Musical de Charles Möeller & Claudio Botelho que cumpre temporada de sucesso no Rio de Janeiro (RJ) desde agosto de 2012 e que vai estrear em São Paulo (SP) neste ano de 2013, Milton Nascimento - Nada será como antes tem sua trilha sonora editada em CD gravado em estúdio. Lançado neste mês de janeiro de 2013, em edição do selo MP,B distribuída pela gravadora Universal Music, o disco enfileira 30 músicas de Milton Nascimento em 28 faixas gravadas pelo elenco do espetáculo. Cássia Raquel, Claudio Lins, Délia Fischer, Estrela Blanco, Jonas Hammarm, Jules Vandysstadt, Lui Coimbra, Marya Bravo, Pedro Aune, Pedro Sol, Sérgio Dalcin, Tatih Köhler, Whatson Cardozo e Wladimir Pinheiro são os 13 atores-cantores-músicos que se revezam na interpretação do cancioneiro do compositor carioca de alma mineiro. Sob a direção artística de Claudio Botelho (roteirista e diretor musical do espetáculo) e de João Mario Linhares (proprietário do selo MP,B e atual empresário de Milton), o disco foi produzido por Lui Coimbra, solista de um dos números mais bonitos, San Vicente (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1973), música turbinada com charangos (tocados pelo próprio Lui Coimbra) que evocam a latinidade da obra de Milton Nascimento. A orquestração e os arranjos dos 28 números perpetuados no disco são de Délia Fischer, pianista e cantora indicada ao Prêmio APTR de Teatro por conta desse trabalho. Délia brilha ao solar Clube da esquina 2 (Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges, 1972) e ao dividir Encontros e despedidas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1981) com Jules Vandysstadt. Marya Bravo sola Cais (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972) e de Maria Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976). Luxo só!
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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
domingo, 19 de agosto de 2012
Musical expõe grandeza fraterna de Milton ao teatralizar a obra do artista
Resenha de musical
Título: Milton Nascimento - Nada Será Como Antes
Direção: Charles Möeller
Direção musical e roteiro: Claudio Botelho
Elenco: Cássia Raquel, Claudio Lins, Délia Fischer, Estrela Blanco, Jonas Hammarm, Jules
Vandysstadt, Lui Coimbra, Marya Bravo, Pedro Aune, Pedro Sol, Sérgio Dalcin,
Tatih Köeller, Whatson Cardozo e Wladimir Pinheiro
Foto: Guga Melgar
Cotação: * * * *
Musical em cartaz no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro (RJ), de quinta-feira a domingo
Título: Milton Nascimento - Nada Será Como Antes
Direção: Charles Möeller
Direção musical e roteiro: Claudio Botelho
Elenco: Cássia Raquel, Claudio Lins, Délia Fischer, Estrela Blanco, Jonas Hammarm, Jules
Vandysstadt, Lui Coimbra, Marya Bravo, Pedro Aune, Pedro Sol, Sérgio Dalcin,
Tatih Köeller, Whatson Cardozo e Wladimir Pinheiro
Foto: Guga Melgar
Cotação: * * * *
Musical em cartaz no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro (RJ), de quinta-feira a domingo
É sintomático que, antes do gran finale com a música de 1972 que lhe dá título, o espetáculo Milton Nascimento - Nada Será Como Antes, junte as vozes de seu afinado elenco no tema Que Bom Amigo (Milton Nascimento, 1995). Esta música pouco ouvida da obra do compositor se irmana com a Canção Amiga (Milton Nascimento e Carlos Drummond de Andrade, 1978 / 1982), entoada pela voz imponente de Estrela Blanco na abertura do primeiro dos quatro quadros deste musical em que Charles Möeller e Claudio Botelho expõem a grandeza fraternal da obra de Milton ao teatralizar a parte mais expressiva do cancioneiro deste carioca de alma mineira. Em que pese a singularidade de sua arquitetura, o repertório autoral de Milton é movido por um espírito gregário que o espetáculo capta e repagina com o requinte habitual dos musicais da dupla Möeller & Botelho. Idealizado nos moldes de Beatles num Céu de Diamantes, musical de 2008 ainda em cena neste ano de 2012, Nada Será Como Antes abre mão de qualquer texto para que a música de Milton Nascimento fale por si só. E essa obra monumental fala alto aos corações. O espetáculo emociona sobretudo porque, acima dos recursos cênicos (simples e eficientes) e do brilho individual de algumas vozes, paira a força da música de Milton, enraizada na memória nacional. Tributo aos 50 anos de carreira do compositor, o musical ambienta as 42 canções do roteiro na casa que lhe serve de belo cenário (de Rogério Falcão) e que acentua o tom acolhedor da obra de Milton ao aclimatá-la em quatro estações. E, em qualquer estação, a música de Milton Nascimento resulta sedutora sob as orquestrações