Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


Mostrando postagens com marcador Arícia Mess. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Arícia Mess. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Arícia Mess renova seu som no single 'Meu bem bem', feito com Lucio K

Resenha de single digital
Título: Meu bem bem
Artista: Arícia Mess
Gravadora: Edição independente da artista
Cotação: * * * *
Single em rotação no portal SoundCloud desde 20 de janeiro de 2015


Cantora e compositora natural de Niterói (RJ), Arícia Mess renova seu som com o single Meu bem bem, lançado esta semana no portal SoundCloud. A renovação surge através da parceria da artista com Lucio K, um DJ dos anos 1980 que se tornou produtor musical na década de 1990 e que ainda se mostra antenado nos anos 2010 a julgar pela moderna batida eletrônica que sustenta essa música que embute elementos de samba-rock, de black music e de afro-samba entre outros ingredientes e batuques desde sempre presentes na discografia de Arícia, que há 15 anos lançou seu primeiro álbum, Cabeça coração (Órbita Music, 2000), e que demorou uma década para apresentar o segundo, Onde mora o segredo (Independente / Tratore, 2010), de linha sonora similar ao primeiro. Com letra que perfila mulher forte ("merecedora de respeito", "maravilhosa dançarina", "alegria da casa" que tem sua "própria gira") e com muito suingue, o single Meu bem bem alinha Arícia Mess - após cinco anos - com sons e batidas da cena contemporânea brasileira.

sábado, 2 de abril de 2011

Em boa hora, Arícia Mess volta à cena para reiterar que 'black is beautiful'

Resenha de Show
Título: Onde Mora o Segredo
Artista: Arícia Mess (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Espaço Sesc Copacabana (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 1º de abril de 2011
Cotação: * * * *
Show em cartaz no Espaço Sesc Copacabana (Rio de Janeiro, RJ) até 2 de abril de 2011

Sob intensa luz vermelha, Arícia Mess aparece na arena do Espaço Sesc Copacabana como uma entidade afro-brasileira. Essa entrada teatral já expõe de cara o cuidado que cerca o show Onde Mora o Segredo, que teve sua estreia nacional em 1º de abril de 2011, no Rio de Janeiro (RJ), cidade onde esta cantora de Niterói (RJ), descendente de índios, reinou nos palcos indies ao longo dos anos 90. Álbum lançado em 2010, Onde Mora o Segredo trouxe Arícia de volta à cena com seu suingue black, reprocessado com alta dose de eletrônica desde o primeiro disco da artista, Cabeça Coração (2000). Em cena, Arícia concilia os repertórios dos dois CDs com unidade que anula o hiato de dez anos entre um e outro. As vibrações positivas irmanam Super Legal (Arícia Mess) - tema do primeiro álbum - e Hora Boa (Arícia Mess e Suley Mesquita), destaque da safra de inéditas do segundo, sinalizando coerência na caminhada indie desta artista que dá uma voz e uma cara própria ao balanço do funk e do soul. Onde Mora o Segredo (Ginga Rainha Quilombola de Matamba e Angola) - outra parceria de Arícia com Suely Mesquita - abre o roteiro embebida em programações eletrônicas (a cargo do tecladista Carlos Trilha), em conexão afro-brasileira com o batuque dos terreiros. Na sequência, Porta Aberta (Arícia Mess, Aurélio Dias, Suely Mesquita) reitera o suingue black que dá o tom do show, contagiando em Ginsberg (Arícia Mess, Aurélio Dias e Pedro Stephan), exaltando a mulher negra em Bate Folha Jurema (Arícia Mess e Paula Pretta) e beirando o sublime na abordagem íntima de Black Is Beautiful. Cheia de orgulho, sensualidade e soul, a cantora saboreia cada verso deste clássico da obra dos irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle. Na sequência, a balada Gosto Mais (Arícia Mess) preserva o clima minimalista sem sequer roçar a inspiração do tema dos Valle. Vem, então, um dos momentos mais  especiais do show: do alto de uma das escadas que desembocam na arena do Espaço Sesc Copacabana, Arícia entoa O Homem dos Olhos de Raio X -  canção de Lenine que ela gravou no CD Cabeça Coração - com um feixe de luz incidindo sobre seus olhos, em belo efeito visual. A releitura funkeada do samba Dengue, de Leci Brandão, devolve o suingue ao roteiro, que enfileira Dança do Coração (Arícia Mess, Pedro Luís e Lúci) e o já citado funk Hora Boa, alocado com propriedade ao lado de Interesse (Suely Mesquita e Pedro Luís), outro ponto alto do show. No fim, Preto Velho (Marcus Cabeção) reconecta a artista às entidades afro-brasileiras e pede passagem para as boas energias, saudadas com suingue do baixo largo de João Paulo Deogracias em Clariô (Péricles Cavalcanti), já no bis, com Arícia já de volta à cena, após uma saída tão teatral quanto a entrada, fez sob a mesma luz vermelha. Encerrando o bis, o funk Hora Boa é reprisado para deixar as melhores vibrações na plateia amiga que prestigiou a estreia nacional do show Onde Mora o Segredo. Em boa hora, Arícia Mess retorna e reitera em cena que black is beautiful.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Com suingue, Arícia exalta mulher negra no afro 'Onde Mora o Segredo'

Resenha de CD
Título: Onde Mora o Segredo

Artista: Arícia Mess
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * 1/2

"Sou gingadeira / Levanto a poeira / A força que sobe do chão / Me torna simples e verdadeira / Sou mulher brasileira", se autoperfila Arícia Mess em versos de Bate Folha Jurema, parceria de Paula Pretta com essa cantora e compositora de Niterói (RJ) que transita desde os anos 90 pelo circuito alternativo carioca.  Apresentada em EP editado pela artista em 2009, Bate Folha Jurema reaparece no álbum Onde Mora o Segredo, produzido de forma independente por Arícia - com Carlos Trilha e Fernando Morello - e ora distribuído nas lojas pela Tratore neste mês de novembro de 2010. O disco reitera o suingue black dessa artista que passa a música brasileira pelo filtro do soul e do funk. Com justificado orgulho negro, Arícia exalta o balanço e a força da mulher, notadamente a afro-brasileira, religando a ponte África-Brasil em temas autorais como Onde Mora o Segredo (Ginga Rainha Quilombola de Matamba e Angola), parceria com Suely Mesquita, co-autora também do ótimo funk Hora Boa. Nesse contexto poético e musical, a regravação chique de Black Is Beautiful (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle) - em que a voz e a ginga de Arícia se juntam somente ao piano e ao órgão pilotados por Carlos Trilha - se ajusta perfeitamente ao espírito de um disco que celebra o suingue da cor. Ainda dentro do naipe de regravações antenadas que pontuam Onde Mora o Segredo, há Dengue, tema da lavra mais afro de Leci Brandão, lançado em 1978 por Zezé Motta em seu primeiro álbum solo. No registro de Arícia, Dengue tem seu suingue original diluído pela densa cama eletrônica que também acomoda Preto Velho (Marcus Cabeção), outra faixa afro, previamente lançada no EP de 2009. No fim, em clima eletroacústico, Arícia joga outra luz em Clariô, música de Péricles Cavalcanti que Gal Costa lançou em 1977 no roqueiro álbum Caras & Bocas. No todo, a gingadeira vocal da cantora - musa cult do underground carioca - encoberta até a eventual irregularidade do repertório autoral registrado em Onde Mora o Segredo, esse valente álbum afro-brasileiro, fiel ao som (e às ideias...) de Arícia Mess.