quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Regionalismo pop de 'A fim de onda' firma Luê na maré de vozes do Pará

Resenha de CD
Título: A fim de onda
Artista: Luê
Gravadora: Edição independente da artista
Cotação: * * * *

A maré está para artistas do Norte, sobretudo os do Pará, Estado cercado de aura hype na mídia desde o sucesso nacional de Gaby Amarantos em 2012.  Não por acaso, a maré está cheia de cantoras paraenses em busca de visibilidade nacional. Luê é uma delas e uma das que mais têm chances de se firmar na cena pop brasileira quando a onda nortista passar. Seu primeiro álbum, A fim de onda, deixa ótima impressão com um regionalismo pop urdido sem clichês. Produzido por Betão Aguiar, o disco soa leve com a voz suave dessa cantora de Belém (PA) que estudou violino clássico dos nove aos 21 anos e, depois, passou para a rabeca, instrumento que toca em seis das dez faixas deste seu promissor CD de estreia. A fim de onda acerta ao cruzar a ponte que liga Belém a São Paulo (SP) e a Recife (PE) em busca de músicos como o baterista Pupillo (músico da banda pernambucana Nação Zumbi), o também baterista Curumim, Guizado (presente ao longo do CD com seu trompete sonoro) e o guitarrista Régis Damasceno (do grupo cearense Cidadão Instigado) e o também guitarrista Edgard Scandurra. Aliada ao bom repertório selecionado por Luê, a sonoridade resultante da união desses músicos - ao qual se juntam eventualmente músicos do Pará, como o guitarrista Felipe Cordeiro e os integrantes da banda Strobo - impõe A fim de onda como um dos melhores discos brasileiros deste primeiro bimestre de 2013. Música composta por Luê com Betão Aguiar, letrada por Arnaldo Antunes, a faixa-título A fim de onda é abolerada delícia pop apimentada com toque de cha-cha-cha - amostra da bem-sucedida mistura pop de ritmos do Norte do Brasil com gêneros da América Latina que pauta o álbum. Cabeça (Leonardo Reis e e Peu Meurray), por exemplo, combina a levada do ijexá, o balanço da cumbia e uma pitada de dub em música cujos versos destilam um romantismo mais alegre do que o de Onde andará você? (Alípio Martins e Jesus Couto), bom tema da lavra popular do cantor e compositor paraense Alípio Martins (1944 - 1997). Nesta faixa, Luê dá suave tratamento pop ao brega, diluindo o chororô romântico da letra trivial. Já gravada por Jussara Silveira em seu CD Ame ou se mande (Joia Moderna, 2011), Bom (André Carvalho e Qinho) se ambienta bem no clima arejado de A fim de onda. Parceria de Ronaldo Silva com o pai de Luê, Junior Soares, Nós dois é xote que se insinua sensual no toque de múltiplas cordas (dos violões, das guitarras e da rabeca). Junior Soares e Ronaldo Silva também assinam o zouk Faróis nessa mesma linha romântica. Faixa que mais identifica o Pará na intercontinental rota rítmica do disco, Sei lá (Felipe Cordeiro) combina as guitarra(da)s do compositor do tema e de seu pai, Manoel Cordeiro, ícone da música paraense. Com Luê e Betão Aguiar, Felipe Cordeiro também assina Se colar, faixa de menor poder de sedução que transita na ponte Pará-América Central que liga o repertório de A fim de onda. Menos palatável no confronto com as outras músicas do disco, Prática repõe em evidência o talento de André Carvalho como compositor. A faixa tem o toque da(s) guitarra(s) de Edgard Scandurra. Por fim, Cavalo marinho (Ronaldo Silva e Renato Torres) emerge das águas psicodélicas da banda Strobo, revelação da efervescente cena de Belém (PA). No todo, A fim de onda é belo CD que mostra que a maré está para Luê.

14 comentários:

