segunda-feira, 25 de abril de 2016

Sai de cena Fernando Faro, diretor que documentou na TV a história da MPB

Natural de Aracaju (SE) e criado em Laranjeiras (SE), o sergipano Fernando Abílio de Faro Santos (21 de junho de 1927 - 25 de abril de 2016) ganhou o apelido de Baixo, dado ainda na década de 1960 pelo novelista paulistano Cassiano Gabus Mendes (1929 - 1993), um dos pioneiros da TV brasileira. Era assim - "Oi, Baixo!" - que Faro era chamado pelos maiores nomes da MPB. Por todos os grandes nomes da MPB, diga-se. Na época, Faro - que saiu de cena aos 88 anos na madrugada de hoje - nem podia imaginar, mas ele voaria alto como produtor musical e diretor de TV e shows após iniciar a carreira como jornalista nos anos 1950. Graças a Faro, a história da música brasileira está documentada de forma audiovisual nos programas que ele dirigiu, criando formato singular, na qual não se ouve a voz e tampouco se vê o rosto do entrevistador, mas somente a voz e o rosto do entrevistado, em closes reveladores. A rica história da música do Brasil está contada para a posteridade na série de entrevistas dirigidas por Faro para o programa que nasceu em 1969 na TV Tupi com o nome de Ensaio, ganhou (por questões jurídicas) o nome de MPB especial quando ia ao ar pela TV Cultura de 1971 a 1975, e por fim, com a saída da Tupi do ar, voltou a se chamar Ensaio, sendo exibido pela Cultura desde 1989. Pelas lentes de Faro, passaram nomes de todas as gerações da música brasileira, inclusive nomes da cena contemporânea, como a cantora paulistana Céu, entrevistada já em 2006 no programa que entrelaçava as respostas com números musicais captados no estúdio de gravação da atração, durante a entrevista. Faro foi diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo (SP), mas o nome deste amante da música e do futebol - querido por todo o universo musical brasileiro - fica mesmo associado ao Ensaio, programa a qual ele deu uma cara sem nunca ter exposto a própria cara na TV. Contudo, além do Ensaio, Baixo idealizou e dirigiu shows de nomes como Elis Regina (1945 - 1982) - o último espetáculo da cantora, Trem azul (1981) - e Paulinho da Viola. Só que Ensaio ficou. A partir de 2000, com o advento do DVD, vários programas Ensaio e MPB especial foram editados no formato então em expansão no mercado fonográfico. Em 2000, as gravações deste programas também originaram CDs em série intitulada A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes. Baixo sai de cena, mas deixa um legado de alto nível, fundamental para a preservação da memória musical brasileira.

11 comentários:

  1. Grande perda! Meus sentimentos aos familiares e amigos da TVE/Cultura. Fazia sempre questão de assistir ao Ensaio.

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  2. Espero que a memória dele seja preservada na sua obra. Deveriam lançar box com os ENSAIOS. Um verdadeiro amante da musica brasileira. Uma perda imensa pro mundo da arte no Brasil!

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  3. Aliás, Mauro, se me permite: fica a sugestão ao selo SESC para que retorne com os cd's A música brasileira por seus autores e intérpretes. Andava atrás dos cd's da Dona Ivone e do Roberto Ribeiro (este último possuo apenas o dvd). Felizmente comprei a caixa que continha o da minha Rainha.

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  4. Pros apreciadores da música brasileira, essa, sem dúvida, é uma das maiores perdas. Ainda ontem, assistindo Elen Oléria e observando o cenário televisivo, pensei o quão necessário e significativo é o Ensaio pra história da música no Brasil.

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  5. Não é só pelo "Ensaio".

    É pelo fato de Faro ser um dos raros cidadãos que podia falar sem pedir licença com qualquer gigante da música popular brasileira - era amigo de Cartola e de Nelson Cavaquinho!