da pianista Délia Fischer. Na primeira, Primavera, o canto de Tatih Köhler faz florescer a delicadeza terna de Cigarra (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1978) enquanto Claudio Lins esboça registro viril enquanto encara Bicho Homem (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1980) no toque dos tambores de Minas. Mas o número mais inventivo é o medley que entrelaça Nos Bailes da Vida (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1978) com músicas do antológico álbum Clube da Esquina (1972) como Um Girassol da Cor do Seu Cabelo (Lô Borges e Márcio Borges), O Trem Azul (Lô Borges e Ronaldo Bastos), e Nuvem Cigana (Lô Borges e Ronaldo Bastos). Como os sonhos, as música desse álbum jamais envelhecem. E uma delas - Clube da Esquina 2 (Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges), gravada no disco duplo de 1972 e não no segundo volume de 1978, como faz supor seu título - tem sua beleza melódica e poética exposta em cena na voz de Délia Fischer. Segunda estação no tempo cênico do musical, o Verão aquecido pelo calor da percussão que não nega a raça de Raça (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976) é o mesmo que faz brotar o suor do trabalho que escorre em Maria Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976) - no canto valente de Marya Bravo - e na saga sociológica contida nos versos de Morro Velho (Milton Nascimento, 1966) e encenada com precisão sob a condução da bela voz de Wladimir Pinheiro. Verão que pode ser também o tempo de discussões acaloradas em frente à televisão sobre os lances dos craques, paixão que move Aqui É o País do Futebol (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1970). Em qualquer estação, é tempo de amar. Na abertura do Outono, Paula e Bebeto (Milton Nascimento e Caetano Veloso, 1975) sinaliza - através dos olhares afetivos dos três casais que interpretam o tema - que qualquer maneira de amar vale a pena. Saudade dos Aviões da Panair (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974) destila a nostalgia dos tempos em que não se tinha medo deles que "nem deixam ver a moça e nem ver nascer a flor" - eles, sujeitos ocultos atrás das metáforas de Milagre dos Peixes (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1973), solo de Tatih Köeler. Se Marya Bravo se joga com toda sua força vocal em Cais (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972), Claudio Lins enfrenta Caçador de Mim (Sérgio Magrão e Luiz Carlos Sá, 1980) sem expor toda a bravura do tema que o 14 Bis lançou em 1980 e que Milton Nascimentou tomou para si no ano seguinte. Da mesma forma, Ponta de Areia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974) perde um pouco da força épica na interpretação das mulheres do elenco. Melhor resultado tem Encontros e Despedidas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1981), número em que o dueto de Délia Fischer com Jules Vandystadt se desenvolve enquanto o elenco retrata com gestos e olhares os sentimentos recorrentes nas plataformas dessa estação, a vida. No Inverno, aparece a fé cega de Milton em Deus, na música, na vida e num mundo melhor. É a voz divina do cantor que abre o quadro recitando versos de Oração (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976). Com guitarra e boné que evoca a figura guerrilheira do cubano Che Guevara (1928 - 1967), Pedro Sol ilumina Para Lennon & McCartney (Lô Borges, Márcio Borges e Fernando Brant, 1970), música que lembra que as esquinas mineiras sempre desembocaram nas ruas de Liverpool. Mas o número de maior impacto do Inverno - e do próprio espetáculo como um todo - é o medley de tom sacro em que as vozes de Cássia Raquel e Wladimir Pinheiro ritualizam a morte ao entrelaçar Canto Latino (Milton Nascimento e Ruy Guerra, 1970), Sentinela (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1969) e Menino (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1976). Cássia, a propósito, já mostrara a potência de sua linda voz ao fim do Verão, quando entoa a folclórica Cantiga (Caiacó) (Heitor Villa-Lobos, Teca Calazans e Milton Nascimento, 1980) com o reforço do coro do elenco. No fim, findas as quatro estações, Pedro Sol e Estrela Blanco encarnam com desenvoltura o casal paz & amor de Amor de Índio (1978) - parceria de Beto Guedes com Ronaldo Bastos, e não de Milton com Bastos, como creditado erroneamente no programa do espetáculo - e Claudio Lins solta a voz em Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1967), marco inicial da estrada já cinquentenária, pavimentada por Milton Nascimento com uma das músicas mais ricas e belas do mundo. Obra que mistura a dor e a alegria e que - ora revisitada no seu período áureo por Möeller & Botelho em musical emocionante - explode em som, cor e suor na cena fraterna deste espetáculo para se guardar no lado esquerdo do peito.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Com paixão, remontagem de 'Hair' expõe dilemas e anseios ainda atuais
