Resenha de livro
Título: Cada vez eu quero mais
Autor: Naldo Benny
Editora: Planeta
Cotação: * *
♪ Naldo Benny já tinha pavimentado seu caminho no circuito de funk carioca até que se tornou o fenômeno musical brasileiro da vez no verão de 2012 / 2013 ao sabor de hits autorais como Amor de chocolate (Naldo Benny, 2011) e Exagerado (Naldo Benny, 2011). Mesmo assim, o lançamento da autobiografia do cantor e compositor carioca - Cada vez eu quero mais, posta nas livrarias neste mês de agosto de 2014 pela editora Planeta - soa como mera jogada de marketing para manter o artista na mídia, já que a aguada receita do pop funk do astro deu precoces sinais de exaustão no CD e DVD Multishow ao vivo Naldo Benny (Deck, 2013). Além de precoce, o livro resulta apressado, raso, com narrativa superficial que mais parece uma grande reportagem chapa branca sobre o cantor - assinada pelo próprio Naldo - do que uma autobiografia, gênero literário do qual se espera um mínimo de profundidade na abordagem dos fatos da vida do biografado. A história de vida de Ronaldo Jorge da Silva - menino pobre nascido na comunidade de Nova Holanda (situada no complexo de favelas da Maré, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro) e criado na vizinha Vila do Pinheiro - é em si interessante e poderia render bom livro se fosse apresentada em minúcias e sem a preocupação de realçar Naldo como herói. Um sobrevivente que driblou fortes obstáculos sociais e pessoais - como o assassinato há seis anos de seu irmão Jorge Luiz da Silva (1996 - 2008), o Lula, com quem formou a dupla de funk Naldo & Lula - no caminho para a fama. Assunto jamais iria faltar. Contudo, do jeito que está no livro Cada vez eu quero mais, a narrativa é pobre, pois aborda en passant fatos e situações que mereciam ser mais detalhados, casos das frustrações comuns no mercado carioca de funk e no universo fonográfico brasileiro. No estilo curto e grosso do texto, o artista lembra no livro que álbum gravado por Naldo & Lula foi abortado pela EMI Music porque a diretoria da já extinta gravadora se desentendeu com o produtor Bira Hawaí, que articulara o contrato e o disco após ouvir o som da dupla por insistência de Naldo, que ligou diversas vezes para o produtor até ser - enfim - atendido. Naldo começa sua história pelo encontro que teve com o cantor e ator norte-americano Will Smith no Brasil, no Carnaval de 2013 - encontro impensável há alguns anos na vida deste cantor que sempre foi fã da música norte-americana ("Quando eu desembarquei pela primeira vez nos Estados Unidos, eu chorei!", relata Naldo à página 79 do livro). Um funkeiro pop que teve que se virar como backing vocal de grupos de samba numa época em que a indústria fonográfica olhava com desinteresse para o mercado de funk melody (gênero reabilitado aos olhos das gravadoras em 2005 com o sucesso nacional de MC Leozinho). Enfim, a história é boa. Aliás, a história da vida do astro é ótima, mas perde boa parte do poder de sedução na forma rasa como está contada na (precoce) autobiografia de Naldo Benny.
Naldo Benny já tinha pavimentado seu caminho no circuito de funk carioca até que se tornou o fenômeno musical brasileiro da vez no verão de 2012 / 2013 ao sabor de hits autorais como Amor de chocolate (Naldo Benny, 2011) e Exagerado (Naldo Benny, 2011). Mesmo assim, o lançamento da autobiografia do cantor e compositor carioca - Cada vez eu quero mais, posta nas livrarias neste mês de agosto de 2014 pela editora Planeta - soa como mera jogada de marketing para manter o artista na mídia, já que a aguada receita do pop funk do astro deu precoces sinais de exaustão no CD e DVD Multishow ao vivo Naldo Benny (Deck, 2013). Além de precoce, o livro resulta apressado, raso, com narrativa superficial que mais parece uma grande reportagem chapa branca sobre o cantor - assinada pelo próprio Naldo - do que uma autobiografia, gênero literário do qual se espera um mínimo de profundidade na abordagem dos fatos da vida do biografado. A história de vida de Ronaldo Jorge da Silva - menino pobre nascido na comunidade de Nova Holanda (situada no complexo de favelas da Maré, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro) e criado na vizinha Vila do Pinheiro - é em si interessante e poderia render bom livro se fosse apresentada em minúcias e sem a preocupação de realçar Naldo como herói. Um sobrevivente que driblou fortes obstáculos sociais e pessoais - como o assassinato há seis anos de seu irmão Jorge Luiz da Silva (1996 - 2008), o Lula, com quem formou a dupla de funk Naldo & Lula - no caminho para a fama. Assunto jamais iria faltar. Contudo, do jeito que está no livro Cada vez eu quero mais, a narrativa é pobre, pois aborda en passant fatos e situações que mereciam ser mais detalhados, casos das frustrações comuns no mercado carioca de funk e no universo fonográfico brasileiro. No estilo curto e grosso do texto, o artista lembra no livro que álbum gravado por Naldo & Lula foi abortado pela EMI Music porque a diretoria da já extinta gravadora se desentendeu com o produtor Bira Hawaí, que articulara o contrato e o disco após ouvir o som da dupla por insistência de Naldo, que ligou diversas vezes para o produtor até ser - enfim - atendido. Naldo começa sua história pelo encontro que teve com o cantor e ator norte-americano Will Smith no Brasil, no Carnaval de 2013 - encontro impensável há alguns anos na vida deste cantor que sempre foi fã da música norte-americana ("Quando eu desembarquei pela primeira vez nos Estados Unidos, eu chorei!", relata Naldo à página 79 do livro). Um funkeiro pop que teve que se virar como backing vocal de grupos de samba numa época em que a indústria fonográfica olhava com desinteresse para o mercado de funk melody (reabilitado aos olhos das gravadoras em 2005 com o sucesso nacional de MC Leozinho). Enfim, a história é boa, mas perde boa parte de seu poder de sedução da forma rasa como está contada na precoce autobiografia de Naldo Benny.
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