    É pelo "Divino Maravilhoso" que dirigiu com
    Antônio Abujamra na TV Tupi, em 1968, pegando o pessoal da Tropicália em plenos trabalhos, a pleno vapor - infelizmente acharam que a censura iria pegar as fitas, daí apagaram as imagens em vídeo...

    É pelos shows que dirigiu. "Trem Azul" (1981), de Elis, é o mais conhecido, mas Faro dirigiu apresentações de Paulinho, de Nelson...

    É pelos álbuns que produziu, com Paulinho ("A toda hora rola uma estória", de 1981) e Carmina Juarez.

    É pelos especiais que fez na "Sexta Super" da TV Globo, quando passou por lá, entre 1975 e 1979.

    É pelo "Ensaio" ter sido o único programa de tevê da música brasileira sem muita presepada. O artista cantava, conversava um pouco, e a banda tocava. Pronto. Não eram necessários cenários mirabolantes. Apenas aqueles truques de câmera.

    É por Faro não ter preconceito (e se tivesse, passava por cima) na hora de escolher os convidados do "Ensaio". Tinha os Caetano e Gil da vida, mas tinha também Skank, Paralamas e Titãs. Tinha a Velha
    Guarda da Portela, mas também tinha Leandro & Leonardo... ano passado ele chamou tanto Filipe Catto quanto Zezé do Camargo & Luciano.

    Um dia, eu vi Faro (e a fiel escudeira Lillian Aidar) num shopping. Tomei um pouco de coragem, e fui só dizer a ele que "Trem Azul" era um dos raríssimos shows que me faziam ter vontade de ter nascido antes de 1986, para poder ter visto.

    Por tudo isso, só resta agradecer o Baixo de maior estatura na história da música brasileira. E concordar com as palavras de Sérgio Cabral pai: "Baixo, se alguém quiser escrever qualquer coisa sobre música brasileira, precisa ver seus programas". Precisa mesmo. É obrigatório. E faz bem.

    Felipe dos Santos Souza

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  6. Perda sentida para o meio musical e para os fãs do Ensaio... Fernando Faro fez história na TV...

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  7. Grande perda para a musica brasileira a historia sempre será contada e vista graças a sua iniciativa, versatilidade, simplicidade, a voz da musica sem ser cantada, o caminho da expressão, um acorde solto no ar.
    Aos poucos a TV Cultura perde seus apresentadores que ultrapassaram gerações com programas que marcaram época e continuarão a serem lembrados. Inezita (viola minha viola), Abu (provocações) e agora "O Baixo" (Ensaio).
    Insubstituíveis

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  8. Fez e deixou contar história. Grande perda, mas o seu legado está aí. Difícil, nesse mundo cão, é aparecer quem o substitua.

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  9. É COM TRISTEZA QUE RECEBO ESSA NOTÍCIA,SAI DE CENA O BAIXO FENANDO FARO 0 MAIS ALTO EM PRESERVAÇÃO DA CULTURA MUSICAL DESSE PAIS.MEUS SENTIMENTOS A FAMÍLIA . A MUSICA POPULAR BRASILEIRA PERDE UM DOS SEU MAIOR DIRETOR,PRODUTOR E APRESENTADOR QUE DEIXA UM LEGADO QUE JAMAIS SERA ESQUECIDO POIS ATRAVÉS DE SUAS PRODUÇÕES E SEUS PROGRAMAS ENSAIO E MPB ESPECIAL A MUSICA POPULAR BRASILEIRA ESTA ETERNIZADA GRAÇAS A GENIALIDADE DESTE QUE VIVEU PARA QUE OS MÚSICO,AUTORES E INTÉRPRETES FICASEM ETERNIZADOS.

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  10. Mais uma perda gigantesca para a nossa música e toda cultura nacional. Vá em paz Baixo!

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  11. Com tanto entrevistador querendo aparecer mais que o entrevistado,o programa do Faro é uma notória excessão.
    Quanto ao show 'Trem azul",dizem que foi um dos melhores da Elis,pena que o álbum duplo que saiu é uma tragédia-sonora.

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