Resenha de musical
Título: Hair
Texto: Gerome Ragni e James Rado
Letra: Gerome Ragni e James Rado
Música: Galt MacDermot
Direção: Charles Möeller
Versão brasileira: Claudio Botelho
Elenco: Hugo Bonemer (Claude), Igor Rickli (Berger), Carol Puntel (Sheila), Letícia Colin (Jeanie), Marcel Octavio (Woof), Karin Hils (Dionne), Reynaldo Machado (Hud) e outros
Foto: Divulgação Factoria Comunicação / Guga Melgar
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), de quinta-feira a domingo
Título: Hair
Texto: Gerome Ragni e James Rado
Letra: Gerome Ragni e James Rado
Música: Galt MacDermot
Direção: Charles Möeller
Versão brasileira: Claudio Botelho
Elenco: Hugo Bonemer (Claude), Igor Rickli (Berger), Carol Puntel (Sheila), Letícia Colin (Jeanie), Marcel Octavio (Woof), Karin Hils (Dionne), Reynaldo Machado (Hud) e outros
Foto: Divulgação Factoria Comunicação / Guga Melgar
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), de quinta-feira a domingo
Por mais que a história de Hair seja datada, as questões juvenis discutidas no musical - ora remontado no Brasil pela dupla Charles Möeller & Claudio Botelho - transcendem a era hippie da contracultura em que foi gerado o espetáculo de aura mítica que debutou em 1967 no circuito off-Broadway. Em 2010, o rock já não é tão psicodélico (ainda que nomes como MGMT bebam dessa fonte), as viagens de LSD saíram de moda, a nudez já está vulgarizada e os hippies já viraram caricaturas em programas de humor. Contudo, permanecem iguais - mesmo que em outro contexto sócio-político - os dilemas de qualquer jovem em qualquer lugar do mundo. Seguir seu próprio caminho, fiel às próprias leis, ou se ajustar ao sistema sempre opressor: eis a questão que se apresenta a qualquer um que ingresse na vida adulta. Isso talvez explique o sucesso perene de Hair, revitalizado nos palcos norte-americanos e ingleses a partir de 2008, em remontagens que renovaram o interesse pelo musical. Sucesso repetido no Brasil pelo vibrante espetáculo assinado pela dupla Charles Möeller & Claudio Botelho, íntima do universo da Broadway. A remontagem nacional de Hair traz à tona, com paixão, os ideais pacíficos e lisérgicos da era hippie. A velha chama se reacende no palco do Teatro Oi Casa Grande, onde o espetáculo vai ficar em cartaz, de quinta-feira a domingo, até fevereiro de 2010. Como de praxe, Botelho apresenta versões em português das músicas com fluência que faz com que os temas pareçam ter sido originalmente escritos no idioma de Camões, do primeiro (Aquarius) ao convidativo último número (Deixa o Sol Entrar, puxado de forma arrepiante por Karin Hils, integrante do extinto grupo Rouge). Os figurinos deslumbrantes de Marcelo Pies ajudam a criar o clima de encantamento que permanece inalterado ao longo da encenação. Mas é o elenco de 30 atores o motor que guia Hair em cena de forma apaixonante e apaixonada. A garra da tribo atenua o fato de a dramaturgia de Gerome Ragni e James Rado, a rigor, ser frágil (o que talvez explique a opção do cineasta Milos Forman, diretor do controvertido filme de 1979, por reconstruir a trama de forma mais convencional ao levar Hair para as telas). É a paixão do elenco que faz de Hair um espetáculo eletrizante, seja nos números musicais - quase todos vibrantes porque priorizam a união de vozes - seja na defesa da ideologia de seus personagens. A dupla de protagonistas masculinos - Claude (Hugo Bonemer, grata revelação no papel do jovem pressionado por seus caricaturizados pais a lutar na guerra do Vietnã) e Berger (Igor Rickli, com carisma suficiente para encarnar o líder da tribo) - se entrosa harmoniosamente em cena, ofuscando involuntariamente a presença de Sheila (Carol Puntel), vértice de triângulo que não fica bem explicitado na montagem. Do time feminino, Letícia Colin - intérprete da viajante grávida Jeanie - rouba as cenas em que aparece, garantindo o riso do espectador. E, no quesito voz, é impossível não se contagiar pela força de Karin Hils, a Dionne, brilhante ao iluminar o número final, Deixa o Sol Entrar. Enfim, Hair reacende dilemas e anseios ainda atuais, o que vai fazer com que novas gerações se identifiquem com os ideais da mítica tribo.
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