 no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro (RJ), o teatralizado show dirigido por Paulo Afonso de Lima celebra os 50 anos de vida da artista de Niterói (RJ), completados em 19 de setembro, data em que o espetáculo estreou em apresentação para convidados. Com exceção de uma ou outra canção, caso de Olhos nos Olhos (Chico Buarque, 1976), o roteiro enfileira temas propagados em musicais e/ou filmes produzidos nos Estados Unidos entre os anos 20 e 70. Eis o roteiro seguido por Claudia Netto - em foto de Rodrigo Amaral - em Mulheres de Musical, em cena às quartas e quintas-feiras:

1. Broadway Baby (Stephen Sondheim, 1971)
2. The More You Ruv Someone (Robert Lopez e Jeff Marx, 2003)
3. Homework (Irving Berlin, 1949)
4. Não Sonho Mais (Chico Buarque, 1979)
5. There's No Business Like Show Business (Irving Berlin, 1946)

6. Someone to Watch Over Me (George Gershwin e Ira Gershwin, 1926)
7. Can't Help Lovin' Dat Man (Jerome Kern e Oscar Hammerstein II, 1927)
8. I Got Rhythm (George Gershwin e Ira Gershwin, 1930)
9. Getting To Know You (Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, 1951) /

    Hello, Young Lovers (Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, 1951) /
    Shall We Dance? (Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, 1951)
10. Getting Married Today (Stephen Sondheim, 1970) 
11. By Strauss (George Gershwin e Ira Gershwin, 1936) 

12. Olhos nos Olhos (Chico Buarque, 1976)
13. Nunca (Lupicínio Rodrigues, 1952)
14. Bom Dia (Herivelto Martins e Aldo Cabral, 1942)
15. The Man That Got Away (Harold Arlen e Ira Gerswhin, 1953)
16. From This Moment On (Cole Porter, 1951) 
17. Just in Time (Jule Styne, Betty Comden e Adolph Green, 1956)
18. Over the Rainbow (Harold Arlen e E. Y. Harburg, 1939) 
19. Get Happy (Harold Arlen e Ted Koheler, 1930)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Indicações a prêmios coroam performance de Claudia Netto como Judy

Feito esta semana, o anúncio dos indicados à sexta edição do Prêmio APTR de Teatro - relativa às produções que ocuparam os palcos do Rio de Janeiro (RJ) ao longo de 2011 - incluiu o nome de Claudia Netto. Para quem frequenta o teatro carioca, não chegou a ser surpresa a (justa) indicação da artista na categoria Melhor Atriz por seu desempenho como Judy Garland (1922 - 1969) no espetáculo Judy - O Fim do Arco-Íris. Também indicada na mesma categoria da edição carioca do Prêmio Shell de Teatro, Netto colhe os louros por sua performance brilhante nesta peça dramática que, embora reproduza números de shows feitos por Judy, não chega a ser um musical propriamente dito. O texto do dramaturgo inglês Peter Quilter joga luz sobre o crepúsculo da deusa Judy, flagrada em cena já decadente, em Londres, em 1968, na sua última turnê. Às voltas com pílulas e um empresário-amante inescrupuloso, Judy é retratada sem maquiagem no texto encenado no Brasil pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho. Ciente de que encarna a melhor personagem de sua trajetória nos palcos, Claudia Netto - atriz e cantora que ainda não lançou um disco que exponha todo o talento já conhecido por quem frequenta as plateias dos musicais encenados no Rio de Janeiro (RJ) - dá show literalmente. Tanto como atriz quanto como cantora. A ação dramática é entremeada com números dos shows feitos por Judy na capital da Inglaterra nessa fase crepuscular. É quando Netto - vista em cena na foto de Guga Melgar - encarna de forma mais incrível a personagem, soltando sua voz potente em músicas como For Once in My Life, (Ron Miller e Orlando Murden), That’s Entertainment (Arthur Schwartz e Howard Dietz), How Insensitive (versão em inglês de Insensatez, o clássico mundial de Tom Jobim e Vinicius de Moraes que quase ninguém sabia que fazia parte do repertório da cantora norte-americana) e, claro, a seminal Over the Rainbow (Harold Arlen e E.Y. Harburg), tema do filme O Mágico de Oz (1939). Em cena, Claudia Netto é Judy Garland no fim nada glamuroso do arco-íris. Por isso, as duas indicações nos dois prêmios - os mais importantes do teatro carioca - são justas e mais do que merecidas.