  1. A maré está para artistas do Norte, sobretudo os do Pará, Estado cercado de aura hype na mídia desde o sucesso nacional de Gaby Amarantos em 2012. Não por acaso, a maré está cheia de cantoras paraenses em busca de visibilidade nacional. Luê é uma delas e uma das que mais têm chances de se firmar na cena pop brasileira quando a onda nortista passar. Seu primeiro álbum, A fim de onda, deixa ótima impressão com um regionalismo pop urdido sem clichês. Produzido por Betão Aguiar, o disco soa leve com a voz suave dessa cantora de Belém (PA) que estudou violino clássico dos nove aos 21 anos e, depois, passou para a rabeca, instrumento que toca em seis das dez faixas deste seu promissor CD de estreia. A fim de onda acerta ao cruzar a ponte que liga Belém a São Paulo (SP) e a Recife (PE) em busca de músicos como o baterista Pupillo (músico da banda pernambucana Nação Zumbi), o também baterista Curumim, Guizado (presente ao longo do CD com seu trompete sonoro) e o guitarrista Régis Damasceno (do grupo cearense Cidadão Instigado) e o também guitarrista Edgard Scandurra. Aliada ao bom repertório selecionado por Luê, a sonoridade resultante da união desses músicos - ao qual se juntam eventualmente músicos do Pará, como o guitarrista Felipe Cordeiro e os integrantes da banda Strobo - impõe A fim de onda como um dos melhores discos brasileiros deste primeiro bimestre de 2013. Música composta por Luê com Betão Aguiar, letrada por Arnaldo Antunes, a faixa-título A fim de onda é abolerada delícia pop apimentada com toque de cha-cha-cha - amostra da bem-sucedida mistura pop de ritmos do Norte do Brasil com gêneros da América Latina que pauta o álbum. Cabeça (Leonardo Reis e e Peu Meurray), por exemplo, combina a levada do ijexá, o balanço da cumbia e uma pitada de dub em música cujos versos destilam um romantismo mais alegre do que o de Onde andará você? (Alípio Martins e Jesus Couto), bom tema da lavra popular do cantor e compositor paraense Alípio Martins (1944 - 1997). Nesta faixa, Luê dá suave tratamento pop ao brega, diluindo o chororô romântico da letra trivial. Já gravada por Jussara Silveira em seu CD Ame ou se mande (Joia Moderna, 2011), Bom (André Carvalho e Qinho) se ambienta bem no clima arejado de A fim de onda. Parceria de Ronaldo Silva com o pai de Luê, Junior Soares, Nós dois é xote que se insinua sensual no toque de múltiplas cordas (dos violões, das guitarras e da rabeca). Junior Soares e Ronaldo Silva também assinam o zouk Faróis nessa mesma linha romântica. Faixa que mais identifica o Pará na intercontinental rota rítmica do disco, Sei lá (Felipe Cordeiro) combina as guitarra(da)s do compositor do tema e de seu pai, Manoel Cordeiro, ícone da música paraense. Com Luê e Betão Aguiar, Felipe Cordeiro também assina Se colar, faixa de menor poder de sedução que transita na ponte Pará-América Central que liga o repertório de A fim de onda. Menos palatável no confronto com as outras músicas do disco, Prática repõe em evidência o talento de André Carvalho como compositor. A faixa tem o toque da(s) guitarra(s) de Edgard Scandurra. Por fim, Cavalo marinho (Ronaldo Silva e Renato Torres) emerge das águas psicodélicas da banda Strobo, revelação da efervescente cena de Belém (PA). No todo, A fim de onda é belo CD que mostra que a maré está para Luê.

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  2. Mauro, aonde encontro este cd? Não acho sequer o site oficial da Luê... artistas brasileiros tem o marketing muito fraco!

    Obrigado!

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  3. Mauro, aonde encontro este cd???
    Não consigo achar sequer o site oficial dela!
    O marketing dos artistas brasileiro é muito fraco, infelizmente!

    Obrigado!

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  4. Geraldo, ela tem site e facebook. Procure por Luê Soares. O disco acaba de ser lançado, mas, como não tem um selo que o distribua, é difícil de fato encontrá-lo. abs, MauroF

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  5. Ó, aqui já tá vendendo:

    http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/4837227

    Bj!

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  6. ó, aqui já tem: http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/4837227

    Delícia de texto.

    Bj!!

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  7. Ela participa do último, e ótimo, disco do Otto.
    Só a ouvi até agora nessa participação mesmo e achei a voz dela linda.
    Cercada de tanta gente boa tem tudo pra ter cometido um belo disco.
    Vou conferir a mocinha.

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  8. O CD está disponível para audição no Soundcloud - https://soundcloud.com/luemusica/sets/a-fim-de-onda

    O lançamento nacional acontece em Belém dia 9 de março, creio que a Natura Musical e/ou a artista vão colocá-lo à venda a partir daí.

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  9. Excelente texto. Vou comprar esse cd com certeza. Acredito muito na competência e no talento da Luê. Muito orgulho para nós paraenses.

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  10. Muito bom que o Norte esteja produzindo uma geração de cantores interessantes. Fico lembrando quanto a Fafá foi/é criticada por ter gravado músicas tão comuns à Região, como as lambadas, e hoje, felizmente, para essa nova geração, esses ritmos soem tão naturais.
    Luê Está acompanhada de ótimos músicos. Deve estar bom o disco.
    Estive ouvindo ontem o novo disco da amapaense Patricia Bastos, produzido por Dante Ozzetti, o disco está muito bom.

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  11. Gente, vcs nao entraram na era digital? Já tem esse CD no iTunes pra comprar.

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  12. Bela voz! Ótimo álbum! É maravilhoso ver (e ouvir) que gêneros musicais latinos adentram em terras brasileiras - e estão sendo bem aceitos.

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  13. tal qual uma sereia, luê encantou a platéia que prestigiou o show de lançamento do cd "a fim de onda", no último dia 9,no teatro da paz. a voz doce ganhou roupagem e estilo, o charme natural da cantora aliado a sonoridade única da rabeca abrilhantaram algumas versõres como a que luê fez para "namoradinha de um amigo meu", de roberto carlos.

    outro momento extasiante foi "la vie en rose" instrumentada pelo som rústico da rabeca e ambientada pelo cenário marinho que emoldorada o neoclássico teatro. é preciso pontuar também que o figurino escolhido não poderia ser mais adequado. a iara paroara sabe bem surfar nessa pororoca!!

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  14. mauro, qual é o teu e-mail? quero falar contigo.

    visita o meu blog, vais gostar de uma coisinha por lá!

    Comer e Sonhar http://terezatacomfome.blogspot.com/

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